Ser
“roqueiro” ou “metaleiro” é algo que deveria ser dado como normal afinal, assim
como alguém opta por curtir pagode, funk ou sertanejo, nós optamos por curtir
metal, mas não é bem assim.
Claro que não
é uma regra pra se apreciar o som, porém, geralmente agregado ao estilo
musical, vem a parte visual também, se você vive em uma metrópole, isso não
deve causar tanto impacto, no entanto, experimente caminhar pelas ruas de uma
cidade como Colorado, com visual carregado e curtindo música extrema, a
compreensão dos fatos já não será a mesma.
O correto
seria que as pessoas apenas convivessem com as diferenças, no entanto por aqui
já estão todos tão acostumados a serem iguais, que qualquer diferença cultural
e visual acaba se destacando entre os demais, de maneira negativa é claro,
velhas atribuições acabam sendo feitas, com marginalidade, drogas e satanismo,
por exemplo, caímos numa vala comum, o preconceito.
Já que
estamos fazendo relações entre visual e atitude, vamos aos fatos, o consumo de
drogas atinge todas as camadas sociais, e por aqui, o que mais vemos, são
indivíduos do meio sertanejo envolvidos com drogas e consumo de álcool, algo
que se amplifica em época de rodeio, engraçado presenciar tal paradoxo, num
lugar onde tanto se zela por moral e bons costumes, tudo gira em torno de uma
festa que apenas exalta entre a juventude o gosto por atitudes de gosto
duvidosas e danosas a si mesmas.
Entrando em
méritos musicais, alguém presta atenção no conteúdo lírico das musicas que se
propagam nos alto-falantes rua afora, depreciação das mulheres, incentivo a
vadiagem e ao consumo de bebida alcoólica, comportamentos que vão contra aquilo
que a própria sociedade local prega, mas que não gera a mesma indignação, como
seria se viesse acompanhado de um som distorcido e como estamos falando da
cultura do lugar, não se torna alvo de criticas.
Aqui as
limitações culturais transcendem a cabeça das pessoas, além de formas de
pensamento limitadas, vide as piadinhas e comentários infundados com quem têm
uma atitude diferente, qualquer outra saída além da bota e do chapéu é
inexistente, já que não há um cinema, um teatro ou outro tipo de manifestação
cultural aqui, um ótimo combustível pra gente intolerante, quem procura se
livrar do ponto comum acaba sendo hostilizado.
Mas vamos a
utilidade pública disso aqui, o rock n’ roll e o heavy metal vão além dessas
definições mesquinhas, é um estilo musical com conteúdo, bandas nacionais que a
maioria das pessoas daqui nunca ouviram falar, são referência no mundo todo e
influenciam muitas outras bandas por aí, o público brasileiro é um dos melhores
do mundo na opinião de muitos artistas do gênero, sendo o Brasil rota
obrigatória das tours de várias bandas, além disso tudo, nós carregamos uma
bandeira e temos ideologia, senso critico e atitude, não nos conformamos em ser
o mero cidadão comum e conformado que fica sentado em sua poltrona, assistindo
a novela das oito e reclamando da vida, pra você que padece em sua opinião
preconceituosa, fica o recado, nos defina como quiser, mas que fique bem claro,
não estamos em busca de uma definição social e sim de nos diferenciar e expor
nossas próprias definições.
Enfim, a
marca maior do underground é a iniciativa, sempre haverá os “esclarecidos”
dizendo besteiras a nosso respeito, se fundamentando em religião, conceitos
morais e outras hipocrisias afins, mas daremos a cara à tapa e vamos continuar
a disseminar a nossa cultura, existe vida além do rodeio, e essa festa não me
representa, mesmo sendo o cartão postal da cidade, espero poder ultrapassar as
barreiras desse blog junto aos amigos envolvidos e levar o nosso mundo a tona,
com ações que irão além das páginas da internet, e pra finalizar usarei uma
frase do meu amigo e idealizador do lance, Vitor Carnelossi, “Colorado precisa
urgentemente de caos, o conformismo torna as pessoas frouxas....”.
Poe Evandro Sugahara
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