Em inúmeras ocasiões, os músicos de hoje são pegos por
aquela indagação íntima que as vezes pode ser mal interpretada por algum colega
ou movimento. Tocar ou não de graça.... Acho que podemos fazer algo reflexivo
sobre este assunto fazendo alguns questionamentos.... Quando e por que participar de um evento
FREE, sem cachê ou beneficente? Quais as minhas despesas com deslocamento,
alimentação? Quantas e quais as bandas estarão presentes? Qual o valor agregado
que minha banda possui?
O Seguimento do Heavy Metal, hardcore, Punk realmente são
caminhos difíceis para se converter música em valores, sabe-se muito bem disso.
A maioria esmagadora dos “músicos de sons pesados” tem outras profissões e
dependem exclusivamente de suas rendas fora da música, então muitas vezes
acabam fazendo vista grossa para posturas extremamente desrespeitosas com as
bandas. Fechei os olhos para isso por muitos anos, mais a grande verdade é que
uma banda deve sobreviver a suas custas e não deve se investir grana das
profissões dos respectivos membros para se colocarem na estrada. Isso
desorganiza o lado pessoal do músico e gera problemas internos na banda e na
família.
Em relação aos eventos sem cachê ou beneficente, creio que
tudo se resuma em pequenas observações. Qual a exposição que a banda terá em
termos de público? O Público local vai entender a sonoridade da banda, mesmo
que superficialmente? O organizador vai dispor equipamentos e estrutura
profissional? Dentro destas considerações creio que seja possível saber se o
lance vai ser prazeroso ou desgastante para banda. Sendo que nem sempre o público é
participativo, foque principalmente no lado técnico, o Setup tem que ser ao
menos funcional, tendo cubos, microfones, bateria microfonada e um “mesário”
competente. Queimar a banda “filantropicamente” é naufragar na boa vontade....
Não é justo sacrificar parte do salário para tocar ao vivo
as despesas com deslocamento e alimentação devem ser fixas independentemente do
número de público pagante. Diga o preço justo para a banda se deslocar até o
evento, isso é totalmente merecido, afinal sua banda deve ter ao menos isso
para tocar. O Organizador do evento deve ter um “caixinha” de patrocínios
destinado a cobrir os gastos com as bandas antes do evento acontecer... fuja
das molecagens e preserve sua dignidade.
Preste atenção, mais muita atenção no Cast do Show... Muitas
bandas em um evento pode ser perigoso! Algumas bandas carregam consigo
informações interessantes, algumas são boas e tocam em eventos legais, são
profissionais e respeitosos. Outras são cheias de “marra” , sem conhecimento e
ficam com aquele assunto de “rolê”... Esse “rolê” significa.... “vamos tocar do
jeito que dá, e se nada der certo, foi um rolê” Fuja!!!!!
Outro lance que se
tem que levar em consideração é o valor agregado na banda... A banda tem já um
nome regional? Tem CD gravado? Tem uma boa performance ao vivo? Leva alguma
galera para o show? Investe no material de divulgação (CD, camisetas, brindes).
Tudo isso nos dá dicas para trabalhar o valor a ser pedido para uma
apresentação. Esse lance de tocar a “troco
da cachaça” tem que acabar, pois dá margens para organizadores fuleiros
e aproveitadores.
Conversando com meu amigo Alexandre Hygino (Batera) em outro
dia chegamos ao senso comum que a palavra UNDERGROUND está sendo deturpada por
muitos. O que era antigamente sinônimos de ativismo musical, ideológico parece
que está sendo refúgio de fanfarrões. Ser Underground é ter aquele gosto da
CONTRACULTURA e não promover gambiarras
e encontros de roqueiros nas coxas... O profissionalismo deve permanecer, o respeito
como os gêneros mais pesados é uma maneira de promover mais shows de qualidade para galera assistir. O
Underground deve ser extremamente profissional para ser digno e prazeroso para
os músicos e plateia!
Por Vitor Carnelossi
Concordo com o Vitor. Principalmente quando viaja pra outra cidade, pois implica em custos. O problema que ocorreu enquanto viajava com a banda é o despreparo de organizadores, que pensam que um som terrível e um botequinho pra ganhar uns trocos na birita seja suficiente.Marcão.
ResponderExcluir