domingo, 29 de setembro de 2013

Lanchonete da Dona Catita, o berço do Rock em Colorado!

O Bar da Dona Catita sempre foi o reduto dos “desajustados”, bebedores de cerveja poéticos, roqueiros perdidos na noite. Um lugar onde as pessoas podiam se esconder da sociedade modista e apenas sentar-se para tomar “uma” sem alguém te olhar com desaprovação. Eis o “Bar da Catita”, que de muitos fregueses na maioria eram diferentes, buscavam uma boa prosa e escutar palavrões infames proferidos pelo Seu Cacildo, dono do bar e de incrível franqueza. E foi num ambiente tão propício que o rock se instalou, sem limitadores, sem censuras e frescuras. Sinto pelos mais jovens que não puderam receber aquele lanche da noite no cesto de bambu que se perdia em meio às tantas voltas de seus enfeites. Aquela chapa de fritar bacon no qual o gato da Dona Catita dormia ao lado, e o seu Cacildo com o palito no canto da boca expulsando “as meninas que só queriam mijar” no bar sem comprar nada, nos dias que tinham baile no C.C.C.
Dona Catita e Seu Cacildo

 É difícil não lembrar saudoso local magicamente underground, com suas mesas de bilhar no salão lateral onde bebedeiras eram abastecidas por uma pequena “abertura na parede”. Seu Cacildo entregava as geladas com certa desconfiança, temendo fugas sem pagamento. Lembro- me quando a carne de hambúrguer em falta era atenciosamente substituída por linguiça, e as canjas nas madrugadas de carnaval a cargo da Dona Catita. O ponto era sempre solicito pelas mesmas pessoas, e com o passar do tempo acabou ficando um fardo pesado para nossos amigos e donos do estabelecimento levarem para frente. O tempo passou e ainda Colorado é carente de um local aberto para o publico rock n´roll, os “velhinhos” tiveram a cabeça bem mais aberta que muito jovem para aceitar que as pessoas podem ser diferentes e que uma balada pode ser levada na guitarra.
Detalhes nostálgico a parte, acredito que as movimentações rock n´roll do Bar da Dona Catita já começaram bem antes do surgimento dessa geração tão relatada aqui no Blog. Mesmo assim, acredito que não foi tão consciente e panfletária quanto fizemos. Tínhamos urgência de Heavy Metal, queríamos mostrar o que fazíamos e não tivemos vergonha de dar errado ou ficarmos estigmatizados por nossa escolha de ser Rock.  Assim surgiu alguns  shows organizados pelo Márcio, depois vieram outros com eu (Vitor) e Pioio na organização. Logo surgiu o Festival de rock da cidade “Futty Rock Fest” que se manteve ativo por várias edições e teve sua estreia no Bar.
Um fato interessante é que os shows feitos por lá eram no esquema “faça você mesmo”, juntávamos todos os equipamentos que podíamos de ensaios e músicos das bandas que se apresentariam e no “catadão” de equipamento, no final acabava dando certo. Sempre tínhamos que correr atrás de transporte pra carregar tudo, algumas vezes o “Carlinhos cabeludo” levava com a pampa do pai dele, outras o Pioio (Guilhotina HC) pegava algum veiculo, tinha o Eduardo (Invaders) que sempre também possuía algum utilitário pra salvar a pátria. Durante a tarde as montagens eram feitas, a passagem de som e ajustes eram finalizados, uma verdadeira arapuca! O seu Cacildo às vezes colocava uma fita K7 no som do bar durantes as montagens para “agradar os roqueiros”, no K7 tinha uns Dance Music ultrapassados que eram  terríveis, porém todo mundo ficava tirando uma onda e deixando o som rolar, afinal era divertido ver a “noção” de rock do seu Cacildão!
 Ponto alternativo da galera desde os anos 80 o bar da dona CATITA, de propriedade do carismático SEU CACILDO e DONA CATITA atravessou tempos somente abrigando a galera mais diferenciada de COLORADO, pessoas reclusas, alternativas, headbangers, rockeiros, cachaceiros, filósofos de boteco, e todos que gostavam daquele ambiente  “obscuro” do bar. Com sua decoração feita com bambus e teias de aranhas, muita coisa nossa geração estiveram por lá aproveitando esse saudoso lugar.
 
Exemplo de um evento organizado na Lanchonete
Hoje homenageamos um casal muito especial que no passado abriram as portas do seu estabelecimento para os eventos alternativos de nossa cidade. Infelizmente algumas fases chegam ao fim, o tempo passa e hoje o conhecido e saudoso BAR DA DONA CATITA não funciona mais, nosso queridos amigos hoje gozam da merecida aposentadoria mais deixaram a sua história no ROCK e HEAVY METAL de COLORADO.

domingo, 15 de setembro de 2013

FUTTY ROCK FEST III - A FORÇA DA UNIÃO...


Peço licença ao Gritando HC ao começar essa pequena matéria para uma adaptação; “Na rádio não tocou, na TV não passou, mais no Futty rock fest foi que apavorou!”... Foi assim no ano de 2008 em Colorado com o FUTTY ROCK FEST III, fora do nosso estilo musical, o pessoal deu à mínima, mais a mobilização das bandas em 2008 foi algo que realmente deveria se estender até os dias de hoje.  Billy Billieri abriu o espaço no Sítio dos “Viais” no FUTTY ROCK FEST II, contando com a banda NÚCLEO BASE e TRAGEDY GARDEN em uma boa apresentação em um domingo extremamente quente regado a cerveja e muito som! É até necessário frisar  que  o NÚCLEO BASE  por uma  infelicidade não continuou  as atividades. O Grupo liberado por Cleiton Souza  fazia um pop/rock  que resgatava alguns clássicos dos anos 80, algo que hoje se encaixaria muito bem nas noites de Colorado, que ainda respira a “poeira cultural” do rodeio que em muito pouco agrega aos valores  intelectuais e mesmo comportamentais dos indivíduos que respiram essa ”poeira” o ano todo.
O FUTTY ROCK FEST amadureceu o conceito e em sua terceira edição trouxe um clima mais profissional  e aumentou consideravelmente o numero de público.  Contando com 4 bandas, que na verdade era para ser  5,  mais o GUILHOTINA HC por suas tradicionais bizarrices que acompanham a banda desde o início acabou não se apresentando  encerrando por  1 ano suas atividades. 

Mantendo-se em atividade desde 2002 coube ao TRAGEDY GARDEN abrir o evento, sempre com suas musicas densas e melancólicas o grupo tocou sobre uma pequena ameaça de chuva em uma  tarde calor escaldante. Contando com a postura idealizada pelo baterista e letrista Marcão a banda tocou as musicas da DEMO “SILENT SYMPHONY”,  do CD “ENEMY TIME” e “ FOLLOW THE INSANITY”, além do material gravado também apresentaram  2 músicas que seriam  parte do futuro cd que infelizmente não chegou  ser finalizado.  Ao final a banda tocou  o clássico Doom “Eternal” do Paradise Lost. O destaque do “set list” ficou com  da faixa “Enemy Time”, sempre mostram-se uma perfeita representação de todas as referencias da banda.

A Banda SPEED FIRE de Londrina fez sua vez no evento, com o maluco TUTI residindo em Colorado por uma temporada, o contato foi certeiro e resultou em um show de thrash a moda antiga, com muitos vocais “falsetes” e gritos agudos a cargo do “figura” Leruga, a banda mostrou um arsenal de musicas próprias  muito legais e mandou dois covers  do Overkill e Sodom, mostrando claramente as referencias musicais da banda, o pessoas curtiu muito e bebeu mais cerveja ainda pois a “thrasheira” induz a bebedeira desenfreada, um grande show!


Após o clima “True Metal” era a vez do irreverente VOVO MADIM se apresentar!  Com um set list que abraçava temas nacionais como Matanza, Barão Vermelho, Raimundos entre outras a banda com muita personalidade flertou o repertório com clássicos de bandas como Pink Floyd,  Elvis, Beathes, além de sons mais atuais como por exemplo  AUDIOSLAVE.  A mistura musical do VOVO MADIM funcionou muito bem ao vivo, agradando todos os presentes, seja o fã do rock mais tradicional, ou o rock mais experimental. Liderada por Billy Bilieri e Rodolfo Rodox o VOVO MADIM fez uma grande apresentação sendo uma boa surpresa aos presentes. VOVO MADIM é uma banda que deveria voltar,  pois sua apresentação se encaixa em qualquer evento! Destaque para as músicas do Matanza que levou a galera a loucura e o clássico "Declare Guerra" do Barão vermelho, uma agradável surpresa para os rockeiros das antigas!

Em sua estreia após alguns anos, seria o retorno do INVADERS nesse evento, com uma nova formação e com bastante vontade de fazer rock, o grupo liberado por Leo Ventura e Eduardo Jorge ganhou a galera logo de cara tocando clássicos eternos rock. Rolou AC/DC, BLACK SABBATH, DEEP PURPLE, LED ZEPPELIN entre outras, tudo isso com a ótima qualidade de som viabilizada pelos esforços de Alexandre Hygino, que deu um passo além e contratou um equipamento violento, deixando as montagens  com equipamentos  dos próprios músicos para traz, o destaque do show foi a musica “Hells Bells” do AC/DC, que pirou a galera e evidenciou a qualidade dos músicos em fazer um cover perfeito.
Após o final dos SHOWS, rolou os sempre legais “CATADÕES” onde  alguns colegas músicos que não se apresentaram  se misturam com a galera fazendo improvisos e JAN´S , rolou Creedence com Rafael e Sued, Raul Seixas e ao final até um Blues  com uma galera curtindo as combinações e improvisos, a noite se estendeu em próximo as 20:00 horas  finalizava-se mais um FUTTY ROCK FEST.
Enfim, fica salvo aqui no blog COLORADO HEAVY METAL mais essa empreitada do rock em nossa cidade, e após essa reportagem ainda fico refletindo;  “Todos gostamos dos mesmos sons, mais somos tão diferentes..”. A União apesar de utópica sempre provoca coisas boas, estaremos  aqui torcendo para que nossos caminhos alinhem-se novamente!  


COLORADO HEAVY METAL

sábado, 7 de setembro de 2013

ENTREVISTA COM LUCIANO TITA DA BANDA TUMULTO

Bom galera, estou extremamente em falta com o blog, mas estamos aí de volta a atividade,
e o material é bom, entrevista com o baixista da banda Tumulto, Luciano Tita, que 
gentilmente nos atendeu, os caras estão em atividade desde 1992 e são lendas do 
underground, demos umas pinceladas nas principais fases que viveu a banda e sobre seu 
atUal momento e além da entrevista, logo menos vamos fazer uma discografia comentada com os
caras!!! Máximo respeito!!! Com vocês...TUMULTO!!!!


1-Antes de tudo,obrigado Luciano pela atenção e disponibilidade, 
gostaria que você mesmo comentasse pra quem não conhece o que é o TUMULTO? 

A Banda Tumulto é uma banda de Thrash Metal Brazuca de Foz do Iguaçu, Paraná. 
Surgiu em 1992 com o disco Split Conflitos Sociais com a banda MORTHAL da mesma cidade. 
Vem até os dias atuais fazendo o bom e velho Rock and Roll com sangue nos olhos e muita sintonia com amigos 
e fãs.
A formação da banda:
Germano Duarte – Guitarra e vocal
Luciano Tita – Baixo
Márcio Duarte - Batera


2-Vocês já lançaram vários materiais no mercado no decorrer de toda a carreira, 
fizeram turnês pelo país e até fora dele, tocaram com grandes nomes do metal nacional, etc. 
Hoje, quais são as perspectivas da banda quanto ao futuro?

Justamente, a banda ja rodou o país algumas vezes, 
sempre foi muito satisfatório pelos eventos o retorno dos bangers com o som da banda, 
a gente sabe as dificuldades de fazer a galera reconhecer e curtir um som próprio das bandas, 
e o mais legal é que nunca tivemos problemas com isso e por conta disso ja rodamos o Brasil e o Paraguay 
mostrando nosso som.
O TUMULTO hoje é uma banda madura, 
estamos compondo novas músicas com a cara atual da banda colocando um pouco da nossa experiência 
e ideias traduzindo as transformações em que a banda passou, em breve teremos novidades por ae.

3-O Tumulto passou por várias mudanças em sua sonoridade, 
praticando hoje um som bem diferente daquele do inicio de carreira, isso ocorreu de forma natural, 
ou essa migração pra algo mais brutal se deve as mudanças de formação que ocorreram na banda?

Acredito que além da mudança ter sido natural também ouve influências das formações que passaram por aqui, 
se escutar as músicas da banda desde a última formação que foi em 99 vai perceber 
a diferença ao passar dos anos até o disco Fight. 
Entendemos isso como uma evolução da banda já que não nos importamos muito com rótulos e modinhas.


4-Talvez não seja de conhecimento da banda, mas aqui no noroeste do Paraná, 
mais precisamente na cidade de Colorado, temos muitos fás do LP “Conflitos Sociais”, 
inclusive a música “Massacrados” do mesmo, é um grande hino no nosso underground, 
já tendo sido coverizada por várias formações de bandas que aqui existiram/existem, 
como vocês se sentem vendo um disco lançando há tanto tempo repercutindo até os dias atuais 
e em lugares distantes?

Este disco é sempre uma surpresa, em alguns shows nosso no nordeste e até no Rio Grande do Sul, 
sempre aparece alguem com o disco na mão para autografar. 
Eu não participei deste disco pois entrei em 1999 na banda, 
mas vejo que a galera curtiu e curte muito o disco e ja é um clássico do underground nacional algum tempo, 
pra banda isso é um puta orgulho o reconhecimento deste trabalho. 
Eu tenho vontade de um dia poder regravar todas aquelas músicas pois eu sou um fã incondicional do 
“Conflitos Sociais”. Ficamos felizes por saber que por ae a galera curti e ainda tocam as músicas do disco, 
o "Massacrados" é uma das minha favoritas tambem, andamos tocando ela por aqui algumas vezes 
inclusive com a participação do antigo vocalista o Paulão.

Clássico Vinil que fez a cabeça da galera em Colorado nos idos anos 90


5-Como você enxerga a situação do underground de nosso estado, olhando de uma perspectiva de fã e de músico?

Como fã tenho orgulho das excelentes bandas que tem neste estado que  fazem história no cenário. 
Como músico acredito que o underground sempre tem o seu espaço, enquanto tiver um banger curtindo um som 
vai ter uma banda pra ele curtir, o cenário de bandas por aqui é animal e estão na ativa a todo vapor, 
pode ser em qualquer parte a distorção será sempre foda.


Mantendo a tradição de dar aquela plagiada na Roadie Crew, mande seu top 5 de álbuns preferidos!!!

Bom, adoro esta parte! Hehehehehe
Venho escutando muita coisa interessante que acredito servir de influência pra mim e para compôr, lá vai:

1 – Kadavar 
2 – Grand Funk Railroad  - Red album
3 – Kyuss – Blues For the Red Sun
4 – Lucifers friends
5 – Testament – Dark Roots of  Earth


Luciano agradeço a entrevista, e reservo este espaço pra suas considerações finais!!! Registre aí o seu salve!!! 

Valeu pela oportunidade, agradeço os bangers do noroeste do estado e principalmente do Colorado por curtir o som e 
a história do TUMULTO!!!! Bora quebrar tudo e quem sabe numa oportunidade 
a gente não faz um som por ae em breve! \,,/ Vida longa ao rock and roll \,,/



TUMULTO - MASSACRADOS

http://www.youtube.com/watch?v=e5yEbvXZPQE


POR EVANDRO SUGAHARA

domingo, 1 de setembro de 2013

SHOWS, O DESAFIO DE SE ORGANIZAR UMA CENA

Por que em colorado tem poucos shows de rock?
O que falta para novamente fortalecer a cena?
Eis a pergunta leitor que se estende a âmbitos nacionais.
O que leva primeiramente uma banda se apresentar relativamente pouco em nossa cidade, acredito que dois fatores são determinantes. Primeiro a questão da organização, salvo raríssimas oportunidades, quase sempre que uma banda de Colorado toca em nossa “pátria municipal” alguém da própria banda esta organizando o evento. Isso em si tem muitos méritos, mais ai já entra o segundo tópico: A falta de apoio da galera.
Há de se constatar que a falta de apoio dos “roqueiros não praticantes” se torna de certa forma um fator muito pesado no final da reflexão. Temos  roqueiros daqui de Colorado que sempre cobram mais união e nunca comparecem  aos encontros promovidos pelas bandas.



Será que podemos contar com a opinião de quem não apoia a cena?
Creio que não, eis que alguns são vorazes com as criticas, mas nunca sentiram o peso de se organizar algo. Acho que nem mesmo é coerente  se preocupar com os que se privam de shows por aqui. Muito provavelmente não ligam e estão vivendo outras “baladas”.
E o outro lado da moeda?
No outro lado tem os que sempre estão presente apoiando e se divertindo, amigos, colegas e pessoas que exercitam o rock participando do evento.
É claro que existem muitos fatores que somam para as dificuldades do Rock e Heavy Metal em Colorado, sempre existem divergências e problemas ideológicos. Mais com o passar do tempo às coisas vão se mostrando mais claras e a inexperiência dos jovens que movimentam a cena vão dando lugar para a maturidade necessária para aprendermos com os erros e acertar os próximos passos.
Resta torcer para que os astros se alinhem para algum novo show, pois só existe cena onde existem shows!



Colorado Heavy Metal

FOLLOW THE INSANITY – O TRAGEDY GARDEN FLERTA COM A INSANIDADE

Depois da ótima e agradável aceitação de Enemy Time, era chegado o momento de um novo capítulo na história do Tragedy Garden.
Uma das preocupações da banda era não se repetir, mas mantendo intactos os elementos característicos da nossa proposta, ou seja, que sempre predominasse a densidade e a melancolia. Certamente que isso exigia um cuidado e esforços maiores na concepção instrumental, onde credito os méritos ao guitarrista Vitor, que foi meu grande parceiro ao longo de incontáveis ensaios de guitarra/bateria buscando a melhor sonoridade para cada parte das músicas. Neste período, eu havia mudado de Tamarana para Faxinal, mais distante ainda de Colorado, agora com um bebê , mas sempre presente para que a banda continuasse. Poucos sabem, mas Enemy Time e Follow the Insanity tiveram suas partes de bateria lapidadas numa maquete de madeira que levei daqui, construída pelo Neimar, pois não tinha como ter uma bateria em outra cidade. Só tinha acesso à bateria quando estava em Colorado. Se não gostasse tanto teria desistido. A força de vontade e o apoio da banda foram muito importantes.


Por muitas vezes o Vitor me manifestou sua preocupação em produzir um material que fosse igual ou superior em termos do que entendemos como qualidade e evolução. Percebia, porém, durante os ensaios, que a criação do novo material vinha ao encontro desta expectativa. Percebíamos a força e o efeito de algumas partes, e sempre pensávamos nelas em como ficariam após a gravação.
Follow the Insanity significa Siga a Insanidade. O conceito escolhido para as letras foi a loucura. O Vitor escreveu My Garden e o Marcio escreveu Mysteries of Pain, faixas que respectivamente abrem e fecham o disco. Ambas cinzentas e sob medida. As demais, que remetiam diretamente ao conceito da loucura e insanidade foram minha redação com aprovação do Vitor e Marcio. Lembro-me que quando finalizei Revelation, ao encaixar as últimas palavras, senti uma espécie de esgotamento mental, pois seu formato final me ocorreu no trajeto de casa em Faxinal para o trabalho.

Momento, então, dos ensaios para a futura gravação. Tínhamos naquele momento um novo baixista, Leandro Francelino (Bambam), que com bastante técnica e personalidade assimilava as coordenadas do Vitor, contribuindo bastante para o aproveitamento de nossos ensaios, além de ótima postura de palco ao vivo.
A partir do momento em que definimos a época de gravação, encaminhamos ao produtor Bressan as letras e suas traduções, para que o mesmo fosse assimilando o que buscávamos para o novo cd. O cara é macaco velho e sacou de primeira. Permitiu ao Vitor várias dobras de guitarra e sessões de violão. Evidenciou a viagem mental da loucura com efeitos sonoros e nos vocais. Sonoridade mais densa com ares atmosférico e menos ´´na cara´´. Destaca-se ainda o ótimo aproveitamento do Marcio e do Leandro em suas respectivas partes, zerando de primeira.


O passo seguinte foi o trampo gráfico. Usamos a mesma tática do material antecipado para o Bui, da gráfica. Observe que cada encarte do Tragedy Garden se diferencia do outro, e este viria num formato de livreto, e descrevo como magistral o trampo do Bui, tanto na coloração que pedimos como nas marcas d´água do material. A ilustração da capa é do amigo Norton, sob encomenda. Retratou bem a proposta. As duas crianças lado a lado representa a sanidade a loucura convivendo lado a lado. A criatura ao fundo é a insanidade que aponta o caminho, ´´tocando´´ uma das crianças que muda seu olhar e seguirá a insanidade.
Estava escrito, então, o novo capítulo. Follow the Insanity foi bastante executado principalmente em Londrina, Prudente e Maringá. Várias de suas faixas, mescladas à de Enemy Time passaram a compor o set list da banda ao vivo, soando pesado, sombrio melancólico como sempre quisemos.
Num tempo em que holofotes não são necessários, a descoberta de que todos corremos o risco das memórias curtas, do esquecimento fácil.
Siga a insanidade. 

Por Marcão Azevedo (Ex-Baterista do Tragedy Garden e fundador da banda)