segunda-feira, 4 de setembro de 2023

NIGHT OF TERROR – A MENSAGEM UNDERGROUND FORTALECENDO A CENA METAL REGIONAL E NACIONAL

 


NIGHT OF TERROR – A MENSAGEM UNDERGROUND FORTALECENDO A CENA METAL REGIONAL E NACIONAL

Nosso cenário underground regional é de extrema qualidade, com várias bandas reconhecidas em boa parte do território nacional, em vários gêneros. Enxergamos, no canal Night Of Terror,  um veículo de extrema qualidade e responsabilidade dentro do trampo proposto, que é dar espaço para bandas e personalidades do underground regional e nacional conversarem sobre suas obras e temas diversos, e nesse quesito Rodrigo Leonardi (Vozão) e Julião Silva – idealizadores do canal N.O.T o fazem com grande habilidade, de forma bem sacada e sendo uma das vitrines de expressão para quem realmente batalha a cena, quer como banda, músico ou  qualquer outro derivativo ligado à cultura underground. Rodrigo e Julião receberam o Colorado Heavy Metal de forma muito solícita, e à partir deste momento você é nosso convidado para curtir essa conversa muito bacana com dois dos porta-vozes do underground nacional:

CHM -  Como surgiu a proposta do Night Of Terror e como tem sido a aceitação do público em geral com o conteúdo apresentado?

Rodrigo – O Night Of Terror surgiu em 2005. A intenção era ser um fanzine, tanto que chegou a sair um exemplar. Depois disso, percebi o quão era difícil fazer um fanzine e acabou por aí. Depois disso, virou uma espécie de selo da minha banda na época (Abuso Verbal) onde os integrantes realizaram várias coisas com esse nome. O Caxa fez alguns eventos e o Feliz chegou a dar suporte como selo para algumas bandas. Passado- se anos, precisamente em 2016, queria reativar e fazer algo que envolvia artistas independentes, mas foi só em 2018 que comecei a fazer entrevistas com os artistas. Como as primeiras impressões foram ótimas por parte do público, resolvi chamar o Julião para ser meu socio no canal. Com a pandemia, adotamos o formato de lives e seguimos até hoje.

 Julião – Bom, como o Rodrigo citou a cima fui convidado por ele para ser sócio e também participar da elaboração dos conteúdos. Aceitei na hora rsrsrs. Quando iniciei no N.O.T. comecei fazendo entrevistas das bandas que iam tocar no Tribos.  A gente fazia o convite para as bandas. E o Juninho liberava o quartinho dos fundos para a gente realizar a entrevista. E relação a aceitação do público acho está sendo acima do esperado. Pois tenho recibo várias mensagens elogiando que eu e o Rodrigo estamos fazendo ao decorrer deste espaço tempo.  

CHM - O canal Night Of Terror propicia ao público conhecer uma gama bem ampla de figuras de destaque na cena underground autoral. Quais os critérios do canal para seleção dos entrevistados?

 

Rodrigo – O Canal é voltado para a cultura underground, tantos escritores, cineastas, donos de bares e etc. acho que o maior critério é ter algo a apresentar. Ter um motivo para estar com a gente papeando. Nos casos das bandas, desde que se enquadre no rock está tudo bem, já entrevistei bandas de rap também. Porem acredito que não há espaço para outros gêneros musicais.

 

Julião – Em relação aos convidados, buscamos sempre por bandas, músicos donos de estabelecimentos que abrem as portas para o nosso estilo musical que se enquadra no rock e metal. A gente envia o convite para os entrevistados, explicamos os procedimentos  e o chicote estala  kkkk.

 

Rodrigo Leonardi


CHM - Tive o prazer de ser um dos entrevistados pelo canal, e posso atestar o quanto à vontade o entrevistado se sente e o nível de preparo da equipe do NOT como um todo, tendo literalmente conhecimento de causa para cada entrevistado, além da interação de um público também muito identificado. Comentem sobre isso.

 

Rodrigo- Quando entrevistamos alguém, geralmente no começo, o convite partia da gente, então, conhecíamos os trabalhos de cada um. Isso ficaria mais fácil o bate papo. Mas sempre pedimos para os artistas enviar uma mini biografia, para podermos elaboras as pautas. No meu caso, uma hora antes, peco para o artista entrar para passarmos a pauta juntos, ali o artista ajuda a acrescentar algo e diz sobre o que quer falar ou não. Mas nas lives, pelo menos no meu caso, a pauta é apenas uma guia para conversarmos. Muitas perguntas surgem no momento das entrevistas. Quanto ao publico interagir, para mim é uma forma deles participarem ao máximo das lives, se sentirem à vontade para perguntar curiosidades sobre o entrevistado.

 

Julião – Na minha opinião, tentamos deixar o entrevistado em uma situação que ele fique confortável. Para realizar a entrevista, pois pode se notar que é o N.O.T. faz parte de alguns poucos canais de entrevistas. Que apresentador e o entrevistado pode beber umas e fumar sem censura algumas. Situação essa acredito que deixa ambas partes a vontade como estivessem em uma de bar bebendo umas e jogando conversa fora kkkk. E também rola que os entrevistados quando possível enviam algumas informações para que possamos saber mais sobre o seu trabalho. Quando isso não acontece, fazemos algumas pesquisas sobre o entrevistado.



CHM - Os Podcasts e afins tornaram-se um dos maiores espaços para interação com artistas e personalidades em geral. Como o NOT avalia e observa esta realidade?

 

Rodrigo - Olha, eu sempre gostei de programas de entrevistas e sou uma pessoa que quando gosta de uma banda, um escritor, um cineasta, eu não fico apenas na sua obra, fico curioso por bastidores e suas influências. Para mim, acho que demorei ate para ter um canal de entrevistas. Particularmente eu acho muito interessante, porém muitos podcasts ficam na panelinha, ou seja, entrevista as mesmas pessoas. Já caiu nas mesmices. Acho que o foco é mais as visualizações do que o próprio conteúdo. Isso é algo que visamos, mas não em primeiro lugar. Em primeiro vem o grande acervo de entrevistas lives que fazemos, deixando registrado nas plataformas o nosso trabalho, que para mim tem e terá ainda mais um valor histórico artístico no decorrer dos anos.

 

Julião – Na minha opinião é muito gratificante, fazer parte deste ramo de entretenimento em nosso seguimento. Pois sempre fui apreciador de revistas e fanzines onde no passado era a única maneira de nós saber sobre as bandas que gostamos. Com o passar do tempo e o avanço da tecnologia. Conseguimos levar estas informações para os hellbrothers e hellsisters de maneira rápida e objetiva. De bandas e artistas, escritores e etc. Que fazem parte do nosso submundo.

 

CHM - Estamos localizados no eixo Maringá-Londrina-Presidente Prudente. Qual a percepção do NOT sobre a cena underground (em todas as vertentes) neste circuito?

 

Rodrigo- Sempre foi muito rica. Logico que tem seus altos e baixos, mas sempre tivemos ótimos artistas na região. O que as vezes acontece é que deparamos com muitos rockeiros que na verdade se tornam um de fim de semana, quando tem bandas covers tocando. Quem leva o rock e o underground como estilo de vida são bem poucos. Percebe-se que em shows de bandas autorais quase não da gente. Mas os poucos são fieis e é isso que não deixa a cena morrer.

 

Julião- Em relação o nosso cenário, já foi bem mais rico que hoje podemos que tem várias bandas fudidas que sabem  e representam o que é o verdadeiro sentido do undergroud. Mais acho que precisamos de mais cooperação entre bandas e não competição! Tipo assim a banda do brother vai tocar o que custa compartilhar ou curtir o flyer do show. Em relação ao público percebo que hoje esta dando pouca gente.

 

Julião Silva


CHM - Quais projetos o NOT pensa em momento futuro, e como avalia o comportamento do público atual? Vocês enxergam uma renovação na cena, principalmente regional, quando em algum momento bandas de expressão em atividade não estiverem mais presentes? Vocês sentem que há barulho e ebulição nas garagens?

 

Rodrigo- Temos muitas ideias para o NOT. Talvez um podcast futuro, ou começar a ser um selo dando suporte para artistas, mas no momento posso dizer apenas isso (Risos)

Quanto a cena, como disse há pouco, são poucos que levam o rock e o underground como estilo de vida. Pelo menos em Maringá, pude perceber uma galera bem jovem colando nos shows autorias, isso de fato, já me alegra em saber que tem uma galera dessa nova geração dando continuidade para tudo isso não morrer.

 

Julião- Igual o Rodrigo, quem sabem em um futuro próximo um postcast. E também se tornar selo para que possamos lançar bandas que do nosso cenário underground. Talvez rolar um fest com o nome Night Of Terror Inc. E quanto a cena não para sempre surgindo bandas e conhecendo bandas de outros estados que estão destacando em nosso cenário vou citar algumas para que você e os leitores possam sacar caso não conheçam: Sevo, Rötö, Malignant Exclemental, Totemtabu, Sestro, Total Desastre.

 

CHM - Quais os 05 discos preferidos?

 

Rodrigo-Mainstream

1.     Sepultura- Chaos A.D.

2.     Ratos de Porão- Brasil

3.     Iron Maiden- Killers

4.     White Zombie – Astro Creep 2000

5.     Ministry- The Mind is a Terrible Thing To Taste

(Black Sabbath, Slayer, Metallica, vixi, tem um monte, rsrsr)

Underground

1.     Corpse Grinder- Apocalipty Terror

2.     Torture Squad- Pandemonium

3.     Necrotério- Lamment of Flesh

4.     Subtera- Nothing to Death

5.     Holder- Eternal Flames

 

Julião – Meu brother ai você me quebra kkk, vamos fazer assim vou citar alguns rsrsrs, ok!

 

Deicide – Deicide

Slayer – Reign In Blood

Cannibal Corpse – The Bleeding

Death – Simbolic

Mercyful Fate – Don’t Break The Oath

Headhunter D. C.  – And  The Sky Turns To Black

Ancestral Malediction – Demoniac Holocaust

Mystifier - Wicca

Infernal – Ritual Humilation

Holder – Merciful Scourge

Krisiun – Conquerors Of Armageddon

Ratos de Porão – Brasil

Sepultura – Schizophrenia

Torture Squad – The Unholy Spell

 

Vou para por aqui senão vou mandar uns 100 kkk!!!

 

CHM - Espaço para suas considerações finais.


Rodrigo- Agradeço imensamente o convite, agradeço a todos que acompanham o canal. espero nos encontrarmos em breve para botar o papo em dia.

 

Julião – Muito obrigado brother, pelo espaço cedido para podemos expressar nossas opiniões referente ao nosso trabalho valeu mesmo. Em breve a gente se tromba para beber umas e trocar umas ideias valeu.

 

*Por Marcão Azevedo

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

A JUVENTUDE E O HEAVY METAL

 

Foto: Hermes de Paula 

    A adolescência é uma fase determinante na vida de um Cidadão, personalidade, gostos e preferencia se moldam nesta fase, o que para alguns dura pela vida toda.

O Encontro do vigor da adolescência com o “rock pesado” geralmente deixa marcas profundas, inclusive na ideologia. Muitas camisetas pretas desbotadas que vemos hoje em dia, são usadas por jovens senhores atravessaram décadas curtindo suas bandas favoritas. Ainda que o Heavy Metal tenha muitos fãs caricatos e equivocados (assim como todo movimento), uma parte importante do público consome a música de maneira mais profunda. Temas históricos, fantasiosos, letras de protesto e de terror fazem parte de um imenso contexto literário distribuídos em muitos subgêneros desconhecido pela maioria das “pessoas comuns”. O contato com esse material é capaz de preencher espaços vazios dar sentido a vida de muitas pessoas. 

    Mas será que a “molecada de hoje em dia’’ ainda tem esse despertar? Pode ser que sim, talvez não tão forte quanto as gerações anteriores, mais o despertar está ali, escondido em algum lugar no subconsciente. O fato é que nas décadas de 80 e 90 essa necessidade de uma afirmação musical era mais latente, quando alguém conseguir comprar um disco ou uma camiseta de banda favorita, era destaque no grupo de amigos. O rock ainda é contracultura, e está sempre a contramão do popular, inegavelmente o estilo sempre esteve na vanguarda e consigo carrega toda uma bagagem que provoca no indivíduo uma abertura para um caminho que pode ser pra vida toda. Quem fez essa descoberta e conseguiu atravessar as demandas que surgem na vida adulta, provavelmente envelhecerá dentro de um universo que é um link direto com a sua juventude!


Por Vitor Carnelossi

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sexta-feira, 11 de agosto de 2023

CD FIRST PRESS, UM NOVO NICHO DE MERCADO

 

    Nostalgia: “É a sensação de saudade originada pela lembrança de um momento vivido no passado ou de pessoas que estão distantes.’’ Esse sentimento também extrapola suas especificações no real sentido da palavra para viagens, músicas e objetos, no caso mais especificamente no ponto que nos interessa, CDs...   
A famigerada “era” dos CD First Press....

    Mais o que seria essa nova tendência? Oque é CD First Press? Esse tipo de CD não tem nada de diferente para você está se deparando com o termo agora, simplesmente é o primeiro lançamento de um determinado álbum, a primeira prensagem feita na época que o dito cujo foi concebido. Os anos 90 foram o ápice da comercialização dos CDs encontrando uma forte decadência na década seguinte com a chegada dos MP3. Muitos se desinteressaram do formato CD nos meados dos anos 2.000, tratando-os de maneira obsoleta e com isso causando um declínio na popularidade.

    Então, seguindo uma valorização já esperada, chegou o momento de pagar caro em CDs “antigos’’, que a exemplo dos Lps tem a valorização constantemente dobrada por alguns motivos, o maior destes motivos é o próprio interesse dos fãs em validar sua devoção por determinados álbuns tendo o item em suas prateleiras. Muitos na adolescência venderam, outros emprestaram, outros “pirateavam” os originais em fitas K7 ou mídias virgens, agora esses jovens de outrora querem adquirir suas relíquias com suaves prestações.

    Um outro motivo é que alguns Cds ainda não tiveram novas versões recentes lançadas no mercado, e como se encontram fora de catálogo o preço fica salgado. Alguns relançamentos também não atendem as expectativas da clientela, ficando aquém da primeira versão. A arte gráfica alterada e a pouca fidelidade de cores em formatos Digipack recebem bastante críticas de colecionadores, pois muitos não abrem mão do tradicional acrílico. As vezes os interessados compram a versão recente, mais quando encontram oportunidade investem na versão de época também.

    É importante falar que alguns relançamentos que andam sendo feitos são infinitamente melhores que os “Firts Press”, tendo músicas bônus, encartes com bastante páginas, posters, slipcase entre outros agrados. Então a questão final entre adquirir um CD de primeira prensagem ou um material caprichado relançado fica por conta da nostalgia de quem irá comprar! Afinal tem preferencias que não se guiam pela razão!!!!


Por Vitor Carnelossi

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segunda-feira, 7 de agosto de 2023

CLÁUDIO LOPES - UM LEGADO DE PESO E ATITUDE!

Claudio Lopes, o baixista... Uma lenda do Thrash Metal Nacional, ainda quando termo estava sendo criado nos bastidores do underground Mundial. 

Na linha de frente de um monstro ácido que cuspia em cima da estética e do estereótipo do rock até então, imortalizou-se com obras atemporais como ‘’Antes do Fim’’ e “Dividir e Conquistar”. 

Ao lado do visionário Carlos Lopes,  Cláudio “Cro-Magnon” segurava bases genuinamente complexas, levadas insanas e pesadas que assustaram o embrionário Heavy Metal Brasileiro. “Antes do Fim” é um registro que extrapola tudo que havia sido feito até o momento, e cria uma ruptura para que de sua violência vulcânica efervescesse um novo horizonte em meio a fumaça do caos. A aventura da “Dorsal” só estava tomando forma, e após o histórico “Dividir e conquistar” a banda ainda confabularia discos que iriam desafiar a todo momento os limites de cada ouvinte.

Gravando os baixos de "Searching for the Light" (1990), "Musical Guide from Stellium" (1992) e "Alea Jacta Est" (1994) Cláudio retornaria a cena apenas em "2012" (2012), "Imperium" (2014), "Canudos" (2017) e "Pandemia" (2021). Suas linhas graves estão eternizadas para cada audição destes registros, milhares de Notas e sentimentos contidos nas 4 cordas. Descanse em paz!


Por Vitor Carnelossi

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terça-feira, 28 de abril de 2020

NO RADAR COM HERETICAE


A seção NO RADAR de hoje conta com a participação da banda HERETICAE (Londrina - PR), em atividade desde 2014 fazendo um trabalho singular e muito interessante! Batemos um papo sobre o mais recente trabalho, “Ecos do Atlântico”, que é sem dúvidas um belo material que precisa ser conhecido por quem gosta de uma sonoridade repleta de peso e envolto de um tema conceitual instigante. 

1 – O HERETICAE lançou seu primeiro trabalho intitulado “Ecos do Atlântico”, qual a sensação da banda em relação ao seu trabalho de estreia e como estão trabalhando na divulgação!?
‘Ecos do Atlântico’ é nosso primeiro álbum, não foi nosso primeiro trabalho propriamente dito – temos um EP e um single lançados em 2017 e 2015, respectivamente. A sensação da banda como um todo, assim como o retorno dado por nossos amigos/as mais próximos, foi de grande satisfação com o resultado. Foi um trabalho longo, feito da maneira mais acessível para nós quatro em questão de tempo e de dinheiro, e sabemos que fizemos o melhor que podíamos com o que tínhamos.
A divulgação, por conta da quarentena, tem ocorrido exclusivamente via internet até o momento – por redes sociais e por e-mail. Nossos amigos/as e parceiros/as têm ajudado da melhor maneira que lhes é possível, e já conseguimos um bom alcance pelo Bandcamp.


2 – De início um ponto que chama atenção é a abordagem de um tema totalmente ligado as raízes da América do Sul. Algo muito bem elaborado e conectado com o nosso passado ancestral. Gostaria de saber um pouco da elaboração desse conceito, podemos dizer que “Ecos do Atlântico” é um disco conceitual?
Sim, é um disco conceitual. Desde o início foi projetado para ser, e tudo o que viemos fazendo no último ano gira em torno de seu conceito.
O conceito se formou através de ideias e reflexões que nós tínhamos em nossas conversas. Cristiano, Cleverson e eu (Dalton) somos amigos há bastante tempo, e sempre que nos encontramos, a ideia vai longe, por assim dizer, rs. Nossos posicionamentos políticos e ideais de vida e sociedade quase sempre são o centro de nossas conversas, e com certeza os anos de trocas de experiências refletiram na proposta desse trabalho. O Chico (baterista) entrou um pouco mais tarde na banda, nos idos de 2018, mas por mais que a ideia já estava consolidada, suas visões certamente somam com o todo da banda também.
Cabe ainda mencionar o fato do Cleverson ser afro-brasileiro, e o Chico e eu sermos descendentes de indígenas, o que foi um pilar central na consolidação da ideia do álbum. Por fim, basicamente, decidimos voltar os olhos à nossa história, à história dos povos colonizados e escravizados das Américas, ao invés de seguir as ideias das bandas europeias do mainstream do metal.

3 – Seguindo, acredito o conceito, a banda também tem outro fator muito bem-vindo ao Underground Brasileiro, que são as letras em português. Por incrível que possa parecer, as bandas que cantam em português no Brasil, ainda têm certa resistência por parte de alguns tradicionalistas. O que é para o HERETICAE não abrir mão de sua língua pátria?
Essa foi outra decisão que se desenvolveu ao longo de meses, que faz parte do conceito do álbum, mas ainda é algo “maior” do que ele. Posso afirmar que o ponto de virada nisso foi a passagem de Rômulo Machado na banda (final de 2017 ao início de 2018). Ele, que já tinha um projeto solo chamado Iamí, já fazia músicas em português se tratando de temas similares ao que adotamos. Nesse sentido, suas contribuições foram importantíssimas, por mais que sua passagem na banda tenha sido breve. A partir disso, transcrevi a letra da então ‘Não Servirá!’ para o português, e em seguida escrevi, com ajuda do próprio Rômulo, a letra da ‘A Ferro e Fogo’.
Assim, desenvolvendo cada vez mais a ideia do álbum, e procurando conhecer da melhor maneira possível questões ligadas à imperialismo, resistência anticolonialista e posteriormente até mesmo fascismo, assumimos a escolha do português como uma escolha política – afinal, pouco sentido faria falar de luta anticolonialista em inglês, a língua que mais representa o imperialismo em nossos tempos. Entretanto, para além da política, apreciamos a beleza da língua portuguesa brasileira, e pessoalmente posso dizer que é maravilhoso descobrir o leque de possibilidades de escrita que ela oferece.


4 - “Ecos do Atlântico” tem uma gravação bem legal e bastante referências musicais! Cabe a nós, ouvintes escutar e termos nossa interpretação. Porém, gostaria de saber quais são as referências musicais da banda e como funciona o processo de composição!
Para ser bem sincero, são tantas referências que é difícil dizer. Acho que os pilares centrais de nossas influências como fãs de música pesada são Sepultura (por parte do Cleverson e Chico) e Behemoth (por parte do Cristiano e eu), porém estaria mentindo se dissesse que as influências para esse trabalho se limitam a apenas ao gênero do metal.
O processo de composição é igualmente complicado de explicar. Todas as músicas tiveram a mão de todos da banda, e muitas delas ainda tiveram a mão de ex-membros. Quanto às que compomos só entre nós quatro, cada uma saiu de um jeito diferente: teve música que saiu de dentro de outra música, teve música que um de nós chegou com a estrutura “pronta” e só acertamos os detalhes em conjunto, teve música que saiu espontaneamente entre um riff e outro.
O caso mais bizarro que vale a pena comentar foi o da ‘A Cruz e a Águia’. Ela foi uma das primeiras composições dessa nova leva, feita de uma forma totalmente espontânea em uma tarde na casa do Cleverson, muito antes do Chico entrar na banda. Mas praticamente a esquecemos ao longo dos meses! Tanto esquecemos que mal a ensaiamos antes de entrar em estúdio para gravar a bateria. Resultado: o Chico, com ajuda do Cleverson, praticamente compôs a linha da bateria dessa música na hora da gravação, hahaha. E, mesmo após isso, eu fui terminar a letra literalmente na noite anterior do dia em que eu gravei as vozes. Foi tudo feito de uma maneira totalmente espontânea.
Enfim, a regra principal foi: não existe regra, rs.

5 – Quais as próximas metas da banda, o que podemos esperar do HERETICAE!!!! Agradeço imensamente, o espaço é de você, obrigado!
A meta até então é esperar a quarentena acabar, haha. Enquanto isso, tá rolando divulgação online. Entretanto, antes da pandemia estourar, estávamos engatando o início da gravação de outro clipe – cujo roteiro já está pronto, inclusive –, estávamos tirando do papel o planejamento de uma turnê de divulgação, e também há algumas novas composições surgindo já. No mais, estamos aguardando a situação de calamidade nos dar um horizonte melhor pra retomar esses planejamentos. Saudade de tocar é o que não falta.
Por fim, muito obrigado pelo espaço em seu blog! Foi um prazer responder à essa entrevista.
Valeu!



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segunda-feira, 9 de março de 2020

NO RADAR COM LANI

“Chaotic Frame Of Mind” É o trabalho de estreia do atuante guitarrista mineiro Beto Lani. O Disco é composto por 12 canções que surpreendem pela versatilidade, além de manter uma sonoridade muito agradável! O CD vai muito além do que se possa esperar de um trabalho composto por um guitarrista, “Chaotic Frame Of Mind” é focado em canções bem construídas, com boas melódias, sem se apegar nas escalas autoindulgentes do virtuosismos gratuito! Com vocês NO RADAR com LANI

1 – A primeira impressão do disco em um contato visual, é uma dedução que possa ser aquele CD nos “moldes de guitarristas”, talvez projeto levar o seu sobrenome se tenha essa suposição. Mais a “pegada” é bem diferente, as músicas são canções muito agradáveis e variadas. Como foi o processo de composição desde trabalho?
Apesar de ser guitarrista e amar esse instrumento, eu nunca me identifiquei com álbuns instrumentais. Claro que fui muito influenciado por guitarristas como Joe Satriani e Steve Vai, mas eu sempre gostei de cantar. As músicas foram criadas ao longo de vários anos, muitas delas foram concebidas ainda na minha antiga banda, a Wisache, algumas compostas pensando em novos projetos, em parcerias com alguns músicos, vários objetivos diferentes. Com o tempo eu fui percebendo que elas tinham uma identidade própria, daí veio a idéia de gravar esse disco. Eu sinto que ele traduz vários momentos diferentes da minha vida musical e pessoal, é um disco muito introspectivo, como se eu tivesse me conhecendo como compositor.

2 – A sonoridade flerta bastante com um rock mais atual, versátil em juntar elementos mais pesados com referências do pop e até indie! Qual a inspiração musical para esse projeto?
Ah, eu gosto de muita coisa diferente, eu escuto muita coisa dentro do rock, acaba que a influencia vem na hora de compor. O fato tambem das músicas terem sido compostas em épocas diferentes ajuda, ás vezes eu estava numa fase mais metal, ou mais hardrock, ou mais progressivo. Eu sempre gostei também dos discos mais ousados das bandas, me interesso pelas possibilidades, como tal estilo soaria com tal banda tocando. Discos como Risk do Megadeth, Load do Metallica, Road Salt do Pain Of Salvation me inspiram muito a tentar ir por caminhos diferentes.

3 – O CD é muito agradável de escutar e seu vocal contribui totalmente para isso! Ao interpretar suas composições (e parcerias) você sentiu um controle melhor sob o resultado final, em termos de sonoridade?
Senti sim, eu tenho essas músicas na cabeça a muito tempo, então eu sabia direitinho como iria soar. O mais legal foi que as parcerias foram muito ricas, o Iago, por exemplo, além de cantar uma parte de Inside, compôs 3 letras para o disco, e ele conseguiu captar direitinho a idéia das canções, eu em identifiquei muito com as letras e me senti muito a vontade para cantá-las. Foi uma experiência muito gratificante gravar a voz nessas músicas. Meu professor de canto, Noel Fernandes teve um papel crucial na gravação das vozes, por que muitas vezes eu sabia o que queria, mas não conseguia executar, ele me ajudou muito. 

4 – Lendo o encarte, além dos músicos que o acompanham, notei várias parcerias envolvidas no lançamento! É importante contar com esse apoio?
Muito importante, a cena independente precisa muito dessas parcerias. São elas que fazem tudo acontecer, seja o estúdio, os músicos, os selos, os blogs, se você não fecha parceria, você não sai do lugar. Temos que trabalhar com a nossa realidade, e para o artista independente inserido no mundo do rock ainda, e ela é dura.

5 – Quais os desafios de divulgar o material e fazer uma boa distribuição nos dias de hoje? Agradeço sua participação, fique à vontade para suas considerações finais!

Hoje em dia você tem vários mecanismos muito bons para divulgar o material, e que são bem acessíveis aos artistas. Ao meu ver a dificuldade está mais em comover quem escuta a sua música. Esse é o grande desafio, criar a reação, a vontade de ouvir de novo, a vontade de interpretar a letra, perceber todos os elementos que você colocou na canção. Bom gostaria muito de agradecer o blog pela oportunidade de poder falar um pouco desse trabalho, que foi feito com muito cuidado e dizer que é importantíssimo o público ouvir ás bandas que estão por perto, compondo, lançando material, fazendo show. Apoie as bandas de sua cidade, é assim que conseguimos manter a cena rock na ativa.






Por Vitor Carnelossi


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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

NO RADAR COM SÓDIO


A seção NO RADAR de hoje recebe a presença da banda SÓDIO que acaba de disponibilizar 5 músicas (segue o link abaixo) contendo um Hardcore cortante e visceral! A banda é encabeçada pela vocalista Estefiliane e conta com o apoio do guitarrista Renato, antigo conhecido da cena de Maringá/Londrina que também é marido da “Esté”. Confiram essa entrevista e apoiem a banda! Vida longa ao Sódio!

Qual é a formação do Sódio HC e quais as referências musicais que influenciam a banda?
Antes de mais nada, olá a todos, é um grande prazer para nós como banda que recém lançou um EP sermos chamados assim logo de cara para uma entrevista.
A formação é composta por mim, Estefiniane “Esté” Castro vocalista e compositora das letras e por Renato Nascimento, meu marido, guitarrista e responsável por todo instrumental. A banda conta com o apoio nas apresentações do baixista Diogo Nascimento e contará com a parceria de um baterista que em breve será anunciado. Há a possibilidade de efetivação definitiva desses membros na banda, visto que são pessoas sérias e respeitam nosso trabalho, e essa é uma das maiores propostas da banda: seriedade e comprometimento com a qualidade musical e coerência ideológica.

02 – Qual o conceito central em relação as letras, como o Sódio HC se posiciona ideologicamente?
Na verdade tratamos de conceitos diversos, mas para o primeiro EP, que é conceitual (para quem ainda não sabe) o foco é a degradação do ser humano em si. Visamos expor as mazelas do sistema, a miséria, o caos social, tudo isso embasado em situações que vivenciamos diariamente. Pode até parecer clichê, mas um assunto tão sério como esse não pode desapercebido, visto que nas ruas presenciamos a fome, a morte e a falta de dignidade que o sistema impõe para os menos abastados. É só olhar a nossa volta e ver a cara de desdém que o cidadão “de bem” faz quando vê um índio, um “nóia”, um mendigo ou trabalhador que vende doces no sinaleiro. É isso a verdade está tão escancarada no dia a dia, que chega a ser absurdo que as pessoas sigam no seu cotidiano sem que isso as afete de maneira alguma ou as faça refletir sobre. Um exemplo disso fica exposto na música “Culpados”.

03 – Vocês começaram o ano de 2020 com um EP bem legal, bem produzido! Gostaria que comentasse as 05 faixas desse material (virtual)
Faixa 1- Suturas:
A canção é sobre alguém que estás prestes a perder a fé em si mesmo, mas sabe que deve manter a esperança e resistir. Uma coisa que vemos muito no cotidiano, principalmente por causa da taxa de desemprego e das dificuldades em se manter vivo nessa selva de pedra, que cada dia mais tenta tirar a nossa dignidade.

Faixa 2- Culpados:
Culpados fala sobre a culpa que todos nós carregamos mesmo que indiretamente, toda vez que ignoramos os miseráveis e seguimos nosso caminho como se aquele ser fosse apenas parte do cenário, e não uma pessoa, um indivíduo, com suas lutas e com suas dores. Os pais que acham que basta enfiar dinheiro goela abaixo dos filhos, jogar um tablete ou celular na mão de uma criança para não ter que cumprir suas responsabilidades. O cidadão que não entende, nem se preocupa em entender sobre política e elege porcos safados que só pensam no seu próprio rabo. E os principais culpados, os governantes, que exploram um povo inculto e despreocupado, que acha que um churrasco e as novelas da TV são mais importantes do que ter uma verdadeira consciência social.

Faixa 3- Paradigma Social:
É uma indireta; na verdade o paradigma são as pessoas que estão na fila do SUS, as pessoas que seguem suas vidinhas medíocres, sempre reclamando, mas não entendem que são parte de um joguinho sórdido. Onde a maioria nem se pergunta o porquê de serem miseráveis e estarem em situações degradantes. Os verdadeiros criminosos já sabemos quem são, mas porque nunca as pessoas se rebelam? Não vemos outra resposta senão um grande paradigma social e um gigantesco conformismo.

Faixa 4- Atitude ou Morra:
Uma canção de teor simples: enquanto não houver união entre os cidadãos, para juntos nos levantarmos, as nossas cabeças continuaram embaixo da sola de coturnos sujos.  Precisamos ter atitude, ou iremos sucumbir, porque todos sabem que a história se repete.

Faixa 5- Mate ou Será Morto:
Essa música é a apoteose do EP: Fala sobre o lado animalesco do ser social. Ao mesmo tempo que nos deparamos com muitas vítimas e pessoas que sofrem, também enfrentamos o lado podre do ser humano. É luta por sobrevivência, cão comendo cão, assassinatos, violência dos cidadãos para com os cidadãos, o que é um deleite para o sistema, diga-se de passagem, ver a população se matando, alienados em uma guerra fria social em que tribos se boicotam por conceitos absurdos, onde o cara que ouve rock quer encher de porrada o outro que também ouve rock só porque ele não fala tudo o que o outro quer ouvir, ou porque ele tem alguma opinião diferente e acredita que seus ideias devem prevalecer, mesmo se esses ideias forem hipocrisia e violência furada, sem sentido.
Como as vezes vemos no próprio cenário, não há união porque um quer quebrar a cara do outro por coisas que nem sabem ao certo, pelo famoso “disse que me disse”. É isso...é gato atrás de rato, ou melhor é o rato armando a ratoeira pro seu próprio semelhante roedor.

04 – Quais os desafios para se divulgar hoje em dia e conquistar o seu próprio público?
O primeiro desafio são as questões financeiras, quando somos pobres e não temos apoio, gravadora e nem nada do tipo, temos que nos virar em trinta para conseguir algo. Sorte que temos alguns amigos como o Vitor Gaioto da banda Biomorf e o Yuri Padial da Infernal Art. Outros desafios ficam por conta da desunião, do machismo (PRINCIPALMENTE), porque quando se é mulher e não dá mole para os caras, eles logo vão rebaixando seu trampo, e tem outra, você tem que é capaz o dobro, porque a cultura do macho alfa ainda está presente na sociedade e no underground não é muito diferente, talvez seja até pior.

Há outras questões também; mas felizmente o EP e nosso trabalho está tendo uma ótima recepção e respaldo, e nos mantemos firmes resistindo e construindo nosso estrada com as pedras que nos são arremessadas, aliás joguem mais!! (risos)


05 – Além do Renato, que já um cara atuante na cena da região, o Sódio HC ainda tem o diferencial de ter um vocal feminino, que é tão expressivamente importante nos dias de Hoje! Como tem sido essa experiência que por incrível que possa parecer, ainda encontra resistências.... O Colorado Heavy Metal agradece a vossa presença!
Como disse na pergunta anterior, ainda existe sim muita resistência, machismo, ignorância, gente mentirosa, gente que se diz apoiador e defensor das causas femininas, mas só consegue mesmo é passar vergonha, não adianta ser femimacho, se não tem uma buceta nunca vai saber o que nós mulheres do cenário passamos de verdade. Agradeço a oportunidade por concedermos essa entrevista. Muito obrigado, Vitor! E conte conosco no que precisar, não temos dinheiro, mas estamos juntos nessa hehehe. Valeu cambada!


(Renato): Agradecemos muito pela entrevista, Vitor e todo mundo que apoia o Colorado Heavy Metal. Eu tinha me afastado totalmente da cena, perdi o tesão e não queria mais fazer parte de nada. Muita falsidade, hipocrisia e falsos amigos, e não preciso disso na minha vida. Só voltei a tocar para apoiar a minha esposa, que sempre me apoiou incondicionalmente, que independente da situação, sempre esteve ao meu lado. Ela faz as músicas, ela dá as ideias dos riffs e bases, eu me influenciei muito pelo gosto musical dela, que é bem diferente do meu, e achei uma nova vida nesse cenário, apesar de uns zé roelas estarem torrando o meu saco, vou ser sempre resistência e estarei sempre ao lado da minha mulher, na banda ou fora dela. 

É isso! Um grande abraço a todos. Curtam o EP e apoiem o underground, que não são só as bandas, mas também os fotógrafos, zines, produtores de show, gravadoras e etc.

Link pro EP: https://sodiohc.bandcamp.com/releases



Por Vitor Carnelossi


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Desde 2013 produzindo matérias e entrevistas para grande rede.
Editor responsável - Vitor Carnelossi