Nosso
convidado desta edição é o baterista William Castilho, um talentoso e versátil
batera que trilha seu caminho e espaço na música de forma muito ampla, deixando
sua marca à cada nota tocada com muita alma, e também com muita propriedade e personalidade.
Estudioso do instrumento, discreto, William Castilho nos recebeu de forma muito
receptiva para essa entrevista bem abrangente e que traz em seu conteúdo dicas
super importantes para os amantes da música em geral.
CMH
- Como começou sua relação com a música e a bateria?
A minha relação com a música começou desde muito cedo. Venho de uma
família de músicos e desde minha infância sempre estive habituado neste
universo musical, participando de shows juntamente com minha família.
Vendo meu pai tocar bateria, sendo ele minha primeira referência,
comecei a me interessar por instrumentos rítmicos, e o primeiro instrumento que
tive contato foi o pandeiro, por não ter coordenação motora ainda suficiente
para tocar bateria, porém sempre observando meu pai para assim conseguir
aprender.
Aos 08 anos de idade em um
momento oportuno substitui meu pai em um show na região, encarei o desafio de
frente sem nunca ter tocado “pra valer”, e desse momento então percebi que a
bateria era meu instrumento, a extensão do meu corpo. Sou baterista a 20 anos,
duas décadas de paixão imensurável ao instrumento e a música como um todo. A
música em seu sentido mais puro é a poesia da alma.
CHM
- -Você é um baterista habituado aos estúdios. Como é pra você a relação com os
registros que ficarão literalmente gravados em cada música, em cada obra?
Costumo sempre dizer que cada música é uma obra atemporal. No
processo de composição de linhas de bateria, assim também com todos os outros
instrumentos, todo baterista pode deixar sua essência, sua marca registrada,
sua forma de tocar, sua “pegada” o “feeling” individual. Particularmente gosto
de compor variando em compassos 4/4, 3/4, 4/8 e 6/8. Isso me chama atenção,
pois segura a atenção do ouvinte para descobrir o “que vem depois” ou até mesmo
um desconforto na finalização de cada compasso. Isso é incrível. Ter isso
registrado também é uma forma de ler e entender o próprio processo de compor e escrever
as linhas rítmicas e olhar para a obra e pensar, “o que eu poderia acrescentar
aqui ou ali”. Aprender com a própria obra é a melhor forma de desenvolver a
musicalidade.
CHM
- -Voce se sente mais à vontade em estúdio, ao vivo ou ambos?
Posso dizer que me sinto a vontade nas duas ocasiões, porém ambas
exigem sensibilidade diferente e transmite sensações diferentes. Vamos lá:
ESTÚDIO: O estúdio é a casa de qualquer músico. Ali é o momento de
criar e ser completamente técnico. A música exige regras, e uma boa educação
musical. Cada instrumento tem seu papel fundamental dentro de uma melodia,
divididos em rítmicos, harmônicos e melódicos. A bateria em regra geral por ser
rítmica ocupa um espaço gigante na composição, e no campo harmônico, mantendo a
base e envolvendo todos os outros instrumentos. A ideia é nenhum instrumento
ocupar o espaço do outro dentro do campo harmônico.
Ex: No momento da mixagem da bateria, é interessante tirar as sobras
de grave (high pass) do kick (bumbo) da bateria, pois essa região do campo
harmônico o contrabaixo estará em destaque, pois é um instrumento que
naturalmente soa grave. As frequências altas da guitarra e dos violões precisam
necessariamente estar em regiões distintas para não “chocar” o som, não tendo
cancelamento de fase, dessa forma precisa-se equalizar ambos e descobrir em
qual frequência cada um dos instrumentos se encaixa melhor dentro do contexto
musical. E quando dois instrumentos ocupam a mesma região, cada um tem seu
momento certo de aparecer, isso serve para todos os instrumentos.
Tocar em estúdio exige técnica e estudo, o som deve soar limpo e
linear do começo ao fim do take. A famosa pegada do baterista deve ser fluida a
fim de vir “quente” e “grande” termos usados em estúdio quando se tem
amplitude e corpo na senoide da gravação.
O estúdio é o lugar para tirar da mente a criação, errar muitas
vezes e desenvolver e pôr em prática, para assim depois subir em um palco e poder
executar.
Não é segredo para ninguém que meu estilo é o Heavy Metal, com
pegada Progressiva ou Metal Sinfônico e com uma quedinha enorme para a cultura
nórdica no processo de criação. Porém, dentro de um estúdio tive que aprender
diversos outros estilos (sertanejo, forró, baião, pop) para gravações que tive
que executar e também para conhecimento musical, meus gostos são específicos,
mas minha educação é eclética, facilitando assim a hora de produzir outros
músicos que me procuram.
Em resumo o estúdio é um lugar muito técnico e que se precisa de uma
educação musical aflorada para soar musical a gravação. É o momento de criar,
deixar fluir. Gosto sempre de dizer que cada ideia é válida, e serve para cada
momento certo dentro do contexto de uma composição.
Ao VIVO (Palco): O palco é o espelho do estúdio, porém sem o momento
para errar e poder começar de novo. A ideia é executar o que já foi gravado da
forma mais fiel possível. Claro que nesse momento pode-se acrescentar outros
elementos e dar “uma brincada” no instrumento, porém sem exageros, respeitando
sempre a educação musical de que cada instrumento tem seu momento certo de
aparecer. Estar no palco é uma emoção sem limites, pois existe um público ali
que curte aquele som e esta ali para te ver executar aquela obra. Existe claro
uma tensão maior pois não se pode errar. Todos os músicos devem estar
alinhados, ensaiados e com o metrônomo em dia. Principalmente quando se é
utilizado o famoso VS (instrumentos pré-gravados que o baterista ou
tecladista solta durante o show), onde o músico deve acompanhar os
instrumentos base do VS sem acelerar ou atrasar o tempo. Quem é baterista sabe
como sofremos com o metrônomo.
Palco é uma mistura de emoções como adrenalina e medo, principalmente
com eventos adversos que podem aparecer, como: Falta de retorno, som falhando,
sobras de frequências, ou a falta delas. Problemas estes que toda banda pode
estar sujeita a enfrentar em qualquer momento. Seja no começo de carreira ou
com ela já consolidada.
Palco e estúdio são fantásticos. A tensão é diferente, mas a paixão
pela música e pelo instrumento é o mesmo sempre.
CHM
- Sobre dicas: Quais dicas você daria
para o baterista que vai entrar em estúdio? Quais dicas você daria para o baterista
iniciante no instrumento?
Para aqueles que vão iniciar suas primeiras gravações, minha maior
dica, ou conselho é estudar o metrônomo, e estudar muito. O baterista não
precisa dominar a arte de escrever partitura ou figuras rítmicas (breve,
semibreve, colcheia, semicolcheia, fusa e semifusa). Mas precisa entender
de “tempo” e compasso, que são os dois princípios que regem o instrumento. O
importante é fazer pouco e bem feito do que fazer muito e não soar musical.
Todo baterista que vai começar deve se fazer essa pergunta, como posso fazer
isso soar musical? E é claro, respeitar os outros instrumentos e entender
que seu momento de brilhar vai aparecer.
Para quem está iniciando no instrumento, já afirmo de antemão que é
o melhor instrumento para se aprender. Afinal, desenvolve de forma geral a
coordenação motora, e desenvolve o raciocínio criativo.
Aprender bateria pode ser árduo, com exercícios intermináveis de
resistência, por isso, não desistam, vai valer a pena treinar só bumbo, só
caixa, viradas básicas repetidas vezes, desenvolvendo assim memória muscular e
facilitando nas etapas seguintes. Gosto de dizer sempre a todos que tocar
bateria é matemática pura, contar compasso, contar tempo, metrônomo. Por isso
estejam com a matemática em dia. Brincadeiras a parte, para quem for iniciar no
instrumento, desde o primeiro contato e interessante já começar os estudos com
o metrônomo e é claro, se inspirar em alguma referência. É nesse momento que a
familiarização com cada estilo é formada, para assim desde cedo já começar a
ter a própria identidade.
CHM
- Você participou da organização de eventos de grande envergadura para os
padrões locais ao trazer tanto o Aquiles quanto sua banda. Como foi esse
momento e como você avalia essa experiência?
Posso dizer que foi um momento de realização pessoal. Colorado
sempre foi referência no âmbito sertanejo, e ter aqui um dos maiores nomes do
Instrumento foi surreal.
Desde o começo dos anos 2000
sempre gostei da banda Angra, com aqueles rifs pesados de guitarra, baixo com Trhee
Finger Technique, composição orquestral e aquela linha de bateria
complexa com pedal duplo e sextinas, principalmente do álbum TEMPLE OF SHADOWS
que para mim é sem dúvidas a maior referência de Power Metal no Brasil.
Em 2014 tive a oportunidade de conhecer o Aquiles Priester de perto
em um WorkShop na cidade de Londrina PR. Para mim, abriu a minha menta em
relação à bateria podendo entender um pouco do seu processo de criação e como
consegue executar com tanta precisão e maestria o instrumento, fielmente ao que
foi gravado em estúdio. Nos anos seguintes pela sua influência me dediquei em
estudar de forma árdua o instrumento no processo de criação e composição.
Em 2018, Aquiles anunciou nas suas redes sociais que viria para o
Brasil em uma turnê de WorkShop novamente. E pensei de forma ousada porque
Colorado não poderia receber um evento desse porte? Nesta época, eu estava
lecionando em um Estúdio Musical um curso de produção musical juntamente com
meu grande amigo Ney Farias. O mesmo abraçou a ideia comigo e entendemos que
seria fundamental para nossos alunos ver de perto esse grande artista, e ver na
prática o que estávamos ensinando.
Assim entrei em contato com o Aquiles através das redes sociais,
então, formalizamos a data e contrato para a apresentação. Imediatamente,
iniciamos uma campanha árdua de propaganda para a região para prestigiar o
grande Aquiles, sendo ele eleito por 16 anos seguidos um dos 5 maiores nomes do
Mundo da Bateria.
Para conhecimento de muitos, Aquiles foi cotado para uma audição com
o grande Dream Theater, maior nome do Metal Progressivo desde a década de 80.
Aquiles esteve entre os 7 melhores do mundo para essa audição.
Durante semanas ficamos nos preparativos para o evento, recebi da sua
equipe o Setlist de palco e fomos atrás de cada detalhe para ser impecável.
Som, estrutura, iluminação e é claro, o público.
No dia da apresentação, posso dizer que chorei, em estar frente a
frente com uma das minhas maiores referências do instrumento. Logo pela manhã, lhe
dei um abraço e disse que naquele momento eu estava realizando um sonho, e
também o sonho de diversas outras pessoas que levam o instrumento com paixão.
Puder ser ali o contratante de um dos maiores nomes do Power Metal,
e com orgulho pessoas lembram de mim e do Ney Farias como dois personagens que
ousaram, que quebraram crenças limitantes em Colorado, uma cidade do interior
totalmente sertaneja e que foi palco de uma noite de Metal.
À noite, no momento do show, me vi ali aquela criança de 08 anos que
teve seu contato com a bateria pela primeira vez. Uma explosão de sentimentos
em ver aquele cara na minha frente, comendo na minha casa e falando comigo
sobre música de igual por igual. Foi mágico!
Em julho de 2019, Aquiles entrou em contato comigo dizendo que sairia
em turnê com alguns músicos de sua banda Hangar para comemorar o Álbum
Somewhere in Time da banda Iron Maiden na íntegra, e me perguntou se eu tinha
interesse em trazer tal evento. Prontamente disse que sim e que precisava de dois
dias para assinar o contrato.
Em dois dias formei uma comissão com amigos e simpatizantes do Metal
para tornar realidade esse evento. Contrato assinado, começamos novamente 4
meses de divulgação intensa para o evento que aconteceria no Evidence Eventos
em Colorado Pr.
Tensão a mil, pois o cachê dessa vez era de uma banda completa e
precisávamos por público no local. As divulgações foram pesadas em Maringá,
Londrina, Presidente Prudente e Paranavaí.
Nesse meio tempo, Aquiles permitiu que uma banda fizesse a abertura
do show. De imediato um colega se pôs de prontidão para tal feito, porém seu
baterista não poderia comparecer naquela data, e foi me feito o convite para
substituir. Fazendo assim a abertura do grande Aquiles Priester e sua banda
aqui e Colorado. Nessa altura eram duas emoções, trazer o evento e agora, tocar
na frente do meu ídolo.
Nos preparamos com ensaios intensos para ficar tudo perfeito, criei
uma rotina de estudos diários para ocorrer tudo perfeito e não fazer feio na
frente de uma das minhas maiores referências do instrumento.
Chegou então o grande dia, recebemos um público diverso, até quem
não curtia metal veio prestigiar tal evento. Curiosos queriam saber como uma
cidade tão pequena poderia receber um show a nível internacional.
Subimos no palco com a banda de abertura às 20:30 em ponto, toquei
com a alma, cada nota, cada virada fiz aquilo com dedicação e paixão. Logo após
terminar o show, me encaminhei para o camarim para ver se o Aquiles e a banda
estavam prontos, tremendo, suando frio de emoção em tocar naquele momento.
Aquiles veio, me deu um abraço e me deu os parabéns por ter tocado tão
“redondo”. Receber um elogio dele foi fundamental para eu entender que, tocar
com dedicação e amor, vale a pena.
A noite foi um sucesso, Somewhere in Time na íntegra e demais outras
músicas da banda Inglesa. Público foi a loucura e recebemos até elogios do dono
do espaço locado, pois em anos fazendo eventos, foi a primeira vez que viu um
público respeitoso, educado, que realmente vai para curtir uma boa música.
O público do Metal é diferenciado mesmo!
CHM
- Quais seus projetos atuais?
Atualmente meu foco é estúdio. Estou em um hiato com minha banda
principal, a Alpha, mas em processo de composição e criação de linhas de
bateria de alguns singles instrumentais com características de Metal Sinfônico
e cultura nórdica, algo que venho estudando a um bom tempo. Algo poético em
cada nota executada.
Em paralelo, estou participando colaborativamente como compositor em
um disco de um grande amigo, João Carlos. Álbum este que irá trazer as raízes
do Blues. Letras intensas e reflexivas para quem realmente gosta de sentar,
tomar um bom Whisky e curtir uma música de qualidade.
Também, estou envolvido em projetos de outros artistas em estúdio,
dessa vez com a produção técnica juntamente com o grande amigo Ney Farias.
Estilos como sertanejo, Gospel e rock estão fazendo parte desse Roll.
E é claro, para finalizar, estou como técnico de áudio e diretor de
palco de eventos recentes da cidade. Fico imensamente feliz por amigos artistas
estarem me convidando a fazer parte dessa história de suas carreiras.
CHM
- Você foi convidado de forma pontual
para criar e moderar a página Cartas Para o Outono, que é a versão em
português das letras da banda Tragedy
Garden ao longo de seus mais de 20 anos na cena underground regional e
nacional. Como você recebeu esse convite e comente sobre essa experiência:
Conheci a Banda Tragedy Garden em 2007 através de um amigo chamado
Vitor Carnelossi (ele que é membro da banda Tragedy Garden) e um
excelente multi-instrumentista aliás. Nessa época, eu frequentava sua chácara
todos os sábados para treinar bateria, bateria essa que também era usada para
ensaios pelo famoso Marco Aurélio Azevedo, conhecido como Marcão.
Vitor sempre me falava desse tal Marcão, me mostrava na prática as
levadas que ele executava na bateria, e como era alguns sons do Tragedy Garden,
e eu sempre curioso para saber quem era esse nome da bateria regional. Em certo
momento fui convidado pelo Vitor, para assistir um ensaio da banda, eu como bom
simpatizante da música na época aceitei de imediato.
Nunca fui de sair, de ter muitos amigos, de brincar por ai, sempre
estive atrás de música, então meus pais sabiam que se eu demorasse para chegar,
ficavam despreocupados pois já sabiam onde me encontrar, na casa do Jota Silva
(um ícone e radialista na cidade) ou na chácara do Vitor, sempre vendo
músicos grandes tocarem.
Pude assistir um ensaio do Tragedy Garden e então conhecer o grande
Marcão, cara sério, centrado e com uma musicalidade surreal. Onde fazia e faz
com maestria o domínio do instrumento dentro do contexto Doom Metal e Gothic
Metal. Aquilo pra mim era novidade, era diferente, me causava sentimentos
inexplicáveis em sentir notas em escalas menores e tríades e trítonos. E logo,
pedi para o Vitor gravar para mim em um Cd um álbum da banda, sendo Enemy Times
meu primeiro Cd do Tragedy Garden, cópia essa gravada no quarto do Vitor Carnelossi
em 2007. Ali, eu já me considerava metaleiro, sendo Tragedy Garden a porta que
me abriu para conhecer esse universo incrível que é o Metal e suas variantes.
Em determinada ocasião em um ensaio, Marcão me deixou tocar um
pouquinho na bateria, e logo depois me disse que eu teria futuro nisso, pra eu
me dedicar e pra tocar muito Rock’n Roll. A partir daí o Rock e Metal começaram
a fazer parte da minha essência, eu com apenas 12 anos de idade.
Devido ao colégio e outras obrigações não consegui mais frequentar
os ensaios e muito menos a chácara do Vitor. Porém a admiração e o respeito
sempre permaneceram. Com o Marcão acabei perdendo o contato, o vendo apenas
esporadicamente em alguns momentos no centro da cidade, não passando daquele
cumprimento respeitoso de mim um jovem músico para um músico experiente como o
Marcão.
Voltamos a ter contato mais próximo a partir de 2018 quando trouxe o
Aquiles para o WorkShop. Marcão também sempre apaixonado pela música e pela
bateria, foi o primeiro a comprar o ingresso e sendo um dos primeiros a chegar
no local e o último a sair. Depois novamente em 2019 com o show com a banda em
tributo a Somewhere in Time, Marcão como sempre, garantindo seu ingresso e de
seu filho Igor, e fazendo questão de apoiar a causa.
Depois, em 2021 tiver o privilégio de entrar para trabalhar no
Departamento de Tecnologia da Informação e Marketing do Hospital Santa Clara.
Hospital esse, que o Marcão também trabalha como Gerente financeiro da
instituição. Trabalhar ao lado desse cara é realmente uma aula todos os dias,
não sendo à toa que seu apelido é Professor. Marcão sempre culto, respeitoso,
paciente e sabendo lidar com as palavras com sinônimos, antônimos de forma
precisa.
Em 2022, mais precisamente em maio, Marcão me disse que teria um
projeto diferente, de trazer para as redes sociais as composições da banda,
tornar acessível toda a poesia por trás do Tragedy Garden e que gostaria de
contar com meu apoio para tornar isso possível, de prontidão disse sim. Pois
assumir esse projeto ao lado do Grande Marcão era algo de se orgulhar. Demos início
em junho e até hoje fazemos a moderação da página Cartas para o Outono.
Ao ser convidado me senti lisonjeado pois o Marcão estava confiando
em mim uma tarefa de proporção e importância enorme, sabendo o quanto ele cauteloso
e o quanto se orgulha de sua banda e suas composições. Alinhamos os detalhes e
fizemos acontecer. Até aqui tem sido gratificante realizar este trabalho e
conhecer Tragedy Garden e Marcão em suas essências.
CHM
- Quais seus 5 discos favoritos?
1 – Imagens And Worlds – Dream Theater
2 - Metropolis Pt. 2: Scenes from a Memory – Dream Theater
3 – Temple Of Shadows – Angra
4 – Omega – Épica
5 – Infallible - Hangar
9-Quais
seus 5 bateras favoritos?
Em primeiro lugar, não poderia deixar de citar o meu pai, Altemir
Castilho. Homem íntegro, honesto que é amante da música assim como eu, que em
todos meus projetos ele quer saber como está, me apoia e adora me ver tocar. O
cara que me mostrou que a música é bela e que uma bateria bem tocada é linda de
se ouvir, não se passando por um mero batuque de tambores.
Em segundo lugar, é Mike Portnoy, baterista versátil em todos os
estilos mas se consagrou no Metal Progressivo com a Banda Dream Theater, aquela
que no começo da entrevista disse que Aquiles foi convidado para fazer audição
justamente para substituir Mike.
Em terceiro lugar, é Aquiles Priester, sem comentários descrever o
quanto esse cara toca e o quanto ele me influenciou musicalmente.
Em quarto lugar, Mike Mangini, atual baterista do Dream Theater,
baterista extremamente técnico, preciso, veloz e muito musical.
Agora, fugindo um pouco da cena Metal, coloco em quinto lugar dois
nomes em paralelo, Jeff Porcaro/Simon Phillips, ambos que foram bateristas da
banda TOTO, banda essa que em questão de musicalidade e forma de compor possuem
um nível sem igual.
CHM
- Espaço para suas considerações finais.
Gostaria imensamente de agradecer ao Marcão pelo convite a esta
entrevista, realmente escrever tudo isso me trouxe memórias nostálgicas em
poder lembrar um pouco da minha história da música. Sou um músico em processo
de aprendizagem constante e olhar para atrás da para mensurar o quanto consegui
evoluir musicalmente e tecnicamente, e perceber que lá atrás eu me imaginei
trabalhando com isso e realizando e vivenciando música e hoje estou aqui, posso
dizer que vou conseguir deixar registros atemporais para as próximas gerações,
e um dia alguém ouvir e dizer, “aquele é o Will Castilho tocando”. É sempre
muito bom ressignificar e lembrar da própria história e ver quem esteve junto
desde o começo apoiando e incentivando. Deixo para aquele que vão ler que, a
música é o sentimento mais puro do homem, a música em sua essência transmite,
toca, emociona e realiza. E para quem for iniciar na bateria ou algum outro
instrumento, vale a pena, mergulhem de cara nos estudos. Vivam a música assim
como eu vivo, sintam como eu sinto e se orgulhem de suas histórias.
Por hora, vou ficando por aqui e até breve. Quem quiser me conhecer
um pouco mais e também um pouco dos meus trabalhos, me sigam no Instagram,
@castilho.will
Um abraço a todos e bora fazer música!
*Por
Marcão Azevedo.