terça-feira, 19 de abril de 2016

ENTREVISTA TOLERÂNCIA ZERO

Esse é mais um daqueles trampos que deu prazer em fazer, Tolerância Zero é uma daquelas bandas que ouço desde moleque e estar hoje aqui postando uma entrevista com os caras conduzida por mim é uma enorme satisfação, pra quem não conhece o som, a descrição é simples, peso e violência descontrolados, letras contundentes e pra alguns até ofensivas e aquela aura de som de rua, de quebrada que são cortesias da influência do rap que os caras incorporam a todo caos sonoro que produzem, retornando de um longo hiato e prestes a lançar seu primeiro disco de inéditas desde “Ninguém Presta” em 2000, esse malucos de Indaiatuba-SP ainda tem muita lenha pra queimar e o que eles nos reservam vocês podem conferir a seguir!


Fala galera, antes de tudo o nosso muito obrigado pela atenção, vamos primeiramente tratar do atual momento da banda, vocês lançaram um single recentemente, da faixa “Tudo Loco”, e garantiram novidades para breve, as músicas que estarão presentes no próximo trampo de inéditas devem seguir essa linha de sonoridade?
Fala brother, a gente é que a agradece a oportunidade de poder divulgar o Tzero e falar com a galera que curte a banda. Cara, nós temos várias músicas prontas pra gravar e serão lançadas ainda no segundo semestre. Vai ter trampo novo, um EP pra começar. Quanto ao direcionamento, estamos produzindo no mesmo estúdio e com mesmo produtor do single ‘Tudo Loco’, mas os sons são diferentes entre si. Tem coisa na linha deste single, mais pesado e groove, e tem porrada descontrolada também, no melhor estilo Tolerância Zero.

Há reportagens na internet sobre um segundo disco do Tolerância Zero que tinha o título provisório de “Diversão garantida no país da sacanagem”, inclusive numa das matérias que li há um review de oito faixas inéditas, das quais consegui encontrar “Lado bom” e “Situação brasileira”, esse material chegou a ser lançado? Essas faixas vão compor o novo disco?
Sim, inclusive ‘Diversão Garantida’ já é certa pra esse primeiro EP. Várias destas oito faixas que nunca foram lançadas, estão sendo regravadas e farão parte deste trampo. A música ‘Lado Bom’ foi feita para a trilha sonora do filme ‘As melhores coisas do mundo’, de 2010, e foi lançada junto com o longa-metragem. É uma música bem legal faz parte do repertório atual dos nossos shows, embora só tenha sido lançada na trilha do filme, em formato digital se eu não me engano.

A banda passou por um período de hiato, qual a razão dessa parada e como vocês estabeleceram o retorno?
Depois do lançamento de ‘Ninguém Presta’ em 2000, fizemos vários shows por todo país e algumas turnês de grande repercussão como a do filme ‘O Invasor’ junto com o mestre Sabotage e o Pavilhão 9, uma das primeiras tours em solo brasileiro a juntar o rock pesado e o rap. A banda estava á toda nesse período fazendo vários shows, participando de programas de radio, MTV e algumas trilhas sonoras como a do filme ‘O Magnata’ (2007). Esse ritmo rolou até 2010, quando algumas situações como falta de estrutura, perda de contrato com a gravadora e mudanças de formação nos obrigou a dar um tempo da banda, salvo algumas raras apresentações. No momento atual o grupo está renovado, com todo gás possível e com a banda mais pesada e profissional do que em qualquer outra fase, e apostando em material inédito, o que é importante depois de ficar tanto tempo sem lançar nada. Vale ressaltar que esta volta só foi possível também pelo apoio dos fãs e amigos, pessoas que acreditam no Tolerância Zero.

Foram agendadas uma série de shows, como tem sido esse retorno da banda aos palcos?
Temos vários shows agendados para essa tour de retorno, e pretendemos fazer muito mais durante todo ano de 2016, estamos chamando de ‘TudoLoco Tour’, o primeiro show foi semana passada em Valinhos e nesse sábado dia 16/04 estaremos na cidade de Cordeirópolis/SP no evento Food & Rock, junto com o Oitão, banda que eu curto pra karalho. Nessa primeira parte vamos passar por Monte Mor, Piracicaba, Campinas, Indaiatuba pretendemos agendar shows em Porto Alegre e São Paulo capital, lugares onde o Tzero tem um público fiel.

O disco “Ninguém presta” abriu muitas portas para o Tolerância Zero, e fez muito barulho no underground brasileiro na época em que foi lançado, que recordações vocês destacariam da época em que produziram essas faixas que soam atuais até hoje?
É muito legal olhar para um disco como o ‘Ninguém Presta’ e ver que, conforme o tempo passa, ele vai aumentando seu status ‘cult’, se é que a palavra seja essa, mas as pessoas realmente gostam desse disco e a gente também. É um trabalho diferenciado e marcante dentro da música pesada nacional. Na época a gente já vinha trabalhando as músicas á algum tempo e tivemos dois produtores que foram fundamentais para o som do Tzero durante os 2 anos que a gente trabalhou o disco até o lançamento, de 98 á 2000. Foram eles o Caio Ribeiro de Campinas, que produziu nossas primeiras demos e trabalhou também na produção do disco e o Carlo Bartolini que produziu e mixou o ‘Ninguém Presta’. Foi um cd feito com uma produção foda, com ótimos estúdios para gravação e mix e que ficou atual justamente porque a gente fez exatamente o que queria, um disco pesado, antenado com o que rolava de novo e mantendo a tradição hardcore de tocar. Quanto as letras e temas, ele se mostra ainda mais atual em 2016, no Brasil principalmente.

O Tolerância Zero sempre teve sua trajetória ligada ao cinema nacional, como se deu a participação da banda na trilha sonora de “O invasor”? E como foi participar do filme “O Magnata”, escrito e dirigido pelo Chorão do Charlie Brown Jr.?
Cara, interessante você falar isso, mas realmente a galera do cinema costuma gostar do som do Tolerância Zero. A gente já participou de 3 longa metragens de repercussão nacional e todos foram ótimas experiências, principalmente porque desde o começo a gente sempre foi muito ligado ao cinema, alguns filmes influenciaram muito o contexto do Tzero e nossa música tem mesmo um lance meio ilustrativo, de imaginar as cenas. ‘O invasor’ é um filme sensacional, que nos deu muita repercussão e oportunidade de trabalhar com gente classe A, como o diretor Beto Brant, o grande Sabotage e Paulo Miklos, do qual sou fã de longa data. Em ‘O Magnata’ tivemos a honra de trabalhar com o Chorão, do Charlie Brow Jr, um dos caras de mais atitude que eu conheci, punk de coração mesmo. O cara nos convidou pra participar do filme, mostrou admiração e conhecimento pelo som do Tzero, enfim, foi muito massa participar daquilo, e ainda teve a cena com o Tiririca, outro com o qual a gente cascou o bico.

Em 2017 a banda completa vinte anos de estrada (os caras estão na ativa desde 1997!), vocês pretendem fazer alguma parada especial para celebrar o tempo de vida da banda?
Com o nome e com o som do Tolerância Zero a gente começou em 97. Mas a formação original já tocava junto desde 94 com o nome de Straw Dogs, fazendo um som mais próximo do thrash metal. Inclusive nosso primeiro ensaio juntos foi no dia em que o Airton Senna morreu e a primeira música que a gente tocou foi ‘Arise’ do Sepultura, que saiu daquele jeitão né...
A intenção é lançar o material novo e tocar e divulgar ao máximo o som, colocando o Tzero novamente no cenário com a força que merece. Agora estamos com uma estrutura bem melhor e com o velho desejo de destruição que tem que fazer parte dessa banda. Esses são os planos pra comemorar estas duas décadas, e vem ai também o clip de ‘Tudo Loco’, que vai fazer jus ao nome do som. É logo menos

Uma marca que sempre chamou a atenção no som de vocês foi a mistura de sonoridades aliadas a muito peso e agressividade, que bandas influenciaram e ainda influenciam o Tolerância Zero na hora de compor?
Muita coisa, muita música e coisas além da música, como o já citado cinema. A gente gosta de muitas coisas dentro do som pesado e tenta sempre ouvir as coisas novas, tendo como base as grandes bandas de rock pesado. Suicidal Tendencies, Black Sabbath, Korn e Sepultura é o básico, mas também tem Ministry, Nirvana, Slayer, Public Enemy, death metal, punk rock,  White Zombie, Stooges, Pantera, Prodigy, Deftones, Ratos de Porão, Eminen, Biohazard, Red Hot dos discos dos anos 90... é muita coisa mesmo. Do som pesado nacional temos acompanhado e curtido muito bandas como John Wayne, Oitão, Project 46, Worst, os nossos Brothers do Maguerbes, banda foda que está tendo agora o reconhecimento que merece, Far from Alaska também é foda... creio que um novo cenário está se formando pra música pesada e alternativa, as bandas estão aprendendo a trabalhar este tipo de música e fazendo o som chegar ao seu público, é nesse contexto que o Tzero quer se inserir novamente. E, claro, o rap nacional que sempre influenciou nossa maneira de escrever, de Racionais a Sabotage, de Black Alien e Speed Freaks a Pavilhão 9, ouvimos isso sempre.



Outro detalhe que chamou a atenção em “Ninguém presta” foram as participações especiais no disco, haverão parcerias nesse futuro disco de inéditas? Há previsão para o lançamento do mesmo?
As participações sempre fizeram parte da história do Tzero, tanto nas gravações quanto ao vivo. Vira e meche temos alguma parceria com o Maguerbes, inclusive a letra do segundo verso de ‘Tudo Loco’ é extraída de uma música deles das antigas, chamada ‘soco’. Na gravação de ‘Ninguém Presta’ a gente teve o privilégio de contar com dois dos nossos heróis no rock, o Andreas Kisser e o João Gordo, o que foi incrível, mas rolou tudo naturalmente. Creio que pra esse tipo de coisa ser legal tem que rolar assim. Estamos começando as gravações do disco e ainda não pensamos muito neste assunto, mas se rolar de boa que nem foi das outras vezes, porque não? a gente da um toque pra geral, com certeza.

Gostaria de agradecer pelo tempo concedido e destinar o espaço pra deixem seu recado com quiserem! Valeu!
Nós é que agradecemos a oportunidade meu caro, valeu mesmo, é sempre bom falar com o nosso público, e fica aqui o recado, ‘Tudo Loco’ novo single do Tzero já esta disponível em formato digital na nossa página facebook.com/bandatoleranciazero e também no nosso canal no youtube. Valeu minha gente, vamo que vamo detonando!



Tolerância Zero é:
Campa - vocal
Pé – guitarra
Thiago – Baixo
Leko – Bateria

Contato:
Ouça o single “Tudo Loco”:


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Entrevista por Evandro Sugahara

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