segunda-feira, 13 de abril de 2015

GENOCÍDIO - O LEGADO DO HEAVY METAL BRASILEIRO


No Brasil existe uma tendência na mídia especializada sempre citar as “mesmas” bandas nacionais como exemplo de carreiras bem sucedidas, se esquecendo de que a cena é muito mais do que  alguns simples exemplos de representatividade nos exterior. Existem uns caras que sempre fizeram  discos respeitáveis no Brasil, agregando elementos diferentes a cada disco.  Eles sempre seguiram uma  receita de não se copiar dentro do Heavy Metal mantendo uma discografia muito interessante  e criativa ... Não se copiar, mesmo no subconsciente sempre foi parte do grande Genocídio, a legendária banda que tem como a base o Death Metal, mais manteve uma simbiose perfeita com muitos outros estilos. O início do paulista “Genoca” foi naquela tendência mais rápida e rustica do Death Metal, riffs cortantes vocais desesperados e uma “cozinha” sempre martelada e crua. 


O Ep 1988 mostra isso de maneira clara, o extremismo chegava com força nas terras Tupiniquins, enquanto em Belo Horizonte o “caos” já estava instaurado com uma grande efervescência de bandas pesadas, São Paulo ainda tinha aquele lance mais clássico e de certa maneira “glam” em sua cena segundo relatos de alguns músicos da época.
Em 1990 chega às lojas o ultra-pesado álbum de estreia ‘’DEPRESSION’’, com uma concepção gráfica muito legal o disco trazia o Genocídio  mortal e voraz, com uma pegada extremamente death metal, mais com algumas novidades. A Música que dava o título ao álbum ‘’DEPRESSION’’ trazia um ritmo diferente e uma concepção bem interessante, notavelmente uma dica do muito que estava por vir.  
Lançado o Full-Length o terreno estava preparado para um dos clássicos do metal nacional, HOCTAEDROM.  Imagine pegar o novo trampo dos caras e sacar a arte gráfica nos padrões que eram prensados nas “bolachas” de antigamente, o Genocídio sempre foi muito ousado e criativo em suas artes.... Eu particularmente acho fantástico! Falando sobre as músicas, pode se dizer que o som ficou encorpado, denso, sem espaço para qualquer brecha na parede sonora que fizeram, “ Up Roar” com sua pegada hardcore  fez muito “banger” bater a cabeça mundo afora...  Além das ótimas composições da banda o grupo ainda preparou um cover do Venon  (Countess Batory) que ficou destruidor.

Contando com os vocais  de Murillo Leite no lugar de Marcão, mais uma vez o “Genoca surpreende com o lançamento de “PHOSTUMOUS”, um material que prima pela criatividade e por muitos tido como um álbum de Doom/Death . É verdade que o álbum de certa forma de aproxima do Doom, mais acho que há muito mais nele, pode-se dizer que o álbum é Vanguardista e único. As  Guitarras densas de W. Perna guiaram o disco de maneira primorosa. Em uma sequencia  de músicas de ótima qualidade é possível ainda destacar a acústica “Goodbye Kisses” com participação da cantora  Irene Sailte e o indiscutível cover de “Black Planet” da banda gótica The Sisters of Mercy.
Com a volta de Marcão aos vocais do Genocídio  eles lançam seu trabalho mais desprendido e consequentemente de mais “polêmico”, ONE OF THEM...  Entre os fãs, alguns sentiram falta da ligação com o Death Metal, outros gostam do álbum pela sonoridade que mesclava estilos bem distintos como o Hardcore e o Doom Metal. É verdade que o disco não é unanimidade, mais acho que ele merece uma audição com mais detalhista, pois ali se escondem detalhes que não dificilmente podem  torna-lo fã do álbum...
As temáticas do Genocídio sempre tiveram letras dialogando conteúdos sobre extraterrestes. A arte gráfica do de REBELLION deixou isso em total evidencia. Esse CD pode ser considerando o mais brutal da banda, um retorno aos primórdios, deixando de lado outras referencias e abraçando do Death Metal mais ancestral e cortante! Destaque para os riffs de guitarras levam empolgação ao ouvinte e a batera muito bem conduzida para esse estilo mais “Death”. Esse Disco marca a saída do Vocalista Marcão, que realmente é uma figura e tanto na história do “Genoca”. Esse é também o último registro a contar com o W.Perna nas guitarras, que após um acidente onde perdeu  um dedo passou a tocar baixo, dando ao Genocídio uma nova configuração e também a chance de continuar na sua jornada obscura e pesada!

O Genocídio sempre teve uma carta na manga,  que no momento certo sempre foi utilizada. Essa carta pode ser chamada de  Murillo leite, ele realmente marcou  momentos importantes na carreira da banda e levou sempre a  sonoridade para padrões interessantes e diferentes  dos discos com Marcão. Quem acompanha banda sabe do que falo, é muito interessante ver as faces do Genocídio com seus diferentes  frontman´s. ... Eu Me arrisco a dizer que “THE CLAN” é um disco extremamente  importante para que o Genocídio voltasse a ser uma banda com a evidencia que merece no cenário nacional. Um belo disco contendo todos os elementos que fizeram parte da carreira dos músicos. Esse disco abriu um momento interessante  para o “Genoca”  lançar o aclamado “IN LOVE WITH HATRED, esse disco com certeza se tornará um clássico! Realmente podemos dizer que após uma carreira corajosa e cheia de momentos criativos em meio ao som extremo, apesar da sua personalidade totalmente definida sempre corremos o risco de se surpreendermos com eles... É da natureza do grupo ser ousado , antagônico e único em sua proposta. GENOCÍDIO !

Por Vitor Carnelossi



COLORADO HEAVY METAL