E com essa mensagem que enviei diretamente ao “pai da obra”, Carlos Lopes começo essa pequena matéria que fala nada mais algo como “chover no molhado”, mais minha necessidade inquietante de dividir o que gosto me fez revisar esse clássico!!! De maneira alguma me falta o respeito com o trabalhos da “Dorsal” que segue firme com o novo e espetacular álbum “Canudos”, que resenharei mais adiante...
Dividir & Conquistar é antes de tudo na minha opinião é um trabalho de complexidade vanguardista, um Thrash metal com espirito hardcore , ainda com algo técnico e cortante! O “Discão” começa com a canção TORTURA com sua pegada frenética e riffs que dão gosto de ouvir, sempre com aquele baixo “gordo” com aquela textura dos baixistas “das antigas” Imagino a cara dos Bangers escutando as leras dizendo “O medo da dor é mais forte que a própria dor, Tortura não passa de um ato sexual” Era claro, havia a necessidade filosófica que inspirava a uma reflexão além do “Metal” e suas conotações tão usadas do obscuro e fantasioso.
“Nascemos com a missão de fazer um sonho viver . Mesmo com pessoas e pedras fechando o nosso caminho” VITÓRIA é o segundo som que segue com a característica que que me capturou ao primeiro momento, a musicalidade! Sempre considerei o “Carlos Lopes” um puta guitarrista e sem querer causar polêmica melhor que os “figurinhas carimbadas”, aliás ele e o Claudio David do Overdose! Vitoria tem um solo muito legal e ótimos riffs, a batera sempre segue aquela peculiaridade que só o “hardcore” tem!
“Viajando na estrada, um ruído seco
Dentro de um ônibus atiraram em um inocente
Por pura ignorância
Ninguém esperava sentir como a vida é tão fugaz
E a morte ronda todo cheiro de carniça”
Letra mais atual impossível, “Violencia é Real” tem uma passagem no segundo compasso que soa-me melancólico, emotivo, algo que vai mudando de sentimento até chegar ao conceito central da canção, a violência gratuita que nos pega despercebidos em meio ao cotidiano... Acho que é um retrato real das grandes capitais, profetizado e vivenciado décadas atrás! “Porque o que destrói a raça humana é a incompreensão de ser humano”, precisa falar mais alguma coisa?
“Absolutas certezas baseadas em nada” METAL DESUNIDO tem uma pegada rápida e riffs como sempre complexos e letais! Porém, como tudo na “Dorsal” tem um sentido mais profundo que a primeira impressão, “Metal Desunido” é um manifesto catedrático de quem vivenciou as primeiras épocas do underground e todas as suas ambiguidades, alias... ainda continuam mais do que nunca, incertas!
O Heavy metal, pode ser bandeira ou simplesmente música, músicos e artistas podem se rotular ou não... A questão é.... há muito conteúdo nesse estilo musical! Quando escutei “LUCRÉCIA BORGIA” achei formidável, era a história descrita em riffs e levadas ensandecidas, momentos que acompanhavam o sentimento da música, Por isso esse disco merece tanto apreço, uma obra musical e lírica intensa. Tudo muito literário e sóbrio, é óbvio que a Dorsal realmente esteve a frente de seu tempo!
“Se essas ruas pudessem ser minhas
Eu poderia abraça-las
Senti-las vivas pulsando
Sugando a vida de quem passa nelas
Ou se quisesse destruir tudo como um crime passional
Para que isso? Por que não ir embora e esquecer?
Estou aqui sei que vou ficar, porque aqui é meu lugar”
MORADOR DAS RUAS é outra pérola, que conta de maneira intensa a vida de um morador das ruas, as vezes resumido a uma palavra que considero tão inapropriada, mendigo... Carlos conseguiu sintetizar muito bem mais esse experimento sonoro, retratando a vivencia expressiva e marginalizada das grandes capitais. É muito interessante verificar a complexidade musical da banda fluindo de maneira totalmente ligada aos acontecimentos das letras, isso é algo raro de se captar em bandas mais Thrash Metal.... detalhe, ouça o solo dessa música... fantástico!
E seguindo a sequência do disco, mais um tema surpreendente, VELHICE que segue afiada em todos os sentidos...
Se eu não trabalho então eu não existo
Se eu não servir de produção, estou morto estando vivo?
Não é assim que vocês raciocinam ?
Penso que ainda existe vida nos retratos amarelos
Dividir e conquistar demonstra uma maturidade lírica fundamental para a construção da banda, acredito que esse fator há cada tempo que passa torna a DORSAL ATLÂNTICA mais vanguardista, pois o conceito de ser abundante em temas e opiniões sóbrias leva a enquadrar esse registro como no mínimo, genial!!!
“PRESO AO PASSADO” encerra essa aventura thrash em terrenos tão astutamente medidos palmo a palmo pelo maestro Carlos Lopes, coisa de quem sabia que a ousadia era necessária!
Ahhhhh.... A Propósito quando mandei minhas impressões ao genial Carlos Lopes, recebi suas palavras...
"Muito muito obrigado por suas palavras, Vitor. Poderíamos falar sobre tudo isso e muito mais, mas basta que seu coração seja tocado! Que bom que você percebe que a evolução é necessária e que a arte é fundamental."
Por Vitor Carnelossi
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Editor responsável - Vitor Carnelossi