quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

ENTREVISTA YURI FULONE

O YURI FULONE  é o nome  do tecladista paulista que vem compondo grandes canções do mais puro “Epic Heavy metal tradicional” com aqueles elementos que tanto gostamos. Curiosamente o líder é o “cara  dos teclados”, instrumento que as vezes é criticado no meio mais purista. Pois é, mais aqui o caso é interessante, em seu mais recente trabalho, a compilação “The Time of the Sword”, podemos ouvir um belo e equilibrado CD, muito bom de se ouvir e também de ser ter na coleção! A repostas do público mais “metal tradicional” tem sido ótima! Também acho altamente indicado para qualquer amante de música....Sobre o projeto que leva seu nome e de outras participações, abaixo vamos conhecer esse promissor músico que certamente em breve nos brindará com novas “empreitadas”. Confiram!

1 - Yuri, é um prazer tê-lo por aqui, começo nosso bate-papo lhe perguntando, como é estar à frente de um projeto onde você é responsável pelas composições e direcionamentos da sonoridade?
Esse projeto é algo que me satisfaz completamente por me dar a oportunidade de fazer tudo exatamente como eu gostaria, daria muito menos trabalho compor apenas a minha parte dentro de uma banda mas não era esse meu objetivo com este projeto.


2 –  O YURI FULONE  é “abraçado” pelos fãs de Metal Tradicional, isso deve ser muito gratificante pra você, visto que em muitos casos o teclado é criticado por seu uso.  Qual os parâmetros que você julga necessário para alcançar uma harmonia de peso e melodia em seus trabalhos?
Isso é verdade, o teclado é um instrumento meio excluído quando se fala em Heavy Metal tradicional, eu acredito que isso acontece pelo fato de que muitos tecladistas de metal são influenciados exclusivamente pelo metal melódico, por isso não existe uma interação maior entre tecladistas e as bandas de tradicional.



3 –  Você gravou o excelente álbum “Marching to The War” com a banda WARPRIDE, sem dúvidas um grande material, qual a diferença em desenvolver as composições em uma banda comparado a carreira solo?
Em uma banda você precisa saber vender a sua idéia, o que nem sempre funciona, isso acaba sendo uma grande complicação quando se trata de sua própria composição que é algo muito pessoal. Na época do Warpride geralmente eu trazia uma música quase pronta e com letra e trabalhávamos juntos nos ensaios, lapidando os detalhes, quando sai da banda foi bem trabalhoso prestar atenção em cada instrumento, por isso foi imprescindível  usar o computador pra gravar cada idéia sem que eu me esquecesse.




4 – Em seu primeiro EP  "when the sky meets the Earth" a sonoridade desenvolvida é base para os trabalhos posteriores.  Como você analisa o trabalho de estreia e os desafios para moldar suas influências no YURI FULONE?
Foi muito gratificante depois de tantos anos superando problemas conseguir gravar os primeiros EPs (que foram gravados quase que ao mesmo tempo) e finalmente poder escutá-los. Esse EP soa um pouco mais Power metal, provavelmente por causa dos vocais do Marcio Bárrios, e mesmo que a sonoridade dos trabalhos posteriores tenha mudado ainda é um CD que eu curto bastante.



5 – “The Blacksmith”, seu segundo EP mantem uma pegada tradicional com influencias épicas, quais as fontes literárias e bandas que inspiram YURI FULONE?
Cada faixa remete a uma história diferente, não houve um conceito para todas elas, apenas me baseei na temática fantástico/medieval que sempre estará presente na minha música. As influências são muitas, mas posso citar com toda certeza Manowar, Virgin Steele, Helloween, Rhapsody, Grave Digger, Grand Magus...


6 –  As artes que ilustram seus materiais são de extremo bom gosto e totalmente explicativo quanto a proposta da banda. Você já pensou alguma vez em lançar seu material em vinil, digo isso porque seria espetacular ver essas artes envolto de um belo encarte, ainda mais com a pegada “oitentista” do projeto!
Isso ainda é um sonho para mim! Até cheguei a fazer essas capas em tamanho de vinil pra mim, só pra ficar olhando pra elas! Talvez um dia isso se torne possível,  tudo vai depender de como as coisas aconteçam daqui pra frente.




7 – Na música “Warrior's Return”, temos a participação do grande vocalista Mario Pastore, como se deu essa grande presença vocal no YURI FULONE?
O Mario Pastore sempre foi um grande vocalista de metal, mas curiosamente eu o conheci cantando em festas tradicionais dos bairros de comunidade italiana de São Paulo, logo depois entrei em contato com ele convidando-o para o projeto e ele me pediu alguns áudios para saber se seria o tipo de som de interesse dele. Depois de escutar todas as músicas marcamos no estúdio do Rafael Agostino e gravamos tudo.



8 – Aproveitando a pergunta anterior, como funciona suas escolhas para os instrumentistas e vocalistas que lhe acompanham em estúdio?
Alguns eu já conhecia de longa data, outros fui conhecendo durante  as composições, claro que o talento é fundamental mas vale muito quando são pessoas descomplicadas, e essa tem sido a fórmula que viabilizou lançar vários trabalhos em pouco tempo.




9 –  Vocês chegam a ensaiar o material juntos ou cada músico recebe o material para ensaiar separadamente?
Cada um recebeu uma guia que eu gravo todos instrumentos e “canto”! apesar de cantar muito mal isso facilita bastante o processo, assim ninguém precisa vir aqui em casa, ou marcar um estúdio só pra entender as melodias e interpretações.



10 – Creio que o planejamento para um projeto nesta proposta deve ver bem arquitetado, como você se prepara para o estúdio nas gravações das músicas?
É um pouco complicado, algumas vezes eu mesmo preciso parar a gravação e escutar o que eu gravei nas guias pois são tantos instrumentos pra decorar que acaba dando um branco. O Pedro Esteves que produziu o último EP e agora esta produzindo o full sabe muito bem como é, eu esqueço completamente e as vezes tiro as notas durante as gravações!



11 – Como surgiu a ideia de se lançar “In the Steel Your Can Trust”, que é uma compilação de músicas anteriormente lançadas.
Eu entrei em contato com a Stormspell Records na intenção de lançar as 5 músicas do EP “In the Steel Your Can Trust” mas eles se interessaram pelos 2 trabalhos anteriores e acharam por melhor lançá-los juntos. Eles sabem que é mais difícil vender 5 músicas doque vender 16 músicas num CD, e pra mim isso foi bom porque foi uma grande vitrine do meu trabalho no exterior.


12 – Eu particularmente sou muito fã da música “The Time of the Sword”, acho ela poderosa e tem algo meio atmosférico nos teclados, muito legal!
Valeu! essa música é sem dúvida uma das minhas preferidas também e muitas pessoas descobriram o projeto através dela.



13 – Sei que é difícil, pois você é “pai” das canções, mais tem alguma faixa que você tenha um carinho especial?
Tenho algumas preferidas sim, entre elas a “the Time of the Sword” como já disse, a instrumental “Outlaws of Sherwood”, “when the Sky meets the Earth”, “the Blacksmith”, a introdução “the awakening of the King” e algumas que estamos gravando para o próximo disco.




14–  A Galera que lhe acompanha já está pedindo um Full Length, quais as próximas novidades que podemos esperar sobre o nome de YURI FULONE?
Muito em breve esse álbum estará pronto, já foi gravado todo instrumental, serão 11 faixas nos mesmos moldes das músicas já lançadas. Haverá também algumas novidades como a participação de Alex Navar tocando Gaita irlandesa, Nayara Camarozano cantando em uma das faixas, Pedro Esteves gravou todas as Guitarras, entre outras novidades.



15 – Conheci seu material através do projeto “Brothers of Sword”, o equilíbrio entre os integrantes gerou um material fantástico! Qual o sentimento sobre esta parceria?
Muito grato pelo convite do meu amigo mineiro Fabio Paulinelli do Grey Wolf, essa foi a prova de que músicos que fazem o verdadeiro heavy tradicional aceitaram incluir os teclados no CD, e o resultado me deu muito orgulho, gosto demais desse disco e posso adiantar que junto dessa galera já estamos trabalhando na parte II, mas ainda não posso dar muitos detalhes sobre isso!



16 – Todos músicos são amantes de música, principalmente nós fãs  de Heavy Metal, sabendo disso lhe pergunto, quais seus álbuns favoritos?
Posso responder essa pergunta com uma imagem?!



17 – Quais músicos, como instrumentista você admira? 
Alex Staropoli, Stephan Arnold, Tony Iommi , Brian May, Jon Oliva…


18 – Deixo o espaço aberto para alguma consideração, detalhe que eu não tenha dito... Agradeço imensamente sua participação, e recomendo que comprem seu material pois é muito bom!
Eu que agradeço o convite e gostaria de convidar aos fãs de metal que ainda não conhecem meu trabalho a curtirem a página do projeto no Facebook para as novidades que estão por vir em 2017.
Muito obrigado a todos!

PAGE OFICIAL:
https://www.facebook.com/yurifuloneband/

PERFIL PESSOAL:
https://www.facebook.com/yuri.fulone?fref=ts


CONFIRAM TAMBÉM:
http://coloradoheavymetal.blogspot.com.br/2016/07/in-steel-you-can-trust-yuri-fuloni.html



Por Vitor Carnelossi

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segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

ENTREVISTA ROBERTO REZENDE

Músico e Professor, Bacharel em Violão pela UEM , Especializado em Arranjo Musical pela UEL, Roberto Rezende é um guitarrista atuante de Maringá –PR. Além de seus conhecimentos profissionais Roberto também conhece profundamente o underground e suas dificuldades. Contando com sua experiência e visão  a frente do ESPAÇO MUSICAL ROBERTO REZENDE ,fizemos uma entrevista bem legal abordando alguns tópicos referentes aos dia-dia do músico esperando dar uma “luz” em questões bastante comuns para quem faz parte desse universo.... E é claro que não poderiam  alguns temas de cunho pessoal que a galera que frequenta o BLOG tanto gosta! Confiram navegantes perdidos!

1 -  Roberto, primeiramente é um prazer tê-lo por aqui para trocar uma ideia sobre música! Você além de músico e professor também presta consultoria. A Classe dos músicos, em termos regionais sabe valorizar seu trabalho?
O prazer é todo meu, é uma honra mais uma vez poder falar através deste veiculo de comunicação que valoriza não só a ideologia underground mais também todo o que envolve ela.  Eu acredito que os músicos de verdade se valorizam sim, a galera que vive realmente disso, porém anda meio difícil de manter uma postura, principalmente quando o assunto é rock; Não sei como é em outras localidades, mas em nossa região existe um número imenso de bandas que preferem não se intitular músicos profissionais e acabam trabalhando praticamente de graça e dificultam o trabalho daqueles que vivem para a música.

2 -  Como estipular o preço para uma apresentação, quais os fatores que agregam valor para o cachê de um músico/banda?
                Legal essa pergunta. Durante muito tempo eu fiquei os bastidores deste tipo de função e negociação em uma banda, mas nos últimos anos tenho entrado neste meio de cabeça. Estipular um preço é algo complicado, são vários fatores para analisar, dentre os custos por exemplo; O músico tem que calcular o custo pré show (Ensaios, Estudos, Deslocamento) , Custo do Show (Equipamento disponibilizado, Tempo de show, Equipe) e o Custo pós- show (Alimentação e outras despesas que possam surgir decorrentes do show).  Tudo isso deve ser colocado na balança e contra – posto com o tamanho da casa ou evento que você está fazendo contato, visibilidade da sua banda, viabilidade. As vezes o tamanho da casa ou evento não possibilita que você cobre um cachê de um valor razoável, mas os lucros não financeiros são compensatórios  (Visibilidade, Contatos Musicais , Contato com o publico). Então quando eu vou fechar um show pra mim ou pra minha banda eu sempre penso em todos esses fatores

3 – Musicalmente falando, nem sempre quem toca melhor é o mais reconhecido monetariamente... sabendo disso, o que pesa sobre os músicos que levam sua técnica e conhecimento musical ao extremo?
                Ser reconhecido monetariamente envolve mais do que tocar bem. O músico que deseja  ganhar bem pra tocar tem que desenvolver algumas funções que estão além do instrumento.  Atualmente o músico tem que dominar Relações Comerciais , Marketing, Edição de Imagem, Áudio e Vídeo afim de mostrar seu profissionalismo e sua arte. Ou seja, o músico deve ser mais que instrumentista deve ser um artista e seu empresário. Então ficar apenas trancado em um quarto estudando , garante que você seja um grande instrumentista, mais fazer isso dar dinheiro vai depender de como você se porta em relação a isso.
               
4 – Quando um aluno chega no ESPAÇO MUSICAL ROBERTO REZENDE quais são as primeiras músicas a serem abordadas para o estudo da guitarra?
                Geralmente eu tento voltar o estudo do aluno para o universo que ele vive, para as coisas que ele escuta e aos poucos ir inserindo outros universos para ele, mas geralmente as primeiras músicas envolvem conceitos como postura de mão direita e esquerda,  Acordes maiores e menores e e técnicas como Palhetada Alternada, então eu sempre abordo coisas do Pop Rock Nacional e Internacional  e Riffs de bandas de Rock Clássico.

5 – É muito comum os leigos perguntarem qual a diferença entre tocar a guitarra e violão, nos responda essa pergunta kkkkkkkkkk
                Normal e cotidiano, rsrsrsrs.  A diferença está na pegada do instrumento, na forma de produção do som. É muito mais difícil tirar som no inicio do estudo em um violão do que em uma guitarra. Então fora algumas diferenças da construção e da produção sonora de cada um (Acústica e Elétrica, tamanho de braço, pegada) a postura e a técnica  são bem peculiares em cada um deles.

6 -  É mais desafiador ensinar alguém sem experiência alguma na música, ou tirar vícios de que aprendeu a tocar de maneira “errada”...
                É mais desafiador ensinar quem já aprendeu e adquiriu vícios, uma vez que a pessoa tem pra ela que já sabe muito e só precisa “aperfeiçoar”, é muito difícil convencê-la de que ela precisa dar alguns passos para trás.  Então esse tipo de abordagem exigem uma metodologia com mais exemplos a fim de mostrar para o aluno que muitas das dificuldades dele estão nas etapas que ele pulou ou nos vícios adquiridos.

7 -  Em quanto tempo é possível passar conceitos básicos da guitarra para um iniciante?
                 Isso varia de aluno pra aluno, uma vez que boa parte do aprendizado você desenvolve estudando em casa, se dedicando diariamente. Mais em geral o conhecimento básico inicial cerca de 6 meses à 1 ano.

8 – Assim como eu, muitos amigos músicos são “altodidata” e possuem conhecimento quase “zero” na parte teórica. Há maneiras de desenvolver a teoria sem voltar ao início do aprendizado, ou estamos condenados ao “prézinho” dos guitarristas kkkkkkkk
                Sim, com certeza. Basta mostrar para o aluno que a teoria é a base para tudo que ele já sabe fazer.  Ao invés de tirar a guitarra e pegar o caderno, eu tento mostrar na guitarra o que a pode ajudar e facilitar na sua prática.

9 – O desenvolvimento de um guitarrista segue muitos caminhos diferentes, faço uma pergunta complexa sendo você um professor de música, é possível alcançar notoriedade sem estudar escalas e técnicas a fundo?
                Inúmeros  músicos são mestres em seus instrumentos e não sabem escrever uma nota. A música é uma arte, não existe uma forma padrão de se fazer arte, não existe um caminho básico, a teoria e a técnica facilitam muita coisa, pra todas as pessoas que se propõe a estudar música, porém não conhecê-las de maneira alguma impede que a pessoa faça música de qualidade.  Como guitarrista eu acho a técnica do Chuck Schuldiner muito feia perto de outros guitarristas, porém a sua arte se sobrepõe a tudo isso, colocando a música em primeiro plano.

10-  Pra você, quais são os grandes músicos do Brasil no momento em seus respectivos instrumentos?
                Na guitarra eu sou fã de vários músicos brasileiros,  Kiko Loureiro, Ardanuy, André Nieri, Mateus Assato, Antonio Araujo, Nelson Faria. No violão, Yamandu Costa, Marco Pereira , Fábio Zanon. No bandolin Hamilton de Holanda,  na bateria Eloy Casagrande. Putz, tem mais uma galera que eu curto muito mas essa lista vai ficar gigante, rsrsrs.

11 – Eduardo Ardanuy ou Kiko Loureiro?
                Ardanuy

12 – Puder ver no face que ESPAÇO MUSICAL ROBERTO REZENDE através de você promove recitais, inclusive em escolas! É muito legal aproximar a música das pessoas, em especial das crianças não é mesmo?
                Faz parte do meu objetivo a frente do Espaço realizar esses eventos. Eu acho que a comunidade em geral é carente de boa música e boa parte da culpa disso são dos próprios músicos e pessoas ligadas a música. E algo meio elitista, tipo como se as pessoas fizessem parte de um mundinho e não quisessem abrir a porta dele pra ninguém, eu vi muito isso na Música Erudita. As pessoas consomem o que elas conhecem, as pessoas comem mal porque é o que lhes é oferecido. Ninguém comeria músculo se a picanha fosse o mesmo preço, ou pelo menos um pouco mais acessível, com a música é a mesma coisa, pelo menos pra mim.
                Então é muito gratificante aproximar as pessoas e ver que elas se encontram em universos totalmente diferente do que lhes são propostos.

13– Gostaria que você nos falasse sua formação musical, e em qual momento decidiu fazer isso sua profissão!
                Eu comecei a estudar violão aos 11 anos de idade em um projeto do colégio que eu estudava.  Para minha sorte meu primeiro professor foi o grande músico e amigo Laércio Pinheiro (Lord Holder). Depois me enveredei na guitarra sozinho mesmo e comecei tocar em bandas de rock alternativo. Aos 16 anos voltei a estudar violão , desta vez violão clássico, novamente com o Laercio. Aos 18 ele me convidou a assumir suas aulas em um projeto de oficinas culturais onde ele seria o  meu chefe. Desse momento em diante resolvi levar a música como minha profissão. Então comecei a cursar Curso básico e técnico na Escola de Música da UEM, me graduei Bacharel em Violão pela mesma universidade e depois cursei Pós – Graduação em Arranjo musical pela UEL. Em meio a tudo isso toquei em várias bandas de Baile, Dupla sertaneja, Banda de Casamento, Awake, Hyncypyt, Cazuza Cover, Legião Cover e por ai vai. 14 - É possível ser profissional, mesmo tocando música underground?
                É possível por parte do músico,  mais ainda é  difícil  por parte do underground. O público e até os próprios músicos “não profissionais” ainda  tem dificuldades de aceitar que você seja profissional e o que essa decisão acarreta.  Acredito que aqui no Brasil ainda é muito misturado o lance do Estilo de vida com a Profissão Músico. Se um cara trabalha em um escritório corta o cabelo e vai de camisa branca todos os dias ao trabalho  e  no fim de semana ele vai curtir um show, tudo bem, ele é um “guerreiro”. Se o músico se veste da mesma forma e toca em uma dupla sertaneja, ai ele já é traidor, falso. Então essa relação ainda é muito complicada.

15 – A questão dos “promotores de eventos fuleiros” e “bandas desesperadas para tocar” ainda enfraquece muito o underground, é possível se “salvar” desse tipo de problema tocando música pesada?
                É possível. Basta as bandas se unirem e assumirem uma postura profissional, exigir equipamentos de qualidade, cachê e tudo que um músico profissional tem direito, mas ai entra um problema muito grande, a política e ideologia Underground, onde as bandas não se unem por problemas ideológicos, panelinhas e entre outros fatores. Dessa forma os espaços para tocar e o público diminuem, as bandas aumentam e o espaço para a fuleiragem fica aberto.

16 - Como uma banda autoral deve se organizar para uma gravação em estúdio?
                Quando gravamos “Desespero” com o Hyncypyt, eu percebi o que era a pré-produção.  Ensaiávamos e compúnhamos sem nos preocupar com o que seria possível gravar e daí durante a gravação tivemos alguns contra-tempos que atrapalharam um pouco o rendimento do trabalho.  Então acredito que toda banda deve antes de entrar em estúdio ter a composição e o arranjo da música bem formatado, de preferência transcrito. Ensaiar tanto individualmente quanto coletivamente utilizando o metrônomo , definir o timbre e equipamentos que pretende usar na gravação  e acima de tudo respeitar as capacidade técnicas de cada músico, gravando aquilo que sabe tocar. Acho importante procurar um profissional para ter uma outra visão do trabalho pessoal.

17 – O Abismo entre a música comercial e underground é quase intransponível. É interessante ver que as bases musicais também foram segmentadas ao underground no Brasil:  Jazz, Blues, Country, R&B, tudo isso é estranho as grandes massas... Como você analisa o atual momento musical do Brasil?
                E interessante essa analise, pois antigamente achávamos que apenas o Rock estava nessa base da pirâmide, mas hoje vemos inúmeros estilos musicais neste nicho.  Eu acho que ser underground não é um problema, acho até que existe graças ao advento da tecnologia uma facilidade de alcançar pessoas que se interessam a esse tipo de musica não comercial.  O que a galera tem que entender e que não ser comercial,  não quer dizer que é ruim, que é de graça, que não é profissional.  Vejo nos estilos citados por você que muitos deles mesmo sendo do submundo musical produzem material  e eventos de qualidade, utilizam as mídias digitais com inteligência e tem uma postura profissional, transformando seu trabalho em arte e não em mero produto visando o grande público , acho que essa visão ainda falta ao Rock.
Em geral acho que o momento musical é bom, possibilitando visibilidade para qualquer um dos lados citados e que muitas vezes essa barreira instransponível é algo que deve permanecer assim , separando o entretenimento da arte. O que não quer dizer que não se deva divulgar o Underground visando a sua expansão de forma qualitativa.

18 – Em quais o projetos/bandas você está no momento?
                Atualmente faço freelancers e toco com a banda Válvula XXI (Hard Rock Cover) e me dedico as aulas no Espaço Musical

19 – Indique algum(s) disco que você considere fenomenal na guitarra!
                Acho Simbolic do Death uma obra Prima, Bases Lindas , Solos Melódico e virtuosidade na medida certa. É meu disco favorito

20– Agradecemos imensamente sua participação no blog COLORADO HEAVY METAL, deixo espaço aberto para suas considerações finais!
                Eu que agradeço  o espaço e a oportunidade de falar e mostrar as minhas idéias sobre esse mundo que eu respiro todos os dias.
                Quero parabenizá-los pelo blog e dizer que acho muito interessantes este tipo de trabalho que foge um pouco das bandas e mostra um pouco do músicos por trás delas.

                Muito obrigado e até a próxima!


Por Vitor Carnelossi

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segunda-feira, 28 de novembro de 2016

VLADIMIR KORG – A LENDA ATEMPORAL

Poucos artistas atingem o conceito da unanimidade. Vladimir Korg é um deles. Genialidade singular, que leva em cada banda ou projeto que participa a visceralidade que o eleva ao patamar de um dos grandes nomes da cena underground brasileira. Estupendo vocalista. Lestrista magistral. Mestre das letras e poesias metafóricas. Vladimir Korg conquistou uma legião de fãs Brasil afora ao participar das formações matadoras do The Mist e do Chakal, onde seu vocal único comandava locomotivas thrashs produzindo discografias em ambas as bandas até hoje cultuadas por quem curte o heavy metal de primeiríssima qualidade. Vladimir Korg atendeu ao ColoradoHeavyMetal de maneira muito cordial, e conversou conosco sobre suas ex-bandas e sobre sua nova empreitada ao lado de músicos consagrados, como Paulo Jr, do Sepultura, que formam o The Unabomber Files. A partir de agora você que navega nas páginas do ColoradoHeavyMetal curte esta super entrevista com o Mestre do underground brasileiro:


-Korg, na discografia do The Mist, há quem considere inacabada a trilogia que iniciou-se com o disco Phantasmagoria e teve o segundo ato com o extraordinário The Hangman Tree, uma verdadeira obra-prima do rock nacional. Você acredita que haja a possibilidade de um ´´reunion´´ para concluir este capítulo fabuloso do heavy nacional?
Acredito que não tem nada inacabado. A última música é pontual: Leave me alone. Havia uma possibilidade de uma trilogia. Haveria uma passagem, por eu perceber mesmo que a banda estava passando por uma transformação musical, decidimos fazer um EP, o Ashes to Ashes, mas acabei não participando do trabalho e ficou uma conversa de uma trilogia. Mas terminei o que me propus a fazer. Não foi uma época muito boa para mim e decidi escrever sobre isso e sangrar isso em versos. Não acredito que eu estava na minha melhor fase vocal, mas estava em uma fase muito interessante para o desabafo. Uma reunião é cada vez mais improvável. Não me colocaria na frente de um projeto se ele não fosse um projeto verdadeiro. Com pessoas que sangrassem por esse projeto. Uma banda de fim de semana não me interessa. Não é justo com o nome do The Mist e com os admiradores desse trabalho. Tive a oportunidade de ver esses admiradores enquanto estava na estrada com o Chakal. Não é justo com eles que eu não seja verdadeiro enquanto eu estiver cantando temas como Scarecrow ou Like a bad song.

-Os fãs do The Mist sempre referem-se à banda de uma forma muito carinhosa e saudosista. Como ex-integrante, você acreditaria que há uma sensação de orfandade e ansiedade em torno do nome The Mist, pelo que representou?
Como disse anteriormente, eu sinto isso. Orfandade é um termo meio dramático. Acredito que o The Mist fez grandes shows e muitas pessoas não viram a tour do Hangman Tree. Ela foi muito bem cuidada. Hoje não sei como seria. Os admiradores do The Mist sempre foram muito carinhosos. Eles sabiam o que a gente estava falando e por isso acho que tinha uma cumplicidade maior. Eles são diferentes dos admiradores do meu trabalho com o Chakal, que são mais viscerais. É claro que essa distinção é bobagem pois todos sempre foram calorosos e tenho sorte de ter sempre respaldo de produtores, críticos e público. Isto é muito importante para mim.

-Suas letras carregam uma carga de densidade e linguagem metafórica muito fortes, de altíssimo nível, por sinal. Quais suas inspirações e influências?
Muito obrigado. Eu trabalho muito nisso. As coisas mudaram. Você tem que ser um pouco mais sofisticado para escrever. Não dá para escrever letras como Children Sacrifice, pois são narrativas muito datadas. Eu estava começando a compor e criar texturas vocais. No Chakal escrevi The island of the dead, para o Destroy!Destroy!Destroy!, falo basicamente as mesmas coisas que falo na Children Sacrifice mas com um outro direcionamento. Estou falando sobre uma pintura homônima do pintor suíço Arnold Bocklin. Uma pintura muito especial.Essa pintura  tem citações recorrentes em várias linguagens artísticas e tem uma aura de mistério sobre a sua criação e muitos artistas a usaram como elemento lírico para suas obras. Aqui no Brasil, a escritora Lya Luft a citou em seu livro  O quarto fechado . Como há várias referências musicais para essa pintura, pensei em fazer uma versão metal e que a letra se aproximasse do Black Metal. Já no The Mist as letras estão interligadas. Muitas delas estão se conectando a outros trabalhos também. O que mais me dá arrepios é sobre a interpretação que as pessoas dão para as letras e as conexões com o trabalho gráfico. Eles criam histórias e como eu estava escrevendo sobre mim, eu fico aterrorizado com as interpretações que elas dão. Para escrever, você necessariamente tem que ser um leitor e mesmo assim, muitas vezes você pode não ser um bom escritor. Eu leio, não tanto quanto eu deveria e nem as coisas que eu gostaria de ler, mas leio. Ler certas coisas dói. Quando estava me graduando em Filosofia, Hegel era o cara que me fazia sangrar pelos ouvidos. Agora conseguir escrever poemas para atingir outras pessoas é uma outra história. A primeira coisa é você ter uma carga dramática que seja suficiente para que o ouvinte fique instigado a saber o que você está querendo dizer. Para realmente entrar na sua história. Muitas bandas não se preocupam com isso, acham que isso é secundário. Muitas vezes conseguem fazer um ótimo som, mas sucumbem em um vocal sem expressão ou letras pouco inspiradas. Um vocal ruim e sem expressão é desastroso para qualquer trabalho.

-Os fãs do Chakal foram agraciados com seu retorno, anos após o histórico Abominable Anno Domini, e lançamentos  avassaladores desde então, dando a nítida impressão de que o tempo foi generoso com a banda, propiciando um reencontro extraordinário. Compartilhe com nossos(as) leitores(as) como é escrever mais estes capítulos valiosos no thrash metal nacional:
Foi muito interessante. Eles são muito ligados no heavy metal tradicional. Eu me considero um cantor de Death Metal. Acredito que a minha textura vocal se aproxima mais desse estilo. Ainda não consegui fazer um trabalho nessa vertente. Essa união do heavy/thrash metal do Chakal e minha voz conseguem sempre um bom resultado final. Tenho liberdade para criar minhas letras e o meu caminho vocal trabalhando com eles e por isso consigo me sentir mais em casa. Acredito que o Destroy foi o melhor álbum que eu fiz no Chakal. O Abominable, é claro, foi o primeiro e tem aquele carinho especial, mas o Destroy consegui escrever o que eu realmente queria escrever sobre os monstros que eu sempre gostei de ver nos cinemas ou ler a respeito deles. Acho um álbum de heavy metal legítimo, com pedigree.

-Você lançou projetos bem diferentes de sua musicalidade mais conhecida, porém de bastante qualidade. Talvez incompreendidos à época, hoje são itens de colecionadores (referimo-nos ao The Junkie Jesus Freud Project, com uma musicalidade mais psicodélica, e NUT, este com um som mais direto).  Seus fãs estavam preparados para estas facetas, visto sua forte imagem do Korg do The Mist e Chakal? Como você avalia hoje estes projetos, décadas depois?
Consegui minha liberdade como compositor e com os que acompanham meu trabalho. Quando você caminha por outras trilhas e explicita isso para todos, você está dizendo que é livre para fazer o que quiser. Isto é a arte ! Foi uma época magnífica para mim. Estava realmente saindo de uma fase negra que eu passei com o The Mist. Uma fase difícil comigo mesmo. Esses trabalhos foram bem interessantes porque estava cercado por amigos que estavam mais ou menos na mesma frequência. Eu estava fazendo imersões intensas com o uso de ayahuasca. Foi uma época inesquecível e tive muito apoio da Cogumelo que bancou os projetos sem questionar.

-The unabomber Files tem uma sonoridade atual, energética e matadora. Como se deu esta reunião com músicos consagrados de outras bandas nacionais?
Eu sempre fui muito inquieto e meu timing é muito diferente do Chakal, a banda que eu estava tocando na época. Tinha muita curiosidade em tocar com o Alan Wallace por causa da sua palhetada precisa - meio Anthrax - e como eu o conhecia e sabia das suas influências, fiquei entusiasmado em fazer um trabalho com ele. Eu o convidei, ele trouxe o André do Eminence e chamou o Paulo do Sepultura. Ele fez alguns riffs e vi que era aquilo mesmo. Base na cara, vocal cuspindo como uma metralhadora e rapidez. Acertei em cheio.

-A julgar pela excelente receptividade ao The Unabomber Files, há previsão de um trabalho contínuo, até  com tours ou somente registros pontuais?
Estamos acabando nosso segundo trabalho “The enemy of my enemy is my bestfriend”, serão mais cinco músicas. Temos convites para tocarmos e estamos tentados a aceita-los, mas como o Paulo estará em tour, pode ser que usemos outro baixista. Queremos convidar alguém de outras bandas, que sejam amigos, é claro. Seria interessante uma interação diferente com outros músicos.
-Quais os atuais e futuros projetos do Vladimir Korg? Com tamanho talento lírico, você já publicou ou pensa  em algum projeto literário?
Uma vez um crítico aqui de Minas Gerais disse que eu não faço álbuns, eu escrevo livros. Achei interessante essa abordagem e fiquei entusiasmado com isso porque indica que você está na margem entre literatura e música. Tenho algumas ideias para escrever sim, mas antes tenho que aprender a usar as vírgulas.

-Vladimir Korg, receba do ColoradoHeavyMetal um sincero muito obrigado por nos atender com tamanha generosidade, e tenha certeza que  seu legado no heavy metal nacional está escrito nos capítulos de maior destaque. Você é realmente um talento diferenciado, e é uma honra para nosso blog poder compartilhar sua trajetória com seus fãs e com quem  conhecerá a partir de agora. Deixamos este espaço para suas considerações finais:
Eu sou sempre agradecido pela generosidade com que todos recebem os trabalhos que eu faço. Sou um cara de muita sorte. Muito obrigado e espero vê-los por aí.

Por Marcão Azevedo

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quinta-feira, 10 de novembro de 2016

FABIO LAGUNA – O GRANDE TECLADISTA DO HEAVY NACIONAL


O tecladista Fábio Laguna há muito frequenta o time de músicos de primeiríssima linha da música brasileira,  tendo seu talento propiciado trabalhos marcantes ao longo de sua carreira, sendo requisitado e admirado pela elite da qualidade na produção musical, em estilos diversos. Fávio Laguna nos atendeu de maneira muito cordial, e fala com o blog ColoradoHeavyMetal sobre capítulos pontuais que despertaram  a notoriedade para seu nome, e também sobre  o Hangar, banda da qual é tecladista, e que acaba de lançar mais um disco matador. Você que navega nas páginas do ColoradoHeavyMetal fica a partir de agora com o maior tecladista do rock brasileiro:

1-Fábio, você foi considerado ´´integrante informal´´ das bandas Angra e Shaaman, ambas idelizadas pelo André Matos, principalmente nas apresentações ao vivo e durante longas turnês. Como se consolidou esta parceria e este nível de confiança em seu trabalho, considerando a excelência dos resultados obtidos?
FL: Olá Marcos e leitores do ColoradoHeavyMetal. Fazendo uma pequena correção, fui tecladista apenas do Angra. E na verdade, era mais um trabalho do que uma parceria. E como qualquer trabalho, você tem que estar apto a realizá-lo, ser pontual, pró-ativo, etc..., senão a fila anda. Eu acho que fiquei este tempo todo no Angra porque fazia meu papel e o mercado permitia. Hoje em dia muitas bandas não conseguem contratar um tecladista pois realmente  não tem condições. Esta é a realidade do momento.

2-Muitas bandas não sobrevivem à ascensão individual de um determinado integrante, e por vezes, acabam prematuramente. Temos vários exemplos disso. Curiosa, e felizmente, o Hangar soube lidar com a exposição do Aquiles Priester, inclusive consolidando-se como uma das grandes bandas do heavy metal brasileiro.  Como esse processo trafegou dentro da banda?
FL- Amigo de verdade é aquele que, quando vê outro amigo dando certo, faz de tudo para apoiá-lo. E dentro do Hangar é assim. Temos autonomia para trabalharmos com quem quisermos fora da banda e pouco dependemos financeiramente do Hangar. A receita que a banda gera permite que ela sobreviva. Ou seja, aqui dentro todos somos integrantes com os mesmos direitos e obrigações. Assim, admiramos e respeitamos demais todas as conquistas profissionais de cada integrante. E o Aquiles é uma exceção, um caso à parte. Um cara que toca pra caralho e é extremamente agressivo e focado nos negócios. A exposição que ele alcançou, por mérito dele, é muito maior do que a da banda. Mas como dizia o sábio Martinez, temos aqui a fábula do herói, que foi à guerra e retornou, e sua glória respinga em todos à sua volta. Mas mais do que isso, o Aquiles é um dos fundadores do Hangar, tem um carinho muito especial pela banda e vejo isso pela batalha dele para manter a banda viva. Não é fácil.

3-A formação do Hangar é jovem e extremamente técnica, porém muito experiente. O Hangar, hoje, atingiu a maturação vislumbrada lá atrás?
FL- kkk...Obrigado pelo jovem!  Não acho que atingimos a maturação. Nunca tem fim. Aliás, o que vai acabando é justamente a nossa lenha rssss...Fazemos um som extremamente técnico e espero que ainda consigamos tocar essas encrencas por mais uns dez anos antes de começar a baixar tons ou andamentos rsss..

4-Os clips do Hangar são verdadeiras super-produções, quer pela qualidade nas imagens e áudio, bem como pela naturalidade da banda atuando (literalmente – verdadeiros  atores!!),  . Em que momento a banda despertou para este cuidado em produzir uma videografia com a mais absoluta qualidade?
FL-  É fundamental que as bandas produzam videoclipes. Antes só havia a MTV, agora temos acesso total e irrestrito a toda produção cultural do mundo através da internet. E esse formato multimídia de som mais vídeo, o vídeoclip, garante que sua banda seja conhecida sem que a pessoa saia de casa. Por isso temos tanto cuidado com a qualidade do material que produzimos. A primeira impressão é a que fica, né?


5-Infallible  (2009)  é um disco extraordinário, com melodias e técnica da melhor qualidade. Junção feliz da melodia com o peso na medida exata, abrilhantada por um vocal inspiradíssimo do grande Humberto Sobrinho . Compartilhe com nossos(as) leitores(as) como foi a concepção deste trabalho;
FL- O Infallible é um disco mais leve, se você comparar com os outros trabalhos da banda. Foi um disco feito nos moldes do Stonger Than Ever. Todo mundo na sala, ´´vomitando´´ idéias, depois sugestões de linhas melódicas, etc.. O mais legal desse disco é que foi feito em um estúdio que era numa fazenda, isolada da civilização, padrão Big Brother  rsss....então a gente realmente imergiu na produção, foi muito legal.

6-O Hangar lançou agora em Julho de 2016 um petardo batizado  Stronger Than Ever,  um inédito trabalho de estúdio após 07 anos. Como está o lançamento e tour a nível Europa e América?
FL-  Temos recebidos críticas e resultados muito positivos! O Stronger Than Ever também foi lançado no Japão,  em uma edição especial que contém nosso disco acústico de bônus.  Ainda é cedo para saber qual o resultado real e se finalmente conseguiremos visitar esses continentes em condições razoáveis que não seja uma turnê financiada pela banda somente pelo status de tocar lá fora. Isso não funciona mais com a gente. Passou a época em que trocávamos cebola.

7-Stronger Than Ever nos apresenta em disco o talentoso Pedro Campos ,mantendo a tradição de  grandes trabalhos vocais ao longo da discografia do Hangar. Com se deu a entrada do Pedro Campos no Hangar?
FL- É muito bom ter o Pedro na banda.  Ele é pelo menos dez anos mais jovem que o menos velho do Hangar rsss...Além do talento que todos puderam notar, ele tem aquela gana, aquela curiosidade que nós já perdemos um pouco. E isso é contagiante.  O mesmo acontece com o Cristiano, que voltou para a banda já não mais tão recentemente. Ele está muito feliz em estar de volta, e nós também.

8-Os arranjos do Hangar soam intrincados, técnicos, porém  não enfadonhos. O heavy metal em primeiro lugar, em que pese o poderio de fogo individual de cada integrante na banda. Como funciona o ´start´´ no processo de criação da banda?
FL- As músicas nascem em um violão, ou piano, ou através de uma levada. Depois que temos um esqueleto dela, começamos com a perfumaria...arranjos, solos, partes instrumentais, etc.;

9-Fábio, como tecladista, e ao analisar a estrutura da escrita musical, como você avalia algumas bandas serem execradas pela inclusão de linhas de teclados em alguma faixa específica, ou incluí-las em sua sonoridade?
FL-  É muito relativo cara. Eu prezo  pela sinceridade e bom senso no som.  Geralmente arranjos enfadonhos são aqueles forçados, que não soam naturais. Só que no fim das contas a música é um universo sem limites.  Se os  Sex Pistols resolvessem usar arranjos de teclados em suas músicas, qual o problema com isso? Pode ficar legal, ou não.  Existem centenas de músicas que foram regravadas em outro estilo e ficaram boas, com ou sem teclado. Se a música é boa, não será pelo arranjo de um determinado instrumento, mas pelo conteúdo que ela carrega, seja lírico ou musical.


10-Fábio Laguna, o blog ColoradoHeavyMetal agradece sua atenção e cuidados dispensados para com seus fãs e os amantes da boa música em geral, que acessam o blog ColoradoHeavyMetal, parabenizamo-no pela brilhante carreira, e deixamos este espaço para suas considerações finais:
FL-  Obrigado ao blog pelo espaço. Aproveito para fazer um apelo a todos que leram até aqui.  Quem escreve a história do rock somos nós, em cada pequena ação que fazemos. Seja mantendo um blog como o ColoradoHeavyMetal, seja gravando discos,  indo a shows,  respondendo entrevistas, vestindo uma camiseta de sua banda favorita, etc.. Peço que meus queridos leitores valorizem as bandas que seguem, de alguma forma.  O Hangar agradece demais por todo apoio que vem recebendo! Vocês são os responsáveis por nossa existência. Acompanhem nossas novidades no www.hangar.mus.br  Nos vemos por aí! Grande abraço.

Por Marcão Azevedo

COLORADO HEAVY METAL - PEQUENAS AÇÕES QUE FAZEM A DIFERENÇA!

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Editor responsável - Vitor Carnelossi


domingo, 23 de outubro de 2016

ENTREVISTA CAUTERIZATION - ID KATHARSIS

Quem acompanha o Metal Extremo brasileiro com certeza em algum momento já ouvi algo sobre CAUTERIZATION. O trio formado por Maysa Rodrigues (guitarra e vocal), Well Moia (baixo e backing vocal), Trojillo Jr. (bateria) conseguiu impactar a cena com dois trabalhos letais e muito bem recebidos, MALES INFESTUS (2011), NASU (2013). ID KATHARSIS é o terceiro material a ser concebido pelo grupo, e é sobre os detalhes desde material que iremos falar com o grande baterisa Trojillo nesta entrevista!

1 – Trojillo! Mais uma vez uma vez passando por nosso BLOG para falar sobre o CAUTERIZATION que anda em plena atividade! Como anda as gravações de "Id Katharsis"?
R: Grande Vitor! Obrigado novamente por esse precioso espaço, no momento estamos com metade das gravações prontas, a bateria e guitarra, e no mês seguinte iremos gravar o restante, estamos muito focados e animados também com esse novo material, que está um pouco diferente dos anteriores, aguardem ID KATHARSIS is coming!!!

2 - A gravação está sendo concebida no estúdio 3em1 em Londrina, este a cargo do legendário Alexandre Bressan, qual é o papel do produtor para o CAUTERIZATION?
R: Na realidade estamos fazendo as gravações no estúdio 3EM1 do amigo de longa data Alexandre Bressan, que além de um músico excelente é um amigo que tenho a muitos anos, já tinha gravado com minha antiga banda com ele, e ele é a pessoa certa pois está nos ajudando muito nesse processo, mas não temos um “produtor” apesar de que o Bressan está sendo muitas vezes quase um produtor, pois nos dá altos toques durante o processo da gravação. E depois das gravações estiverem concluídas serão enviadas a outro estúdio pra o processo e mixagem e masterização.

3 – A banda vem chegando em seu 3º registro com uma ótima aceitação do público de Metal Extremo, como funciona a estratégia de distribuição e divulgação da banda?
R: Quando lançamos o primeiro EP, foi algo quase que independente, tivemos o apoio da LAB6(hail FAbião) e MUSICA DIABLO(hail Fabiano Penna), e depois ele foi relançado na Polônia(TILL FUKKIN BLEED RECS), Áustria(MORBID SYNDICATE RECS) e Brasil novamente pela CIANETO RECS. , no EP NASU, esse foi lançado e distribuído pela MISANTHROPIC RECS e LAB6, e foi distribuído alguns cópias na Europa pela METAL MUSIC/MORBID SYNDICATE, não temos uma estratégia de distribuição, contamos com nosso amigos/parceiros dos selos/gravadoras, e a intenção é enviar o material pra quem estiver interessado, por isso, caso houver interesse, entrem em contato com nosso canal oficial no facebook: www.facebook.com/cauterization

4 – Por muito tempo você manteve um Zine dedicado ao metal extremo, além de fazer parte da banda de grindcore INDUSTRIAL NOISE, a “teia” de contatos estabelecidas nesses anos foi importante para o CAUTERIZATION desde o início distribuir seu material tão amplamente?
R: Sim, nos anos 90 eu fui editor de 2 fanzines, o GENITAL TUMOR ZINE e o MORBID POSSESSION ZINE, através deles pude fazer contato com centenas de bandas do mundo inteiro, trocas de matérial, freqüentar shows, e etc, apesar de poucos, ainda tenho contato com pessoas desde aquela época, agora com as redes sociais, esse contato se tornou bem mais fácil pois antes era tudo feito por carta, era bem mais difícil e tinha custos,... Posso dizer que de certa forma os contatos que tive através dos fanzines e também da minha antiga banda ajudaram a divulgar o CAUTERIZATION, pois tenho um rede de contatos grande, apesar de que também a maioria do público hoje tem a idade um pouco mais jovem que a minha rsrs

05 – A qualidade de gravação e composições no EP “NASU” deixou ótimas expectativas para o próximo material, é possível se desprender resultados dos álbuns anteriores para buscar a identidade própria para "Id Katharsis"?
R: Uma coisa que sempre falo é que todos nossos materiais tem uma identidade própria, se você comparar, o som do EP MALES INFESTUS é bem diferente dos demais pois se tratava do primeiro lançamento, o som da banda ainda estava se moldando, no EP NASU tivemos musicas um pouco mais elaboradas e longas, agora com o ID KATHARSIS creio que é o nosso material mais brutal e mais rápido, com músicas um pouco menores, mais pesadas e mais sujas, aguardem!

06 – Apesar de extremo o som do CAUTERIZATION é muito complexo, imagino que vocês estejam sempre buscando conhecimentos e práticas individuais em seus instrumentos. Sendo notório isto, lhe pergunto: Quebrar os limites é algo almejado na banda? 
R: Sim, sempre buscamos a evolução como instrumentistas e músicos, mas isso não é o principal objetivo no processo de criação, a música obrigatoriamente precisa possuir sentimento, de nada adianta fazer uma música extremamente rápida mas ao mesmo tempo soar maçante, vazia,... não penso em quebrar limites, meu objetivo é de continuar sempre tocando, gravando, lançando materiais que inicialmente traga a mim prazer e realização pessoal.

07 – Muitas bandas de metal extremo fizeram experimentos em seu som, Morbid Angel, Napalm Death, Pestilence, Death e até mesmo o Krisiun. Qual é o limite para se experimentar sonoridades diferentes no CAUTERIZATION?
R: Ah cara, acho que isso não acontecerá no CAUTERIZATION, sou meio “ogro” hahaha, não sou muito de aceitar experimentalismos no som da banda, creio que se algum dia quiser fazer algo fora do conceito BLACK/DEATH, farei outra banda/projeto, como já tenho em mente alguns projetos paralelos para o futuro.

08 – Os vocais de Maysa Rodrigues são um atrativo a parte na banda, porém Well Moia tornou-se um poderoso trunfo com seus vocais desesperados e ríspidos. Essa formula é muito eficiente na sonoridade do CAUTERIZATION não é mesmo?
R: Sim, os vocais de Wesley Moía realmente vieram somar muito no som do CAUTERIZATION, principalmente nas apresentações ao vivo onde tem realmente um maior impacto!

09 – Quais as “influencias” nesse novo material do CAUTERIZATION, sei que é uma pergunta delicada, mais individualmente o que pessoal da banda anda escutando?
R: Sobre as influências, acho que estamos escutando muito DEATH E BLACK METAL polonês, eu particularmente tenho escutado muito BLACK/DEATH METAL mais primitivo tipo BLASPHEMY, CONQUEROR, REVENGE, PROFANATICA, DIOCLETIAN, ZYGOATSIS, DEIPHAGO, e muitos bandas novas também,mas na realidade eu escuto de quase de tudo um pouco cara, de CIRCLE JERKS, passando por TOXIC HOLOCAUST até ANGELCORPSE, EXTERMINATE, REBAELLIUN, KRISIUN, DESDOMINUS, IRON WOODS, DIABOLICAL MESSIAH, INFERNAL WAR, AZARATH(sempre!rs), VITAL REMAINS, BÖLZER, INQUISITION, NECROS CHRISTOS, HEADHUNTER DC, UNHOLY ARCHANGEL, MYSTIFIER, GOATPENIS, e muitos outros que poderia ficar citando aqui por várias linhas rsrs.

10 – A velocidade de seus arranjos e detalhes em meio a tanta velocidade lhe dá créditos necessários para cada vez ser mais conhecido no cenário do metal extremo. Qual a disciplina que um baterista de metal extremo deve seguir para alcançar resultados como os que você sustenta com o CAUTERIZATION?
R: Cara, obrigado pelas suas palavras, eu realmente tento a cada material lançado evoluir tecnicamente e musicalmente, infelizmente treino muito menos do que gostaria devido a minha vida corrida de trabalho, esposa, filhos, etc, mas sempre estou tocando nos “pads” que tenho em casa, pesquisando sobre novas técnicas e ritmos, equipamentos, e sempre que possível “tocando”, uma coisa que pelo menos pra mim ajuda muito é fazer uma atividade física paralela como a musculação, pois auxilia muito na questão da resistência, e tentar criar um “estilo”, tenha os bateristas que você gosta como uma inspiração, o que eu toco hoje é porque sempre vi e me inspirei nos bateristas que admiro: Max Kolesne(KRISIUN), Inferno(AZARATH/BEHEMOTH), Dave Lombardo(SLAYER), Tony Laureano(ANGELCORPSE), Igor Cavallera(SEPULTURA – old), entre outros.

11 – Para não perder nosso lado descontraído do negócio, indique algum(s) álbum que poucas pessoas conhecem, mais que você acha foda?
R: Putz, essa é foda rsrs! Vixe complicado, eu gosto de tanta porcaria kkkkk, segue algumas que eu acho que pouca gente conhece e eu acho esses álbuns foda demais: 
ZYGOATSIS – S.K.U.D(Satanic kultus – unholy desecration)
DIABOLICAL MESSIAH – satan tottendemon victory
SADOMATOR – todos!
WARFIRE – Heralds of eternal order

12 – A previsão para o lançamento de "Id Katharsis"?
R: Ainda não temos uma previsão pois estamos no processo de gravação, a capa está sendo finalizada também, creio que no primeiro semestre de 2017 seja lançado, e aguardem um formato inédito e participações especiais também!! ID KATHARSIS is coming!! Prepare for the global anihilation!!

13 – O blog COLORADO HEAVY METAL agradece sua participação, muito obrigado!
Nós que agradecemos novamente seu grande apoio Vitor, obrigado pelo espaço!! 
E obrigado a todos aqueles que estão lendo a entrevista e apoiam nossa nobre e obscura arte!! HAILS!!

Por Vitor Carnelossi