sexta-feira, 26 de abril de 2013

O ROCK EM COLORADO – VOLTANDO NO TEMPO...

Por Marcão Azevedo

Virga Ferrea No Femucic, sendo apresentado pelo batera/apresentador Serginho Halabi.
Houve um tempo em que Who Made Who e Jailbreak do AC/DC tocavam na Maringá FM.
Houve um tempo em que Scorpions, Queen, Asia, Europe eram ´´carimbados´´ com a vinheta ´´toca de novo!!´´, na mesma Maringá FM.
Houve um tempo em que Twisted Sister era o clip da noite, no Fantástico.
Houve um tempo em Colorado que o programa das tardes de domingo era ouvir rock e heavy metal no calçadão de Colorado.
Não! Não era os ´´paqueras´´ da vida. Eram riffs cortantes e levadas de batera insanas.
Houve um tempo em que, após o almoço dominical, após a soneca das noitadas de sábado, ficava olhando o relógio para dar 15/16h para ver o Virga Férrea tocar ao vivo em algum lugar de Colorado (D. Catita, Skimell....), onde detonavam clássicos do metal mundial, inclusive no portão de entrada do Colégio Monteiro Lobato, em cima de um caminhão. No repertório, muito Deep Purple, Led, Celso Blues Boy e outras coisas boas.
Voltando um pouco mais o implacável relógio do tempo, e tendo em mãos os vinis tipo Machine Head (Purple), Wonderfulworld(Uriah Heep), o compacto simples do Secos e Molhados, adquiridos à época dos seus respectivos lançamentos, percebo então que em Colorado, desde o princípio da década de 70 já havia um flerte, mesmo que inocente para os dias atuais, com o rock e suas variações.
Digo que Colorado sempre teve uma cena, adequada à cada época. É diferente de uma cidade que tem seus adeptos do rock, com suas camisetas, cd´s etc....., mas aqui a ebulição silenciosa sempre houve no formato de idealizadores e no formato de bandas.
Quando a Rádio Colorado funcionava ainda no prédio do antigo cinema, o Bili (Bilieri) já com um som mecânico agitava o calçadão do Bradesco. A vinheta de abertura era a introdução de Breaking All The Rules, do Peter Frampton. Pra quem não sabe, nesta época o calçadão, nos dois lados, era lotado nos finais de semana, com mesas e cadeiras disputadas quase que à tapa.
Reconheço o Bili com um dos batalhadores do movimento rock em Colorado.
Não bastasse isso, todo sábado à noite das 19 às 20h na extinta Cultura FM de Apucarana rolava o Rock Station. Só vinheta, ZZ Top e muito heavy metal, sem comercial.
Guarde estes nomes: Virga Férrea, Trama, Sex Hansen, Tumulto (Foz). Se não os tivesse conhecido, o Tragedy Garden não existiria. Qual a relação? Música boa, em sua maioria autoral.
Almir (guitarrista), ao Fundo o vocalista Edir (camiseta preta)
O Virga Férrea teve sempre uma relação muito forte com Colorado, pois o baterista era o Serginho Halabi. A formação clássica que gravou a demo que tenho e ainda ouço com freqüência era o Edir (vocal), com voz potente e postura de palco que lembrava o Freddie Mercury; Almir (guitarra), um virtuose de solos longos e técnica apurada; Jump (baixo), bases  competentes e na bateria Serginho Halabi, com nítida influência setentista. Tempos depois, o posto de baixo e batera sofreriam substituições. No baixo entrou o Benê, e numa das apresentações deles em Maringá tinha um batera substituto que se não me falha a memória era canhoto, e sua técnica era notória. Smoke on the Water e Child in Time(Purple), Rock´n Roll (Led), Running Free e Transylvania(Iron), Sempre Brilhará (Celso Blues Boy) eram algumas das pérolas que tocavam. Por  uns tempos tiveram um tecladista, chamado Boca, que estudou com o meu irmão Marcio.
Edir e Benê (baixo) – Show memorável no Femucic.
Tocavam, então, Jump (Van Halen). Certa vez ganhei a logo do Virga em 02 formatos, presente de um amigo. Um era no formato adesivo para vidro de carro. Conforme ia trocando de carro com o tempo, ia repassando o adesivo  para o novo carro.
A demo do Virga Ferrea traz somente músicas próprias, das quais uma instrumental. Defino como hard rock de alta qualidade.
A banda Trama contava com o Bili, Zé Roberto, Dalberto, César Viais, e alguns outros que se alternavam com o tempo. Lembro-me do Leandro Valério, Dinei Mostachio e do Ademir(hoje banda Luan Santana). Barão  Vermelho, Titãs, Engenheiros e muitos outros clássicos foram tocados por eles no circuito de bares da cidade e região. Pude Vê-los muitas vezes. Contribuíram para a construção da musicalidade local.
Sex Hansen ao vivo no Balaio, em Maringá.
O Sex Hansen surgiu em Maringá em meio à explosão do thrash metal. A banda foi formada pelo Juninho(Tribo´s) e seu irmão. O guitarrista era muito bom, e lembro-me dele saindo da banda para ir para os E.U.A., salvo engano seu nome era Clives. Fomos muitas vezes ao Balaio de Frango em Maringá assistí-los ao vivo.
Por falar em Balaio de Frango, lembro-me de uma noite com o Virga Férrea ao vivo, onde na época o baixo e batera tinham sido assumidos por dois irmãos. Um gordinho começou a agitar com o som dos caras, deu uma ´´topada´´ na coluna de som e deu conta de pifar o som, que demorou pra voltar. Imaginem os ´´elogios´´, e como lembraram da mãe dele....(rssssss).Tinha mais gente de Colorado neste dia, que podem comprovar esta passagem inusitada.
Tumulto(Foz)-tem choques que a gente toma na vida e mesmo que morra com 150 anos não esquece. Tomei alguns na vida. Um deles foi o Tumulto ao vivo no Femucic no Chico Neto em Maringá. A aparelhagem era da banda Metrópole. Sem comentários. Ao vivo, era peso e som de gente grande.Adquiri em seguida o vinil do Tumulto na extinta loja O Porão. Lembro ainda hoje que o baixista usava uma camiseta do Benediction.
Sendo o destino caprichoso, descobri mais de 20 anos depois que o guitarrista do Tumulto é irmão de meu concunhado Ronaldo, que mora em Foz. Hoje é formado em jornalismo e mora em Curitiba.
Sim, tudo e todos foram e sempre serão importantes. Reconhecer a importância de cada etapa é um ato de grandeza. O ponto de conforto é poder enxergarmos que tínhamos rock em Colorado na década de 70,80,90,2000, temos hoje e teremos amanhã. Que a juventude de hoje possa ser influenciada pela boa cena local, como foram um dia os bangers mais ´´antigos´´´.
Soa leve? Soa pesado? Não importa. O que importa é o quanto de verdade está contida na proposta de cada banda. Pinçando o melhor de cada proposta, molda-se a musicalidade completa e versátil.

Aumenta o som. Isso aí é rock´roll.


Marcão Azevedo - Tragedy Garden, Sleepless 

Fotos de arquivo pessoal e texto por Marcão Azevedo



O Blog Colorado Heavy Metal agradece todos os colaboradores, juntos vamos relatar a luta de gerações pelo rock em Colorado. Em especial agradecemos o Marcão por essa riquíssima matéria que explica nossas origens! (Vitor Carnelossi)


12 comentários:

  1. Sem palavras pra descrever a satisfação de ter acabado de ler essa matéria, fiquei imaginando agora como eram as coisas, criando uma imagem é claro, porque agora conheço a história, parabéns ao Marcão Azevedo pelo ótimo texto!!! Valeu mesmo!!!

    ResponderExcluir
  2. O Billy ficou de nos ajudar em relação a banda Trama, inclusive com fotos. Vamos tirar a poeira desse material! Quanto a matéria do Marcão, mostra uma fase que nossa geração veio conhecer com esse texto informativo! Ótimo! (Vitor)

    ResponderExcluir
  3. Nossa que massa tava presente nesses dois shows das fotos muito bom !!!!

    ResponderExcluir
  4. Caras de COLORCITY kkkk o Marcão e seu Irmão Márcio, o Humberto(pirú) foram muito importantes pra mim na minha formação musical...lembro-me que comprei uma batera do Marcão uma batera GOPE...GALVANIZADA...MUITO SONORA e já nesta época eu sabia que meu destino seria o rock...Posso afirmar com certeza de que na real sou um ROQUEIRO ÀS ANTIGAS...Meus vinis ainda guardados(ainda os ouço qdo. posso) são minhas verdadeiras relíquias...Eu me lembro do VIRGA-FÉRREA tocando em vários lugares de Colorado...ainda + depois que o Serginho arrendou o BAR DA MIRTES que ficava em frente ao Colégio Monteiro Lobato...era um prazer domingão à tarde sair pra ver os caras tocarem rock and roll...O Billi foi pro Japão e nós uma galera boa...(César viais, Zé Roberto( queria notícias dele) Sandrão) formamos a nova cara da banda TRAMA...e tocamos muito, bebemos muito, entre outras cositas MÀS...o Tempo é implácavel...Lembro de uma apresentação com o Mané que fora feita no Palco do Salão do Cecília Meireles, foi a 1ª apresentação de uma banda loca...Pirú, Eduardo, Eu, Mané e o Rafa...foi muito loco...eu toquei de terno e gravata...q doideira...parecia até aquele som do RAUL>>>NA MINHA CABEÇA UMA GUITARRA TOCA SEM PARAR...TRAGO UM PAR DE FONE NOS OUVIDOS PRA NÃO LHE ESCUTAR E bam,bam.,....Hj morando fora há quase 15 anos posso afirmar com certeza de que a nossa geração foi muito privilegiada em relação as demais, não que hj não se tenha uma cena rock, heavy em Colorado, tenho certeza q sim mas naquela época éramos movidos à paixão pelo rock...Eu nunca me esqueço as tardes de sabadão qdo. eu< pirú, Marcão e Márcio nos reuníamos na casa do Marcão naquele quarto dos 2 irmãos pra escutar uns vinis feras...era som atrás de som...e tbém não esqueço de qdo. íamos pra nova esperança no fietão azul do Pirú ou fucão branco do Marcão na BOATE TERMÔMETRO pra ver o BANDA FLOR DA PELE desenvolver vários sons entre eles um som q ouço até hj da banda OUTIFIED (your love)
    ali foi q td começou...Enfim como disse o tempo é implacável...e só o tempo vai dizer se isso há de seguir no entanto as mentes podem se unir e funcionar em prol da continuidade do rock 'n' roll

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, sou Rodrigo Picoli, filho de Luiz Picoli, um dos fundadores da Termometros em Nova Esperança, como vi em seu comentário, vc frequentava, e estamos recolhendo, informações, fotos, cartazes, filmes, ingressos, histórias, qualquer informação que tenha para prepar um material para mostrar como foi bom esse tempo.

      Excluir
  5. Os irmãos que tocaram no Virga eram Alexandre (mais conhecido por "Mano") no baixo e seu irmão Carlinhos na bateria. E o guitarrista do Sex Hansen nesta época era mesmo o Clives, o cara era uma lenda em Maringá. O baixista do Sex Hansen que aparece aí na foto, o Rafael, formou, depois, o The Guavas (toquei guitarra nos Guavas). Eram bem bacanas as bandas de hardcore e de punk desta época, Crushed Peanuts (onde toquei guitarra), Proletas (para o punk, tiveram a mesma importância ali que o Virga para o hard rock). Enfim, essa região tinha uma puta cena no começo dos anos 90...

    ResponderExcluir
  6. Que saudade dessa época. Naquele tempo o rock era apreciado como o sertanejo universitário é escutado hoje, era febre na população e nas rádios. Muitas bandas marcaram muito minha infância, as famosas AC/DC, Motorhead, Judas Priest, Saxon, Rolling Stones e até mais desconhecidas como Tank, Witchfynde, Gotham City, Zero Nine, Diamond Head entre outras.

    ResponderExcluir
  7. Uma vez tive o prazer de acompanhar o Tragedy Garden numa apresentação para filmar a galera tocando,bons e velhos tempos a ideia de fazer um som qualquer dias desses seria muito bem vinda

    ResponderExcluir
  8. Uma vez tive o prazer de acompanhar o Tragedy Garden numa apresentação para filmar a galera tocando,bons e velhos tempos a ideia de fazer um som qualquer dias desses seria muito bem vinda

    ResponderExcluir
  9. Uma vez tive o prazer de acompanhar o Tragedy Garden numa apresentação para filmar a galera tocando,bons e velhos tempos a ideia de fazer um som qualquer dias desses seria muito bem vinda

    ResponderExcluir
  10. Ei , não esqueçam do Wallace Fuso Sobrinho , foi guitarrista com o Billy desde o Fruto do Pecado participou da banda Trama ensaiávamos nos fundos do deposito de materiais de construção do seu FUSO ou na porta da Lanchonete do Toscana , por falar nisso o Claudio e o Rick também contribuíram muito pelas bandas de Colorado . Sem falar no Catitas Bar , dona catita abria a prota pra todo mundo ...

    ResponderExcluir
  11. Pra quem tem saudade do Virga Férrea e do Balaio de Frango:
    https://www.youtube.com/watch?v=a4d0qMO9oiM

    ResponderExcluir