Sculpture é um projeto instrumental envolto de diversas sonoridades tendo como base principal o Black Metal! Formada pelos músicos Willian Marante e Victor Prospero, a dupla desafia os padrões estabelecidos e executam firmemente suas ideias e experimentos dentro do metal extremo. Com seu Full-Length próximo do lançamento, conversei com esses genuínos músicos que buscam espaço para sua arte, livre e inspiradora! Confiram!
1 –
Willian, como se deu a origem da projeto Sculpture?
Willian: Na verdade, não tem uma data muito
específica. Eu passei anos sem estar em uma banda, mas todo esse tempo, sempre
compus e toquei, praticamente todos os dias.
Como
minha memória não é boa, sempre que componho algo eu gravo e passo pra
tablatura, no Guitar Pro, senão é certeza, vou esquecer.
Mais ou menos entre o ano de 2008 até 2011 eu compus muitas músicas ou riffs
isolados, que na minha cabeça seriam pro meu projeto one man band, Infernalium.
No entanto, eu sentia que alguns daqueles riffs soavam muito bem na versão
instrumental. Todas as linhas de vozes que eu imaginava em cima delas, não me
agradavam, sempre achava que estava estragando a música.
Então eu abri uma pasta com o nome instrumental e lá eu ia jogando todos esses
riffs e músicas que eu achava que soavam melhor, dessa forma.
Isso ficou lá, parado por uns anos, até que conversando com o Victor, comentei
dessa minha idéia, ele achou interessante e então mandei as músicas. Ele gostou
e achou que daria pra fazer. Então na próxima semana, nos reunimos e começamos
a trabalhar na primeira música. Isso foi no ano de 2014.
As músicas não tinham nome e nem a banda tinha nome, tudo foi surgindo depois,
pra lá da metade do processo de composição.
2 – A
formação da banda se concentra em você e Victor Prospero, a ideia de manter o
projeto em uma dupla facilita o funcionamento das composições?
Willian:
Ah, sim. Com certeza, facilita e muito.
Nós
meios que estávamos desencanados de banda. Meio de saco cheio. Não da música,
não dos nossos instrumentos, mas do lance de estar numa banda, de tudo que
aquilo onera (tempo, dinheiro, cobranças) e todas as responsabilidades
envolvidas, etc e etc.
Eu
mesmo, tinha na minha cabeça que não tocaria mais em banda e somente seguiria
com o meu projeto one man band.
Mas
como eu e o Victor conversamos bastante, vimos que éramos tranquilos pra
trabalhar um com o outro, que tínhamos os mesmos objetivos e visões em relação
a música, que resolvemos arriscar.
Logo
de início percebemos que ia dar certo. Toda vez que nos reuníamos pra compor ou
gravar, sempre era muito produtivo e divertido. Então começamos a ficar cada
vez mais empolgados com o Sculpture.
Então
assim, por mais que tenhamos outros grandes amigos que podiam fazer parte do
Sculpture.
Fechamos
nessa idéia de ser um Duo. Tudo funcionou tão bem, foi tão tranquilo e o
resultado nos agradou tanto, que não vemos porque mudar essa configuração.
3 – Victor,
a banda já está em atividade desde 2014, a liberdade de se projetar algo sem
“pressão” pode trazer um certo perfeccionismo envolto neste trabalho de
estreia?
Victor:
Nossa ideia desde a primeira conversa sobre o Sculpture foi não ter pressão no
sentido de não tornar estressante nenhuma atividade relacionada à banda. Sendo
assim, durante o processo de composição, nós ouviamos várias vezes cada música
e iamos lapidando até ficar da forma como os dois achavam que estava bom.
O
risco que existe neste tipo de planejamento é não definir um ponto final e o
projeto acabar se tornando uma “composição eterna”, pois o tempo vai passando e
os nossos gostos musicais vão mudando (mesmo que pouco). Acredito que nós fomos
bem sucedidos em administrar isso.
4 –
Instrumental / Atmospheric / Progressive / Black Metal são referências
apresentadas pela banda, vocês acreditam que o metal extremo está mais
receptivo as inovações dentro do estilo?
Willian:
Acredito que sim, acredito que se o Sculpture lançasse esse mesmo play, uns
anos atrás, nós seríamos detonados.
Quando
iniciamos o Sculpture nós tínhamos quase que absoluta certeza que não seríamos
bem interpretados.
“Firuleira”.”
Muito melódico”.” Muita coisinha”. “Não é metal de verdade”. Foram alguns dos
adjetivos que achávamos que dariam ao Sculpture. Já meio que estávamos
preparados pra isso.
Então,
já que imaginávamos que teríamos um feedback negativo, ai mesmo que nos
despimos de qualquer pudor e medo e experimentamos o máximo possível. O que deu
na nossa cabeça, e o que entendemos que a música pedia, nós colocávamos, dentro
das nossas limitações técnicas.
Sei
lá, pode ser que essa autenticidade ou coragem em arriscar, que possa ter feito
o pessoal entender nossa proposta.
Pra
nós, foi de fato uma grande surpresa, o feedback extremamente positivo que
tivemos e estamos tendo até agora.
O
Sculpture foi idealizado e feito de forma totalmente despretensiosa, achávamos
mesmo que não teria uma boa receptividade e nem que um selo iria se interessar
em lançar, por ser algo um pouco diferente. Achamos que ninguém iria querer se
arriscar. Ainda bem que erramos e recebemos uma proposta do Luiz, da Hammer of
Damnation, antes mesmo de começarmos a correr atrás de selo. Fechamos com ele.
5 – "To Another Place" está prometido para 2018, como está o processo de finalização do material?
Victor: As músicas já estão todas mixadas e masterizadas e no momento o Willian está finalizando a arte para enviarmos para a gravadora fabricar. O lançamento oficial está agendado para o dia 05/05/18.
6 - Victor além de baixista é o produtor do disco de estreia, quais os desafios de se produzir o próprio material?
Victor:
Acredito que o desafio foi a etapa da composição, porque eu e o Willian nunca
tínhamos tocado juntos e não nos conheciamos musicalmente. Então até a gente
criar uma sinergia, onde o Willian escrevia os riffs, já pensando no que eu
iria sugerir pra alterar e vice-versa demorou bastante. Depois foi tudo simples
pois eu havia planejado desde o inicio.
Conforme
nós iamos compondo a música, já editávamos a bateria e iamos gravando e as
bases no programa de gravação. Após terminar de compor, apagamos as cordas e
regravamos tudo pra valer, riff por riff o mais preciso possível. A direção da
gravação foi super tranquila porque o Willian já sabia como eu trabalhava. Na
escolha de timbres e demais samples (teclados e etc), mixagem e masterização
foi muito tranquilo também porque o Willian quase sempre pensa igual a mim.
7 - Como divulgado o Sculpture trata-se de um projeto instrumental, pelo que consta vocês já integraram bandas de metal extremo anteriormente. É desafiador expressar suas convicções e expressões fazendo um som inteiramente instrumental?
Willian: Sim, tanto eu como o Victor, já tocamos em
diversas outras bandas de São Paulo, como:
Lost Graveyard, Evil Mayhem, Obscure Mind, Shantak, Necromesis, Infernalium,
Synthesis, Thou Supreme Art entre outras. Temos um tempinho já nessa vida de
bandas e shows.
Foi
sim desafiador, nos expressar de forma instrumental e totalmente diferente de
todas as outras bandas que já tocamos. Tanto que nós começamos a compor de uma
forma e vinha rolando bem. Mas em um certo momento, as composições foram
amadurecendo e ficando muito diferentes das 2 primeiras músicas que fizemos,
digo a estrutura da música mesmo.
Percebemos que as músicas estavam ficando com estrutura e formato de uma música
normal, (Introdução / Verso / Ponte / Refrão / Solo). Então tentamos romper com
isso e estruturar as composições de forma diferente. Ai voltamos e refizemos
tudo o que já tinha sido feito, pra depois seguir em frente. Tentamos equalizar
as composições pra que todas ficassem no mesmo nível. Pra que soassem de forma
mais homogênea.
8 – Sei que
já com o pouco tempo de banda vocês devem ter já respondido inúmeras vezes se
há pretensão de vir a ter um vocal futuramente (rsrsrsrs). Então a pergunta é
esta, o Sculpture terá algum vocalista fazendo alguma participação futuramente?
Willian:
Realmente, sempre nos perguntam isso. Hahahahaha. Mas é normal...
O
Sculpture foi concebido, desde o inicio, pra ser uma banda instrumental. È
assim que vemos o Sculpture e é assim que queremos que ele continue.
Mas
pensamos sim, mais pra frente, em lançar um som, com um vocal convidado. Em uma
versão com bônus, ou um EP, algo assim.
Até
mesmo nós temos essa curiosidade, então pode sim rolar um dia. Mas será algo
atípico.
Um
play inteiro com vocal, não. Isso não vai acontecer sob o nome Sculpture.
9 – A
bateria programada soa bastante coesa e orgânica, com certeza hoje em dia
funciona bem melhor que na época do HATE do Sarcófago não é mesmo?
Victor:
No caso do Sculpture além da bateria, todos os efeitos de sampler também são
programados. Inclusive nenhum pedal de guitarra, amplificador ou microfone foi
usado. Tudo foi feito 100% no computador.
Os
plugins estão evoluindo em uma velocidade incrível. Para as guitarra do
Sculpture por exemplo, eu troquei três vezes o plugin e cada um soava
incrivelmente melhor do que o outro.
Hoje
em dia, no metal extremo, a maioria das grandes produções usam alguma
tecnologia de sampler na bateria. Muitas vezes substitui-se o som da bateria
tocada pelo som de um sampler gravado a partir da própria bateria para tirar um
pouco da dinâmica e dar mais punch.
Se
as baterias programadas de hoje em dia estão melhores do que as de 5 anos
atrás, imagine se compararmos às de 25 anos atrás, na época do HATE (risos).
10 – Bandas
como Limbonic Art e Samael por exemplo usam o recurso de bateria programada há
muito tempo, o Samael além do estúdio ainda se apresenta ao vivo sem maiores
problemas. O Sculpture tem intenção de se apresentar? O que vocês pensam a
respeito?
Willian:
Há maneiras e maneiras de se fazer as coisas. Nunca vi problema no uso de bateria
programada, desde que feito da maneira correta, de uma maneira que não fique
tão evidente e robótico. Desde o começo, sabíamos que iríamos usar bateria
programada e foi sempre uma preocupação nossa, deixa-la o mais natural e
humanizada, possível.
Quanto a se apresentar, isso nunca tinha passado pela nossa cabeça. Fizemos o
Sculpture pra ser uma banda de estúdio. No entanto, o selo que nos convidou pra
lançar nosso debut, deu essa idéia, de fazer uma apresentação de lançamento do
cd. Aceitamos e ela vai acontecer no dia 05/05/2018 na sede da Hammer of
Damnation.
Nos apresentaremos em quarteto ( 2
guitarras, baixo e bateria). Está
sendo bem trabalhoso tirar as músicas todas novamente, passar pros outros
músicos, ensaiar e tudo mais. Mas ao mesmo tempo está sendo bem prazeroso.
Acredito que conseguiremos fazer um boa apresentação. Estamos realmente
empenhados nisso.
11 – Na música que
vocês liberaram percebe-se momentos mais voltados para o Black Metal,
influencias de Metal Tradicional, passagem acústicas! Isso torna a audição
agradável e surpreendente! Quais as influências musicais em relação ao
Sculpture?
Willian: Sem dúvida nenhuma, a imensa maioria dos
plays da minha coleção e a maior parte da minha influência, vem do Black Metal.
È
o que eu ouço 80% do tempo. Mas meu gosto musical e influências são bem
grandes.
No
Black Metal, dá pra citar. Dissection, Godkiller, Algaion, Sargeist, Impaled
Nazarene, GBK, Song D´enfer, Woods of Desolation Sacrilegium, mais um milhão de
outras bandas novas e antigas.
Ouço
muito também Thrash Metal oitentista. Destruction, Exodus, MX, Tankard, Sodom,
Kreator, Assassin, Razor, Violent Force...
Gosto
muito de Heavy Metal Tradicional. Iron Maiden, Judas Priest. Black Sabbath,
King Diamond, Mercyful Fate, Running Wild. Helloween...
Ouço
umas coisas de jazz, fusion, principalmente discos de guitarristas. Progressivo
também ouço, curto demais Rush. Demais mesmo.
Um
estilo que não sou muito chegado é o Death Metal, escuto pouquíssima coisa.
Engraçado que uma das melhores bandas do mundo, pra mim, é desse estilo. O
Death. Mas o Death e o Chuck acho que
transcenderam os limites de qualquer estilo. Aquilo é único.
Victor:
Acredito que essa mescla de estilos foi algo natural de se fazer pois a
trajetória de influencias minhas e do willian são bem parecidas. Ambos
começamos a escutar metal de berço, por influência de nossos pais e depois
viemos descobrindo o som que nos agradava mais: metal extremo.
Eu
ouvia muito Black Sabbath, Iron Maiden, Metallica e Helloween, quando eu era criança. Depois fui indo para o
Thrash, o Death e o Black Metal. Além disso já tive bandas de Prog e já toquei
Jazz e Bossa Nova na noite. O Sculpture tem um pouco de cada uma destas
influências que fomos adquirindo no decorrer da vida.
12 – O
Material será lançado via “Hammer of Damnation”, pelo que consta CD vai ser
muito caprichado! Recentemente adquiri uma cópia do novo CD do CAUTERIZATION e o
acabamento é impressionante!
Willian:
Estamos nos ajustes finais da arte de capa e encarte. Falta muito pouco e o
material deve ir pra fábrica, ainda esse mês de fevereiro ou no máximo começo
de março.
Tentamos
caprichar no visual e tentar chegar numa arte e layout que conversasse com o
tipo de música que fizemos, que fechasse todo o conceito do álbum. Procuramos
fazer com que a arte, representasse a música do Sculpture. Creio que
conseguimos isso e estamos bem satisfeitos.
O lançamento será também em formato digipack, mas num formato um pouco
diferente do Cauterization (aquele lançamento realmente ficou lindíssimo).
Escolhemos um formato pouco utilizado e que achamos que ficaria perfeito no
tipo de arte e ilustração que tínhamos em mente. Acreditamos que a arte, formato, acabamentos,
conversam bem com a proposta e conceito do Sculpture.
13 – Willian e Victor, gostaria que listassem
seus álbuns favoritos!
Willian:
Bem difícil. Vou citar 10, mas eles mudam sempre e não será em ordem de
preferência.
Bathory
– Bathory
Iron
Maiden – Killers
Exodus
– Bonded By Blood
Woods
of Desolation – Torn Beyond Reason
Dissection
– Storm of the Lights Bane
Helloween
– Walls of Jericho
Mercyful
Fate – Don´t Break the Oath
Necromantia
– Scarlet Evil Witching Black
Death – Individual Thought Patterns
Impaled
Nazarene – Ugra Karma
Victor:
Realmente é uma pergunta bem dificil mas vou tentar citar os primeiros que me
vêm em mente.
Bathory
– Under the sign of the black mark
Destruction
– Sentence of Death
Dissection
– Storm of the light´s bane
Kreator
– Pleasure to Kill
Rush
– Moving Pictures
Death
– Symbolic
Woods
of Desolation – Torn beyond reason
Sivyj
Yar – From the dead villages´ darkness
Desaster
– Hellfire´s Dominion
Mercyful
Fate - Melissa
14 – Quais
os planos futuros para o Sculpture?
Willian:
No momento estamos nos dedicando totalmente ao lançamento do debut. Divulgando
da melhor forma possível, trabalhando em conjunto com o selo. Em breve
divulgaremos mais um clipe com outro som na íntegra, temos também mais alguns
vídeos pra liberar.
Além de estarmos muito focados nos ensaios e preparativos pra apresentação de
lançamento do álbum. Queremos entregar pro pessoal, a melhor apresentação
possível, como forma de agradecimento pelo apoio e suporte que temos tido,
desde que começamos divulgar o
Sculpture.
Ficaram algumas músicas e riffs de fora desse álbum, porque achamos que era a
hora de lançar e se continuássemos a compor e gravar, podia demorar bastante,
porque nosso processo de composição é bem demorado e trabalhoso.
Entao, é isso. Nesse ano é foco total no lançamento de “ To Another Place” e
fim do ano ou ano que vem, pretendemos voltar a gravar e finalizar algumas
composições que ficaram em aberto.
15
– Deixo o espaço aberto pra as considerações finais!Gostariamos de agradecer imensamente ao Vitor e seu blog Colorado Heavy Metal, pelo interesse e espaço concedido ao Sculpture.
Esperamos que curtam os outros sons do play e esperamos nos trombar por ai, pra
trocar mais ideias e tomar umas cangibrinas.
Maiores informações:
https://www.facebook.com/SculptureInstrumentalBr
Maiores informações:
https://www.facebook.com/SculptureInstrumentalBr
Por Vitor Carnelossi
COLORADO HEAVY METAL - PEQUENAS AÇÕES QUE FAZEM A DIFERENÇA!
Curtam nossa page no FACEBOOK:
Desde 2013 produzindo matérias e entrevistas para grande rede.
Editor responsável - Vitor Carnelossi
Nenhum comentário:
Postar um comentário