Depois da ótima e agradável aceitação de Enemy Time, era
chegado o momento de um novo capítulo na história do Tragedy Garden.
Uma das preocupações da banda era não
se repetir, mas mantendo intactos os elementos característicos da nossa
proposta, ou seja, que sempre predominasse a densidade e a melancolia.
Certamente que isso exigia um cuidado e esforços maiores na concepção instrumental,
onde credito os méritos ao guitarrista Vitor, que foi meu grande parceiro ao
longo de incontáveis ensaios de guitarra/bateria buscando a melhor sonoridade
para cada parte das músicas. Neste período, eu havia mudado de Tamarana para
Faxinal, mais distante ainda de Colorado, agora com um bebê , mas sempre
presente para que a banda continuasse. Poucos sabem, mas Enemy Time e Follow
the Insanity tiveram suas partes de bateria lapidadas numa maquete de madeira
que levei daqui, construída pelo Neimar, pois não tinha como ter uma bateria em
outra cidade. Só tinha acesso à bateria quando estava em Colorado. Se não
gostasse tanto teria desistido. A força de vontade e o apoio da banda foram
muito importantes.
Por muitas vezes o Vitor me manifestou
sua preocupação em produzir um material que fosse igual ou superior em termos
do que entendemos como qualidade e evolução. Percebia, porém, durante os
ensaios, que a criação do novo material vinha ao encontro desta expectativa.
Percebíamos a força e o efeito de algumas partes, e sempre pensávamos nelas em
como ficariam após a gravação.
Follow the Insanity significa Siga a
Insanidade. O conceito escolhido para as letras foi a loucura. O Vitor escreveu
My Garden e o Marcio escreveu Mysteries of Pain, faixas que respectivamente
abrem e fecham o disco. Ambas cinzentas e sob medida. As demais, que remetiam
diretamente ao conceito da loucura e insanidade foram minha redação com
aprovação do Vitor e Marcio. Lembro-me que quando finalizei Revelation, ao
encaixar as últimas palavras, senti uma espécie de esgotamento mental, pois seu
formato final me ocorreu no trajeto de casa em Faxinal para o trabalho.
Momento, então, dos ensaios para a
futura gravação. Tínhamos naquele momento um novo baixista, Leandro Francelino
(Bambam), que com bastante técnica e personalidade assimilava as coordenadas do
Vitor, contribuindo bastante para o aproveitamento de nossos ensaios, além de
ótima postura de palco ao vivo.
A partir do momento em que definimos a
época de gravação, encaminhamos ao produtor Bressan as letras e suas traduções,
para que o mesmo fosse assimilando o que buscávamos para o novo cd. O cara é
macaco velho e sacou de primeira. Permitiu ao Vitor várias dobras de guitarra e
sessões de violão. Evidenciou a viagem mental da loucura com efeitos sonoros e
nos vocais. Sonoridade mais densa com ares atmosférico e menos ´´na cara´´.
Destaca-se ainda o ótimo aproveitamento do Marcio e do Leandro em suas
respectivas partes, zerando de primeira.
O passo seguinte foi o trampo gráfico.
Usamos a mesma tática do material antecipado para o Bui, da gráfica. Observe
que cada encarte do Tragedy Garden se diferencia do outro, e este viria num
formato de livreto, e descrevo como magistral o trampo do Bui, tanto na
coloração que pedimos como nas marcas d´água do material. A ilustração da capa
é do amigo Norton, sob encomenda. Retratou bem a proposta. As duas crianças
lado a lado representa a sanidade a loucura convivendo lado a lado. A criatura
ao fundo é a insanidade que aponta o caminho, ´´tocando´´ uma das crianças que
muda seu olhar e seguirá a insanidade.
Estava escrito, então, o novo capítulo.
Follow the Insanity foi bastante executado principalmente em Londrina, Prudente
e Maringá. Várias de suas faixas, mescladas à de Enemy Time passaram a compor o
set list da banda ao vivo, soando pesado, sombrio melancólico como sempre
quisemos.
Num tempo em que holofotes não são
necessários, a descoberta de que todos corremos o risco das memórias curtas, do
esquecimento fácil.
Siga
a insanidade.
Por Marcão Azevedo (Ex-Baterista do Tragedy Garden e fundador da banda)
Por Marcão Azevedo (Ex-Baterista do Tragedy Garden e fundador da banda)
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