sábado, 17 de fevereiro de 2018

SCULPTURE - O METAL EXTREMO POR OUTROS CAMINHOS

Sculpture é um projeto instrumental envolto de diversas sonoridades tendo como base principal o Black Metal! Formada pelos músicos Willian Marante e Victor Prospero, a dupla desafia os padrões estabelecidos e executam firmemente suas ideias e experimentos dentro do metal extremo. Com seu Full-Length próximo do lançamento, conversei com esses genuínos músicos que buscam espaço para sua arte, livre e inspiradora! Confiram!


1 – Willian, como se deu a origem da projeto Sculpture?
Willian: Na verdade, não tem uma data muito específica. Eu passei anos sem estar em uma banda, mas todo esse tempo, sempre compus e toquei, praticamente todos os dias.

Como minha memória não é boa, sempre que componho algo eu gravo e passo pra tablatura, no Guitar Pro, senão é certeza, vou esquecer.

Mais ou menos entre o ano de 2008 até 2011 eu compus muitas músicas ou riffs isolados, que na minha cabeça seriam pro meu projeto one man band, Infernalium. No entanto, eu sentia que alguns daqueles riffs soavam muito bem na versão instrumental. Todas as linhas de vozes que eu imaginava em cima delas, não me agradavam, sempre achava que estava estragando a música.

Então eu abri uma pasta com o nome instrumental e lá eu ia jogando todos esses riffs e músicas que eu achava que soavam melhor, dessa forma.

Isso ficou lá, parado por uns anos, até que conversando com o Victor, comentei dessa minha idéia, ele achou interessante e então mandei as músicas. Ele gostou e achou que daria pra fazer. Então na próxima semana, nos reunimos e começamos a trabalhar na primeira música. Isso foi no ano de 2014.


As músicas não tinham nome e nem a banda tinha nome, tudo foi surgindo depois, pra lá da metade do processo de composição.

2 – A formação da banda se concentra em você e Victor Prospero, a ideia de manter o projeto em uma dupla facilita o funcionamento das composições?
Willian: Ah, sim. Com certeza, facilita e muito.
Nós meios que estávamos desencanados de banda. Meio de saco cheio. Não da música, não dos nossos instrumentos, mas do lance de estar numa banda, de tudo que aquilo onera (tempo, dinheiro, cobranças) e todas as responsabilidades envolvidas, etc e etc.
Eu mesmo, tinha na minha cabeça que não tocaria mais em banda e somente seguiria com o meu projeto one man band.
Mas como eu e o Victor conversamos bastante, vimos que éramos tranquilos pra trabalhar um com o outro, que tínhamos os mesmos objetivos e visões em relação a música, que resolvemos arriscar.
Logo de início percebemos que ia dar certo. Toda vez que nos reuníamos pra compor ou gravar, sempre era muito produtivo e divertido. Então começamos a ficar cada vez mais empolgados com o Sculpture.
Então assim, por mais que tenhamos outros grandes amigos que podiam fazer parte do Sculpture.
Fechamos nessa idéia de ser um Duo. Tudo funcionou tão bem, foi tão tranquilo e o resultado nos agradou tanto, que não vemos porque mudar essa configuração.

3 – Victor, a banda já está em atividade desde 2014, a liberdade de se projetar algo sem “pressão” pode trazer um certo perfeccionismo envolto neste trabalho de estreia?
Victor: Nossa ideia desde a primeira conversa sobre o Sculpture foi não ter pressão no sentido de não tornar estressante nenhuma atividade relacionada à banda. Sendo assim, durante o processo de composição, nós ouviamos várias vezes cada música e iamos lapidando até ficar da forma como os dois achavam que estava bom.
O risco que existe neste tipo de planejamento é não definir um ponto final e o projeto acabar se tornando uma “composição eterna”, pois o tempo vai passando e os nossos gostos musicais vão mudando (mesmo que pouco). Acredito que nós fomos bem sucedidos em administrar isso.

4 – Instrumental / Atmospheric / Progressive / Black Metal são referências apresentadas pela banda, vocês acreditam que o metal extremo está mais receptivo as inovações dentro do estilo?
Willian: Acredito que sim, acredito que se o Sculpture lançasse esse mesmo play, uns anos atrás, nós seríamos detonados.
Quando iniciamos o Sculpture nós tínhamos quase que absoluta certeza que não seríamos bem interpretados.
“Firuleira”.” Muito melódico”.” Muita coisinha”. “Não é metal de verdade”. Foram alguns dos adjetivos que achávamos que dariam ao Sculpture. Já meio que estávamos preparados pra isso.
Então, já que imaginávamos que teríamos um feedback negativo, ai mesmo que nos despimos de qualquer pudor e medo e experimentamos o máximo possível. O que deu na nossa cabeça, e o que entendemos que a música pedia, nós colocávamos, dentro das nossas limitações técnicas.
Sei lá, pode ser que essa autenticidade ou coragem em arriscar, que possa ter feito o pessoal entender nossa proposta.
Pra nós, foi de fato uma grande surpresa, o feedback extremamente positivo que tivemos e estamos tendo até agora.
O Sculpture foi idealizado e feito de forma totalmente despretensiosa, achávamos mesmo que não teria uma boa receptividade e nem que um selo iria se interessar em lançar, por ser algo um pouco diferente. Achamos que ninguém iria querer se arriscar. Ainda bem que erramos e recebemos uma proposta do Luiz, da Hammer of Damnation, antes mesmo de começarmos a correr atrás de selo. Fechamos com ele.


5 – "To Another Place" está prometido para 2018, como está o processo de finalização do material?
Victor: As músicas já estão todas mixadas e masterizadas e no momento o Willian está finalizando a arte para enviarmos para a gravadora fabricar. O lançamento oficial está agendado para o dia 05/05/18.

6 - Victor além de baixista é o produtor do disco de estreia, quais os desafios de se produzir o próprio material?
Victor: Acredito que o desafio foi a etapa da composição, porque eu e o Willian nunca tínhamos tocado juntos e não nos conheciamos musicalmente. Então até a gente criar uma sinergia, onde o Willian escrevia os riffs, já pensando no que eu iria sugerir pra alterar e vice-versa demorou bastante. Depois foi tudo simples pois eu havia planejado desde o inicio.
Conforme nós iamos compondo a música, já editávamos a bateria e iamos gravando e as bases no programa de gravação. Após terminar de compor, apagamos as cordas e regravamos tudo pra valer, riff por riff o mais preciso possível. A direção da gravação foi super tranquila porque o Willian já sabia como eu trabalhava. Na escolha de timbres e demais samples (teclados e etc), mixagem e masterização foi muito tranquilo também porque o Willian quase sempre pensa igual a mim.

7 - Como divulgado o Sculpture trata-se de um projeto instrumental, pelo que consta vocês já integraram bandas de metal extremo anteriormente. É desafiador expressar suas convicções e expressões fazendo um som inteiramente instrumental?

Willian: Sim, tanto eu como o Victor, já tocamos em diversas outras bandas de São Paulo, como:

Lost Graveyard, Evil Mayhem, Obscure Mind, Shantak, Necromesis, Infernalium, Synthesis, Thou Supreme Art entre outras. Temos um tempinho já nessa vida de bandas e shows.

Foi sim desafiador, nos expressar de forma instrumental e totalmente diferente de todas as outras bandas que já tocamos. Tanto que nós começamos a compor de uma forma e vinha rolando bem. Mas em um certo momento, as composições foram amadurecendo e ficando muito diferentes das 2 primeiras músicas que fizemos, digo a estrutura da música mesmo.
Percebemos que as músicas estavam ficando com estrutura e formato de uma música normal, (Introdução / Verso / Ponte / Refrão / Solo). Então tentamos romper com isso e estruturar as composições de forma diferente. Ai voltamos e refizemos tudo o que já tinha sido feito, pra depois seguir em frente. Tentamos equalizar as composições pra que todas ficassem no mesmo nível. Pra que soassem de forma mais homogênea.

8 – Sei que já com o pouco tempo de banda vocês devem ter já respondido inúmeras vezes se há pretensão de vir a ter um vocal futuramente (rsrsrsrs). Então a pergunta é esta, o Sculpture terá algum vocalista fazendo alguma participação futuramente?
Willian: Realmente, sempre nos perguntam isso. Hahahahaha. Mas é normal...
O Sculpture foi concebido, desde o inicio, pra ser uma banda instrumental. È assim que vemos o Sculpture e é assim que queremos que ele continue.
Mas pensamos sim, mais pra frente, em lançar um som, com um vocal convidado. Em uma versão com bônus, ou um EP, algo assim.
Até mesmo nós temos essa curiosidade, então pode sim rolar um dia. Mas será algo atípico.
Um play inteiro com vocal, não. Isso não vai acontecer sob o nome Sculpture.

9 – A bateria programada soa bastante coesa e orgânica, com certeza hoje em dia funciona bem melhor que na época do HATE do Sarcófago não é mesmo?
Victor: No caso do Sculpture além da bateria, todos os efeitos de sampler também são programados. Inclusive nenhum pedal de guitarra, amplificador ou microfone foi usado. Tudo foi feito 100% no computador.
Os plugins estão evoluindo em uma velocidade incrível. Para as guitarra do Sculpture por exemplo, eu troquei três vezes o plugin e cada um soava incrivelmente melhor do que o outro.
Hoje em dia, no metal extremo, a maioria das grandes produções usam alguma tecnologia de sampler na bateria. Muitas vezes substitui-se o som da bateria tocada pelo som de um sampler gravado a partir da própria bateria para tirar um pouco da dinâmica e dar mais punch.
Se as baterias programadas de hoje em dia estão melhores do que as de 5 anos atrás, imagine se compararmos às de 25 anos atrás, na época do HATE (risos).

10 – Bandas como Limbonic Art e Samael por exemplo usam o recurso de bateria programada há muito tempo, o Samael além do estúdio ainda se apresenta ao vivo sem maiores problemas. O Sculpture tem intenção de se apresentar? O que vocês pensam a respeito?
Willian: Há maneiras e maneiras de se fazer as coisas. Nunca vi problema no uso de bateria programada, desde que feito da maneira correta, de uma maneira que não fique tão evidente e robótico. Desde o começo, sabíamos que iríamos usar bateria programada e foi sempre uma preocupação nossa, deixa-la o mais natural e humanizada, possível. 


Quanto a se apresentar, isso nunca tinha passado pela nossa cabeça. Fizemos o Sculpture pra ser uma banda de estúdio. No entanto, o selo que nos convidou pra lançar nosso debut, deu essa idéia, de fazer uma apresentação de lançamento do cd. Aceitamos e ela vai acontecer no dia 05/05/2018 na sede da Hammer of Damnation.

Nos apresentaremos em quarteto ( 2  guitarras, baixo e bateria).  Está sendo bem trabalhoso tirar as músicas todas novamente, passar pros outros músicos, ensaiar e tudo mais. Mas ao mesmo tempo está sendo bem prazeroso. Acredito que conseguiremos fazer um boa apresentação. Estamos realmente empenhados nisso.



11 – Na música que vocês liberaram percebe-se momentos mais voltados para o Black Metal, influencias de Metal Tradicional, passagem acústicas! Isso torna a audição agradável e surpreendente! Quais as influências musicais em relação ao Sculpture?

Willian: Sem dúvida nenhuma, a imensa maioria dos plays da minha coleção e a maior parte da minha influência, vem do Black Metal.

È o que eu ouço 80% do tempo. Mas meu gosto musical e influências são bem grandes.
No Black Metal, dá pra citar. Dissection, Godkiller, Algaion, Sargeist, Impaled Nazarene, GBK, Song D´enfer, Woods of Desolation Sacrilegium, mais um milhão de outras bandas novas e antigas.
Ouço muito também Thrash Metal oitentista. Destruction, Exodus, MX, Tankard, Sodom, Kreator, Assassin, Razor, Violent Force...
Gosto muito de Heavy Metal Tradicional. Iron Maiden, Judas Priest. Black Sabbath, King Diamond, Mercyful Fate, Running Wild. Helloween...
Ouço umas coisas de jazz, fusion, principalmente discos de guitarristas. Progressivo também ouço, curto demais Rush. Demais mesmo.
Um estilo que não sou muito chegado é o Death Metal, escuto pouquíssima coisa. Engraçado que uma das melhores bandas do mundo, pra mim, é desse estilo. O Death.  Mas o Death e o Chuck acho que transcenderam os limites de qualquer estilo. Aquilo é único.

Victor: Acredito que essa mescla de estilos foi algo natural de se fazer pois a trajetória de influencias minhas e do willian são bem parecidas. Ambos começamos a escutar metal de berço, por influência de nossos pais e depois viemos descobrindo o som que nos agradava mais: metal extremo.
Eu ouvia muito Black Sabbath, Iron Maiden, Metallica e Helloween,  quando eu era criança. Depois fui indo para o Thrash, o Death e o Black Metal. Além disso já tive bandas de Prog e já toquei Jazz e Bossa Nova na noite. O Sculpture tem um pouco de cada uma destas influências que fomos adquirindo no decorrer da vida.

12 – O Material será lançado via “Hammer of Damnation”, pelo que consta CD vai ser muito caprichado! Recentemente adquiri uma cópia do novo CD do CAUTERIZATION e o acabamento é impressionante!
Willian: Estamos nos ajustes finais da arte de capa e encarte. Falta muito pouco e o material deve ir pra fábrica, ainda esse mês de fevereiro ou no máximo começo de março.
Tentamos caprichar no visual e tentar chegar numa arte e layout que conversasse com o tipo de música que fizemos, que fechasse todo o conceito do álbum. Procuramos fazer com que a arte, representasse a música do Sculpture. Creio que conseguimos isso e estamos bem satisfeitos.

O lançamento será também em formato digipack, mas num formato um pouco diferente do Cauterization (aquele lançamento realmente ficou lindíssimo). 



Escolhemos um formato pouco utilizado e que achamos que ficaria perfeito no tipo de arte e ilustração que tínhamos em mente.  Acreditamos que a arte, formato, acabamentos, conversam bem com a proposta e conceito do Sculpture.



13 – Willian e Victor, gostaria que listassem seus álbuns favoritos!
Willian: Bem difícil. Vou citar 10, mas eles mudam sempre e não será em ordem de preferência.
Bathory – Bathory
Iron Maiden – Killers
Exodus – Bonded By Blood
Woods of Desolation – Torn Beyond Reason
Dissection – Storm of the Lights Bane
Helloween – Walls of Jericho
Mercyful Fate – Don´t Break the Oath
Necromantia – Scarlet Evil Witching Black
Death  – Individual Thought Patterns
Impaled Nazarene – Ugra Karma

Victor: Realmente é uma pergunta bem dificil mas vou tentar citar os primeiros que me vêm em mente.
Bathory – Under the sign of the black mark
Destruction – Sentence of Death
Dissection – Storm of the light´s bane
Kreator – Pleasure to Kill
Rush – Moving Pictures
Death – Symbolic
Woods of Desolation – Torn beyond reason
Sivyj Yar – From the dead villages´ darkness
Desaster – Hellfire´s Dominion
Mercyful Fate - Melissa

14 – Quais os planos futuros para o Sculpture?
Willian: No momento estamos nos dedicando totalmente ao lançamento do debut. Divulgando da melhor forma possível, trabalhando em conjunto com o selo. Em breve divulgaremos mais um clipe com outro som na íntegra, temos também mais alguns vídeos pra liberar.


Além de estarmos muito focados nos ensaios e preparativos pra apresentação de lançamento do álbum. Queremos entregar pro pessoal, a melhor apresentação possível, como forma de agradecimento pelo apoio e suporte que temos tido, desde que começamos  divulgar o Sculpture.


Temos planos pra um próximo álbum, um EP... Não sabemos muito bem ainda.

Ficaram algumas músicas e riffs de fora desse álbum, porque achamos que era a hora de lançar e se continuássemos a compor e gravar, podia demorar bastante, porque nosso processo de composição é bem demorado e trabalhoso.


Entao, é isso. Nesse ano é foco total no lançamento de “ To Another Place” e fim do ano ou ano que vem, pretendemos voltar a gravar e finalizar algumas composições que ficaram em aberto.

15 – Deixo o espaço aberto pra as considerações finais!
Gostariamos de agradecer imensamente ao Vitor e seu blog Colorado Heavy Metal, pelo interesse e espaço concedido ao Sculpture.

Esperamos que curtam os outros sons do play e esperamos nos trombar por ai, pra trocar mais ideias e tomar umas cangibrinas.

Maiores informações:
https://www.facebook.com/SculptureInstrumentalBr


Por Vitor Carnelossi

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Desde 2013 produzindo matérias e entrevistas para grande rede.
Editor responsável - Vitor Carnelossi