quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

ENTREVISTA YURI FULONE

O YURI FULONE  é o nome  do tecladista paulista que vem compondo grandes canções do mais puro “Epic Heavy metal tradicional” com aqueles elementos que tanto gostamos. Curiosamente o líder é o “cara  dos teclados”, instrumento que as vezes é criticado no meio mais purista. Pois é, mais aqui o caso é interessante, em seu mais recente trabalho, a compilação “The Time of the Sword”, podemos ouvir um belo e equilibrado CD, muito bom de se ouvir e também de ser ter na coleção! A repostas do público mais “metal tradicional” tem sido ótima! Também acho altamente indicado para qualquer amante de música....Sobre o projeto que leva seu nome e de outras participações, abaixo vamos conhecer esse promissor músico que certamente em breve nos brindará com novas “empreitadas”. Confiram!

1 - Yuri, é um prazer tê-lo por aqui, começo nosso bate-papo lhe perguntando, como é estar à frente de um projeto onde você é responsável pelas composições e direcionamentos da sonoridade?
Esse projeto é algo que me satisfaz completamente por me dar a oportunidade de fazer tudo exatamente como eu gostaria, daria muito menos trabalho compor apenas a minha parte dentro de uma banda mas não era esse meu objetivo com este projeto.


2 –  O YURI FULONE  é “abraçado” pelos fãs de Metal Tradicional, isso deve ser muito gratificante pra você, visto que em muitos casos o teclado é criticado por seu uso.  Qual os parâmetros que você julga necessário para alcançar uma harmonia de peso e melodia em seus trabalhos?
Isso é verdade, o teclado é um instrumento meio excluído quando se fala em Heavy Metal tradicional, eu acredito que isso acontece pelo fato de que muitos tecladistas de metal são influenciados exclusivamente pelo metal melódico, por isso não existe uma interação maior entre tecladistas e as bandas de tradicional.



3 –  Você gravou o excelente álbum “Marching to The War” com a banda WARPRIDE, sem dúvidas um grande material, qual a diferença em desenvolver as composições em uma banda comparado a carreira solo?
Em uma banda você precisa saber vender a sua idéia, o que nem sempre funciona, isso acaba sendo uma grande complicação quando se trata de sua própria composição que é algo muito pessoal. Na época do Warpride geralmente eu trazia uma música quase pronta e com letra e trabalhávamos juntos nos ensaios, lapidando os detalhes, quando sai da banda foi bem trabalhoso prestar atenção em cada instrumento, por isso foi imprescindível  usar o computador pra gravar cada idéia sem que eu me esquecesse.




4 – Em seu primeiro EP  "when the sky meets the Earth" a sonoridade desenvolvida é base para os trabalhos posteriores.  Como você analisa o trabalho de estreia e os desafios para moldar suas influências no YURI FULONE?
Foi muito gratificante depois de tantos anos superando problemas conseguir gravar os primeiros EPs (que foram gravados quase que ao mesmo tempo) e finalmente poder escutá-los. Esse EP soa um pouco mais Power metal, provavelmente por causa dos vocais do Marcio Bárrios, e mesmo que a sonoridade dos trabalhos posteriores tenha mudado ainda é um CD que eu curto bastante.



5 – “The Blacksmith”, seu segundo EP mantem uma pegada tradicional com influencias épicas, quais as fontes literárias e bandas que inspiram YURI FULONE?
Cada faixa remete a uma história diferente, não houve um conceito para todas elas, apenas me baseei na temática fantástico/medieval que sempre estará presente na minha música. As influências são muitas, mas posso citar com toda certeza Manowar, Virgin Steele, Helloween, Rhapsody, Grave Digger, Grand Magus...


6 –  As artes que ilustram seus materiais são de extremo bom gosto e totalmente explicativo quanto a proposta da banda. Você já pensou alguma vez em lançar seu material em vinil, digo isso porque seria espetacular ver essas artes envolto de um belo encarte, ainda mais com a pegada “oitentista” do projeto!
Isso ainda é um sonho para mim! Até cheguei a fazer essas capas em tamanho de vinil pra mim, só pra ficar olhando pra elas! Talvez um dia isso se torne possível,  tudo vai depender de como as coisas aconteçam daqui pra frente.




7 – Na música “Warrior's Return”, temos a participação do grande vocalista Mario Pastore, como se deu essa grande presença vocal no YURI FULONE?
O Mario Pastore sempre foi um grande vocalista de metal, mas curiosamente eu o conheci cantando em festas tradicionais dos bairros de comunidade italiana de São Paulo, logo depois entrei em contato com ele convidando-o para o projeto e ele me pediu alguns áudios para saber se seria o tipo de som de interesse dele. Depois de escutar todas as músicas marcamos no estúdio do Rafael Agostino e gravamos tudo.



8 – Aproveitando a pergunta anterior, como funciona suas escolhas para os instrumentistas e vocalistas que lhe acompanham em estúdio?
Alguns eu já conhecia de longa data, outros fui conhecendo durante  as composições, claro que o talento é fundamental mas vale muito quando são pessoas descomplicadas, e essa tem sido a fórmula que viabilizou lançar vários trabalhos em pouco tempo.




9 –  Vocês chegam a ensaiar o material juntos ou cada músico recebe o material para ensaiar separadamente?
Cada um recebeu uma guia que eu gravo todos instrumentos e “canto”! apesar de cantar muito mal isso facilita bastante o processo, assim ninguém precisa vir aqui em casa, ou marcar um estúdio só pra entender as melodias e interpretações.



10 – Creio que o planejamento para um projeto nesta proposta deve ver bem arquitetado, como você se prepara para o estúdio nas gravações das músicas?
É um pouco complicado, algumas vezes eu mesmo preciso parar a gravação e escutar o que eu gravei nas guias pois são tantos instrumentos pra decorar que acaba dando um branco. O Pedro Esteves que produziu o último EP e agora esta produzindo o full sabe muito bem como é, eu esqueço completamente e as vezes tiro as notas durante as gravações!



11 – Como surgiu a ideia de se lançar “In the Steel Your Can Trust”, que é uma compilação de músicas anteriormente lançadas.
Eu entrei em contato com a Stormspell Records na intenção de lançar as 5 músicas do EP “In the Steel Your Can Trust” mas eles se interessaram pelos 2 trabalhos anteriores e acharam por melhor lançá-los juntos. Eles sabem que é mais difícil vender 5 músicas doque vender 16 músicas num CD, e pra mim isso foi bom porque foi uma grande vitrine do meu trabalho no exterior.


12 – Eu particularmente sou muito fã da música “The Time of the Sword”, acho ela poderosa e tem algo meio atmosférico nos teclados, muito legal!
Valeu! essa música é sem dúvida uma das minhas preferidas também e muitas pessoas descobriram o projeto através dela.



13 – Sei que é difícil, pois você é “pai” das canções, mais tem alguma faixa que você tenha um carinho especial?
Tenho algumas preferidas sim, entre elas a “the Time of the Sword” como já disse, a instrumental “Outlaws of Sherwood”, “when the Sky meets the Earth”, “the Blacksmith”, a introdução “the awakening of the King” e algumas que estamos gravando para o próximo disco.




14–  A Galera que lhe acompanha já está pedindo um Full Length, quais as próximas novidades que podemos esperar sobre o nome de YURI FULONE?
Muito em breve esse álbum estará pronto, já foi gravado todo instrumental, serão 11 faixas nos mesmos moldes das músicas já lançadas. Haverá também algumas novidades como a participação de Alex Navar tocando Gaita irlandesa, Nayara Camarozano cantando em uma das faixas, Pedro Esteves gravou todas as Guitarras, entre outras novidades.



15 – Conheci seu material através do projeto “Brothers of Sword”, o equilíbrio entre os integrantes gerou um material fantástico! Qual o sentimento sobre esta parceria?
Muito grato pelo convite do meu amigo mineiro Fabio Paulinelli do Grey Wolf, essa foi a prova de que músicos que fazem o verdadeiro heavy tradicional aceitaram incluir os teclados no CD, e o resultado me deu muito orgulho, gosto demais desse disco e posso adiantar que junto dessa galera já estamos trabalhando na parte II, mas ainda não posso dar muitos detalhes sobre isso!



16 – Todos músicos são amantes de música, principalmente nós fãs  de Heavy Metal, sabendo disso lhe pergunto, quais seus álbuns favoritos?
Posso responder essa pergunta com uma imagem?!



17 – Quais músicos, como instrumentista você admira? 
Alex Staropoli, Stephan Arnold, Tony Iommi , Brian May, Jon Oliva…


18 – Deixo o espaço aberto para alguma consideração, detalhe que eu não tenha dito... Agradeço imensamente sua participação, e recomendo que comprem seu material pois é muito bom!
Eu que agradeço o convite e gostaria de convidar aos fãs de metal que ainda não conhecem meu trabalho a curtirem a página do projeto no Facebook para as novidades que estão por vir em 2017.
Muito obrigado a todos!

PAGE OFICIAL:
https://www.facebook.com/yurifuloneband/

PERFIL PESSOAL:
https://www.facebook.com/yuri.fulone?fref=ts


CONFIRAM TAMBÉM:
http://coloradoheavymetal.blogspot.com.br/2016/07/in-steel-you-can-trust-yuri-fuloni.html



Por Vitor Carnelossi

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Editor responsável - Vitor Carnelossi

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

ENTREVISTA ROBERTO REZENDE

Músico e Professor, Bacharel em Violão pela UEM , Especializado em Arranjo Musical pela UEL, Roberto Rezende é um guitarrista atuante de Maringá –PR. Além de seus conhecimentos profissionais Roberto também conhece profundamente o underground e suas dificuldades. Contando com sua experiência e visão  a frente do ESPAÇO MUSICAL ROBERTO REZENDE ,fizemos uma entrevista bem legal abordando alguns tópicos referentes aos dia-dia do músico esperando dar uma “luz” em questões bastante comuns para quem faz parte desse universo.... E é claro que não poderiam  alguns temas de cunho pessoal que a galera que frequenta o BLOG tanto gosta! Confiram navegantes perdidos!

1 -  Roberto, primeiramente é um prazer tê-lo por aqui para trocar uma ideia sobre música! Você além de músico e professor também presta consultoria. A Classe dos músicos, em termos regionais sabe valorizar seu trabalho?
O prazer é todo meu, é uma honra mais uma vez poder falar através deste veiculo de comunicação que valoriza não só a ideologia underground mais também todo o que envolve ela.  Eu acredito que os músicos de verdade se valorizam sim, a galera que vive realmente disso, porém anda meio difícil de manter uma postura, principalmente quando o assunto é rock; Não sei como é em outras localidades, mas em nossa região existe um número imenso de bandas que preferem não se intitular músicos profissionais e acabam trabalhando praticamente de graça e dificultam o trabalho daqueles que vivem para a música.

2 -  Como estipular o preço para uma apresentação, quais os fatores que agregam valor para o cachê de um músico/banda?
                Legal essa pergunta. Durante muito tempo eu fiquei os bastidores deste tipo de função e negociação em uma banda, mas nos últimos anos tenho entrado neste meio de cabeça. Estipular um preço é algo complicado, são vários fatores para analisar, dentre os custos por exemplo; O músico tem que calcular o custo pré show (Ensaios, Estudos, Deslocamento) , Custo do Show (Equipamento disponibilizado, Tempo de show, Equipe) e o Custo pós- show (Alimentação e outras despesas que possam surgir decorrentes do show).  Tudo isso deve ser colocado na balança e contra – posto com o tamanho da casa ou evento que você está fazendo contato, visibilidade da sua banda, viabilidade. As vezes o tamanho da casa ou evento não possibilita que você cobre um cachê de um valor razoável, mas os lucros não financeiros são compensatórios  (Visibilidade, Contatos Musicais , Contato com o publico). Então quando eu vou fechar um show pra mim ou pra minha banda eu sempre penso em todos esses fatores

3 – Musicalmente falando, nem sempre quem toca melhor é o mais reconhecido monetariamente... sabendo disso, o que pesa sobre os músicos que levam sua técnica e conhecimento musical ao extremo?
                Ser reconhecido monetariamente envolve mais do que tocar bem. O músico que deseja  ganhar bem pra tocar tem que desenvolver algumas funções que estão além do instrumento.  Atualmente o músico tem que dominar Relações Comerciais , Marketing, Edição de Imagem, Áudio e Vídeo afim de mostrar seu profissionalismo e sua arte. Ou seja, o músico deve ser mais que instrumentista deve ser um artista e seu empresário. Então ficar apenas trancado em um quarto estudando , garante que você seja um grande instrumentista, mais fazer isso dar dinheiro vai depender de como você se porta em relação a isso.
               
4 – Quando um aluno chega no ESPAÇO MUSICAL ROBERTO REZENDE quais são as primeiras músicas a serem abordadas para o estudo da guitarra?
                Geralmente eu tento voltar o estudo do aluno para o universo que ele vive, para as coisas que ele escuta e aos poucos ir inserindo outros universos para ele, mas geralmente as primeiras músicas envolvem conceitos como postura de mão direita e esquerda,  Acordes maiores e menores e e técnicas como Palhetada Alternada, então eu sempre abordo coisas do Pop Rock Nacional e Internacional  e Riffs de bandas de Rock Clássico.

5 – É muito comum os leigos perguntarem qual a diferença entre tocar a guitarra e violão, nos responda essa pergunta kkkkkkkkkk
                Normal e cotidiano, rsrsrsrs.  A diferença está na pegada do instrumento, na forma de produção do som. É muito mais difícil tirar som no inicio do estudo em um violão do que em uma guitarra. Então fora algumas diferenças da construção e da produção sonora de cada um (Acústica e Elétrica, tamanho de braço, pegada) a postura e a técnica  são bem peculiares em cada um deles.

6 -  É mais desafiador ensinar alguém sem experiência alguma na música, ou tirar vícios de que aprendeu a tocar de maneira “errada”...
                É mais desafiador ensinar quem já aprendeu e adquiriu vícios, uma vez que a pessoa tem pra ela que já sabe muito e só precisa “aperfeiçoar”, é muito difícil convencê-la de que ela precisa dar alguns passos para trás.  Então esse tipo de abordagem exigem uma metodologia com mais exemplos a fim de mostrar para o aluno que muitas das dificuldades dele estão nas etapas que ele pulou ou nos vícios adquiridos.

7 -  Em quanto tempo é possível passar conceitos básicos da guitarra para um iniciante?
                 Isso varia de aluno pra aluno, uma vez que boa parte do aprendizado você desenvolve estudando em casa, se dedicando diariamente. Mais em geral o conhecimento básico inicial cerca de 6 meses à 1 ano.

8 – Assim como eu, muitos amigos músicos são “altodidata” e possuem conhecimento quase “zero” na parte teórica. Há maneiras de desenvolver a teoria sem voltar ao início do aprendizado, ou estamos condenados ao “prézinho” dos guitarristas kkkkkkkk
                Sim, com certeza. Basta mostrar para o aluno que a teoria é a base para tudo que ele já sabe fazer.  Ao invés de tirar a guitarra e pegar o caderno, eu tento mostrar na guitarra o que a pode ajudar e facilitar na sua prática.

9 – O desenvolvimento de um guitarrista segue muitos caminhos diferentes, faço uma pergunta complexa sendo você um professor de música, é possível alcançar notoriedade sem estudar escalas e técnicas a fundo?
                Inúmeros  músicos são mestres em seus instrumentos e não sabem escrever uma nota. A música é uma arte, não existe uma forma padrão de se fazer arte, não existe um caminho básico, a teoria e a técnica facilitam muita coisa, pra todas as pessoas que se propõe a estudar música, porém não conhecê-las de maneira alguma impede que a pessoa faça música de qualidade.  Como guitarrista eu acho a técnica do Chuck Schuldiner muito feia perto de outros guitarristas, porém a sua arte se sobrepõe a tudo isso, colocando a música em primeiro plano.

10-  Pra você, quais são os grandes músicos do Brasil no momento em seus respectivos instrumentos?
                Na guitarra eu sou fã de vários músicos brasileiros,  Kiko Loureiro, Ardanuy, André Nieri, Mateus Assato, Antonio Araujo, Nelson Faria. No violão, Yamandu Costa, Marco Pereira , Fábio Zanon. No bandolin Hamilton de Holanda,  na bateria Eloy Casagrande. Putz, tem mais uma galera que eu curto muito mas essa lista vai ficar gigante, rsrsrs.

11 – Eduardo Ardanuy ou Kiko Loureiro?
                Ardanuy

12 – Puder ver no face que ESPAÇO MUSICAL ROBERTO REZENDE através de você promove recitais, inclusive em escolas! É muito legal aproximar a música das pessoas, em especial das crianças não é mesmo?
                Faz parte do meu objetivo a frente do Espaço realizar esses eventos. Eu acho que a comunidade em geral é carente de boa música e boa parte da culpa disso são dos próprios músicos e pessoas ligadas a música. E algo meio elitista, tipo como se as pessoas fizessem parte de um mundinho e não quisessem abrir a porta dele pra ninguém, eu vi muito isso na Música Erudita. As pessoas consomem o que elas conhecem, as pessoas comem mal porque é o que lhes é oferecido. Ninguém comeria músculo se a picanha fosse o mesmo preço, ou pelo menos um pouco mais acessível, com a música é a mesma coisa, pelo menos pra mim.
                Então é muito gratificante aproximar as pessoas e ver que elas se encontram em universos totalmente diferente do que lhes são propostos.

13– Gostaria que você nos falasse sua formação musical, e em qual momento decidiu fazer isso sua profissão!
                Eu comecei a estudar violão aos 11 anos de idade em um projeto do colégio que eu estudava.  Para minha sorte meu primeiro professor foi o grande músico e amigo Laércio Pinheiro (Lord Holder). Depois me enveredei na guitarra sozinho mesmo e comecei tocar em bandas de rock alternativo. Aos 16 anos voltei a estudar violão , desta vez violão clássico, novamente com o Laercio. Aos 18 ele me convidou a assumir suas aulas em um projeto de oficinas culturais onde ele seria o  meu chefe. Desse momento em diante resolvi levar a música como minha profissão. Então comecei a cursar Curso básico e técnico na Escola de Música da UEM, me graduei Bacharel em Violão pela mesma universidade e depois cursei Pós – Graduação em Arranjo musical pela UEL. Em meio a tudo isso toquei em várias bandas de Baile, Dupla sertaneja, Banda de Casamento, Awake, Hyncypyt, Cazuza Cover, Legião Cover e por ai vai. 14 - É possível ser profissional, mesmo tocando música underground?
                É possível por parte do músico,  mais ainda é  difícil  por parte do underground. O público e até os próprios músicos “não profissionais” ainda  tem dificuldades de aceitar que você seja profissional e o que essa decisão acarreta.  Acredito que aqui no Brasil ainda é muito misturado o lance do Estilo de vida com a Profissão Músico. Se um cara trabalha em um escritório corta o cabelo e vai de camisa branca todos os dias ao trabalho  e  no fim de semana ele vai curtir um show, tudo bem, ele é um “guerreiro”. Se o músico se veste da mesma forma e toca em uma dupla sertaneja, ai ele já é traidor, falso. Então essa relação ainda é muito complicada.

15 – A questão dos “promotores de eventos fuleiros” e “bandas desesperadas para tocar” ainda enfraquece muito o underground, é possível se “salvar” desse tipo de problema tocando música pesada?
                É possível. Basta as bandas se unirem e assumirem uma postura profissional, exigir equipamentos de qualidade, cachê e tudo que um músico profissional tem direito, mas ai entra um problema muito grande, a política e ideologia Underground, onde as bandas não se unem por problemas ideológicos, panelinhas e entre outros fatores. Dessa forma os espaços para tocar e o público diminuem, as bandas aumentam e o espaço para a fuleiragem fica aberto.

16 - Como uma banda autoral deve se organizar para uma gravação em estúdio?
                Quando gravamos “Desespero” com o Hyncypyt, eu percebi o que era a pré-produção.  Ensaiávamos e compúnhamos sem nos preocupar com o que seria possível gravar e daí durante a gravação tivemos alguns contra-tempos que atrapalharam um pouco o rendimento do trabalho.  Então acredito que toda banda deve antes de entrar em estúdio ter a composição e o arranjo da música bem formatado, de preferência transcrito. Ensaiar tanto individualmente quanto coletivamente utilizando o metrônomo , definir o timbre e equipamentos que pretende usar na gravação  e acima de tudo respeitar as capacidade técnicas de cada músico, gravando aquilo que sabe tocar. Acho importante procurar um profissional para ter uma outra visão do trabalho pessoal.

17 – O Abismo entre a música comercial e underground é quase intransponível. É interessante ver que as bases musicais também foram segmentadas ao underground no Brasil:  Jazz, Blues, Country, R&B, tudo isso é estranho as grandes massas... Como você analisa o atual momento musical do Brasil?
                E interessante essa analise, pois antigamente achávamos que apenas o Rock estava nessa base da pirâmide, mas hoje vemos inúmeros estilos musicais neste nicho.  Eu acho que ser underground não é um problema, acho até que existe graças ao advento da tecnologia uma facilidade de alcançar pessoas que se interessam a esse tipo de musica não comercial.  O que a galera tem que entender e que não ser comercial,  não quer dizer que é ruim, que é de graça, que não é profissional.  Vejo nos estilos citados por você que muitos deles mesmo sendo do submundo musical produzem material  e eventos de qualidade, utilizam as mídias digitais com inteligência e tem uma postura profissional, transformando seu trabalho em arte e não em mero produto visando o grande público , acho que essa visão ainda falta ao Rock.
Em geral acho que o momento musical é bom, possibilitando visibilidade para qualquer um dos lados citados e que muitas vezes essa barreira instransponível é algo que deve permanecer assim , separando o entretenimento da arte. O que não quer dizer que não se deva divulgar o Underground visando a sua expansão de forma qualitativa.

18 – Em quais o projetos/bandas você está no momento?
                Atualmente faço freelancers e toco com a banda Válvula XXI (Hard Rock Cover) e me dedico as aulas no Espaço Musical

19 – Indique algum(s) disco que você considere fenomenal na guitarra!
                Acho Simbolic do Death uma obra Prima, Bases Lindas , Solos Melódico e virtuosidade na medida certa. É meu disco favorito

20– Agradecemos imensamente sua participação no blog COLORADO HEAVY METAL, deixo espaço aberto para suas considerações finais!
                Eu que agradeço  o espaço e a oportunidade de falar e mostrar as minhas idéias sobre esse mundo que eu respiro todos os dias.
                Quero parabenizá-los pelo blog e dizer que acho muito interessantes este tipo de trabalho que foge um pouco das bandas e mostra um pouco do músicos por trás delas.

                Muito obrigado e até a próxima!


Por Vitor Carnelossi

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