domingo, 25 de setembro de 2016

PASTORE – O VOCAL NACIONAL ATINGE A EXCELÊNCIA

Um dos maiores vocalistas da história do rock (leia-se predominantemente heavy metal) brasileiro de todos os tempos. Técnico, preciso, maduro. Nosso entrevistado de hoje, Mario Pastore, possui uma longa trajetória sendo a voz de grandes bandas do rock brazuca, como Acid Storm, Tailgunners, Delpht, e atualmente divide seu concorrido tempo entre as bandas Pastore e Heaviest, entre outros afazeres profissionais.  É possível afirmar que Mario Pastore tem bagagem e recursos técnicos para ser o frontman de qualquer banda de rock mundo afora, sendo mais um nome exponencial do rock brasileiro. Pastore recebeu ao ColoradoHeavyMetal de maneira muito solícita, e compartilha conosco a partir de agora capítulos de uma carreira vitoriosa, reconhecida por quem tem que  reconhecer, que são seus fãs e os amantes do heavy metal. Ok? Preparados? Com vocês, Mario  Pastore, um monstro do vocal nacional:

1-Pastore, seus discos The Price of the Human Sins, de 2010, e The End of Our Flames, de 2012, são considerados pela crítica especializada verdadeiras  aulas de heavy metal.  Tal resultado tem relação com suas experiências e bandas anteriores, ou você optou por uma proposta pontual que soasse como um ponto de partida para novos horizontes?
MP-Na verdade fãs me diziam que eu deveria ter trabalhos solos que tivessem mais peso de acordo com minha escola do Heavy Metal Tradicional e assim nasceu o estilo do Pastore e, claro, trouxe em minha bagagem toda essa pegada.


2-Nestes dois trabalhos, você manteve os excepcionais Raphael Gazal (tocando uma insanidade..) nas guitarras e Fábio Buitvidas na batera (técnica apuradíssima....). Como frontman, qual a importância de olhar para o lado/pra trás e saber que tem este poderio segurando a onda e quebrando tudo?
MP-Eles foram essenciais naqueles dois discos com certeza e juntos fizemos um bom trabalho, são músicos talentosos, o relacionamento pessoal não posso dizer o mesmo, por isso não estamos mais juntos, mas reconheço a importância deles e sempre disse isso.

3-O disco The End of Our Flames foi finalizado por um técnico sueco. Alguma razão específica?
MP-Sim, procuramos o trabalho do Plec por indicação do meu amigo German Pascoal e sabíamos que ia ficar fantástico e ele fez um ótimo trabalho!! Queríamos uma melhor qualidade de masterização e conseguimos.

4-Sua música é energética, encorpada, que remete o ouvinte ao supra sumo do heavy e power metal tocado no mundo, onde na Alemanha encontra uma de suas veias mais latentes. Quais suas referências musicais?
MP-Minhas influências são Bruce, Halford, Dio, Tate, mas ouvi e ouço as bandas antigas da Alemanha como Grave Digger, Running Wild, Primar Fear, então tudo isso veio para agregar.

5-Seu talento o credenciou a participar de vários tributos à nomes consagrados do metal mundial, gravando How Many Tears, no Tributo ao Helloween, Two Minutes to Midnight, num Tributo Argentino ao Iron, Final Embrace, no tributo ao Primal Fear e Fucking Hostile, homenageando ao Pantera, sempre, via de regra, roubando a cena por interpretações avassaladoras. Somando-se a isso sua participação no Show que celebrava 06 anos sem Dio, a que você atribui o convite para tais desafios, e como você se sente podendo homenagear verdadeiras lendas do rock mundial?
MP-Acho bem legal porque é uma forma de agradecer o que aprendi com esses mestres, agradeço pelo elogio porque sempre procuro cantar as músicas da melhor forma e perto do que foi feito no original.

6-Você é a voz também da excelente banda Heaviest, que pratica um prog-metal de ótima qualidade, com músicos refinados e sonoridade intrincada. Nowhere é um disco excelente, com versão européia, e a banda agora se prepara para um tour pela Argentina. Artilharia ajustada? Compartilhe com nossos(as) leitores(as) como está sendo participar desta banda já com um bom tempo de estrada, e a expectativa para tocar para um público fanático como o argentino;
MP-A Heaviest é uma família pra mim, amo cantar nessa banda e estamos trabalhando muito, eles estão comigo também em algumas músicas do Pastore novo e estamos no estúdio do  Marcio Eidt (guitarrista e produtor), tocamos juntos e estamos sempre juntos dando boas risadas!! E após o show com o André Mattos embarcamos para a Argentina dia 06 de Outubro para alguns shows!! E será fantástico!!

7-Você trabalha há anos ensinando novos vocalistas, e ministra também workshops de técnica vocal. Como é lapidar diamantes?
MP-Me sinto muito feliz com isso, e faço isso há 23 anos, tenho ótimos alunos cantando na noite  e em bandas de rock e metal e minha ex-aluna Marina Latorraca, brilhou recentemente com o Avantasia cantando com o Tobias Sammet e o Michael Kiske, muito feliz e orgulhoso por isso.

8-Você se considera devidamente ou suficientemente reconhecido pelo público e crítica especializada do Brasil?
MP-Eu vejo que aos poucos venho crescendo sim, lutei por 30 anos e muitas vezes me acho injustiçado, por outro lado digo o que penso e muita gente não gosta de mim por isso.

9-Você manifesta abertamente sua aceitação ou reprovação à determinados fatos políticos. Em sua opinião, estamos longe de sairmos do lamaçal em que atiraram (não importa ou importa, quem foi) o Brasil?
MP-Eu acho que esse País está afundado numa corrupção nojenta e dificilmente sairá dela porque o Congresso não tem homens de caráter e honra, pode existir um ou outro, e o povo por sua vez defende político e partido como se fosse time de futebol, deveríamos exigir uma reforma política total e tirarmos a corja de lá à força. Mas não vai acontecer, infelizmente.

10-Você encontra tempo para uma de suas paixões, as artes marciais. Como surgiu esta identificação com um estilo milenar?
MP-Eu comecei a treinar aos 7 anos judô e karatê por causa do seriado dos anos 70 Kung Fu, e por que era magro e franzino e sofria bullying, hoje além de ter treinado várias artes sou faixa preta de Aikido e dou aulas no Shobu dojo com meu Sensei Vagner Tome.

11-Algum projeto ou novidade à vista?
MP-Sim, mas um que está na boca do forno é o Powerfull, projeto com meus amigos e grandes músicos Jones Jones (guitarrista e produtor e Wagner Gilabel – bateria), será um grande cd de heavy metal na pegada anos 80. Aguarde!

12-Mário, o ColoradoHeavyMetal agradece  sua participação, nos atendendo de forma tão gentil e propiciando que o público que até então pudesse não conhecer seu trabalho, o faça de agora em diante, batendo de frente com um trampo de altíssimo nível. Deixamos este espaço para suas considerações finais:
MP-Eu que agradeço a consideração e carinho de vocês, digo aos fãs para apoiarem as bandas brasileiras porque tem muita coisa boa aqui, e amem e respeitem as pessoas com verdade, e vossos pais, perdi minha mãe há um ano, sinto muita saudade mas fui um bom filho e ela partiu orgulhosa de mim.


Por Marcão Azevedo

COLORADO HEAVY METAL
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DESDE 2013, FAZENDO A DIFERENÇA!!!

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

SERGIO HINDS - O BRILHO DO ROCK PROGRESSIVO BRASILEIRO

O original de um capítulo importante do  rock nacional foi escrito pelo nosso convidado de hoje. Num momento em que  musicalmente o Brasil respirava a atmosfera da Bossa Nova e assistia ao crescimento da Tropicália, um músico talentosíssimo por nome Sergio Hinds bancava a proposta de uma música progressiva, e acompanhado de nomes como Flávio Venturini, Vinicíus Cantuária, entre outros,  os quais o Brasil também assistiria suas futuras consagrações em carreiras solos, construía a partir daí uma carreira reverenciada e vitoriosa, consagrando nomes como O Terço, por exemplo, na medida que é o único remanescente da formação histórica desta banda. Sergio Hinds  atendeu ao ColoradoHeavyMetal de forma muito atenciosa, e conversou conosco sobre seus projetos atuais, o momento musical brasileiro, e obviamente, sobre o Terço, banda cult que possui uma verdadeira legião de fãs mundo  afora. Você que navega em nossas páginas é nosso(a) convidado(a) especial para esta pauta com um dos grandes  músicos brasileiros. Vamos à ela:


-Sergio, sábado à tarde é hora de parar tudo e curtir uma avalanche de sonzeira que você despeja nas ondas da Kiss FM-SP. Considerando que via internet os sinais das emissoras chegam ao infinito, quão satisfatório é disseminar um estilo de vida, e com a preocupação de que a atual geração conheça também tesouros ´´antigos´ do      rock ?  
SH- Me preocupo com a qualidade das bandas e músicas que toco e também de garimpar bandas novas de qualidade. Estou bem feliz em poder fazer esse trabalho.
-Sua imagem é diretamente associada ao rock progressivo, uma vertente que via de regra produz canções intrincadas, refinadas  e flertam  sem disfarces com a virtuose. Como você se apercebeu desta musicalidade na sua construção como músico, e quais suas referências?
SH- Meus pais escutavam muita música erudita quando eu era pequeno, minha mãe era cantora erudita e minha irmã estudou cinco anos de piano clássico. Acabei sendo um autodidata e na adolescência já nas primeiras bandas passei a curtir as bandas Yes, Pink Floyd, Genesis e outras que estavam começando como nós.

-Na discografia do Terço, o disco Criaturas da Noite é um passeio pela suavidade psicodélica e poética, com arranjos maravilhosos. Compartilhe com nossos leitores como foi a concepção deste disco, que arrebatou público e crítica?
SH- Foi no começo da formação. Eu, Magrão, Venturini e Moreno, estávamos todos muito estimulados e inspirados. Nessa época tínhamos muito tempo para ensaiar e criar esses arranjos. Foi preciso muita dedicação.

-Casa Encantada, por todo o processo e atmosfera de sua gravação, nos propõe pitadas de elementos mais regionais, mantendo a proposta genuinamente progressiva  e culminando em mais um disco histórico. Na sua opinião, qual a razão do fascínio que o público internacional tem pelos elementos musicais brasileiros?
SH- Os brasileiros tem o swing no sangue, a música brasileira é muito rica e a bossa nova veio para rebuscarmos as harmonias. O resultado é que esses elementos nos ajudam a ser diferentes, criativos e com uma musicalidade que impressiona o mundo.

- A nível mundo, você classifica o ritmo brasileiro ( considerado exótico) na mesma escala do jazz e do blues(berço americano) enquanto formador de público e crítica?
SH- Com certeza, a nossa música tem grande importância e influencia várias tendências musicais.

-Em 2007 O Terço gravou um DVD no Canecão-RJ que nos apresenta, além de um repertório e execuções magistrais, uma banda bem à vontade, em grande forma. Quais lembranças você tem deste trabalho?
SH- Um show ao vivo, bem ensaiado, contendo as músicas que tiveram grande importância na nossa carreira.

-O Terço já gravou uma versão matadora para Hey Joe, de Hendrix, e um disco somente com canções do Raul, porém sempre se reservando ao direito de não soar cópia. Roupagem própria, para você, é inegociável?
SH- Acho sempre importante colocarmos nossa marca em todos os trabalhos, isso serve de conselho para os iniciantes. Copiar é muito fácil.

-A discografia da banda O Terço, assinada por você em sua maioria, é classificada como valiosa dentro de um universo muito abrangente e diverso, que é a música brasileira. Um brilho extra dentre tantas pérolas. Olhando o caminho percorrido, qual o sentimento?
SH- Me sinto com o dever quase cumprido...rsss.

-Quais os atuais projetos como músico e produtor?
SH- Estamos preparando um disco de inéditas. Gravaremos em Janeiro de 2017.

-Como o Sergio Hinds gostaria de ser lembrado?
SH- Sempre  vivo..... (rsss........).

-Sergio Hinds, o blog ColoradoHeavyMetal agradece sua atenção para com o nossos(as) leitores(as), na medida em que você parou um tempinho de suas atividades para conversar conosco sobre um capítulo, conforme dito na introdução, tão bonito e determinante da música brasileira. Deixamos este espaço para suas considerações finais:
SH- Obrigado galera, desculpe se não me estendi mais, mas prefiro falar que escrever (rss...). Sucesso! Abs.



Por Marcão Azevedo

COLORADO HEAVY METAL - DESDE 2013 FAZENDO A DIFERENÇA!

domingo, 11 de setembro de 2016

ROGÉRIO MEANDA – OS RIFFS QUE ANUNCIARAM UM MITO

Nosso convidado de hoje é o grande guitarrista Rogério Meanda, músico conceituadíssimo na cena musical brasileira, tendo gravado e trabalhado com grandes nomes da MPB e do rock brasileiro. Sendo o talento cúmplice da versatilidade, Rogério (ou Roger) Meanda pode ser aquela guitarra pirada que você ouve em alguns trabalhos de artistas como Gal Costa, Lenine, Flávio Venturini, entre outros, pois seu estilo próprio e sua técnica apurada o credenciam a figurar nas fichas técnicas de alguns dos maiores trabalhos da música brasileira ao longo das últimas três décadas. Rogério Meanda atendeu ao ColoradoHeavyMetal de maneira muito cordial, e aceitou conversar com nosso blog para que nossos leitores conheçam um pouco mais de seu brilhante trabalho, bem como sobre um capítulo particular e histórico na música brasileira, que foi a gravação de Exagerado, primeiro disco solo do Cazuza. Prontos para uma descarga de talento?? Então vamos lá!

-Rogério, revisitando o passado,  hoje sabemos que seus poderosos riffs na introdução da faixa  Exagerado, do Cazuza, seria a trilha sonora que marcava então um novo marco da música brasileira, pois Cazuza,  um jovem e talentosíssimo vocalista e letrista rebelde e pirado dava, a partir daí, seus primeiros passos para entrar para a histórica da Música Popular Brasileira, com o merecido status de poeta. Sendo você o músico que despejou tais riffs, qual sua reflexão sobre este processo?
      Antes de mais nada , quero agradecer as palavras gentis e generosas que compõe o texto introdutório `a essa entrevista , e que é para mim uma honra participar do Blog de vocês ! Bem...voltando à questão levantada...Na época da gravação do primeiro disco solo do Cazuza eu tinha apenas 21 anos e foi para mim um maravilhoso presente o convite feito pelo fantástico Nico Rezende . Como todo jovem guitarrista , principalmente naquela época , em que o mundo encontrava-se imerso num momento musical onde Van Halen , Steve Vai , Ingwie Malmsteem , Steve Lukather e muitos outros produziam trabalhos com performances de guitarra maravilhosos , eu também , como se pode imaginar , adorava ( e ainda adoro ) solos de guitarra ! E foi para mim muito natural entrar no estúdio para gravar aquele disco , mérito do fantástico produtor Nico Rezende , que como grande produtor que é , teve a sensibilidade de reunir as pessoas adequadas à proposta almejada naquele trabalho. Primeiro fazíamos as bases de bateria e baixo e já nesse momento tentávamos achar a melhor abordagem das guitarras base e mantê-las , sempre que possível , e quando não o era , as refazíamos ainda na mesma sessão de gravação , tentando assim deixar tudo pronto da forma mais crua e natural possível para , num outro momento , gravarmos os solos e detalhes adicionais . Quanto ao solo de  “ Exagerado “ especificamente , fui deixado totalmente a vontade para elaborar a melodia e a abordagem técnica , que eu tinha preparado em casa , uma vez que houve um espaço de tempo entre as gravações de base e as de solo . Eu apresentei a minha idéia “passando” o som de guitarra para o produtor , Nico Rezende e para o outro produtor do disco Ezequiel Neves , pois esse disco teve, na verdade , dois produtores , de vital importância a meu ver, assim como para os outros músicos e técnicos que se encontravam no estúdio naquele momento , e todos puderam opinar , como sempre acontecia . Apresentei a minha idéia que foi , felizmente , e prontamente aceita e aprovada , e repetimos algumas vezes até chegarmos ao “take” perfeito , foi bem rápido , acho que toquei apenas três vezes , mas não foi de primeira , de “primeira”  mesmo ...é como o próprio nome diz...rs...tem que ser na “primeiríssima” vez...onde não é raro surgirem grandes solos , uma vez que o musico está , digamos assim , “relaxado” e livre da pressão de “acertar” , já que está apenas “passando o som”... e isso me faz lembrar de uma ocasião quando fui convidado pelo igualmente fantástico Ricardo Cristaldi para gravar um solo de guitarra com a “diva” , espetacular e maravilhosa Gal Costa , lembro , inclusive , que no momento desse convite eu estava dentro do estúdio gravando o disco “ Exagerado “ ( na verdade o disco se chama “ Cazuza” , mas vamos chama-lo assim para facilitar a compreensão )....estava eu aguardando o momento em que seria chamado para gravar alguma coisa que falta-se , enquanto outros músicos gravavam as suas partes , quando o Ricardo Cristaldi me telefonou , naquela época não existia celular , portanto fui chamado a atender a ligação numa linha telefônica da Som Livre , e o Cristaldi me disse que eu precisava ir “ Imediatamente “ para Polygram para gravar no disco da Gal Costa , argumentei que estava gravando no disco do Cazuza naquele instante , e ele me disse que tinha que ser “ Já “ , que a Gal estava no estúdio e que a gravação teria que acontecer ainda naquele dia , lembro perfeitamente que já passava da meia noite ( as sessões ocorriam das 21:00 às 03:00 ) disse que iria requisitar a minha liberação dos trabalhos junto aos produtores e que , a menos que ocorresse um “terremoto” , “máre-moto” ou que um “asteróide” errante caísse sobre o Rio de Janeiro eu lá estaria...rsrs... dentro de no máximo uma hora . Pedi encarecidamente que eu fosse liberado para partir nessa maravilhosa aventura , no que fui prontamente apoiado pelos fantásticos Nico Rezende e Ezequiel Neves . E lá fui eu , tinha uma hora para colocar o amplificador e efeitos no carro , desembarcar na Barra na Polygram e estar pronto para gravar , e assim o fiz ! Lembro-me da minha felicidade e excitação ao dirigir para lá . Consegui ! Cheguei ! E antes das 02:00 H já estava tudo pronto para eu gravar , lembro como se fosse hoje quando o  , também fantástico , Carlão de Andrade , engenheiro de gravação responsável por aquela sessão , querido companheiro de tantas outras jornadas , deu play na maquina e tocou para que eu ouvisse uma vez a parte em que eu gravaria , ouvi com atenção enquanto já me “localizava” na guitarra que ecoava nas caixas da sala de gravação , naquele momento eu me encontrava na técnica com a pedaleira e a guitarra e o amplificador estava no estúdio em outra sala , eu estava , desta forma , a dois metros de distância da “diva” , maravilhosa e espetacular Gal Costa , que , diga-se de passagem , estava linda ! Ricardo Cristaldi , que era o arranjador da faixa , também estava , assim como todos , aguardando num clima que eu descreveria como um misto de “gravidade” e “camaradagem” o momento da gravação , estávamos , acredito eu , todos um pouco cansados devido ao adiantado da hora , portanto pouco se falou ou conversou , foi quando Carlão de Andrade proferiu : “ – Passando ! “ . Fiz o solo de forma muito natural  , saiu fácil , pra mim estávamos apenas passando o som . Foi quando a maravilhosa Gal Costa , linda , sussurrou para o Carlão : “ – Gravou ? “ , ao que prontamente Carlão respondeu : “- Gravei . “ , e Gal então , encerrou o diálogo dizendo , em tom decisivo : “- Morreu . “ . Eu,  no momento , achei até que eles estavam brincando , mas logo a seguir o Carlão explicou que tinha passado “gravando” e imediatamente voltou a fita e deu “play” . Eu tentei argumentar dizendo que : Se eu tinha feito algo de que eles de que eles haviam gostado na primeira vez , eles deveriam acreditar que eu faria algo ainda melhor nas vezes subsequentes , lembro de eu argumentando isso com a “ Deusa “ Gal Costa, mas não houve jeito , eles estavam determinados e não me deixaram tocar de novo , passando a seguir para à parte final onde eu faria uns comentários e um solo no “fade-out” da musica , que também “morreu” de primeira . Me lembro de ter pensado com os meus “botões” ao gravar a parte final :        “ – É bom eu caprichar , porque o pessoal não vai deixar eu tocar de novo “....rsrsrsrsrsr.....dou risada me lembrando disso agora ! Me lembro que 02:30 eu já estava no meu carro pra ir embora , um tanto ou quanto indignado ...rsrsrs . Bem , depois de refletir , tomei o acontecido , é claro , como um elogio ao meu trabalho , pois dada a excelência de todas as pessoas envolvidas nesse episódio , o fato de eles terem acolhido o meu trabalho de “primeiríssima” ,  não poderia me levar a pensar de forma diferente . É a isso que eu chamo de um solo feito de “primeira” . Tomei a liberdade de contar aqui esse ocorrido pois sempre gostei de ler em entrevistas essas “histórias de estúdio” e achei que seria interessante para os leitores do Blog . Mas , voltando à questão do solo de “ Exagerado “ , gostaria de dizer humildemente , sem falsa modéstia , que ele é um solo que tem o equilíbrio adequado entre  , técnica ,“feeling” e melodia, ele é um legítimo solo de rock tocado de “ pau duro “ sem frescuras , e se mantém atual até hoje , e se alguém acha que ele é “ exagerado “...rs..., ou seja, que tem “ muita nota “ , eu deixo aqui a seguinte pergunta, convidando os leitores à reflexão : Como deveria ser um solo de guitarra , num rock que se chama “ Exagerado “ num disco do Cazuza ?!...rsrsrs...  Eu sempre que o escuto no radio fico empolgado e tenho a sensação clara de “dever” muito bem cumprido .

-Para gravar o disco Exagerado, você foi recrutado pelo produtor Nico Rezende para compor uma espécie de ´´tropa de choque´´  de músicos competentíssimos, e o resultado foi magistral. Quais recordações você tem deste período, da convivência e das  gravações intensas?
  Foi um momento maravilhoso ! Nico Rezende , Décio Crispim , Fernando Morais e eu nos dedicamos muito para fazer o Cazuza feliz , foi montada uma banda de rock num estalar de dedos , todos profissionais acostumados a estar em estúdios gravando discos e fomos nos entrosando como uma banda a cada dia . Para ilustrar o que se passava na minha cabeça naquele momento , vou descrever como tudo começou : Cheguei no primeiro dia de gravação e a primeira musica a ser gravada era “ Mal nenhum “ , parceria do Lobão com o Cazuza , naquele momento nada era garantido , tudo dependeria de como tudo transcorre-se para que eu continuasse no disco , portanto a pressão era grande . O Cazuza já era nacionalmente famoso vindo de um estrondoso sucesso com o Barão Vermelho , lembro que a sua saída do grupo tinha sido noticiada no Fantástico com grande destaque , então não havia outra saída a não ser chutar a bola no “ângulo” , lá onde a coruja dorme...rsrs . Bem... gravei a primeira faixa e todos ficaram muito satisfeitos  , e o meu entrosamento com o Cazuza foi imediato , fui convidado a gravar todas as outras faixas , sempre precisando matar “um leão por dia” pois a pressão por bons resultados continuaram até o fim dos disco . Além disso comecei a compor com o Cazuza durante as sessões de gravação , foi assim que nasceu   “ Medieval II “ , eu estava passando o som da guitarra tocando uma sequência de acordes que eu havia composto a alguns dias , quando ele se aproximou e disse que tinha gostado “daquilo” ,  e começamos a testar melodias ali mesmo , depois nos encontramos e finalizamos a musica , que acabou entrando no disco . Foi realmente uma grande felicidade isso ter acontecido . Passamos a compor varias musicas que viriam a integrar o álbum “ Só se for a dois “ .

-Você também assina um trabalho autoral de qualidade, em faixas como Medieval II, que ´é um tesouro que passou batido pela grande mídia (e tem um dos melhores trampos de guitarra da música brasileira que já ouvi....), e várias faixas do disco Só se For a Dois, todos trabalhos ainda com o Cazuza. Qual a importância e como você se identifica com a poesia marginal?
  Agradeço os gentis e generosos elogios! É claro que tenho um grande orgulho de ter tido a chance de trabalhar com o Cazuza , ele era um enorme , IMENSO talento , além de um ser humano muito especial ! Quanto ao que você se referiu como “poesia marginal” , eu acho que o que difere os trabalhos artísticos e o que pode classificá-los ou não como legítima “arte” é uma questão de postura , é o artista estar disposto a fazer , escrever , cantar , tocar o que realmente quer , aquilo que vem do fundo do seu coração , independente das conjunturas vigentes estando ele ( ou ela ) disposto a arcar com o ônus e com o bônus de suas escolhas . Isso é uma luta de toda uma vida , é algo a ser conquistado dia a dia , e , mesmo sendo necessário que se faça algumas concessões para se ganhar a vida , sempre haverá uma forma de se imprimir , de uma forma ou de outra  , em cada manifestação artística , um pouco dessa verdade intrínseca aos verdadeiros artistas . É dessa forma que eu descreveria a minha identificação com a “poesia marginal” , é algo com que continuo a sonhar e que tento buscar a cada dia da minha vida , a cada vez que tento compor ou tocar alguma coisa .

-Você gravou as guitarras para o disco Mediterrâneo, da Vanessa Rangel, que teve uma grande aceitação pela crítica, tanto no quesito voz quanto instrumental,  e dentre várias faixas que se destacaram, temos Palpite.  Uma linha de trabalho bem consonante com o refino e sutileza típicos da MPB. Como você avalia o atual patamar da legítima Música Popular Brasileira?
 Grande Vanessa Rangel , talento IMENSO ! Até hoje lamento profundamente ela ter se afastado da vida artística . Acho que a MPB passa por um processo que é , na verdade , um processo mundial de reestruturação diante da revolução tecnológica que vivemos nesse momento , principalmente no que diz respeito à indústria da musica , acho natural que o processo artístico musical , nas suas mais variadas formas , leve algum tempo para absorver , digerir e se organizar , produzindo e nos oferecendo assim , grandes obras . Esse , mais aparente do que real hiato , está ligado , a meu ver , dentre muitas outras coisas , `a dificuldade do mercado musical se reorganizar através das novas formas de se chegar ao grande publico . Pois a imensa quantidade de oferta de artistas que a internet propicia , não apresentou , ainda , uma forma clara que substitua as grandes multinacionais do disco , que , apesar das obvias distorções , eram quem se encarregavam de fazê-lo . Mas eu acho a MPB rica demais para que possamos afirmar que , não obstante o momento complicado sob alguns aspectos por que passamos , ela tenha , de fato , se empobrecido, como alguns propagam . Mas acho eu teria que escrever um livro para abordar todas as nuances que envolvem essa questão, históricas e culturais  . Acho que só o tempo se encarregará de mostrar a verdadeira face da nova MPB .

-Como músico, você de identifica mais gravando em estúdio ou tocando ao vivo? Por quê?
 Me identifico com ambas as situações , acho que cada uma tem um “ sabor “ específico . É bem verdade , que com o surgimento de tantas  ferramentas de edição que as atuais plataformas de gravação propiciam , uma boa parte da alma de uma sessão de gravação corre o risco de se perder e dar lugar a grandes “ editores de áudio “  ao invés de dar lugar a “ grandes músicos “ , mas isso depende do gosto e das possibilidades de cada um , sempre haverá , a quem interessar possa , a possibilidade de se preservar o que se julgar “saudável” dependendo das circunstâncias de cada produção . Acho que quando se está gravando em estúdio há um compromisso intrínseco com a história e com a posteridade , e se tem a oportunidade de uma elaboração mais aguçada .  Já ao vivo , fica mais fácil de se perceber , como eu costumo dizer , “ Quem é do ramo “...rsrsrs....E fica fácil de se perceber , por menor que seja a participação de um musico , as suas qualidades como instrumentista e/ou cantor , e essa “ verdade “ é , a meu ver , um fator importante para salvaguardar a evolução da “ boa musica “ como um todo . Soar bem , preciso e afinado numa apresentação ao vivo requer um comprometimento profundo com a musica , em inúmeros aspectos , e isso torna esse tipo de experiência um desafio constante e muito atraente para músicos que pensam constantemente em evoluir , dentre os quais me incluo .
-O Rock ´n Rio de 1985 colocou o Brasil no circuito dos grandes shows mundiais. Você acredita que isso também contribuiu para a evolução dos músicos enquanto profissionais, de fato, a ponto de hoje termos músicos brasileiros sendo contratados ou fazendo testes para grandes nomes da música mundial, nos mais diversos estilos?
Sim , com certeza . Nada se compara a experiência de ter ali , na sua frente , diante dos seus olhos , a presença de um grande musico ou ídolo executando performances de alto nível num evento onde aspectos fundamentais no mundo da musica são cuidadosamente observados , isso instiga os músicos a evoluir,  e o surgimento do Rock ‘ in Rio em 1985 diminuiu consideravelmente a distância , que até então existia , entre o show business mundial e o brasileiro , aproximando os músicos brasileiros do resto do mundo e instigando-os a crescer e evoluir .

-A Blitz, lendária banda carioca, recrutou você como guitarrista. Escrevem, assim, mais capítulos em toda nostálgica e saborosa história do rock brasileiro dos anos 80.  O quanto você tem curtido estar na banda e reencontrar os fãs de toda uma época?
  Eu sempre fui um grande fã da Blitz e sou fã do Evandro Mesquita desde os tempos do grupo teatral “ Asdrúbal trouxe o Trombone “,  a quem assisti muitas e muitas vezes bem antes do surgimento da Blitz , e ele já se destacava dentre os muitos grandes talentos que compunham o elenco daquele grupo teatral , e com a Blitz ele teve a oportunidade , junto com os demais integrantes , de dar um passo , fundamental na época , quando estouraram a musica “ Você não soube me amar “ nas rádios do Brasil inteiro , rompendo uma resistência que havia por parte das gravadoras em investir em bandas nacionais  . Isso foi de suma importância , pois propiciou o surgimento de muitas e muitas bandas que , sem o sucesso estrondoso da Blitz , talvez nunca tivéssemos tido a felicidade de conhecer , portanto , não poderia deixar de ser uma grande honra para mim fazer parte dessa grande banda , essa trupe de desbravadores que eu sempre tanto admirei . Como bem me avisou o grande tecladista Billy Forguieri , um dos fundadores da Blitz , que tocou com grandes nomes da musica brasileira , e que tem um dos trabalhos de teclado mais relevantes dentro do cenário pop nacional , disse-me ele na oportunidade em que fui convidado : “ Nunca teve um show da Blitz que não tenha sido Bom !!! “ . E é a mais pura verdade ! Pude constatar pessoalmente nesses anos em que estou com eles , os shows da Blitz são sempre um estrondoso sucesso , as musicas que estouraram nas rádios nacionais são excelentes , e , como o Evandro vez por outra diz nos shows : “ Musica boa não tem prazo de validade “.

-O que a música brasileira ainda pode esperar do Rogério Meanda?  Projetos ou novos
trabalhos à vista?
 Existem vários projetos e idéias em andamento e  ,no momento propício  , será um prazer compartilhá –los com vocês aqui do Blog . Pretendo continuar  , humildemente , a contribuir para que a musica e a arte no Brasil ocupem cada vez mais espaço .

-Rogério, o blog ColoradoHeavyMetal agradece sua preciosa contribuição, quer por compartilhar com nossos leitores sua vivência, quer pela simpatia e atenção dispensados desde nosso primeiro contato. Como sabe, citamos você na matéria ainda em 2015 sob o título ´´artistas pop e suas faixas heavy metal´´ pois seu trabalho de guitarra sempre nos impressionou. Parabéns pelo seu talento e profissionalismo, e deixamos este espaço para suas considerações finais:
  Eu é que agradeço o interesse e a gentileza dessas palavras a mim direcionadas . Está sendo uma grande honra poder contribuir com o ColoradoHeavyMetal , que vem realizando um trabalho de alto nível , sempre com matérias muitíssimo interessantes e que muito tem contribuído com o cenário musical brasileiro . Parabéns a todos os envolvidos nesse trabalho ! E sempre que precisarem , contem comigo ! Um enorme abraço aos idealizadores , gestores e leitores !!!


Por Marcão Azevedo

EQUIPE COLORADO HEAVY METAL, DESDE 2013 FAZENDO A DIFERENÇA!!!!!!

sábado, 3 de setembro de 2016

ROBERTINHO DE RECIFE: TRANSCENDENDO O PATAMAR DA GENIALIDADE

Se você me pedisse como definir Robertinho de Recife, eu responderia: Midas.  E por uma razão muito simples – onde este músico excepcional coloca sua mão (leia-se talento) com certeza virá um projeto grandioso e vitorioso. Simplesmente o maior guitarrista do Brasil. Um gigante da música brasileira, respeitado dentro e fora do País, e que há muito transcendeu os patamares da genialidade. Musicalidade genuína na acepção da palavra, e que trafegou em sua brilhante  carreira da sonoridade lúdica ao heavy metal. Robertinho de Recife gentilmente atendeu ao ColoradoHeavyMetal, e a partir de agora você que navega em nossas páginas poderá saber as novidades da volta do Metalmania e outros aspectos marcantes da carreira deste grande músico/produtor.


1-Robertinho, nosso blog em 2015 publicou uma matéria nostálgica sobre o Metalmania, e eis que você  presenteia a todos seus fãs com um retorno avassalador (quem esteve no Sesc Belenzinho-SP em 06/8 que o diga). O que foi determinante para esta volta?
RR: Muito obrigado pela matéria, parabéns, ficou muito boa, fico muito feliz em ter esse carinho e respeito de vocês com nosso trabalho.

2-Você manteve o grande Lucky Leminski no vocal, e revigorou de forma letal seu poderio de fogo com o Rob Khalil no baixo (tocando uma enormidade e quebrando tudo em Ace of Spades), a Isa Nielsen(Detonator & As Musas do Metal) como sua companheira de guitarra reforçando a imagem de personalidade que a mesma transmite e a entrada recente do batera Naciffe, que mantém o pique da banda com precisão. Como você chegou a tais nomes e como eles, todos novos, estão lidando com a responsabilidade de compartilhar um retorno desta magnitude ao lado do maior guitarrista do Brasil?
RR: A banda está a cada show se entrosando mais, estar de novo junto com Lucky é muito prazeroso, pois traz a vibe da formação original de 1984. A Isa é minha amiga no facebook, daí eu fiz o convite e ela topou na hora. O Rob Khalil é meu filho, o Naciffe eu já tinha produzido uma banda que ele tocava e sempre pensei em chamar para tocar no Metalmania. Vejo que eles todos são muito profissionais e levam muito a sério o trabalho, tenho  a impressão que estão muito tranquilos, e temos um clima muito bom na banda.

3-Ao tocarem clássicos do Metalmania e covers de bandas consagradas esta formação liderada por você quase colocou o Sesc abaixo. Como mensurar esta resposta de um público parte saudosista  e parte conhecendo o novo?
RR: Tem sido uma maravilha tocar e ao mesmo tempo um desafio, pois praticamente somos desconhecidos para a nova geração, e temos um estilo Vintage Metal (kkkk), muito diferente das bandas atuais....veja bem, eu estava 30 anos fora do mercado, mas, quando sentimos a resposta positiva do público, é uma sensação de ´´waw! Ainda funciona!!!!´´.

4-O Metalmania tem planos para tour nacional e lançamento de material inédito?
RR: Estamos fazendo poucos shows, pois estamos só em lugares que nos dê uma boa condição de apresentar uma boa produção. Estamos sim gravando um remake do disco de 1984, pois, só existe em vinil e vamos rechear com músicas  que tocamos no show e nunca gravamos, como ´´Como um Animal´´, ´´Feiticeira´´ ´´Stupid Ballad´´ e outras. Algumas com versões em inglês. Em breve estará à venda.

5-Sua riqueza musical foi além dos palcos, e nossos leitores que já curtiram a música Revelação, do Fagner, por exemplo, e a estupenda antologia acústica no cd duplo do Zé Ramalho saborearam indiretamente seu trabalho, como músico no primeiro, e assinando a produção deste trabalho do Zé Ramalho, que abrangia toda uma obra (produziu também outros ícones da música brasileira).  Qual o nível de vivência e maturação musical que tais desafios requerem?
RR: Eu passei muito tempo trabalhando como sideman desses artistas e produzindo eles também, eles me escolheram porque eu conhecia profundamente o trabalho deles, confiam em mim e sabiam que eu poderia dar uma contribuição substancial no resultado final. Fiz esses trabalhos  como se fosse meu próprio trabalho, temos que fazer as coisas para os outros como se fosse para nós mesmos.
METALMANIA -FORMAÇÃO 2016
6- Em 1983, o disco ´´Ah! Robertinho do Mundo``  nos dava o primeiro contato com sua versão para Bachianas nro 05, de Villa Lobos, que você  regravaria posteriormente no estupendo Rapsódia Rock, um de seus discos mais aclamados pelo público e crítica. Você  avaliaria a possibilidade de reescrever a obra de algum autor clássico ou lançar um trabalho nos moldes do Rapsódia Rock?
RR: Bem, a minha ligação com a música clássica é por intermédio da música sacra, estudei teologia e toquei em igrejas, mosteiros e missas na minha adolescência, muito, ....talvez um disco da parte sacra do Bach ou Mendelssohn. Se bem que Villa Lobos seria uma boa idéia, obrigado pela sugestão, está anotada aqui comigo.

7-Ao fundar o Yahoo, nos anos 80, você frequentou todos os programas de auditórios da TV brasileira e o top das rádios do Brasil por anos. Não que isto não ocorreu em outros trabalhos, pelo contrário, e até citamos isto na matéria do blog sobre o Metalmania, mas a própria proposta do Yahoo ia de encontro a isto. Como você avalia o mainstream e que aprendizado é possível extrair de tal nível de exposição?
RR: Sabe o que aprendi e vi acontecer comigo e com todos os que exploraram essa super-exposição? O público se enjoa de você e começa a te odiar. Foi isso o que aconteceu com o Yahoo, eu na época cansei de chamar a atenção do departamento de divulgação da gravadora, eles nos mandavam para todos os programas de TV, até para alguns que trariam desgaste para nossa imagem, pois, não eram programas musicais.

8-Como músico e produtor, você  proporcionou momentos inesquecíveis ao enveredar na seara infantil, e quem conhece temas como O Elefante e A Onda certamente sente falta de um projeto ou produção de qualidade, que pudesse provocar saudades daqui a 20 ou 30 anos, como no seu caso. Musicalmente falando, e considere a indústria fonográfica neste contexto, é correto afirmar que há uma lacuna a ser preenchida?
RR: A lacuna existe, é correta a sua observação, hoje temos um problema sério de transição de formato de mídia, o formato CD está acabando, as lojas fecharam, os downloads são uma realidade e ninguém quer pagar por isso e acham que o áudio do CD é melhor. A indústria fonográfica está voltada atualmente à exploração do seu catálogo e sem muito interesse de lançar material inédito, porque realmente está muito difícil de emplacar uma música nova.

9-Robertinho de Recife, receba do ColoradoHeavyMetal e de sua legião de fãs espalhadas pelo Brasil e pelo mundo um MUITO OBRIGADO por sua consagrada trajetória e por elevar e levar musicalmente o nome da música brasileira mundo afora. Deixamos este espaço para suas considerações finais:

RR: Eu agradeço a ColoradoHeavyMetal, foi um prazer responder essas perguntas tão oportunas e inteligentes, estarei sempre à disposição e espero todos os fãs em show da Metalmania na sua cidade; HEY HEY É A METALMANIA!!!!!!!

Por Marcão Azevedo

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