domingo, 23 de junho de 2013

ENTREVISTA COM VITÃO (TRAGEDY GARDEN / GUILHOTINA HC


Vamos saber o que pensa e os projetos do idealizador do COLORADO HEAVY METAL.
Pois bem, tocando em 02 bandas como membro fundador, e convidado em outros projetos, o guitarrista Vitor Carnelossi consolidou-se como um dos grandes guitarristas do metal regional. Auto-didata na música, possui musicalidade apurada e refinada, viajando por vários estilos com precisão e efeitos devastadores. Como diria seu ex-companheiro de banda Marcão: Vitor - o mestre dos riffs insanos. Confira:

1-Vitor, quais guitarristas e bandas vc mais admira?

Vitor: Na época do Enemy Time respondi um questionário citando alguns guitarristas que curti no momento, hoje é claro que conheço muito mais para poder responder de maneira mais convincente. Ainda continuo admirando David Gilmour pela riqueza de sentimentos, feeling e bom gosto. Porém também citaria Chuck Schuldiner (Death), Randy Rhoads (Ozzy), Paul Masvidal ( Cynic, Death, Master), Gregor Mackintosh (Paradise Lost)  Jon Petrucci (Dream Theater) entre outros....


2-Algum nome em particular pode ser considerado sua influência?

Vitor: Em Particular os guitarristas Rafael e Eduardo (Confront) foram minha primeira influencia, me interessei pela guitarras nessa época, pois era baixista. Após algum tempo acabei sofrendo bastante influencia do Gregor Mackintosh (Paradise Lost) nas melodias do Tragedy Garden e Carlos Vândalo  (Dorsal Atlântica) no Guilhotina HC.

3-Vc nunca abriu mão da melodia, mesmo em trabalhos mais ríspidos, como o Guilhotina.

 Qual a razão? Vitor: Creio que o “lance” ríspido veio mais por falta de técnica de conhecimento no começo do Guilhotina HC, além disso queríamos fazer puramente um som “raivoso” inicialmente sem muito acabamento. Claro que as músicas foram com tempo se polindo e hoje estão muito mais expressivas! Mais as melodias fazem parte de minha formação, sempre gostei de algo melodioso, mesmo em pequena escala e sem intenção, o Guilhotina HC tem seus momentos mais “melodiosos” que dão um toque especial a meu ver.

4-Aceitando ser um dos fundadores do Tragedy Garden, vc se deparou com o desafio da criação numa banda autoral. Como foi esta experiência?

Vitor: Confesso que nem tinha muita noção do que estava acontecendo. Achei confortável inicialmente criar algo que pudéssemos tocar e senti um gosto especial em criar algo meu. Devidamente estimulado pelo Marcão e Márcio, apenas fui criando sequencia de melodias e riffs sem me preocupar com que o “mundo” e os outros guitarristas iriam achar, algo livre e solto. Acho que os estímulos principalmente do Marcão conseguiram me levar de encontro à criatividade, musicalmente o Marcão foi o responsável por eu ser um compositor no Tragedy Garden e um melhor músico em outras bandas!


5-Como vc separa a musicalidade do Guilhotina, Tragedy Garden e demais projetos na hora de tocar e compor?

Vitor: A proposta de cada banda é muito diferente e isso ajuda a não embolar as influências nas composições. O Tragedy Garden tende a ser melancólico e sombrio, por isso uso muito melodias para passar um sentimento condizente com o estilo da banda, tento na medida do possível desenvolver algo emotivo sem abrir a mão do peso. Geralmente procuro motivações criativas em bandas clássicas do Doom/Death/ Black Metal e seus híbridos, até mesmo no Heavy Metal Tradicional, mais é claro que a “mistura” de influências do Tragedy Garden é muito mais abrangente que isso. No Guilhotina HC trabalho com texturas mais ríspidas oriundas do Thrash metal e Punk Rock, a melodia em demasia já se torna prejudicial para a mensagem final do Guilhotina HC, o que difere totalmente a maneira de compor em relação ao Tragedy Garden. Me inspiro muito em Dorsal Atlântica, Sepultura (antigo), RxDxP, bandas com guitarras mais “crus” e som mais visceral, com aquele “drive” mais seco na guitarra.

6-Como é seu processo de criação?

Vitor: Acredito que o principal fato para criação é se aceitar como um compositor e não ter medo ou timidez de se expor as criticas e opiniões variadas que podem surgir. No inicio quando comecei a compor para o Guilhotina HC e o Tragedy Garden era um processo mais isolado, fiz a maioria das minhas partes de guitarras sozinho e chegava no ensaio com o Riffs para serem trabalhados mais confortavelmente. Hoje tenho mais versatilidade e já fiz músicas com o Guilhotina HC por exemplo só nas “Jam Session” e improvisos. Porém, é importante dizer que eu apenas sou uma parte do processo, os outros músicos também sempre imprimem suas características e influências.

7-Vc conquistou a admiração de outras bandas/músicos da região. Comente sobre o processo inicial e sobre o atual estágio.

Desde o início carrego características que continuam sempre com a minha musicalidade. Sou um músico autodidata e tenho muitos “vícios” herdados de meus métodos errados para tocar o que eu ouvia, sem teoria nenhuma. Quando me envolvi com o rock comecei como baixista e isso me deu uma boa base rítmica ajudando a entender as melodias de forma mais simples. Meu estágio inicial foi muito bom porque na minha “inocência musical” produzi bastante material sem aquela cobrança que a experiência traz. Hoje em dia me considero um músico bem mais experiente e com mais facilidade de desenvolver aspectos polidos em novas composições. Em resumo, minha preocupação sempre é melhorar para que meus companheiros de banda tenham um bom guitarrista.


8-Vc teve a oportunidade de gravar em duas oportunidades com assessoria de profissional do ramo. Como vc avalia e o que representou para vc?

Vitor: Através do empenho do baterista Marcão o Tragedy  Garden sempre se manteve em constante evolução buscando resultados profissionais para suas atividades. Achei muito interessante gravar com um produtor experiente e técnico. Tinha muitas dúvidas quanto a minha musicalidade, o produtor me deixou muito confortável e elogiou minha honestidade musical. Procuro sempre ser humilde e discreto quanto a minha postura como guitarrista, nas ocasiões em que gravei me senti valorizado e feliz por meus companheiros e pelo produtor.

9-Mesmo ao vivo, o som do Tragedy Garden soa denso, mesmo com uma única guitarra. Como?

Vitor: Desde o Inicio investi em uma sonoridade com muito efeito de Delay e Reverb para preencher as lacunas. Ao vivo sempre funcionou muito bem, pois o Tragedy Garden precisa de uma camada sempre trabalhando a melodia. Quando chega o momento do solo os “rastros” de ecos encobrem a crueza do baixo e bateria. Sempre fiz isso e quando pego um pedal que não me proporciona “ecos” já descarto seu uso para o Tragedy Garden, são detalhes que fazem o som ficar mais melancólico.

10-O Guilhotina é uma proposta pesada aliada a identificação dos demais músicos com o crossover/hardcore. Como está o trampo da banda hoje? 

Vitor: O Guilhotina Hc assim como a maioria das bandas de nossa região sofrem com um Underground interiorano e pé frio. Alguns dizem que o caminho é a internet para divulgação e promoção, mais na maioria das vezes o conteúdo fácil baixado da internet nem é escutado. Então no Guilhotina HC tenho a filosofia de primeiramente agradar a nós mesmos. Fazemos ótimos ensaios, estamos compondo novas músicas e projetando materiais e curtindo o que fazemos. Acredito que não exista uma pressão exterior, apenas queríamos mais chances de tocar ao vivo, o que nem sempre é possível. Mais a filosofia é ser feliz com o que se tem em mãos, no meu caso pouco importa o que o Guilhotina HC representa para a região, lutei muito por essa banda para ficar esperando aprovação de “muleque” ou qualquer outra pessoa que procura motivos para apoiar a banda. Quem curti o Guilhotina Hc , tem material por ae é só procurar, quem não curte ou não conhece, foge as minhas pretensões e pouco tenho a acrescentar. Existe um CD que esta pronto para ser liberado de forma total, será nosso primeiro registro oficial, já era pra ter saído mais ainda restam detalhes que preferimos ajustar e liberar no momento propício.


11-Como vc vê hoje o metal brazuca e também as bandas mundo afora? 

Vitor: O Heavy Metal do Brasil esta muito bem representado pelos leais praticantes, bandas como Pentacrostic, Genocídio,  Headhunter DC, Golpe de Estado, Krisiun, Eternal Sorrow, DR.Sin, RxDxP,  e muitas outras continuam ao luta pela bandeira do metal nacional. Eu poderia escrever várias folhas e nomear lutadores da cena, mais englobo a todos com uma merecida saudação. Bandas como Sepultura, Angra que eram destaque hoje estão perdidas em negócios, papeis e rixa de egos, algo que repercutiu em lançamentos medianos e pouco inspirados. Porém quem curte Heavy Metal de verdade sempre tem ótimas bandas para apoiar, o saudosismo existe, mais o metal esta sendo feito no Brasil e no mundo, escolha alguma banda e curta!


12-Como está a aceitação e divulgação do coloradoheavymetal?

Vitor: No calor do momento até muito bem! Os acessos foram significativos! Mais não me iludo quando o interesse da grande maioria, em muito breve só restarão nós mesmos. Empenho-me horas nisso e juntamente com meus colaboradores sempre estamos com alguma ideia para resgatar ou divulgar algo relacionado à nossa cena local. Como eu disse ao Evandro no inicio, não espero nada das pessoas, apenas faço minha parte. Não vou cobrar para ninguém ler o que aqui escrevemos, é uma questão de identidade. No mais, a divulgação basicamente é feita via facebook. O blog esta “on line” e o endereço sempre esta sendo postado em locais onde os frequentadores podem saber se há conteúdo novo. Quem não apoia e não nos ajuda sendo um apreciador do gênero, não me surpreende, cada um tem sua vida e seu tempo para empregar em coisas que lhe agradem, mais deixo a dica, heavy metal precisa de lobos e não de ovelhas, é necessário partir para o ataque.


13-Qual dica vc daria para um garoto que pensa em comprar e aprender um instrumento?

Primeiramente, comprando o instrumento, aprenda a tirar o som dele.  Eu até hoje só tive uma guitarra, você não precisa ter uma guitarra de 7 mil pra tocar legal, você precisa respeitar seus companheiros de banda e tentar junto com eles aprender a fazer um som que some para o grupo. Agradeço o  Eduardo Jorge, ele sabe ressuscitar instrumentos. Nem sei o que seria se não fosse o Eduardo me acudir com as panes que surgem durante os anos de ensaios, show e desleixos... Se você quer ser músico, tenha humildade e boas amizades, vai precisar disso.

14-Quais seus 5 álbum favoritos?

- Paradise Lost - Gothic
- Dream Theather – Images & Words
- Viper – Theatre Of Fate
- Savatage – Edge of Thorns
- Death _ Symbolic

15-Suas considerações finais.

Vitor: Primeiramente coloco que o Blog é uma tentativa de união ao menos ideológica entre os apreciadores do som pesado. Agradeço meus parceiros do passado e presente nas bandas em que participei. Agradeço meus colaboradores Evandro, Marcão e Rodolfo por abraçarem esse projeto e doarem seu tempo para nossa causa. Agradeço aos frequentadores do Blog que doam minutos de sua atenção para nosso espaço. No mais, curto muito ser um Headbanger  e vou seguir essa estrada até o final!

COLORADO HEAVY METAL 

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