Caro leitor do blog, uma pergunta bem franca: você se
recorda a cara que você fez ao ouvir pela primeira vez Chaos AD, que sucedia
Arise; Holy Land, que sucedia Angels Cry e Evolution, que sucedeu Theatre of
Fate?
Com certeza um misto de saciedade, pois afinal eram novos
trabalhos destas bandas, mas por outro aquela sensação de estranheza pelo
´´diferente´´ e com certeza repetidas audições para ajudar na digestão......
Se o ponto de vista é radical, pronto. A banda foi pro
espaço, se vendeu, não presta mais.
Se o ponto de vista é o de revisitar, provavelmente o
processo de aceitação é mais fácil. Deve-se porém, poupar os fãs com guinadas
de 90 graus e experimentos medonhos, como algumas fazem. Aliás, tanto no heavy
metal quanto no rock tradicional, aqui e lá fora, tem banda que já passou da
hora de liberar a área. Passando os canais de TV, você vê alguns músicos
curtindo uma de repórter, de apresentador, de intelectual, ou seja,metido de
tudo um pouco,menos fazendo música que presta. Talvez falte grandeza para
largar o osso.
Vamos aos discos?
CHAOS AD – as fotos da banda, na pré-produção do álbum, já
sinalizava mudanças. Integrantes com o xadrez da área Seattle, camisas de
botão, blazer, numa das fotos, me lembro bem. O disco, contendo alguns
petardos, direcionava fortemente para os elementos percursivos que escancararia
de vez no péssimo Roots. As batidas quebradas e as distorções nunca mais
recuaram. A modernidade das músicas do Chaos AD lembram as levadas mosh de
Arise? Penso que não. É um disco pesado do Sepultura, ideal para as batidas
tribais ao vivo já a partir da faixa de abertura. Novos fãs? Sim. Os antigos?
Digerindo. Considero CHAOS AD o último disco aceitável desta grande banda.
HOLY LAND – após a consagração mundial em seu disco de
lançamento, gravado na Alemanha com a produção do renomado Sascha Paet (Heavens
Gate) o Angra se recolheu num sítio do interior de São Paulo para compor seu
próximo trabalho. Retornam, então, com Holy Land, álbum conceitual com
influências regionais e toques de ´´brasilidade´´ em alguns momentos. A exemplo
do Sepultura, instrumentos de percursão entravam em alguns momentos dos shows,
alternados pelos guitarristas. Um disco ruim? De forma alguma. Pelo contrário –
neste álbum a banda pôde mostrar todo seu rico acervo instrumental, com
destaque particular para o batera Ricardo Confessori, um monstro nas baquetas e
detentor de uma musicalidade espetacular que se encaixou como uma luva nesta
proposta. Quem viu algum show do Angra quando predominava este repertório viu o
trampo de batera deste cara. Após este álbum veio Fireworks, com a banda detonada internamente
por relacionamento dos integrantes.
EVOLUTION - sem
teclados, sem orquestrações, sem André Mattos. O Viper, contando com um dos
irmãos Passarel no vocal, assume o risco da mudança e ressurge com Evolution.
Tempos atrás o idealizador do ColoradoHeavyMetal e ex-companheiro de Tragedy
Garden Vitor Carnelossi me dizia que tinha ouvido com calma este disco e que o
achava muito bom.
De fato. Faixas como Evolution, Rebel Maniac, Coming
from..., e o cover do Queen produzem um resultado muito bom, visto o desafio de
seguir sem uma estrela mundial do porte do André Matos em suas fileiras. Na verdade,a banda revisitou o explêndido
Soldiers of Sunrise, um disco 100% metal.Vale a pena conferir.
E o tempo faz seu papel, sempre. Felizes daqueles que
conseguem revisitar situações.
Para finalizar, uma sugestão: ouçam Territory, Carolina IV e
Rebel Maniac bem alto!!!
Valeu!
Marcão Azevedo.
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