Divulgando seu segundo trabalho de estúdio, “Blatta”, o Muqueta na Oreia é uma banda peculiar, os caras realmente confirmam seu talento e criatividade no sucessor do também excelente “Lobisomem em lua cheia”, com letras ácidas e cheias de humor negro, os caras falaram com o Colorado Heavy Metal Blog e contaram um pouco mais sobre a banda e seus projetos! Confiram a seguir!!!
Fala galera, muito obrigado por nos conceder um pouco de seu tempo pra essa entrevista, pra começar vocês poderiam nos contar como vão as coisas em relação à receptividade ao seu segundo disco, “Blatta”?
Cris:Nós que agradecemos pelo espaço e apoio. A receptividade tem sido ótima, até agora todas as resenhas foram muito positivas e a galera têm pirado ao vivo.
Ouço bastante o som de vocês, acho realmente muito bom, e senti certo amadurecimento neste segundo registro em relação ao “Lobisomem em lua cheia”, quais aspetos a banda ressaltaria no que tange as diferenças musicais entre os dois álbuns?
Ramires:Amadurecemos muito desde a gravação de “Lobisomem em Lua Cheia”. Fizemos uma seqüência grande de shows promovendo nosso primeiro álbum, viajamos bastante, aprendemos muito com as novas experiências, trabalhamos duro e abrimos muitas portas, mas também entramos em várias furadas. Tudo isso nos fez crescer, inclusive musicalmente, e isso se reflete no novo álbum. “Blatta” traz arranjos mais técnicos e elaborados, com timbres melhores e letras mais consistentes.
As letras do Muqueta são sempre carregadas de certo humor negro, encaixado na medida certa pra somar ao peso do instrumental, que tipo de inspirações vocês se utilizam na hora de compor suas músicas?
Bruno:A parte instrumental sempre vem primeiro, depois elaboramos as melodias e só então compomos as letras. Digamos que são feitas sob medida para cada música. Depende do clima e da intenção dos arranjos, a gente sente o que aquela música quer dizer e escreve sobre isso. E a inspiração vem da própria vida, do que lemos, assistimos, vivenciamos tudo o que está ao nosso redor e também dentro de nós.
Por falar em inspirações, quais são as referências musicais da banda, quem os influencia ou influenciou?
Henry:A lista é extensa. Gostamos de coisas diferentes, e acreditamos que grande parte da sonoridade do Muqueta Na Oreia se deva a isso. Resumindo muito a questão, o ponto em comum entre os quatro é o rock pesado, o Metal, ou seja, lá qual denominação queira dar, principalmente Sepultura, Pantera e Metallica.
Praticar um som extremo cantado em português é sempre um desafio, por inúmeras questões, vocês acham mais difícil cantar na língua pátria? Desde o inicio vocês optaram por usar o português nas letras?
Ramires:Sempre. Essa é nossa língua, nossa terra e cantamos para nosso povo. A galera tem reconhecido isso, têm se identificado não só com o Muqueta Na Oreia, mas com uma porção de bandas brasileiras excelentes. Nada contra cantar em outra língua, aliás, muitas de nossas bandas favoritas cantam em inglês, mas sinto que os roqueiros do Brasil tem se voltado mais para o que é produzido aqui, o que é nosso. É uma questão cultural mesmo, de busca de identidade.
Uma pergunta que já devem ter feito a vocês, mas gostaria de sanar uma dúvida pessoal, como foi escolhido o nome da banda? Admito que me causou certo estranhamento quando ouvi o nome da banda pela primeira vez, mas após ouvir o som, achei que combina perfeitamente com a proposta.
Ramires:Quando eu era moleque um amigo gravou uma fita K7 só com bandas pesadas e na etiqueta ele nomeou sua compilação de Muqueta Na Oreia, e não por acaso ela acabou sendo a minha fita favorita. É um nome que não passa despercebido e sempre causa alguma reação, a maioria positiva, algumas nem tanto, mas ele define exatamente nosso som, pesado e sarcástico.
Vocês vêem a internet como uma inimiga ou uma aliada das bandas underground? De que forma a divulgação virtual impacta no alcance que a banda pode ter?
Ramires:Com certeza é uma grande aliada. É uma das ferramentas mais importantes de uma banda, principalmente as do underground. Por exemplo, o videoclipe de “Muqueta News” tem mais de 60.000 visualizações, alcançar essa marca somente com distribuição física seria muito complicado nos dias atuais. Acredito que seja fundamental para um artista se expressar e se comunicar e a internet possibilita a qualquer um apresentar seu trabalho para o mundo.
Que dificuldades vocês destacariam no sentido de produzir, gravar e prensar um material de qualidade?
Ramires:Para produzir com qualidade é preciso muita dedicação, estudos, testes, e muito bom senso. Mas a principal dificuldade é a financeira. Levou muitos anos para conquistarmos nosso estúdio e nossos equipamentos. Outro exemplo é o encarte do “Blatta” com tamanho de pôster e detalhes dourados, isso pesa no preço da prensagem do CD. Mas não abrimos mão de oferecer o melhor que podemos.
A falta de espaços e de profissionalismo no underground brasileiro ainda é um problema, vocês acham que isso acaba por se tornar uma barreira que acaba impedindo o crescimento das bandas nacionais?
Bruno:Com certeza. Uma banda que queira levar seu trabalho a sério tem que matar um leão por dia. A questão aqui em São Paulo é complicada, as bandas cover, ou tributo, como queira, têm tomado muito o espaço das bandas autorais. No interior a cena está fortalecida, mas existe a dificuldade financeira dos produtores levarem bandas de outras regiões. É desproporcional o retorno que uma banda tem pelo dinheiro investido. E muitos ainda querem que as bandas toquem de graça, como micos de circo, para entreter o público das casas. De qualquer maneira é muito importante tocar o máximo possível para divulgar seu som, e é aí que ficamos numa sinuca de bico.
Voltando ao “Blatta”, gostaria de elogiar dois sons que já são os meus preferidos do CD, uma delas é “Exu caveira”, apesar de ser super pesada eu saí cantando o refrão dela na primeira vez que ouvi, achei a melodia super bem sacada e a outra é “Hardware, Software e Tupperware”, que tem uma letra impagável, vocês tem eleitas suas músicas preferidas do disco?
Henry: Gostamos de todas, são como nossas filhas, nós as parimos (rs).
Na minha ótica o “Lobisomem em lua cheia” foi muito bem sucedido, com clipes lançados e matérias elogiando o disco em vários veículos reconhecidos do meio underground, como a banda enxerga esse reconhecimento? Vocês obtiveram os resultados que esperavam?
Henry: Véio... acho que fomos além do que esperávamos. Apesar de termos tocado em outras bandas anteriormente, começamos o Muqueta Na Oreia sem conhecer ninguém do ramo, só músicos amigos mesmo, mas não tínhamos contato com casas de shows, produtores, revistas, rádios, TV, nada disso. Fomos batendo de porta em porta e muitas se abriram. Somos muito gratos a pessoas como você que nos dão força nessa caminhada. É muito gratificante estar na programação das rádios, às vezes entre as mais pedidas, junto com Black Sabbath, Iron Maiden, e outros gigantes. Ver o videoclipe na TV. Ler uma resenha positiva. É de arrepiar.
Como já é tradicional em todas as entrevistas do blog, vamos plagiar a Roadie Crew, gostaria que a banda listasse o seu top Five por aqui, os seus discos preferidos!
Sepultura – Chaos A.D.
Metallica – Metallica (Black Album)
Pantera – Far Beyond Driven
Titãs – Titanomaquia
Faith No More – King for a day, fool for a life time.
Pra finalizar, deixo esse espaço para as considerações finais da banda, e pedir que mandem um alô pra galera de Colorado que curte o som de vocês, e agradecer novamente a atenção! Valeu!
Muito obrigado a todos os roqueiros de Colorado, queremos tocar por aí em breve. Vamos trocar umas idéias, escrevam para nós: muquetanaoreia@muquetanaoreia.com
Valeeu!
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