quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

HAZY HAMLET – HEAVY METAL EM SUA ESSÊNCIA

Empunhando a bandeira do heavy metal em sua forma mais cristalina, o Hazy Hamlet escreve há quase duas décadas capítulos preciosos na história do rock brasileiro. Batizado nas fontes sagradas do heavy metal, a banda segue seu legado despejando um som poderoso, sem modismos, com o pé fincado na sonoridade que todo headbanger gosta. O blog ColoradoHeavyMetal foi gentilmente atendido pela banda, que fala de seu atual momento, da concepção de um novo trabalho em andamento, e de sua longa, vitoriosa e honesta história construída com ricos hinos de amor ao heavy metal. Curte um heavy 100% heavy?? Então se liga nesta super entrevista com uma das maiores bandas de heavy metal do Brasil:


1-A julgar pela quantidade de vezes que citamos a palavra heavy metal no introdutório desta entrevista, é impossível disassociar o Hazy Hamlet do que se entende pelo verdadeiro heavy. Como foi consagrar uma banda à moldura inquebrável do que se tem de mais puro dentro do rock?
Hermano: Primeiramente agradecemos ao blog ColoradoHeavyMetal pela oportunidade desta entrevista.
Heavy Metal sempre foi e será algo que nos orgulha muito, esse termo tem muito poder, muita energia, o simples fato de pronunciarmos nos traz toda uma sensação de força, coragem, uma química avassaladora que só conseguimos explicar quando pegamos nossos instrumentos e compomos. Não vemos o Heavy Metal como um estilo musical, mas como uma filosofia de vida que supera o tempo e a moda. Isso não quer dizer que somos imutáveis, o fato de existirmos e as nossas vivências nos agregam experiências a cada dia e isso reflete em nossa musicalidade, mas não alteram a essência maior que é essa magia chamada Heavy Metal.

2-São quase 20 anos mantendo viva a ideologia que honra todo legítimo headbanger. O Hazy Hamlet possui o reconhecimento nacional devido a quê no entendimento da banda?
Hermano: Sempre fomos muito honestos com a nossa música, nossas composições nascem como um passe de mágica, não escolhemos fazer a música X ou Y, elas simplesmente surgem entre um riff e outro, quando percebemos já estamos com ela composta. Temos o Hazy Hamlet como algo que tem vida própria, não escolhemos estar nela, mas ela nos escolheu. Somos fãs do Hazy Hamlet, logo amamos o Heavy Metal. Então acreditamos que os nossos irmãos Hazybangers percebem esse sentimento e nos devolvem uma energia muito forte que é o combustível que nos mantém ativos, o fogo quente que forja nosso Metal.

3-Os discos Forging Metal e Full Throttle são petardos indispensáveis à todo amante do heavy metal, traduzindo uma discografia oficial de muita qualidade. Como a banda avalia o alcance e o resultado de tais trabalhos?
Hermano: Forging Metal foi um trabalho de enorme satisfação para nós, mas muito conturbado, esse debut demorou quase 9 anos pra se tornar realidade e conseguiu transmitir a essência de 4 caras apaixonados pelo Heavy Metal. Mesmo não tendo a melhor produção possível como desejávamos, foi um trabalho que trouxe uma excelente exposição na mídia especializada, com menções muito positivas na mídia brasileira, europeia, nas américas e até mesmo na Ásia. Já o Full Throttle foi algo mais conceitual, com muitas composições do nosso ex-vocalista Arthur Migotto, eu particularmente gosto muito desse álbum, mas não tive a oportunidade de gravá-lo, missão esta realizada pelo nosso irmão Cadu Madeira. Full Throttle no geral tem uma produção melhor, músicas com arranjos mais elaborados, mas ainda falta algo que esperamos trazer no próximo álbum. Em tempos onde não se tem mais “radiola” pra tocar o bom e velho vinil, ficamos muito satisfeitos com o alcance destes materiais ao ver 50, 60 mil visualizações em apena uma de nossas músicas no Youtube, então quando se soma todas, observa-se que é um alcance muito grande quando se trata de uma banda independente.

4-O Hazy Hamlet tem compartilhado com seus fãs o passo-a-passo da concepção de um novo material, onde podemos conferir a evolução das composições. Alguma previsão para conclusão e lançamento deste material inédito?
Hermano: Esse novo trabalho é muito especial para nós, estamos com a formação original e também com a estreia do novo vocalista Michel Matievicz. As composições estão praticamente finalizadas, levamos menos de 1 ano para dar vida a ele, agora estamos na fase de pré-produção. Nas próximas semanas lançaremos um single baseado em uma história verídica, um drama que se passa em 1945, que demandou muita pesquisa para sua composição, estamos ansiosos para apresentar a nação Metal. Quanto ao álbum, provavelmente entraremos em estúdio para gravação ainda neste primeiro semestre de 2017, acreditamos que será o álbum mais agressivo e coeso da banda, tem muito feeling, energia, porrada na teta. Esperamos que a nação Metal assim também absorva, por isso estamos divulgando cada passo que damos, tudo isso na forma mais crua e realista possível, nada de maquiagens, queremos nossos irmãos Hazybangers dentro desse álbum.

5-A faixa Symphony of Steel do disco Full Throttle ganhou um video official, muito bom por sinal. Um novo material em vídeo está nos planos da banda?
Hermano: Symphony of Steel foi o primeiro trabalho oficial em vídeo, mas não será o último, temos aspirações talvez um pouco audaciosas de lançar um clipe oficial para cada música do novo álbum, acredito ser algo inédito no metal brasileiro, já temos 4 roteiros pré-escritos. Dependemos do fator “grana”, dinheiro é algo que muitas vezes pode afundar um projeto, mas nossa vontade e determinação é maior, então cremos muito que acontecerá, estamos trabalhando pra isso. 

6-A participação do Hazy Hamlet no Festival Captura Mundo Livre marcou a reestréia do batera Hermano Filho e a estréia do novo vocalista, Michel Matievicz, que substitui ao Arthur Migotto, ambas por razões diversas. Como está o poderio de fogo desta formação, e a ambientação do Michel à banda?
Hermano: Temos muito repeito por nossos irmãos que por um motivo ou outro deixaram seus postos no Hazy Hamlet, jamais serão substituídos, apenas fecham ciclos existenciais. Desde o início eu sempre estive presente na banda de alguma forma, como fã, amigo, parceiro, mas distante dos palcos e da musicalidade, as coisas aconteceram como deveriam acontecer, me sinto muito confortável de reassumir o posto de baterista, é como rever um filho que se tem muito orgulho e que por algum motivo viajou para um lugar distante e agora regressou para sua casa Quando fizemos as audições para o novo vocalista, deixamos livre as interpretações, não impomos nada além do mínimo técnico necessário para se juntar a batalha. O que realmente observávamos era se o sangue do escolhido fosse metálico, que reluzisse o aço e toda paixão que temos para com o Metal. O Michel nos surpreendeu pela dedicação a banda e pelo seu vocal diferenciado, que horas soa aveludado com corpo médio, horas agressivo, rasgado e alto. 
Quanto ao festival, foi uma excelente iniciativa da Rádio Mundo Livre FM, bem estruturado, com um cast só de bandas independentes e boa abertura na mídia. Foi gravado um vídeo amador desse dia, que apesar de não ser oficial, transmite toda a energia deste momento do Hazy Hamlet. Quem quiser conferir, pode acessar nosso facebook oficial ou pesquisar no Youtube. 



7-Talvez poucos gêneros possibilitem tantas subdivisões, como o rock. Porém, por mais que se quantifiquem estas subdivisões, o olhar e interesse sobre o true metal e sobre o heavy metal clássico nunca deixaram de existir, pelo contrário, é sempre redescoberto pelas novas gerações. Como o Hazy Hamlet avalia este ciclo que sempre se renova no ponto de origem?
Hermano: Costumo dizer sempre, o que é bom jamais será esquecido. O Heavy Metal é pai de todos, seja True, Classic, Death, Thrash, Black, somos todos Metal, uma única família, um único sonho. Metal é uma filosofia análoga a vida, o corpo morre, mas a consciência se eterniza.

8-O blog ColoradoHeavyMetal agradece ao Hazy Hamlet pela entrevista, parabenizando a banda pela longevidade e manutenção de um ideal, e esperamos ansiosos pela concepção de novos materiais com a qualidade característica da banda. Deixamos este espaço para as considerações finais:
Hermano: Só temos a agradecer o blog Colorado Heavy Metal por esta oportunidade e a toda nação Metal por nos dar essa energia que nos mantém na ativa. O Hazy Hamlet só existe devido a essa grande família de aço espalhada por todo o mundo, em especial aos Hazybangers, irmãos fiéis de batalha, muito obrigado guerreiros. 2017 será um ano muito especial, de muitos desafios para o Hazy Hamlet, precisamos de toda energia e calor desta nobre família pois a forja jamais poderá esfriar, é no calor do fogo mais quente que se forja o aço mais forte! Vida longa ao Metal.

Por Marcão Azevedo

COLORADO HEAVY METAL - PEQUENAS AÇÕES QUE FAZEM A DIFERENÇA!

Curtam nossa page no FACEBOOK:

Desde 2013 produzindo matérias e entrevistas para grande rede.
Editor responsável - Vitor Carnelossi

domingo, 29 de janeiro de 2017

GEORGE FRIZZO – FÚRIA E PROFISSIONALISMO NO METAL CEARENSE

Nosso entrevistado desta edição é um baixista renomado na cena underground nordestina, especificamente na cearense, pois nem mesmo as particularidades geográficas que possam colocar o Nordeste brasileiro um pouco distante do chamado grande eixo dos shows nacionais impediram George Frizzo e os competentíssimos músicos que sempre o acompanharam de produzirem excelentes trabalhos no heavy metal brasileiro. Lembremos, então, do genial Insanity, banda que fez história tocando um thrash metal de altíssimo nível, e desde o final da década de 90 o brutal Siege Of Hate, uma pedrada sonora, também de altíssimo nível, que vem passo a passo consolidando seu espaço na elite do metal extremo nacional. George Frizzo atendeu ao ColoradoHeavyMetal de maneira muito solícita, e compartilha a partir de agora com você, que navega na page do nosso blog,  um pouco desta brilhante carreira e sobre a cena cearense e nordestina, como um todo:

1-George, o Insanity fez história com o estupendo Phobia, hoje item de colecionador, além de registros memoráveis como Cryogenisation e o Mind Crisis, um discaço muito bem aceito pela imprensa à época de seu lançamento, tendo uma faixa inclusive em um dos volumes da  coletânea Planet Metal. Como você avalia hoje estes trabalhos que marcaram época no heavy nacional e nos fizeram observar com mais cuidado e carinho o potencial das bandas nordestinas?
R: Puxa! Só nessa pergunta tem  quase 15 anos de dedicação ao metal. Se eu fosse resumir todo esse tempo  em que a Insanity existiu, em uma única palavra, seria “DEDICAÇÃO” O Insanity era uma banda batalhadora, insistente. A gente acreditava e gostava do que fazia. Era uma atitude verdadeira, honesta. O som que a gente fazia no  Insanity  era o tipo de som que a gente gostava de tocar e ouvir. Nossa música era um reflexo do que a gente curtia, das bandas que a gente ouvia.  Infelizmente, na época, tudo era muito precário. Era difícil conseguir instrumentos bons, fazer uma gravação boa. Aqui em Fortaleza o mercado musical era dominado pelo Forró, e por isso os estúdios de gravação se moldavam nesse estilo musical.  Quando a gente foi gravar, tudo era novidade, tanto pra gente quanto para o próprio estúdio. As únicas referências que o pessoal tinha eram as bandas mais clássicas de metal, Iron Maiden, Scorpions, Ozzy, e a gente queria algo no nível do Death, do Morbid Angel, do Slayer, do Kreator.  hehehe

2-O Insanity apresentou ao heavy nacional o Fabio Andrey, que tocou no The Mist e hoje mora na França. Quais lembranças você tem deste período?
R: Mesmo quando o Fábio saiu da banda, a gente continuou tudo amigo. Afinal ele estava saindo do Insanity pra tocar numa das maiores bandas nacionais, o The Mist, banda de um ex-Sepultura, que já tinha discos, e nós éramos (e ainda somos até hoje) todos fãs.  De certa forma ficamos orgulhosos dele ter ido pro The Mist.  Inicialmente a maior dificuldade do Insanity sem ele, foi conseguir um vocalista no nível do Fábio, que encarasse a banda como a gente encarava, com seriedade e compromisso. Na época a gente já tava preparando material pro segundo disco, o Mind Crisis, e quando ele saiu da banda foi de certa forma um baque. Ficamos um bom tempo pensando em colocar alguém em seu lugar, mas no fim das contas eu acabei assumindo a função dos vocais.  Uma pena eles nunca terem gravado nada com essa formação. Teria ficado animal um disco do The Mist com o Fábio nos vocais.


3- O Siege of Hate, sua atual banda, vem escrevendo uma discografia matadora com petardos que estão gradativamente colocando o S.O.H. no primeiro escalão do metal extremo brasileiro. Como se deu a formação e a proposta musical do Siege of Hate?
R: O SOH foi formado pelo Bruno em meados de 97/98 como um projeto paralelo dele com alguns amigos nossos, como o Amaudson e o Mano (na época ambos no Obskure) e o Neto (na época na banda LOW). A ideia era fazer um som mais cru e direcionado pro Hardcore/Punk, bem diferente do que o Insanity procurava fazer na época, um som mais lento e pesado com bastante influências de Death Metal Industrial e Doom Metal. Mas esse projeto nunca atrapalhou os trabalhos do Insanity , que na época já se preparava pra gravar o Mind Crisis. O tempo se passou, e alguns anos depois do Insanity lançar esse disco, a banda teve problema de formação e resolvemos encerrar as atividades.  Mas o SOH se manteve, e coincidiu de também estar precisando de um baixista quando.  Eles haviam gravado uma demo que teve uma excelente repercussão pelo cenário underground nacional e se preparavam pra gravar o primeiro disco quando  tiveram esse problema de formação e eu entrei pra banda. Isso , acho que foi em 2001 ou 2002. Em 2003 o SOH gravou o disco Subversive by Nature e a coisa foi acontecendo.   E lá se vão quase 20 anos.

4-Já se vão quase 20 anos com discos e shows de altíssimo nível com o Siege of Hate. Vocês vislumbravam tamanha longevidade em alto nível, complementando nossa pergunta anterior?
R: Não. Ninguém do SOH fica pensando nisso, de tocar por um determinado tempo e depois  acabar. Enquanto gostamos de fazer o que fazemos e conseguirmos empunhar nossos instrumentos, vamos seguindo em frente.   O SOH sempre seguiu no próprio ritmo. Cada um tem seu trabalho e seus projetos pessoais. Por isso as coisas com o SOH sempre foram  acontecendo de forma natural. Tudo é sempre pensando e planejado com antecedência. Discos, tour, shows, ensaio.

5- Bruno Gabai, Saulo Oliveira e você demonstram entrosamento e maturidade, colocando tais credenciais à serviço do hardcore/crossover/grind nacional, além da técnica apuradíssima na construção de uma verdadeira sonzeira que invade os ouvidos ao ouvir Siege of Hate. Vocês vivem hoje o melhor momento enquanto músicos?
R: Primeiramente obrigado pelo elogio, mas acho que o som do SOH está ainda bem longe dessas  “técnicas apuradíssimas” que você menciona. Hehehe Mas acho que sim. Acho que a gente está num momento muito bom.  Com certeza o tempo de estrada que o SOH tem,  deixou a banda  mais coesa e objetiva. Vamos aprendendo com os erros.  Amadurecendo as ideias. E assim as coisas vão fluindo da melhor forma.  Fazemos o que estamos afim,  o que gostamos, e acreditamos. Assim estamos sendo honestos com o nosso público, com os bangers que curtem o SOH.

6- O Siege of Hate já aportou em solo europeu. Como está hoje o contato e intercâmbio com o mercado internacional?
R: Hoje esses contatos são muito fáceis. Qualquer banda que tiver um mínimo de iniciativa e que não seja preguiçosa faz contatos pelo mundo afora. Hoje você consegue tudo pela internet. Troca material, vende discos, camisetas, marca tour, divulga. Pela internet você fala diretamente com seu público.  É um puta canal direto com essa galera nova que gosta de você. Muitos passaram a gostar da banda justamente porque viram algum vídeo seu no Youtube, ou ouviram alguma musica sua no Spotify ou Bandcamp,  e isso tudo na própria internet . O SOH esta em todas essas plataformas de streaming Spotify, Deezer, Google Play, Soundcloud, Bandcamp, etc. Além das redes sociais como Facebook e Tweeter. Isso é importante, com essas ferramentas você pode alcançar o mundo todo.  Fazer esse intercâmbio com as cenas de outros países.

7-Neste final de semana (04/12) o Siege of Hate tocou com o lendário MX, um ícone do heavy metal nacional. Qual a importância de dividir o palco com bandas consagradas do Brasil e da Europa, para o S.O.H. ?
R: Esse show com o MX foi muito legal. Não só por termos tocado com uma banda que era referência para nós a 20 anos atrás, que é o MX, mas por dividirmos o palco novamente com os velhos amigos do Nervochaos e com os novos amigos do Boargasm.  Esse show foi memorável.  Sobre a importância de se dividir o palco com bandas consagradas ou não. Pra gente é sempre um prazer tocar com outras bandas, independente se o show é ao lado do Extreme Noise Terror, Obituary ou MX, bandas grandes que somos muito fãs, ou com bandas menos conhecidas, que atuam em nossa cidade, bandas de amigos, mas que também somos fãs.   

8- O advento da internet foi suficiente para incluir o nordeste brasileiro de fato na rota dos grandes eventos de rock nacional ou apenas facilitou a comunicação? Como as bandas e os fãs nordestinos se localizam neste contexto?
R: Acho que ajudou de forma geral, tanto no aumento da comunicação entre bandas do nordeste com  bandas de outros lugares do pais e até de fora do Brasil. Como também facilitou muito o contato com produtores  e bandas de fora. Ajudando as bandas do nordeste a tocar fora, como também a trazer bandas de fora para tocar pelo nordeste. E até bandas do nordeste a circularem pela região, haja visto que o Nordeste é uma região enorme e cada estado tem sua cena com suas características e suas bandas representantes.  E tudo isso só colabora para o crescimento desse público, fã de metal. Independente da região, do estado ou pais em que ele esteja.

9- Quais os próximos capítulos a serem escritos pelo Siege of Hate no heavy metal nacional?
R: Já estamos em fase de composição do nosso quinto álbum. Além disso, estamos trabalhando em alguns projetos , que estão sendo encaminhados nesse exato momento. Um deles é o relançamento da nossa primeira demo, a “Return To Ahes”, que foi lançada 98 somente nos formatos em cassete e em CDr, e desde então tem sido muito procurada pelos fãs do SOH. Por isso iremos relança-la de forma apropriada, em CD formato Digipack, com um show completo e um ensaio como bônus, contendo um livreto com depoimentos de todos os membros que gravaram esse material, além de fotos inéditas e cartazes da época.  

10- Você considera que há uma renovação no metal nordestino, como um todo? O que ouviremos no futuro quando bandas como Siege of Hate, Headhunter DC, Obskure, Malefactor e outros saírem de cena?
R: Eu acredito que sim. Todo dia a gente vê uma banda nova surgindo, e algumas dessas são realmente boas. Então acredito que haja de verdade uma renovação no metal nordestino e nacional. O metal é um estilo que está sempre se renovando. Pegando coisas do passado e transformando em coisas novas.  Está sempre  apresentando boas bandas, bons discos, bons shows. Os bangers só precisam sair um pouco da “caixinha” de ficarem cultuando só as bandas antigas com o papo de que “o que era velho é que era bom”. Tem muita coisa boa por ai, a gente só precisa dar mais atenção a elas. 


11- George Frizzo, o blog ColoradoHeavyMetal agradece sua atenção e participação. Receba nossos parabéns por colocar peso na trilha sonora do nordeste brasileiro. Imaginamos que isto requeira muita garra e determinação. Seus trabalhos com Insanity e Siege of Hate são realmente dignos de citação. Deixamos este espaço para sua considerações finais.
R: Muito obrigado a você, Marco Aurélio, pelo espaço  e  em nome da banda SOH  agradeço pelo enorme apoio que a Colorado Heavy Metal dá ao Metal. E, pro pessoal que está lendo a gente, vá aos shows, e comprem material das bandas independentes. Valorizem o Metal Nacional Underground! Obrigado.

Por Marcão Azevedo

COLORADO HEAVY METAL - PEQUENAS AÇÕES QUE FAZEM A DIFERENÇA!

Curtam nossa page no FACEBOOK:

Desde 2013 produzindo matérias e entrevistas para grande rede.
Editor responsável - Vitor Carnelossi



quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

ENTREVISTA YURI FULONE

O YURI FULONE  é o nome  do tecladista paulista que vem compondo grandes canções do mais puro “Epic Heavy metal tradicional” com aqueles elementos que tanto gostamos. Curiosamente o líder é o “cara  dos teclados”, instrumento que as vezes é criticado no meio mais purista. Pois é, mais aqui o caso é interessante, em seu mais recente trabalho, a compilação “The Time of the Sword”, podemos ouvir um belo e equilibrado CD, muito bom de se ouvir e também de ser ter na coleção! A repostas do público mais “metal tradicional” tem sido ótima! Também acho altamente indicado para qualquer amante de música....Sobre o projeto que leva seu nome e de outras participações, abaixo vamos conhecer esse promissor músico que certamente em breve nos brindará com novas “empreitadas”. Confiram!

1 - Yuri, é um prazer tê-lo por aqui, começo nosso bate-papo lhe perguntando, como é estar à frente de um projeto onde você é responsável pelas composições e direcionamentos da sonoridade?
Esse projeto é algo que me satisfaz completamente por me dar a oportunidade de fazer tudo exatamente como eu gostaria, daria muito menos trabalho compor apenas a minha parte dentro de uma banda mas não era esse meu objetivo com este projeto.


2 –  O YURI FULONE  é “abraçado” pelos fãs de Metal Tradicional, isso deve ser muito gratificante pra você, visto que em muitos casos o teclado é criticado por seu uso.  Qual os parâmetros que você julga necessário para alcançar uma harmonia de peso e melodia em seus trabalhos?
Isso é verdade, o teclado é um instrumento meio excluído quando se fala em Heavy Metal tradicional, eu acredito que isso acontece pelo fato de que muitos tecladistas de metal são influenciados exclusivamente pelo metal melódico, por isso não existe uma interação maior entre tecladistas e as bandas de tradicional.



3 –  Você gravou o excelente álbum “Marching to The War” com a banda WARPRIDE, sem dúvidas um grande material, qual a diferença em desenvolver as composições em uma banda comparado a carreira solo?
Em uma banda você precisa saber vender a sua idéia, o que nem sempre funciona, isso acaba sendo uma grande complicação quando se trata de sua própria composição que é algo muito pessoal. Na época do Warpride geralmente eu trazia uma música quase pronta e com letra e trabalhávamos juntos nos ensaios, lapidando os detalhes, quando sai da banda foi bem trabalhoso prestar atenção em cada instrumento, por isso foi imprescindível  usar o computador pra gravar cada idéia sem que eu me esquecesse.




4 – Em seu primeiro EP  "when the sky meets the Earth" a sonoridade desenvolvida é base para os trabalhos posteriores.  Como você analisa o trabalho de estreia e os desafios para moldar suas influências no YURI FULONE?
Foi muito gratificante depois de tantos anos superando problemas conseguir gravar os primeiros EPs (que foram gravados quase que ao mesmo tempo) e finalmente poder escutá-los. Esse EP soa um pouco mais Power metal, provavelmente por causa dos vocais do Marcio Bárrios, e mesmo que a sonoridade dos trabalhos posteriores tenha mudado ainda é um CD que eu curto bastante.



5 – “The Blacksmith”, seu segundo EP mantem uma pegada tradicional com influencias épicas, quais as fontes literárias e bandas que inspiram YURI FULONE?
Cada faixa remete a uma história diferente, não houve um conceito para todas elas, apenas me baseei na temática fantástico/medieval que sempre estará presente na minha música. As influências são muitas, mas posso citar com toda certeza Manowar, Virgin Steele, Helloween, Rhapsody, Grave Digger, Grand Magus...


6 –  As artes que ilustram seus materiais são de extremo bom gosto e totalmente explicativo quanto a proposta da banda. Você já pensou alguma vez em lançar seu material em vinil, digo isso porque seria espetacular ver essas artes envolto de um belo encarte, ainda mais com a pegada “oitentista” do projeto!
Isso ainda é um sonho para mim! Até cheguei a fazer essas capas em tamanho de vinil pra mim, só pra ficar olhando pra elas! Talvez um dia isso se torne possível,  tudo vai depender de como as coisas aconteçam daqui pra frente.




7 – Na música “Warrior's Return”, temos a participação do grande vocalista Mario Pastore, como se deu essa grande presença vocal no YURI FULONE?
O Mario Pastore sempre foi um grande vocalista de metal, mas curiosamente eu o conheci cantando em festas tradicionais dos bairros de comunidade italiana de São Paulo, logo depois entrei em contato com ele convidando-o para o projeto e ele me pediu alguns áudios para saber se seria o tipo de som de interesse dele. Depois de escutar todas as músicas marcamos no estúdio do Rafael Agostino e gravamos tudo.



8 – Aproveitando a pergunta anterior, como funciona suas escolhas para os instrumentistas e vocalistas que lhe acompanham em estúdio?
Alguns eu já conhecia de longa data, outros fui conhecendo durante  as composições, claro que o talento é fundamental mas vale muito quando são pessoas descomplicadas, e essa tem sido a fórmula que viabilizou lançar vários trabalhos em pouco tempo.




9 –  Vocês chegam a ensaiar o material juntos ou cada músico recebe o material para ensaiar separadamente?
Cada um recebeu uma guia que eu gravo todos instrumentos e “canto”! apesar de cantar muito mal isso facilita bastante o processo, assim ninguém precisa vir aqui em casa, ou marcar um estúdio só pra entender as melodias e interpretações.



10 – Creio que o planejamento para um projeto nesta proposta deve ver bem arquitetado, como você se prepara para o estúdio nas gravações das músicas?
É um pouco complicado, algumas vezes eu mesmo preciso parar a gravação e escutar o que eu gravei nas guias pois são tantos instrumentos pra decorar que acaba dando um branco. O Pedro Esteves que produziu o último EP e agora esta produzindo o full sabe muito bem como é, eu esqueço completamente e as vezes tiro as notas durante as gravações!



11 – Como surgiu a ideia de se lançar “In the Steel Your Can Trust”, que é uma compilação de músicas anteriormente lançadas.
Eu entrei em contato com a Stormspell Records na intenção de lançar as 5 músicas do EP “In the Steel Your Can Trust” mas eles se interessaram pelos 2 trabalhos anteriores e acharam por melhor lançá-los juntos. Eles sabem que é mais difícil vender 5 músicas doque vender 16 músicas num CD, e pra mim isso foi bom porque foi uma grande vitrine do meu trabalho no exterior.


12 – Eu particularmente sou muito fã da música “The Time of the Sword”, acho ela poderosa e tem algo meio atmosférico nos teclados, muito legal!
Valeu! essa música é sem dúvida uma das minhas preferidas também e muitas pessoas descobriram o projeto através dela.



13 – Sei que é difícil, pois você é “pai” das canções, mais tem alguma faixa que você tenha um carinho especial?
Tenho algumas preferidas sim, entre elas a “the Time of the Sword” como já disse, a instrumental “Outlaws of Sherwood”, “when the Sky meets the Earth”, “the Blacksmith”, a introdução “the awakening of the King” e algumas que estamos gravando para o próximo disco.




14–  A Galera que lhe acompanha já está pedindo um Full Length, quais as próximas novidades que podemos esperar sobre o nome de YURI FULONE?
Muito em breve esse álbum estará pronto, já foi gravado todo instrumental, serão 11 faixas nos mesmos moldes das músicas já lançadas. Haverá também algumas novidades como a participação de Alex Navar tocando Gaita irlandesa, Nayara Camarozano cantando em uma das faixas, Pedro Esteves gravou todas as Guitarras, entre outras novidades.



15 – Conheci seu material através do projeto “Brothers of Sword”, o equilíbrio entre os integrantes gerou um material fantástico! Qual o sentimento sobre esta parceria?
Muito grato pelo convite do meu amigo mineiro Fabio Paulinelli do Grey Wolf, essa foi a prova de que músicos que fazem o verdadeiro heavy tradicional aceitaram incluir os teclados no CD, e o resultado me deu muito orgulho, gosto demais desse disco e posso adiantar que junto dessa galera já estamos trabalhando na parte II, mas ainda não posso dar muitos detalhes sobre isso!



16 – Todos músicos são amantes de música, principalmente nós fãs  de Heavy Metal, sabendo disso lhe pergunto, quais seus álbuns favoritos?
Posso responder essa pergunta com uma imagem?!



17 – Quais músicos, como instrumentista você admira? 
Alex Staropoli, Stephan Arnold, Tony Iommi , Brian May, Jon Oliva…


18 – Deixo o espaço aberto para alguma consideração, detalhe que eu não tenha dito... Agradeço imensamente sua participação, e recomendo que comprem seu material pois é muito bom!
Eu que agradeço o convite e gostaria de convidar aos fãs de metal que ainda não conhecem meu trabalho a curtirem a página do projeto no Facebook para as novidades que estão por vir em 2017.
Muito obrigado a todos!

PAGE OFICIAL:
https://www.facebook.com/yurifuloneband/

PERFIL PESSOAL:
https://www.facebook.com/yuri.fulone?fref=ts


CONFIRAM TAMBÉM:
http://coloradoheavymetal.blogspot.com.br/2016/07/in-steel-you-can-trust-yuri-fuloni.html



Por Vitor Carnelossi

COLORADO HEAVY METAL - PEQUENAS AÇÕES QUE FAZEM A DIFERENÇA!

Curtam nossa page no FACEBOOK:

Desde 2013 produzindo matérias e entrevistas para grande rede.
Editor responsável - Vitor Carnelossi

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

ENTREVISTA ROBERTO REZENDE

Músico e Professor, Bacharel em Violão pela UEM , Especializado em Arranjo Musical pela UEL, Roberto Rezende é um guitarrista atuante de Maringá –PR. Além de seus conhecimentos profissionais Roberto também conhece profundamente o underground e suas dificuldades. Contando com sua experiência e visão  a frente do ESPAÇO MUSICAL ROBERTO REZENDE ,fizemos uma entrevista bem legal abordando alguns tópicos referentes aos dia-dia do músico esperando dar uma “luz” em questões bastante comuns para quem faz parte desse universo.... E é claro que não poderiam  alguns temas de cunho pessoal que a galera que frequenta o BLOG tanto gosta! Confiram navegantes perdidos!

1 -  Roberto, primeiramente é um prazer tê-lo por aqui para trocar uma ideia sobre música! Você além de músico e professor também presta consultoria. A Classe dos músicos, em termos regionais sabe valorizar seu trabalho?
O prazer é todo meu, é uma honra mais uma vez poder falar através deste veiculo de comunicação que valoriza não só a ideologia underground mais também todo o que envolve ela.  Eu acredito que os músicos de verdade se valorizam sim, a galera que vive realmente disso, porém anda meio difícil de manter uma postura, principalmente quando o assunto é rock; Não sei como é em outras localidades, mas em nossa região existe um número imenso de bandas que preferem não se intitular músicos profissionais e acabam trabalhando praticamente de graça e dificultam o trabalho daqueles que vivem para a música.

2 -  Como estipular o preço para uma apresentação, quais os fatores que agregam valor para o cachê de um músico/banda?
                Legal essa pergunta. Durante muito tempo eu fiquei os bastidores deste tipo de função e negociação em uma banda, mas nos últimos anos tenho entrado neste meio de cabeça. Estipular um preço é algo complicado, são vários fatores para analisar, dentre os custos por exemplo; O músico tem que calcular o custo pré show (Ensaios, Estudos, Deslocamento) , Custo do Show (Equipamento disponibilizado, Tempo de show, Equipe) e o Custo pós- show (Alimentação e outras despesas que possam surgir decorrentes do show).  Tudo isso deve ser colocado na balança e contra – posto com o tamanho da casa ou evento que você está fazendo contato, visibilidade da sua banda, viabilidade. As vezes o tamanho da casa ou evento não possibilita que você cobre um cachê de um valor razoável, mas os lucros não financeiros são compensatórios  (Visibilidade, Contatos Musicais , Contato com o publico). Então quando eu vou fechar um show pra mim ou pra minha banda eu sempre penso em todos esses fatores

3 – Musicalmente falando, nem sempre quem toca melhor é o mais reconhecido monetariamente... sabendo disso, o que pesa sobre os músicos que levam sua técnica e conhecimento musical ao extremo?
                Ser reconhecido monetariamente envolve mais do que tocar bem. O músico que deseja  ganhar bem pra tocar tem que desenvolver algumas funções que estão além do instrumento.  Atualmente o músico tem que dominar Relações Comerciais , Marketing, Edição de Imagem, Áudio e Vídeo afim de mostrar seu profissionalismo e sua arte. Ou seja, o músico deve ser mais que instrumentista deve ser um artista e seu empresário. Então ficar apenas trancado em um quarto estudando , garante que você seja um grande instrumentista, mais fazer isso dar dinheiro vai depender de como você se porta em relação a isso.
               
4 – Quando um aluno chega no ESPAÇO MUSICAL ROBERTO REZENDE quais são as primeiras músicas a serem abordadas para o estudo da guitarra?
                Geralmente eu tento voltar o estudo do aluno para o universo que ele vive, para as coisas que ele escuta e aos poucos ir inserindo outros universos para ele, mas geralmente as primeiras músicas envolvem conceitos como postura de mão direita e esquerda,  Acordes maiores e menores e e técnicas como Palhetada Alternada, então eu sempre abordo coisas do Pop Rock Nacional e Internacional  e Riffs de bandas de Rock Clássico.

5 – É muito comum os leigos perguntarem qual a diferença entre tocar a guitarra e violão, nos responda essa pergunta kkkkkkkkkk
                Normal e cotidiano, rsrsrsrs.  A diferença está na pegada do instrumento, na forma de produção do som. É muito mais difícil tirar som no inicio do estudo em um violão do que em uma guitarra. Então fora algumas diferenças da construção e da produção sonora de cada um (Acústica e Elétrica, tamanho de braço, pegada) a postura e a técnica  são bem peculiares em cada um deles.

6 -  É mais desafiador ensinar alguém sem experiência alguma na música, ou tirar vícios de que aprendeu a tocar de maneira “errada”...
                É mais desafiador ensinar quem já aprendeu e adquiriu vícios, uma vez que a pessoa tem pra ela que já sabe muito e só precisa “aperfeiçoar”, é muito difícil convencê-la de que ela precisa dar alguns passos para trás.  Então esse tipo de abordagem exigem uma metodologia com mais exemplos a fim de mostrar para o aluno que muitas das dificuldades dele estão nas etapas que ele pulou ou nos vícios adquiridos.

7 -  Em quanto tempo é possível passar conceitos básicos da guitarra para um iniciante?
                 Isso varia de aluno pra aluno, uma vez que boa parte do aprendizado você desenvolve estudando em casa, se dedicando diariamente. Mais em geral o conhecimento básico inicial cerca de 6 meses à 1 ano.

8 – Assim como eu, muitos amigos músicos são “altodidata” e possuem conhecimento quase “zero” na parte teórica. Há maneiras de desenvolver a teoria sem voltar ao início do aprendizado, ou estamos condenados ao “prézinho” dos guitarristas kkkkkkkk
                Sim, com certeza. Basta mostrar para o aluno que a teoria é a base para tudo que ele já sabe fazer.  Ao invés de tirar a guitarra e pegar o caderno, eu tento mostrar na guitarra o que a pode ajudar e facilitar na sua prática.

9 – O desenvolvimento de um guitarrista segue muitos caminhos diferentes, faço uma pergunta complexa sendo você um professor de música, é possível alcançar notoriedade sem estudar escalas e técnicas a fundo?
                Inúmeros  músicos são mestres em seus instrumentos e não sabem escrever uma nota. A música é uma arte, não existe uma forma padrão de se fazer arte, não existe um caminho básico, a teoria e a técnica facilitam muita coisa, pra todas as pessoas que se propõe a estudar música, porém não conhecê-las de maneira alguma impede que a pessoa faça música de qualidade.  Como guitarrista eu acho a técnica do Chuck Schuldiner muito feia perto de outros guitarristas, porém a sua arte se sobrepõe a tudo isso, colocando a música em primeiro plano.

10-  Pra você, quais são os grandes músicos do Brasil no momento em seus respectivos instrumentos?
                Na guitarra eu sou fã de vários músicos brasileiros,  Kiko Loureiro, Ardanuy, André Nieri, Mateus Assato, Antonio Araujo, Nelson Faria. No violão, Yamandu Costa, Marco Pereira , Fábio Zanon. No bandolin Hamilton de Holanda,  na bateria Eloy Casagrande. Putz, tem mais uma galera que eu curto muito mas essa lista vai ficar gigante, rsrsrs.

11 – Eduardo Ardanuy ou Kiko Loureiro?
                Ardanuy

12 – Puder ver no face que ESPAÇO MUSICAL ROBERTO REZENDE através de você promove recitais, inclusive em escolas! É muito legal aproximar a música das pessoas, em especial das crianças não é mesmo?
                Faz parte do meu objetivo a frente do Espaço realizar esses eventos. Eu acho que a comunidade em geral é carente de boa música e boa parte da culpa disso são dos próprios músicos e pessoas ligadas a música. E algo meio elitista, tipo como se as pessoas fizessem parte de um mundinho e não quisessem abrir a porta dele pra ninguém, eu vi muito isso na Música Erudita. As pessoas consomem o que elas conhecem, as pessoas comem mal porque é o que lhes é oferecido. Ninguém comeria músculo se a picanha fosse o mesmo preço, ou pelo menos um pouco mais acessível, com a música é a mesma coisa, pelo menos pra mim.
                Então é muito gratificante aproximar as pessoas e ver que elas se encontram em universos totalmente diferente do que lhes são propostos.

13– Gostaria que você nos falasse sua formação musical, e em qual momento decidiu fazer isso sua profissão!
                Eu comecei a estudar violão aos 11 anos de idade em um projeto do colégio que eu estudava.  Para minha sorte meu primeiro professor foi o grande músico e amigo Laércio Pinheiro (Lord Holder). Depois me enveredei na guitarra sozinho mesmo e comecei tocar em bandas de rock alternativo. Aos 16 anos voltei a estudar violão , desta vez violão clássico, novamente com o Laercio. Aos 18 ele me convidou a assumir suas aulas em um projeto de oficinas culturais onde ele seria o  meu chefe. Desse momento em diante resolvi levar a música como minha profissão. Então comecei a cursar Curso básico e técnico na Escola de Música da UEM, me graduei Bacharel em Violão pela mesma universidade e depois cursei Pós – Graduação em Arranjo musical pela UEL. Em meio a tudo isso toquei em várias bandas de Baile, Dupla sertaneja, Banda de Casamento, Awake, Hyncypyt, Cazuza Cover, Legião Cover e por ai vai. 14 - É possível ser profissional, mesmo tocando música underground?
                É possível por parte do músico,  mais ainda é  difícil  por parte do underground. O público e até os próprios músicos “não profissionais” ainda  tem dificuldades de aceitar que você seja profissional e o que essa decisão acarreta.  Acredito que aqui no Brasil ainda é muito misturado o lance do Estilo de vida com a Profissão Músico. Se um cara trabalha em um escritório corta o cabelo e vai de camisa branca todos os dias ao trabalho  e  no fim de semana ele vai curtir um show, tudo bem, ele é um “guerreiro”. Se o músico se veste da mesma forma e toca em uma dupla sertaneja, ai ele já é traidor, falso. Então essa relação ainda é muito complicada.

15 – A questão dos “promotores de eventos fuleiros” e “bandas desesperadas para tocar” ainda enfraquece muito o underground, é possível se “salvar” desse tipo de problema tocando música pesada?
                É possível. Basta as bandas se unirem e assumirem uma postura profissional, exigir equipamentos de qualidade, cachê e tudo que um músico profissional tem direito, mas ai entra um problema muito grande, a política e ideologia Underground, onde as bandas não se unem por problemas ideológicos, panelinhas e entre outros fatores. Dessa forma os espaços para tocar e o público diminuem, as bandas aumentam e o espaço para a fuleiragem fica aberto.

16 - Como uma banda autoral deve se organizar para uma gravação em estúdio?
                Quando gravamos “Desespero” com o Hyncypyt, eu percebi o que era a pré-produção.  Ensaiávamos e compúnhamos sem nos preocupar com o que seria possível gravar e daí durante a gravação tivemos alguns contra-tempos que atrapalharam um pouco o rendimento do trabalho.  Então acredito que toda banda deve antes de entrar em estúdio ter a composição e o arranjo da música bem formatado, de preferência transcrito. Ensaiar tanto individualmente quanto coletivamente utilizando o metrônomo , definir o timbre e equipamentos que pretende usar na gravação  e acima de tudo respeitar as capacidade técnicas de cada músico, gravando aquilo que sabe tocar. Acho importante procurar um profissional para ter uma outra visão do trabalho pessoal.

17 – O Abismo entre a música comercial e underground é quase intransponível. É interessante ver que as bases musicais também foram segmentadas ao underground no Brasil:  Jazz, Blues, Country, R&B, tudo isso é estranho as grandes massas... Como você analisa o atual momento musical do Brasil?
                E interessante essa analise, pois antigamente achávamos que apenas o Rock estava nessa base da pirâmide, mas hoje vemos inúmeros estilos musicais neste nicho.  Eu acho que ser underground não é um problema, acho até que existe graças ao advento da tecnologia uma facilidade de alcançar pessoas que se interessam a esse tipo de musica não comercial.  O que a galera tem que entender e que não ser comercial,  não quer dizer que é ruim, que é de graça, que não é profissional.  Vejo nos estilos citados por você que muitos deles mesmo sendo do submundo musical produzem material  e eventos de qualidade, utilizam as mídias digitais com inteligência e tem uma postura profissional, transformando seu trabalho em arte e não em mero produto visando o grande público , acho que essa visão ainda falta ao Rock.
Em geral acho que o momento musical é bom, possibilitando visibilidade para qualquer um dos lados citados e que muitas vezes essa barreira instransponível é algo que deve permanecer assim , separando o entretenimento da arte. O que não quer dizer que não se deva divulgar o Underground visando a sua expansão de forma qualitativa.

18 – Em quais o projetos/bandas você está no momento?
                Atualmente faço freelancers e toco com a banda Válvula XXI (Hard Rock Cover) e me dedico as aulas no Espaço Musical

19 – Indique algum(s) disco que você considere fenomenal na guitarra!
                Acho Simbolic do Death uma obra Prima, Bases Lindas , Solos Melódico e virtuosidade na medida certa. É meu disco favorito

20– Agradecemos imensamente sua participação no blog COLORADO HEAVY METAL, deixo espaço aberto para suas considerações finais!
                Eu que agradeço  o espaço e a oportunidade de falar e mostrar as minhas idéias sobre esse mundo que eu respiro todos os dias.
                Quero parabenizá-los pelo blog e dizer que acho muito interessantes este tipo de trabalho que foge um pouco das bandas e mostra um pouco do músicos por trás delas.

                Muito obrigado e até a próxima!


Por Vitor Carnelossi

COLORADO HEAVY METAL - PEQUENAS AÇÕES QUE FAZEM A DIFERENÇA!

Curtam nossa page no FACEBOOK:

Desde 2013 produzindo matérias e entrevistas para grande rede.
Editor responsável - Vitor Carnelossi

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

VLADIMIR KORG – A LENDA ATEMPORAL

Poucos artistas atingem o conceito da unanimidade. Vladimir Korg é um deles. Genialidade singular, que leva em cada banda ou projeto que participa a visceralidade que o eleva ao patamar de um dos grandes nomes da cena underground brasileira. Estupendo vocalista. Lestrista magistral. Mestre das letras e poesias metafóricas. Vladimir Korg conquistou uma legião de fãs Brasil afora ao participar das formações matadoras do The Mist e do Chakal, onde seu vocal único comandava locomotivas thrashs produzindo discografias em ambas as bandas até hoje cultuadas por quem curte o heavy metal de primeiríssima qualidade. Vladimir Korg atendeu ao ColoradoHeavyMetal de maneira muito cordial, e conversou conosco sobre suas ex-bandas e sobre sua nova empreitada ao lado de músicos consagrados, como Paulo Jr, do Sepultura, que formam o The Unabomber Files. A partir de agora você que navega nas páginas do ColoradoHeavyMetal curte esta super entrevista com o Mestre do underground brasileiro:


-Korg, na discografia do The Mist, há quem considere inacabada a trilogia que iniciou-se com o disco Phantasmagoria e teve o segundo ato com o extraordinário The Hangman Tree, uma verdadeira obra-prima do rock nacional. Você acredita que haja a possibilidade de um ´´reunion´´ para concluir este capítulo fabuloso do heavy nacional?
Acredito que não tem nada inacabado. A última música é pontual: Leave me alone. Havia uma possibilidade de uma trilogia. Haveria uma passagem, por eu perceber mesmo que a banda estava passando por uma transformação musical, decidimos fazer um EP, o Ashes to Ashes, mas acabei não participando do trabalho e ficou uma conversa de uma trilogia. Mas terminei o que me propus a fazer. Não foi uma época muito boa para mim e decidi escrever sobre isso e sangrar isso em versos. Não acredito que eu estava na minha melhor fase vocal, mas estava em uma fase muito interessante para o desabafo. Uma reunião é cada vez mais improvável. Não me colocaria na frente de um projeto se ele não fosse um projeto verdadeiro. Com pessoas que sangrassem por esse projeto. Uma banda de fim de semana não me interessa. Não é justo com o nome do The Mist e com os admiradores desse trabalho. Tive a oportunidade de ver esses admiradores enquanto estava na estrada com o Chakal. Não é justo com eles que eu não seja verdadeiro enquanto eu estiver cantando temas como Scarecrow ou Like a bad song.

-Os fãs do The Mist sempre referem-se à banda de uma forma muito carinhosa e saudosista. Como ex-integrante, você acreditaria que há uma sensação de orfandade e ansiedade em torno do nome The Mist, pelo que representou?
Como disse anteriormente, eu sinto isso. Orfandade é um termo meio dramático. Acredito que o The Mist fez grandes shows e muitas pessoas não viram a tour do Hangman Tree. Ela foi muito bem cuidada. Hoje não sei como seria. Os admiradores do The Mist sempre foram muito carinhosos. Eles sabiam o que a gente estava falando e por isso acho que tinha uma cumplicidade maior. Eles são diferentes dos admiradores do meu trabalho com o Chakal, que são mais viscerais. É claro que essa distinção é bobagem pois todos sempre foram calorosos e tenho sorte de ter sempre respaldo de produtores, críticos e público. Isto é muito importante para mim.

-Suas letras carregam uma carga de densidade e linguagem metafórica muito fortes, de altíssimo nível, por sinal. Quais suas inspirações e influências?
Muito obrigado. Eu trabalho muito nisso. As coisas mudaram. Você tem que ser um pouco mais sofisticado para escrever. Não dá para escrever letras como Children Sacrifice, pois são narrativas muito datadas. Eu estava começando a compor e criar texturas vocais. No Chakal escrevi The island of the dead, para o Destroy!Destroy!Destroy!, falo basicamente as mesmas coisas que falo na Children Sacrifice mas com um outro direcionamento. Estou falando sobre uma pintura homônima do pintor suíço Arnold Bocklin. Uma pintura muito especial.Essa pintura  tem citações recorrentes em várias linguagens artísticas e tem uma aura de mistério sobre a sua criação e muitos artistas a usaram como elemento lírico para suas obras. Aqui no Brasil, a escritora Lya Luft a citou em seu livro  O quarto fechado . Como há várias referências musicais para essa pintura, pensei em fazer uma versão metal e que a letra se aproximasse do Black Metal. Já no The Mist as letras estão interligadas. Muitas delas estão se conectando a outros trabalhos também. O que mais me dá arrepios é sobre a interpretação que as pessoas dão para as letras e as conexões com o trabalho gráfico. Eles criam histórias e como eu estava escrevendo sobre mim, eu fico aterrorizado com as interpretações que elas dão. Para escrever, você necessariamente tem que ser um leitor e mesmo assim, muitas vezes você pode não ser um bom escritor. Eu leio, não tanto quanto eu deveria e nem as coisas que eu gostaria de ler, mas leio. Ler certas coisas dói. Quando estava me graduando em Filosofia, Hegel era o cara que me fazia sangrar pelos ouvidos. Agora conseguir escrever poemas para atingir outras pessoas é uma outra história. A primeira coisa é você ter uma carga dramática que seja suficiente para que o ouvinte fique instigado a saber o que você está querendo dizer. Para realmente entrar na sua história. Muitas bandas não se preocupam com isso, acham que isso é secundário. Muitas vezes conseguem fazer um ótimo som, mas sucumbem em um vocal sem expressão ou letras pouco inspiradas. Um vocal ruim e sem expressão é desastroso para qualquer trabalho.

-Os fãs do Chakal foram agraciados com seu retorno, anos após o histórico Abominable Anno Domini, e lançamentos  avassaladores desde então, dando a nítida impressão de que o tempo foi generoso com a banda, propiciando um reencontro extraordinário. Compartilhe com nossos(as) leitores(as) como é escrever mais estes capítulos valiosos no thrash metal nacional:
Foi muito interessante. Eles são muito ligados no heavy metal tradicional. Eu me considero um cantor de Death Metal. Acredito que a minha textura vocal se aproxima mais desse estilo. Ainda não consegui fazer um trabalho nessa vertente. Essa união do heavy/thrash metal do Chakal e minha voz conseguem sempre um bom resultado final. Tenho liberdade para criar minhas letras e o meu caminho vocal trabalhando com eles e por isso consigo me sentir mais em casa. Acredito que o Destroy foi o melhor álbum que eu fiz no Chakal. O Abominable, é claro, foi o primeiro e tem aquele carinho especial, mas o Destroy consegui escrever o que eu realmente queria escrever sobre os monstros que eu sempre gostei de ver nos cinemas ou ler a respeito deles. Acho um álbum de heavy metal legítimo, com pedigree.

-Você lançou projetos bem diferentes de sua musicalidade mais conhecida, porém de bastante qualidade. Talvez incompreendidos à época, hoje são itens de colecionadores (referimo-nos ao The Junkie Jesus Freud Project, com uma musicalidade mais psicodélica, e NUT, este com um som mais direto).  Seus fãs estavam preparados para estas facetas, visto sua forte imagem do Korg do The Mist e Chakal? Como você avalia hoje estes projetos, décadas depois?
Consegui minha liberdade como compositor e com os que acompanham meu trabalho. Quando você caminha por outras trilhas e explicita isso para todos, você está dizendo que é livre para fazer o que quiser. Isto é a arte ! Foi uma época magnífica para mim. Estava realmente saindo de uma fase negra que eu passei com o The Mist. Uma fase difícil comigo mesmo. Esses trabalhos foram bem interessantes porque estava cercado por amigos que estavam mais ou menos na mesma frequência. Eu estava fazendo imersões intensas com o uso de ayahuasca. Foi uma época inesquecível e tive muito apoio da Cogumelo que bancou os projetos sem questionar.

-The unabomber Files tem uma sonoridade atual, energética e matadora. Como se deu esta reunião com músicos consagrados de outras bandas nacionais?
Eu sempre fui muito inquieto e meu timing é muito diferente do Chakal, a banda que eu estava tocando na época. Tinha muita curiosidade em tocar com o Alan Wallace por causa da sua palhetada precisa - meio Anthrax - e como eu o conhecia e sabia das suas influências, fiquei entusiasmado em fazer um trabalho com ele. Eu o convidei, ele trouxe o André do Eminence e chamou o Paulo do Sepultura. Ele fez alguns riffs e vi que era aquilo mesmo. Base na cara, vocal cuspindo como uma metralhadora e rapidez. Acertei em cheio.

-A julgar pela excelente receptividade ao The Unabomber Files, há previsão de um trabalho contínuo, até  com tours ou somente registros pontuais?
Estamos acabando nosso segundo trabalho “The enemy of my enemy is my bestfriend”, serão mais cinco músicas. Temos convites para tocarmos e estamos tentados a aceita-los, mas como o Paulo estará em tour, pode ser que usemos outro baixista. Queremos convidar alguém de outras bandas, que sejam amigos, é claro. Seria interessante uma interação diferente com outros músicos.
-Quais os atuais e futuros projetos do Vladimir Korg? Com tamanho talento lírico, você já publicou ou pensa  em algum projeto literário?
Uma vez um crítico aqui de Minas Gerais disse que eu não faço álbuns, eu escrevo livros. Achei interessante essa abordagem e fiquei entusiasmado com isso porque indica que você está na margem entre literatura e música. Tenho algumas ideias para escrever sim, mas antes tenho que aprender a usar as vírgulas.

-Vladimir Korg, receba do ColoradoHeavyMetal um sincero muito obrigado por nos atender com tamanha generosidade, e tenha certeza que  seu legado no heavy metal nacional está escrito nos capítulos de maior destaque. Você é realmente um talento diferenciado, e é uma honra para nosso blog poder compartilhar sua trajetória com seus fãs e com quem  conhecerá a partir de agora. Deixamos este espaço para suas considerações finais:
Eu sou sempre agradecido pela generosidade com que todos recebem os trabalhos que eu faço. Sou um cara de muita sorte. Muito obrigado e espero vê-los por aí.

Por Marcão Azevedo

COLORADO HEAVY METAL - PEQUENAS AÇÕES QUE FAZEM A DIFERENÇA!

Curtam nossa page no FACEBOOK:

Desde 2013 produzindo matérias e entrevistas para grande rede.
Editor responsável - Vitor Carnelossi