domingo, 23 de outubro de 2016

ENTREVISTA CAUTERIZATION - ID KATHARSIS

Quem acompanha o Metal Extremo brasileiro com certeza em algum momento já ouvi algo sobre CAUTERIZATION. O trio formado por Maysa Rodrigues (guitarra e vocal), Well Moia (baixo e backing vocal), Trojillo Jr. (bateria) conseguiu impactar a cena com dois trabalhos letais e muito bem recebidos, MALES INFESTUS (2011), NASU (2013). ID KATHARSIS é o terceiro material a ser concebido pelo grupo, e é sobre os detalhes desde material que iremos falar com o grande baterisa Trojillo nesta entrevista!

1 – Trojillo! Mais uma vez uma vez passando por nosso BLOG para falar sobre o CAUTERIZATION que anda em plena atividade! Como anda as gravações de "Id Katharsis"?
R: Grande Vitor! Obrigado novamente por esse precioso espaço, no momento estamos com metade das gravações prontas, a bateria e guitarra, e no mês seguinte iremos gravar o restante, estamos muito focados e animados também com esse novo material, que está um pouco diferente dos anteriores, aguardem ID KATHARSIS is coming!!!

2 - A gravação está sendo concebida no estúdio 3em1 em Londrina, este a cargo do legendário Alexandre Bressan, qual é o papel do produtor para o CAUTERIZATION?
R: Na realidade estamos fazendo as gravações no estúdio 3EM1 do amigo de longa data Alexandre Bressan, que além de um músico excelente é um amigo que tenho a muitos anos, já tinha gravado com minha antiga banda com ele, e ele é a pessoa certa pois está nos ajudando muito nesse processo, mas não temos um “produtor” apesar de que o Bressan está sendo muitas vezes quase um produtor, pois nos dá altos toques durante o processo da gravação. E depois das gravações estiverem concluídas serão enviadas a outro estúdio pra o processo e mixagem e masterização.

3 – A banda vem chegando em seu 3º registro com uma ótima aceitação do público de Metal Extremo, como funciona a estratégia de distribuição e divulgação da banda?
R: Quando lançamos o primeiro EP, foi algo quase que independente, tivemos o apoio da LAB6(hail FAbião) e MUSICA DIABLO(hail Fabiano Penna), e depois ele foi relançado na Polônia(TILL FUKKIN BLEED RECS), Áustria(MORBID SYNDICATE RECS) e Brasil novamente pela CIANETO RECS. , no EP NASU, esse foi lançado e distribuído pela MISANTHROPIC RECS e LAB6, e foi distribuído alguns cópias na Europa pela METAL MUSIC/MORBID SYNDICATE, não temos uma estratégia de distribuição, contamos com nosso amigos/parceiros dos selos/gravadoras, e a intenção é enviar o material pra quem estiver interessado, por isso, caso houver interesse, entrem em contato com nosso canal oficial no facebook: www.facebook.com/cauterization

4 – Por muito tempo você manteve um Zine dedicado ao metal extremo, além de fazer parte da banda de grindcore INDUSTRIAL NOISE, a “teia” de contatos estabelecidas nesses anos foi importante para o CAUTERIZATION desde o início distribuir seu material tão amplamente?
R: Sim, nos anos 90 eu fui editor de 2 fanzines, o GENITAL TUMOR ZINE e o MORBID POSSESSION ZINE, através deles pude fazer contato com centenas de bandas do mundo inteiro, trocas de matérial, freqüentar shows, e etc, apesar de poucos, ainda tenho contato com pessoas desde aquela época, agora com as redes sociais, esse contato se tornou bem mais fácil pois antes era tudo feito por carta, era bem mais difícil e tinha custos,... Posso dizer que de certa forma os contatos que tive através dos fanzines e também da minha antiga banda ajudaram a divulgar o CAUTERIZATION, pois tenho um rede de contatos grande, apesar de que também a maioria do público hoje tem a idade um pouco mais jovem que a minha rsrs

05 – A qualidade de gravação e composições no EP “NASU” deixou ótimas expectativas para o próximo material, é possível se desprender resultados dos álbuns anteriores para buscar a identidade própria para "Id Katharsis"?
R: Uma coisa que sempre falo é que todos nossos materiais tem uma identidade própria, se você comparar, o som do EP MALES INFESTUS é bem diferente dos demais pois se tratava do primeiro lançamento, o som da banda ainda estava se moldando, no EP NASU tivemos musicas um pouco mais elaboradas e longas, agora com o ID KATHARSIS creio que é o nosso material mais brutal e mais rápido, com músicas um pouco menores, mais pesadas e mais sujas, aguardem!

06 – Apesar de extremo o som do CAUTERIZATION é muito complexo, imagino que vocês estejam sempre buscando conhecimentos e práticas individuais em seus instrumentos. Sendo notório isto, lhe pergunto: Quebrar os limites é algo almejado na banda? 
R: Sim, sempre buscamos a evolução como instrumentistas e músicos, mas isso não é o principal objetivo no processo de criação, a música obrigatoriamente precisa possuir sentimento, de nada adianta fazer uma música extremamente rápida mas ao mesmo tempo soar maçante, vazia,... não penso em quebrar limites, meu objetivo é de continuar sempre tocando, gravando, lançando materiais que inicialmente traga a mim prazer e realização pessoal.

07 – Muitas bandas de metal extremo fizeram experimentos em seu som, Morbid Angel, Napalm Death, Pestilence, Death e até mesmo o Krisiun. Qual é o limite para se experimentar sonoridades diferentes no CAUTERIZATION?
R: Ah cara, acho que isso não acontecerá no CAUTERIZATION, sou meio “ogro” hahaha, não sou muito de aceitar experimentalismos no som da banda, creio que se algum dia quiser fazer algo fora do conceito BLACK/DEATH, farei outra banda/projeto, como já tenho em mente alguns projetos paralelos para o futuro.

08 – Os vocais de Maysa Rodrigues são um atrativo a parte na banda, porém Well Moia tornou-se um poderoso trunfo com seus vocais desesperados e ríspidos. Essa formula é muito eficiente na sonoridade do CAUTERIZATION não é mesmo?
R: Sim, os vocais de Wesley Moía realmente vieram somar muito no som do CAUTERIZATION, principalmente nas apresentações ao vivo onde tem realmente um maior impacto!

09 – Quais as “influencias” nesse novo material do CAUTERIZATION, sei que é uma pergunta delicada, mais individualmente o que pessoal da banda anda escutando?
R: Sobre as influências, acho que estamos escutando muito DEATH E BLACK METAL polonês, eu particularmente tenho escutado muito BLACK/DEATH METAL mais primitivo tipo BLASPHEMY, CONQUEROR, REVENGE, PROFANATICA, DIOCLETIAN, ZYGOATSIS, DEIPHAGO, e muitos bandas novas também,mas na realidade eu escuto de quase de tudo um pouco cara, de CIRCLE JERKS, passando por TOXIC HOLOCAUST até ANGELCORPSE, EXTERMINATE, REBAELLIUN, KRISIUN, DESDOMINUS, IRON WOODS, DIABOLICAL MESSIAH, INFERNAL WAR, AZARATH(sempre!rs), VITAL REMAINS, BÖLZER, INQUISITION, NECROS CHRISTOS, HEADHUNTER DC, UNHOLY ARCHANGEL, MYSTIFIER, GOATPENIS, e muitos outros que poderia ficar citando aqui por várias linhas rsrs.

10 – A velocidade de seus arranjos e detalhes em meio a tanta velocidade lhe dá créditos necessários para cada vez ser mais conhecido no cenário do metal extremo. Qual a disciplina que um baterista de metal extremo deve seguir para alcançar resultados como os que você sustenta com o CAUTERIZATION?
R: Cara, obrigado pelas suas palavras, eu realmente tento a cada material lançado evoluir tecnicamente e musicalmente, infelizmente treino muito menos do que gostaria devido a minha vida corrida de trabalho, esposa, filhos, etc, mas sempre estou tocando nos “pads” que tenho em casa, pesquisando sobre novas técnicas e ritmos, equipamentos, e sempre que possível “tocando”, uma coisa que pelo menos pra mim ajuda muito é fazer uma atividade física paralela como a musculação, pois auxilia muito na questão da resistência, e tentar criar um “estilo”, tenha os bateristas que você gosta como uma inspiração, o que eu toco hoje é porque sempre vi e me inspirei nos bateristas que admiro: Max Kolesne(KRISIUN), Inferno(AZARATH/BEHEMOTH), Dave Lombardo(SLAYER), Tony Laureano(ANGELCORPSE), Igor Cavallera(SEPULTURA – old), entre outros.

11 – Para não perder nosso lado descontraído do negócio, indique algum(s) álbum que poucas pessoas conhecem, mais que você acha foda?
R: Putz, essa é foda rsrs! Vixe complicado, eu gosto de tanta porcaria kkkkk, segue algumas que eu acho que pouca gente conhece e eu acho esses álbuns foda demais: 
ZYGOATSIS – S.K.U.D(Satanic kultus – unholy desecration)
DIABOLICAL MESSIAH – satan tottendemon victory
SADOMATOR – todos!
WARFIRE – Heralds of eternal order

12 – A previsão para o lançamento de "Id Katharsis"?
R: Ainda não temos uma previsão pois estamos no processo de gravação, a capa está sendo finalizada também, creio que no primeiro semestre de 2017 seja lançado, e aguardem um formato inédito e participações especiais também!! ID KATHARSIS is coming!! Prepare for the global anihilation!!

13 – O blog COLORADO HEAVY METAL agradece sua participação, muito obrigado!
Nós que agradecemos novamente seu grande apoio Vitor, obrigado pelo espaço!! 
E obrigado a todos aqueles que estão lendo a entrevista e apoiam nossa nobre e obscura arte!! HAILS!!

Por Vitor Carnelossi





quinta-feira, 13 de outubro de 2016

MARIELLE LOYOLA – PENSAMENTO E ATITUDE COM O JEITO VOLKANA DE SER

Nossa entrevistada de hoje simplesmente assumiu a condição de vocalista numa banda predominantemente feminina, num meio historicamente machista e malicioso, e trafegou nesta vibe com a personalidade e postura que nem todo mundo demonstra, quando posto(a) à prova. Imortalizada como eterna Volkana entre os fãs da banda, Marielle Loyola atendeu ao ColoradoHeavyMeta demonstrando muita simpatia e cordialidade, e conversou conosco sobre temas até delicados, oferecendo a você que navega em nossas páginas algo de bastante qualidade, típico de tudo que ela se propõe a fazer.  Prontos(as)?? Com vocês, Marielle Loyola!!

1-Marielle, sendo a Volkana originária de Brasília ,foi mais um grande  nome da cena contestadora da capital do País. A que você atribui esta postura? Um dia a atitude vencerá os colarinhos?
Olá!! Primeiramente obrigada pelo contato!! Então ... acho que todos esperam que sim né rsrs ... Atualmente nosso país vive um colapso político, o povo está inerte, perdido ... então, acredito que só uma grande revolução civil para que algo aconteça realmente, vamos ver pra onde isso vai né?

2-Como exatamente se deu a mudança da banda para São Paulo, e o que foi determinante para essa mudança?
Nos mudamos para São Paulo após a assinatura do contrato com a Gravadora Eldorado. Não foi uma exigência da Gravadora, mas sim uma determinação nossa de fazer a coisa como deveria ... lutar pelos nossos interesses, que era a divulgação de nosso trabalho por todo o país, e chegamos até fora dele.

3-Como você avalia o resultado obtido com o début ´´First´´?
Nossa ... foi maravilhoso. Particularmente acho que as músicas poderiam ter sido melhor arranjadas, mas tivemos dificuldades com a saída da Débora (Batera) pouco tempo antes da gravação do disco. Buscamos várias meninas para o instrumento, mas ninguém segurava como ela ... ela era “pedreirona” rsrs ... uma característica que tinha que ser mantida para o som ser real. Daí fechamos com o Sergio Facci, que começou só dando uma força, pois ele ensaiava com o Vodu no mesmo estúdio que a gente, e a gente chegava lá pra ensaiar sem baterista, com cara de cachorro abandonado, e ele ficava com dó kkkkk. O Serginho foi o maior parceiro que encontramos !!!

4- ´´First´´ apresenta um som thrash metal,  com a  adição honesta  de elementos mais groove (vide ´´War! Where my Enemy Lies....´´), que é uma grande sonzeira e que retrata bem a quebrada do ritmo por tais elementos. Como foi a concepção, em particular, desta faixa?
Cara ... a gente só tocava... não pensava muito em fazer desse ou daquele jeito kkkk ... eu sempre gostei do Rap/Hip Hop, as meninas tbm ... dai tínhamos um contato direto com o Dj Hum e o Thaíde que caiu como uma luva, e assim rolou. Nada pensado.

5-Como se deu a entrada do grande batera Sergio Facci na banda?
A nossa “Japa” kkkk ... acho q respondi na pergunta anterior. Era muito engraçado (ele não gostava, claro) quando nego gritava no público ... “Japonesa gostosa” kkkkkkk.

6-Você acredita que a oferta de bateristas do sexo feminino, de qualidade, hoje é mais abundante? Comente sua opinião;
Simmmm ... muito mais. Mas sem desvalorizar as meninas de hj... a Debora tinha os melhores 2 bumbos do planeta. E não era pedal duplo não ... eram 2 bumbos mesmo. E a pegada dela era animal. Enfim, Hj existem muitas meninas mais dedicadas a tocar a bateria pesada, pesada de verdade, mas Debinha era pedreira, e tinha só 15 anos, como eu disse anteriormente.

7-Sendo as mulheres da formação da Volkana todas bonitas, foi necessário um esforço maior, ou seja, trabalho dobrado para compensar a dispensável questão dos atributos físicos, para dissipar conceitos e provar valor?
Sabe que muita gente sempre pergunta sobre isso ... sei lá ... nós não nos achávamos bonitas, a gente não parava muito pra pensar nisso, esse não era nosso foco na real ... senão seríamos uma banda de glam né kkkk. A gente gostava de tocar, e tocar barulhento. E a gente era meio ogra, dai logo os rapazes já estavam tratando a gente como mais um deles. Isso até vinha as vezes de produtores, mas logo logo eles entendiam que ali não tinha meninas bonitinhas ... em duas frases a gente passava isso pra eles rsrs.

8-Por qual razão você não gravou Mindtrips?
Eu saí da banda porque queria cantar em português. Eu achava que poderíamos fazer um lance meio Raimundos, pesado, sujo e na nossa língua ... mas mantendo o inglês para o público do exterior que tbm gostava do nosso trabalho, ai não rolou, nada demais. E na mesma época tive problemas familiares que tbm me ajudaram na decisão de sair da banda.

9-Atualmente, você mantém contato com a Karla, Mila e o Sérgio?
Sim, claro, amo elas e ele, e tem a Selminha tbm !

10-Como você avalia a contribuição da Volkana para a cena rock brasileira?
Eu acho que vcs que escrevem a história do metal nacional é que tem q avaliar né?? Pra gente, só fizemos o que estávamos a fim, com muito amor ao som. Se entramos pra história, vcs que definem ;

11-Você compõe um time de estrelas que gravaram o hino Brasil Heavy Metal? Como se deu este convite, o quanto curtiu fazer e sua opinião sobre este registro histórico?
Ah!!! Foi maravilhoso!! Rever amigos, e participar de um material histórico né ... sem comentários ... ali está a minha, a nossa história, gravada pra sempre!!

12-Marielle, para os fãs, é desolador ver sua banda preferida em determinados programas de entrevistas totalmente deslocados, onde o(a) apresentador(a) não passa de alguém bem desinformado(a) que fica olhando para as bandas com cara de disco voador, e matando suas próprias curiosidades, via de regra com piadinhas clichês. Sendo hoje você uma representante de um meio de comunicação, qual sua opinião sobre esta colocação?
Cara ... era muito difícil , vc não faz idéia... agora o pior mesmo era fazer playback .... bateria 2 bumbos indo ao ar caixa e prato kkkk .... e como éramos muito novas, tbm ficávamos meio perdidas, sem entender o que estávamos fazendo ali kkkkk. Nossas letras tensas, pesadas, não compreendidas ... enfim, difícil. Mas foram momentos muito importantes pro rock nacional, acho que nunca mais veremos bandas de metal na tv aberta como aconteceu durante aqueles anos. Foi um trabalho realmente maravilhoso da Gravadora Eldorado, muito bom mesmo. Hj em dia o que temos pro estilo são programas em rádios de web, e algumas poucas de dial pelo país. Mas eu sei que isso nunca tirou e nem vai tirar o amor que o público do som pesado tem pela sonoridade!! Uma vez headbanger, sempre headbanger \0/.

13-Quais os atuais e futuros projetos da Marielle Loyola?
Bom, atualmente trabalho na área de Rádio, onde realizo os eventos/mkt de uma rádio rock em Curitiba. Os trabalhos musicais continuam mais como “o prazer de viver” rsrs ... tempo curto, mas as vezes realizo shows com a minha primeira banda de Brasília, o Escola de Escândalo, e estou reformulando um projeto que criei aqui em Ctba, a Cores D Flores ... onde posso explorar as muitas influências musicais da minha carreira ... do leve ao pesado. Em breve já terei algo pra mostrar as todos. Me aguardem rsrs.

Taí a dica do ColoradoHeavyMetal: se você conheceu a banda Volkana,  revisite seu grandioso trabalho no heavy metal nacional. Se você não conheceu e ainda não conhecia a Marielle Loyola, eis aí um dos grandes nomes da avalanche thrash metal que assolou ( que bom!!!) nosso Brasil na década de 90. Talento, capacidade e atitude. O ColoradoHeavyMetal agradece ao carinho desta grande vocalista demonstrado para com o blog, desejando-lhe  sucesso em seus atuais e futuros projetos.
Confiram!!

Marcão Azevedo.