Esse é mais um daqueles trampos que
deu prazer em fazer, Tolerância Zero é uma daquelas bandas que ouço desde
moleque e estar hoje aqui postando uma entrevista com os caras conduzida por
mim é uma enorme satisfação, pra quem não conhece o som, a descrição é simples,
peso e violência descontrolados, letras contundentes e pra alguns até ofensivas
e aquela aura de som de rua, de quebrada que são cortesias da influência do rap
que os caras incorporam a todo caos sonoro que produzem, retornando de um longo
hiato e prestes a lançar seu primeiro disco de inéditas desde “Ninguém Presta”
em 2000, esse malucos de Indaiatuba-SP ainda tem muita lenha pra queimar e o
que eles nos reservam vocês podem conferir a seguir!
Fala galera, antes de tudo o nosso
muito obrigado pela atenção, vamos primeiramente tratar do atual momento da
banda, vocês lançaram um single recentemente, da faixa “Tudo Loco”, e
garantiram novidades para breve, as músicas que estarão presentes no próximo
trampo de inéditas devem seguir essa linha de sonoridade?
Fala brother,
a gente é que a agradece a oportunidade de poder divulgar o Tzero e falar com a
galera que curte a banda. Cara, nós temos várias músicas prontas pra gravar e
serão lançadas ainda no segundo semestre. Vai ter trampo novo, um EP pra
começar. Quanto ao direcionamento, estamos produzindo no mesmo estúdio e com mesmo
produtor do single ‘Tudo Loco’, mas os sons são diferentes entre si. Tem coisa
na linha deste single, mais pesado e groove, e tem porrada descontrolada
também, no melhor estilo Tolerância Zero.
Há reportagens na
internet sobre um segundo disco do Tolerância Zero que tinha o título
provisório de “Diversão garantida no país da sacanagem”, inclusive numa das
matérias que li há um review de oito faixas inéditas, das quais consegui
encontrar “Lado bom” e “Situação brasileira”, esse material chegou a ser
lançado? Essas faixas vão compor o novo disco?
Sim,
inclusive ‘Diversão Garantida’ já é certa pra esse primeiro EP. Várias destas
oito faixas que nunca foram lançadas, estão sendo regravadas e farão parte
deste trampo. A música ‘Lado Bom’ foi feita para a trilha sonora do filme ‘As
melhores coisas do mundo’, de 2010, e foi lançada junto com o longa-metragem. É
uma música bem legal faz parte do repertório atual dos nossos shows, embora só
tenha sido lançada na trilha do filme, em formato digital se eu não me engano.
A banda passou por um período de
hiato, qual a razão dessa parada e como vocês estabeleceram o retorno?
Depois do
lançamento de ‘Ninguém Presta’ em 2000, fizemos vários shows por todo país e algumas
turnês de grande repercussão como a do filme ‘O Invasor’ junto com o mestre
Sabotage e o Pavilhão 9, uma das primeiras tours em solo brasileiro a juntar o
rock pesado e o rap. A banda estava á toda nesse período fazendo vários shows,
participando de programas de radio, MTV e algumas trilhas sonoras como a do
filme ‘O Magnata’ (2007). Esse ritmo rolou até 2010, quando algumas situações
como falta de estrutura, perda de contrato com a gravadora e mudanças de
formação nos obrigou a dar um tempo da banda, salvo algumas raras apresentações.
No momento atual o grupo está renovado, com todo gás possível e com a banda
mais pesada e profissional do que em qualquer outra fase, e apostando em
material inédito, o que é importante depois de ficar tanto tempo sem lançar
nada. Vale ressaltar que esta volta só foi possível também pelo apoio dos fãs e
amigos, pessoas que acreditam no Tolerância Zero.
Foram agendadas uma série de shows,
como tem sido esse retorno da banda aos palcos?
Temos vários
shows agendados para essa tour de retorno, e pretendemos fazer muito mais
durante todo ano de 2016, estamos chamando de ‘TudoLoco Tour’, o primeiro show
foi semana passada em Valinhos e nesse sábado dia 16/04 estaremos na cidade de
Cordeirópolis/SP no evento Food & Rock, junto com o Oitão, banda que eu
curto pra karalho. Nessa primeira parte vamos passar por Monte Mor, Piracicaba,
Campinas, Indaiatuba pretendemos agendar shows em Porto Alegre e São Paulo
capital, lugares onde o Tzero tem um público fiel.
O disco “Ninguém presta” abriu muitas
portas para o Tolerância Zero, e fez muito barulho no underground brasileiro na
época em que foi lançado, que recordações vocês destacariam da época em que produziram
essas faixas que soam atuais até hoje?
É muito legal
olhar para um disco como o ‘Ninguém Presta’ e ver que, conforme o tempo passa,
ele vai aumentando seu status ‘cult’, se é que a palavra seja essa, mas as
pessoas realmente gostam desse disco e a gente também. É um trabalho
diferenciado e marcante dentro da música pesada nacional. Na época a gente já
vinha trabalhando as músicas á algum tempo e tivemos dois produtores que foram
fundamentais para o som do Tzero durante os 2 anos que a gente trabalhou o
disco até o lançamento, de 98 á 2000. Foram eles o Caio Ribeiro de Campinas,
que produziu nossas primeiras demos e trabalhou também na produção do disco e o
Carlo Bartolini que produziu e mixou o ‘Ninguém Presta’. Foi um cd feito com
uma produção foda, com ótimos estúdios para gravação e mix e que ficou atual
justamente porque a gente fez exatamente o que queria, um disco pesado,
antenado com o que rolava de novo e mantendo a tradição hardcore de tocar.
Quanto as letras e temas, ele se mostra ainda mais atual em 2016, no Brasil
principalmente.
O Tolerância Zero sempre teve sua
trajetória ligada ao cinema nacional, como se deu a participação da banda na
trilha sonora de “O invasor”? E como foi participar do filme “O Magnata”,
escrito e dirigido pelo Chorão do Charlie Brown Jr.?
Cara,
interessante você falar isso, mas realmente a galera do cinema costuma gostar
do som do Tolerância Zero. A gente já participou de 3 longa metragens de
repercussão nacional e todos foram ótimas experiências, principalmente porque
desde o começo a gente sempre foi muito ligado ao cinema, alguns filmes influenciaram
muito o contexto do Tzero e nossa música tem mesmo um lance meio ilustrativo,
de imaginar as cenas. ‘O invasor’ é um filme sensacional, que nos deu muita
repercussão e oportunidade de trabalhar com gente classe A, como o diretor Beto
Brant, o grande Sabotage e Paulo Miklos, do qual sou fã de longa data. Em ‘O
Magnata’ tivemos a honra de trabalhar com o Chorão, do Charlie Brow Jr, um dos
caras de mais atitude que eu conheci, punk de coração mesmo. O cara nos
convidou pra participar do filme, mostrou admiração e conhecimento pelo som do
Tzero, enfim, foi muito massa participar daquilo, e ainda teve a cena com o
Tiririca, outro com o qual a gente cascou o bico.
Em 2017 a banda completa vinte anos de
estrada (os caras estão na ativa desde 1997!), vocês pretendem fazer alguma
parada especial para celebrar o tempo de vida da banda?
Com o nome e
com o som do Tolerância Zero a gente começou em 97. Mas a formação original já
tocava junto desde 94 com o nome de Straw Dogs, fazendo um som mais próximo do
thrash metal. Inclusive nosso primeiro ensaio juntos foi no dia em que o Airton
Senna morreu e a primeira música que a gente tocou foi ‘Arise’ do Sepultura,
que saiu daquele jeitão né...
A intenção é
lançar o material novo e tocar e divulgar ao máximo o som, colocando o Tzero
novamente no cenário com a força que merece. Agora estamos com uma estrutura
bem melhor e com o velho desejo de destruição que tem que fazer parte dessa
banda. Esses são os planos pra comemorar estas duas décadas, e vem ai também o
clip de ‘Tudo Loco’, que vai fazer jus ao nome do som. É logo menos
Uma marca que sempre chamou a atenção
no som de vocês foi a mistura de sonoridades aliadas a muito peso e
agressividade, que bandas influenciaram e ainda influenciam o Tolerância Zero
na hora de compor?
Muita coisa,
muita música e coisas além da música, como o já citado cinema. A gente gosta de
muitas coisas dentro do som pesado e tenta sempre ouvir as coisas novas, tendo
como base as grandes bandas de rock pesado. Suicidal Tendencies, Black Sabbath,
Korn e Sepultura é o básico, mas também tem Ministry, Nirvana, Slayer, Public
Enemy, death metal, punk rock, White
Zombie, Stooges, Pantera, Prodigy, Deftones, Ratos de Porão, Eminen, Biohazard,
Red Hot dos discos dos anos 90... é muita coisa mesmo. Do som pesado nacional
temos acompanhado e curtido muito bandas como John Wayne, Oitão, Project 46,
Worst, os nossos Brothers do Maguerbes, banda foda que está tendo agora o
reconhecimento que merece, Far from Alaska também é foda... creio que um novo
cenário está se formando pra música pesada e alternativa, as bandas estão
aprendendo a trabalhar este tipo de música e fazendo o som chegar ao seu
público, é nesse contexto que o Tzero quer se inserir novamente. E, claro, o
rap nacional que sempre influenciou nossa maneira de escrever, de Racionais a Sabotage,
de Black Alien e Speed Freaks a Pavilhão 9, ouvimos isso sempre.
Outro detalhe que chamou a atenção em
“Ninguém presta” foram as participações especiais no disco, haverão parcerias
nesse futuro disco de inéditas? Há previsão para o lançamento do mesmo?
As
participações sempre fizeram parte da história do Tzero, tanto nas gravações
quanto ao vivo. Vira e meche temos alguma parceria com o Maguerbes, inclusive a
letra do segundo verso de ‘Tudo Loco’ é extraída de uma música deles das
antigas, chamada ‘soco’. Na gravação de ‘Ninguém Presta’ a gente teve o
privilégio de contar com dois dos nossos heróis no rock, o Andreas Kisser e o
João Gordo, o que foi incrível, mas rolou tudo naturalmente. Creio que pra esse
tipo de coisa ser legal tem que rolar assim. Estamos começando as gravações do
disco e ainda não pensamos muito neste assunto, mas se rolar de boa que nem foi
das outras vezes, porque não? a gente da um toque pra geral, com certeza.
Gostaria de agradecer pelo tempo
concedido e destinar o espaço pra deixem seu recado com quiserem! Valeu!
Nós é que
agradecemos a oportunidade meu caro, valeu mesmo, é sempre bom falar com o
nosso público, e fica aqui o recado, ‘Tudo Loco’ novo single do Tzero já esta
disponível em formato digital na nossa página facebook.com/bandatoleranciazero
e também no nosso canal no youtube. Valeu minha gente, vamo que vamo detonando!
Tolerância Zero é:
Campa - vocal
Pé – guitarra
Thiago – Baixo
Leko – Bateria
Contato:
Ouça o single “Tudo Loco”:
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facebook:
Entrevista por Evandro Sugahara
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