domingo, 27 de julho de 2014

O HARDCORE BRASILEIRO MAIS VIVO DO QUE NUNCA

Muito tem se produzido no underground em 2014, como sempre, aliás, todos os anos centenas de bandas jogam trabalhos irados na praça e que merecem ser comentados, venho aqui hoje na condição de apreciador de música boa, pra falar daquilo que estou escutando no momento.
Sem dúvidas o meu gosto pessoal influencia muito na hora de escolher que bandas vão figurar no Blog, logo as bandas de hardcore se sobressaem nesse sentido, então vou listar algumas que acredito que não deveriam faltar na playlist de ninguém.
Na leva mais recente de lançamentos destaco os trabalhos do Bullet Bane com seu ótimo “Impavid Colossus” que mantém as características que já foram apresentadas em seu antecessor “New World Broadcast”, com a alternância de vocais limpos e agressivos, ótimo trabalho na guitarra com um balanço entre peso e melodia de quem entende do negócio e uma produção limpa e na medida do que o som dos caras pede, está entre os melhores discos do gênero que ouvi até agora em 2014, destaque para a faixa “Impavid” que ganhou um ótimo videoclipe que vale a pena conferir.

De BH para o mundo vem o Pense HC, que também acaba de lançar seu segundo disco, “Além daquilo que te cega” e ataca com seu hardcore melódico nervoso, com letras reflexivas e carregadas de atitude, os caras não tiram o pé do freio e a música praticada por eles é contagiante, muita energia e positividade, se faz ouvir facilmente e vai agradar em cheio quem aprecia o estilo e possivelmente até quem nunca ouviu nada da banda. Pra todo efeito, o primeiro disco dos caras também é foda e caso queiram conferir procurem pelo “Espelho da Alma”.


Partindo para o Rio de Janeiro agora, temos o Plastic Fire, e o seu “Cidade Veloz Cidade”, que foi concebido através do Catarse e certamente quem adquiriu a bolacha não se arrependeu, como disseram os caras do HC Pride, ficou lindão, composições coesas, bem tocadas e bem produzidas e que transmitem muito bem a energia da banda, mais um item obrigatório, curto muito o vocal do Reynaldo Cruz que casa perfeitamente com o som, é hardcore, é do Brasil e é foda!!!



Enfim, tem mais uma porrada de banda que poderia citar, mas ocasião não vai faltar, caso queiram conhecer o trabalho dessas bandas abaixo deixarei os links respectivos para que possam acessar conteúdo dos caras, apoie nosso underground, ouça, curta e compartilhe nosso ideal:

Bullet Bane:
https://www.facebook.com/bulletbane?fref=ts
Pense HC:
https://www.facebook.com/pensehc?fref=ts
Plastic Fire:
https://www.facebook.com/PlasticFireOficial?fref=ts

Por Evandro Sugahara

segunda-feira, 21 de julho de 2014

STEELLORD - TRUE METAL PARANAENSE

Baseado na falta de espirito underground e pelo excesso de vaidade que hoje em dia prevalece no que restou na cena, coloquei a pensar e revirando meus antigos K7s passei a me recordar como era gostoso aquela fase em que corríamos atrás de materiais, seja CDs, fitas ou até os antigos discões, no qual muito carregávamos de uma lado para o outro. Em especial encontrei lá em um canto uma fita que me fez notar como o underground era difícil, mais como a atitude em fazer o que se acredita torna o músico underground um guerreiro, pois bem.... Era uma Fita do Steellord!

Contando com um Álbum que destacou-se pela energia  e crueza, assim como nos moldes antigos do Heavy Metal a banda Steellord representou o Paraná,  nessa empreitada do “True Heavy Metal” surgida em Cascavel. Quando a demo "Steellord" foi lançada em meados de 1999 o metal brasileiro estava naquela fase entre o  Metal Melódido e a febre do Gothic Metal. Nada contra ambos os estivos, mais havia uma super povoação que realmente propiciou a aparerem muitas coisas descartáveis. Isso é claro,se tratando nos estilos mais clássicos do heavy metal, pois no metal extremo acontecia muita coisa  e essa já e outra história...Nos dias de hoje as bandas de estão revivendo algo mais voltado ao “revival thrash”, algo com muito mais atitude, longe do que acontecia com o Metal Melódico no inicio do ano 2.000, cheio de  músicos que aparentemente cuidavam mais do cabelo do que se preocupava com a música. E nessa questão acredito que o Steellord tenha se despontado no inicio dessa virada, lançando um material que juntamente com bandas como Violator, Dominus Praelli, entre outras,  determinaram um sentimento nostálgico nas composições  baseando-se na  antiga forma de fazer Heavy Metal.
  É claro que o Steellord deixou sua marca, e por alguns fatores que fogem ao meu entendimento não conseguiram uma divulgação mais maciça e uma continuidade em seus trabalhos, mais o que importa é que tudo conspirou para uma ótima estréia.
Em 2001 o Steellord lança o empolgante  "Headbanger force" obtendo uma ótima receptividade em todo o Brasil e caindo no gosto daquela galera que curte um som “menos polido” e “mais na cara” e sem aquele apelo melódico e neo-clássico muito decorrente no Heavy Metal Melódico. Bebendo de fontes como Grave Digger, Runinng Wild, Manowar e até mesmo do Judas Priest  ( Todas em suas fases antigas) a banda agradou em cheio os “headbangers” que certamente primam por trabalhos como  “Gates To Purgatory” (Running Wild) , WichHunter (Grave Digger), um metal feito na raça com a postura real do sentido do termo Headbanger. 

Júlio Steellord  (Vocal, guitarra, baixo) levou a empreitada com pulso firme, e juntamente com  André L., Luciano Veronese (Teclados ) e Anderson ( dividindo as gravações da  Bateria) e também contando com Luciano Veronese ( Teclados). 
Os Vocais de Júlio Steellord realmente fazem com que a audição do trabalho seja muito agradável, dono de uma voz forte , traz um peso as interpretações neste trabalho com uma boa dose de sentimento underground. Outro ponto que chama a atenção no CD é o trabalho dos bateristas, pelo que consta a gravação contou com  dois bons bateras, não sei por qual motivo, mais ambos fizeram um ótimo trabalho, com ênfase nos pedais duplos. Na época do lançamento do único álbum a banda chegou a realizar alguns shows, entre eles abrindo para o SHAMAN em Curitiba. Sobre este fato pude dar uma garimpada e descobrir uma entrevista no blog  ROCK TRUEZA (www.rocktrueza.com.br) onde o vocalista Júlio fala algo sobre este epsódio: 
“  Um  (show) que não esqueço foi o show com o Shamam em Curitiba. Quando entramos no palco, o público começou a pedir por eles, e eu falei que quem veio pra ouvir merda, estava no show errado, kkkk. Nós éramos uma banda de True Metal, e não as merdas que estavam tocando conosco naquele show. O que marcou, foi o público, que de repente começou aplaudir, e virou pro nosso lado. E detonamos, fazendo um regaço...”  Ou seja, os caras honram  o que pregam no que envolve o nome SETEELLORD.

Nesse ano de 2014 foi previsto um retorno aos palcos, ainda não sei como estão os preparativos, mais torço para conferir algum show dos caras ao vivo!  Ainda é possível achar na “praça” o álbum para comprar, por tanto se você curte ter ótimos artefatos nacionais corra atrás do seu!




Por Vitor Carnelossi - COLORADO HEAVY METAL

terça-feira, 1 de julho de 2014

ENTREVISTA MAIS QUE PALAVRAS


O hardcore vive!!! Cada dia fica mais claro isso, são inúmeras bandas e selos que vem provando com muito trabalho e vontade de acontecer que HC é mais que som, é um estilo de vida, caso esse, mais que comprovado quando falamos dos caras do Mais Que Palavras, que vem suando a camisa pra disseminar sua mensagem e manter viva a chama do negócio, sem mais delongas confiram logo menos o papo que conduzimos com esses caras que vieram pra somar e que fazem um som de primeira!!!
Fala galera, antes de tudo obrigado pela participação em nosso blog, vamos começar pelo novo álbum, “está em nós, somos nós”, vi que o processo de composição foi finalizado, vocês também liberaram um single, o vídeo de “Leões”, que já demonstra que vem um ótimo material por aí, o que vocês poderiam nos dizer desses novos sons, o que a cena pode esperar nesse novo disco?

Escolhemos “Leões” como single porque foi à primeira música composta com a participação do Fill, que entrou na banda no início de 2013. Cada pessoa que passou pelo Mais Que Palavras colocou um pouco de suas influências e “Leões” mostra o impacto desta mudança na formação. É uma canção com uma pegada mais pesada, intensa e com uma mensagem muito forte. Representa muito bem como será o disco. Enfim, as pessoas podem esperar um disco sincero, maduro e com letras que clamam por mudança. Afinal, ela está em nós, somos nós.


Como surgiu o Mais Que Palavras? Gostaria que fizesse um relato da história da banda, como se conheceram, como se envolveram no meio underground até chegar ao que são hoje?
O Mais Que Palavras surgiu em 2010, em uma conversa sobre hardcore. Somos bem diferentes um do outro, mas este estilo de vida nos une. É onde fomos aceitos e de onde não vamos sair. E a gente queria mostrar isso para as pessoas: podemos ser diferentes, mas temos de nos apegar ao que temos em comum, o hardcore.

Tirando o Nicolas, que veio de Natal, a gente já se conhecia há muito tempo, pois desde o fim dos anos 90 estamos envolvidos com bandas, produção de shows e zines e toda uma vivência dentro do hardcore. E montamos a banda justamente para mostrar e demonstrar toda a positividade que este estilo de vida trouxe para a gente. São amigos, aprendizados, filosofias e vários acontecimentos que nos deram um rumo, e queremos repassar esta nossa experiência para os outros.

Pra quem não sabe vocês são do Distrito Federal, como é a cena de Brasília? O que você ressaltaria a respeito do underground da capital do Brasil?
Assim como toda a cena - e a daqui não é diferente - temos muitas coisas boas rolando, principalmente na cena hardcore, que é o que vivemos. Estamos numa fase de resgate aqui em Brasília, fazendo shows como eles eram realizados nos anos 80 e 90. São eventos que começam e terminam cedo, livres para pessoas de qualquer idade e ainda servimos um jantar vegano após as apresentações das bandas.
E nestes shows temos conseguido trazer pessoas “das antigas” que estavam afastadas e também a molecada. É uma sensação única ter no mesmo espaço as pessoas que você sempre admirou, quando era jovem, ao lado de crianças. Demonstra claramente que podemos sim ser uma família, onde cada um cuida do outro. E mais, demonstra que esta não é uma fase, é a nossa vida.
Vocês sempre passam mensagens bem positivas em suas letras, o quão importante vocês acham o teor contido nas letras de uma banda?
Cara, as letras e a atitude são o principal. Somos uma banda de hardcore e queremos realmente fazer com que as pessoas pensem, repensem e mudem suas atitudes, inclusive nós mesmos. Se não tiver conteúdo, vira somente diversão, o que nem sempre é ruim, que fique claro, mas para a gente como banda é vital tentar influenciar a mudança. Nosso nome veio daí, somos muito mais que música e discurso, colocamos em prática tudo aquilo que está em nossas letras.
Esta também é uma boa oportunidade de pedir uma coisa: leiam as letras das bandas que vocês gostam. Saibam o que elas dizem! Nada disto faz sentido se não nos atentarmos para a mensagem.

Recentemente o MxQxPx realizou alguns shows com o Worst, que divide o mesmo selo com vocês, a Against Records, no DF e em SP, conte-nos como foi essa Gig e como vocês descreveriam uma apresentação ao vivo da banda?
O mais interessante desses dois shows foi a demonstração prática do seguinte: aquilo que o hardcore une, nada separa. Apesar de não estarmos sempre juntos, pois a distância entre Brasília e São Paulo é grande, a recepção que tivemos em São Paulo foi única e esperamos que o pessoal do Worst tenha sentido o mesmo em Brasília. E que, mesmo tendo uma mensagem às vezes até oposta, todos sabemos encarar isso com maturidade e propagar o que cada um acredita como e onde for. A Against Records é uma grande família e a gente sentiu um pouco disso ao tocar nesses dois shows. Queremos muito que esses bons 
momentos se repitam.

Uma das razões além música que me fazem admirar o MxQxPx é a garra e o engajamento da banda, tocar hardcore realmente é pra quem tem peito e vejo que vocês levam a parada na raça, que mensagem vocês diriam pra quem está começando ou pensa em se envolver nesse meio que possui uma vibe monstra que é o HC?
O fundamental é acreditar que o “faça você mesmo” é possível. Pode demorar, você vai ter muito trabalho, mas qualquer pessoa pode juntar seus amigos e amigas e fazer algo por aquilo que acredita. E não estamos falando somente de montar uma banda, cada um pode fazer algo pelo hardcore da maneira que achar melhor, seja escrevendo zines, tirando fotos das bandas e ajudando a divulgar os shows.
É importante também entender como o estilo de vida começou, ler as letras e livros, ver os documentários e prestar atenção na mensagem, pois sem ela não somos nada! E siga seu coração!

Seu último lançamento foi um split CD com o VidaxLivre, também de Brasília, que por sinal tem grandes músicas e representa muito bem o que é o MxQxPx, como foi o processo de gravação desse play e o que vocês destacariam a respeito desse registro?
Para nós, o principal foi ter gravado parte em um estúdio e outra em casa. Isso nos deu uma tranquilidade enorme para enfrentar o processo, pois gravar nem sempre é fácil, dá trabalho e exige da gente um tempo que nem sempre temos no dia a dia. Trabalhar com o Gabriel Zander novamente também ajudou muito a alcançar o resultado obtido, pois ele nos entende e sabe do que gostamos, foi muito mais fácil gravar assim e é um processo que vamos repetir neste novo disco.

Além da gravação de “está em nós, somos nós”, o que mais a banda pretende realizar em 2014, quais são os projetos pra esse segundo semestre?
Temos muitos projetos para 2014. Este disco ira sair em CD e LP por gravadoras daqui e de fora do Brasil. Além da Against, também fechamos com a Inhumano Records, da Suíça, e a Vegan Records, da Argentina. Vamos lançar, ainda, dois splits, sendo um deles pelo selo “O Homem Coletivo”, numa proposta onde qualquer pessoa pode contribuir para o lançamento, ou seja, qualquer indivíduo que acredita no hardcore pode fazer junto com a gente. Além disso, vamos organizar shows em Brasília e já temos uma mini tour confirmada para o fim de agosto em São Paulo. Muita coisa boa tá vindo por aí, aguardem!

Mantendo nosso péssimo hábito de fazer listas, gostaríamos que vocês citassem os 5 
melhores discos que já ouviram em sua opinião.
Fill Braga
Ignite – Our Darkest Days
H2O – H2O
Gorilla Biscuits – Start Today
Strife - In This Defiance
Madball – Demonstrating my style

Tiago Caetano
Agnostic front - Warriors 
Comeback Kid - Die Knowing
Backtrack - Lost in Life
Lionheart – Undisputed
Sick of it all - Death to Tyrants 


Nicolas Gomes
Pennywise - Full Circle
Strung Out - An American Paradox
Reffer – Interference
Boy Sets Fire - After The Eulogy
BANE - The Note

César Pirata (minha lista foi baseada nos discos que mais escutei nos últimos meses)
Flicts – Singelos Confrontos
Chuva Negra – Meio Termo
Horace Green – Madeira
Against Me! - Transgender Dysphoria Blues
Ratos de Porão – Século Sinistro

XManekox
Champion - Promises Kept
108 - Songs Of Separation
Verse – Agression
Earth Crisis - Destroy The Machines
Path Of Resistance - Who Dares Wins


Bem, novamente o meu muito obrigado pela atenção e pela presa, e deixo este espaço pra que mandem o seu recado a quem quiser!!! Valeu galera!!!
Evandro, muito obrigado pelo espaço e por manter um blog sobre hardcore, punk e metal. Achamos importante a existência de veículos de comunicação alternativos, que acreditam e divulgam informações que não estão na grande mídia. É justamente neste tipo de espaço que gostamos de estar. Sabemos das dificuldades, mas se mantenha firme, um dia o “faça você mesmo” vai te recompensar, acredite!



POR EVANDRO SUGAHARA