Hoje o Blog COLORADO HEAVY METAL leva a nosso leitores uma
entrevista com o Baterista Hugo Ubaldo falando sobre sua nova empreitada na
“cozinha” do power trio SUB-VERSÃO. Fazendo uma fusão de rock / música
brasileira / rap, a proposta ousada da banda chega a seu primeiro fruto, a
música "Chico Baiano e o Samba-Enredo do Cotidiano" que precede ao EP
que logo estará saindo do forno ! Oriunda de Paranavaí a banda é um novo folego
para cena local e promete uma interação cultural e inquieta para levar sua
mensagem adiante. Acompanhem a entrevista e confiram o som dessa galera que
fazem sua parte no underground paranaense!
Hugo (Voz e Bateria), Marcos Henrique (Guitarra
e Voz), Guilherme Rebelo (Baixo e voz).
1 -Olá Hugo, o Blog COLORADO
HEAVY METAL agradece sua passagem por
nosso espaço, primeiramente como esta nesse momento os trabalhos envolvendo o Sub-Versão?
R: Primeiramente, agradeço o
convite em nome do grupo. E desde já, parabenizo a todos envolvidos no blog,
uma bela iniciativa cultural. Estamos em
processo de finalização do nosso primeiro EP, faltam alguns detalhes referentes
à parte técnica e estamos já pensando no trabalho de divulgação. Enquanto a
parte musical, referente a shows e criação, estamos pegando pesado em umas
composições novas que vamos apresentar em dois Festivais em Maringá no mês de
Maio.
2 – O Nome da banda é autoexplicativo,
rege-se diretamente uma maneira de um
contexto político e também um musical, qual o conceito que melhor define a
proposta da banda?
R: Uma separação
difícil essa. Não conseguimos separar nossas posições políticas/ideológicas
dentro do nosso processo de composição musical. Ou seja, nossa música é um ato
político, social e cultural. Em referência ao nome, tentamos criar essa dupla
visão com o uso do hífen.
3 – O Sub- Versão agrega uma
musicalidade que abraça as referencias brasileiras, ainda existe uma tendência
de preconceito pelas vertentes “mais rock” do cenário nacional em retratar
nossa cultura através referências
musicais?
R: Eu acho que ainda
existe, porém diminuísse cada vez mais. As barreiras são quebradas aos poucos,
a pluralização da nossa música é clara, desde as bandas propulsoras do rock
verdadeiramente nacional, ali nos idos dos anos 70, até chegarmos ao Sepultura
usando elementos clássicos da cultura popular brasileira, como a capoeira e
instrumentos indígenas. É algo
sensacional. Estamos ai, mesclando e
buscando agregar tudo aquilo que pensamos ser bom ao nosso som, sem
preconceitos.
SUB-VERSÃO AO VIVO |
4 – Fiz a pergunta anterior pelo
fato das bandas brasileiras em geral fazerem algo usualmente estrangeiro, não
difícil achar bandas falando sobre Celtas, Vikings, Runas e outras demais
culturas...
R: Sim. Acho que temos
coisas sensacionais que envolvem nossa cultura, porém, nada impede você de
buscar coisas de fora para agregar ao seu som. O mundo é um todo. Dei o exemplo
do Sepultura que cantava em inglês a maioria das musicas; Mas isso não os
impediu de retratar a cultura nacional de alguma forma. Só acho complicado
quando se coloca que tudo que vem de fora é melhor. Ai sim... Temos um problema
grande.
5 – o Sub-Versão conta com 3
músicos, sendo um trio é mais fácil direcionar as composições sem haver aquela
famosa divergência musical?
R: As composições na
maioria das vezes são esboçadas por mim e lapidadas em conjunto, juntamente com
o processo melódico. Realmente, em três as coisas são mais simples. E tem um
fato a mais, somos primos e fomos criados sempre juntos, como irmãos. Tudo isso
gera uma maior facilidade na hora de se ajeitar tudo. Mas as divergências
também são naturais!
6 – No Release da Banda, é claro
a influencia de Rap no conceito e som de vocês, em bandas anteriores você tinha
como relação mais estreita com o punk rock, qual a diferença que você enxerga
entre a maneira de protestar punk e a rica ideologia contida no Rap?
R: Eu e o Marcos
(guitarrista) iniciamos em uma banda de Punk Rock, onde o Guilherme (baixo)
também fez algumas apresentações. O Punk tem muito de Rap, e a recíproca é
verdadeira. O Punk Rock é uma vertente clássica de composição política e o Rap
tem na sua gênese a luta social em vários frontes culturais (Hip-Hop), ambos
são filhos da luta urbana. Em minha opinião, o Rock em sua forma geral, lógico,
com exceções de bandas e alguns estilos, se transportou para o “mundo” da
comercialização e foi “domesticado”. Algo diferente do Rap (Hip-Hop), que ainda
na sua maioria, se mantém coeso em idéias e batalhas. Mas nossa banda bebe das
duas vertentes e entende que ambas são muito parecidas. Lutas são lutas.
7 –Você poderia nos contar por quais bandas você,
Guilherme e Marcos passaram antes de
formarem o Sub-Versão, pergunto isso pois é interessante para sabermos da cena
de Paranavaí ?
R: Eu, Marcos e Guilherme
passamos pelas bandas: Malditos Garotos (Punk Rock), Cadillac 52 (Rock/Punk) as
duas tinham trabalhos autorais e covers. O Marcos hoje em dia além de
participar da banda Sub-Versão faz parte da Rock Squad (Rock). Aproveitando a
pergunta, vou mandar um grande abraço para toda galera da cena de Paranavaí que
luta muito e mesmo com todas dificuldades, faz acontecer. Em especial para
aqueles que foram nossos companheiros por algum tempo: Larsen e Alex (Malditos
Garotos) e Walisson e Michael (Cadillac 52).
8 – "Chico Baiano e o
Samba-Enredo do Cotidiano" é a primeira faixa liberada para a galera
curtir. Qual foi a recepção da banda com essa faixa?
R: As nossas expectativas
foram superadas. O som foi muito bem aceito pela galera e algumas portas forma
abertas por decorrência de você ter algum material em mãos. Isso é essencial
quando a proposta se baseia integralmente em trabalhar de forma autoral.
Esperamos ter ainda mais portas abertas após a conclusão e lançamento do EP.
9 –O próprio nome do som já remete o ouvinte a nomes do alternativo
nacional, tais como Chico Science e Nação Zumbi, o que você pode nos contar sobre a construção
dessa faixa?
R: Essa musica é uma das
primeiras que montamos. Ela é carregada com um peso bem rock e tem uma cadência
que referência a musica nordestina. Gravar esse som foi um barato e muito
prazeroso. É o primeiro filho. A conexão
ao imaginário cultural nacional é direta; Todos já conhecemos (e somos) pessoas
que fazem a “roda girar”, se isso lhe agrada ou não já é outro assunto. Chico e
Nação são imensos e grandiosos na musica, é um grande orgulho e honra fazer
esse link de associação.
10 – O Instrumental dela é
bastante versátil, trazendo uma “cara” de Raimundos das antigas, porém com
outras misturas que fazem parte da referencias pessoal de vocês, no caso da
bateria podemos dizer que você utilizou muito elementos de musica brasileira,
quais suas referencias ao arranjar essa faixa?
R: Nossa, são tantas
referências. Em questão do som, como disse antes, nos preocupou fazer as
conexões entre os estilos e não perder o peso. O Marcos tem uma pegada bem
agressiva que vem da referência Punk/Hard core/ Trash; O Guilherme tem um
groove que vem das misturas de Funk/Rock/Hard Core, e tudo isso tem que ser bem
casado. Enquanto a batera, tento me aprofundar musicalmente, tendo em vista que
estou vivendo de música, em decorrência disto, estou estudando muito musica
brasileira e um pouco de musica latina; Alguns nomes vêm à cabeça, mas no
quesito musica brasileira: Kiko Freitas
(João Bosco, Frank Solari) e Pupillo (Nação Zumbi) são grandes referências.
11 – Qual o conceito principal
do SUB-VERSÃO, digo isso por que é notável o engajamento cultural, e de certa
forma político.
R: “Rap, Rock and roll e
Revolução”. Temos que acreditar e lutar pela justiça e igualdade; É mais do que
digno, é necessário!
12 – Hugo, quais os seus
bateristas favoritos?
R: Jojo Mayer, Thomas
Pridgen, Jhon Bonhan, Chad Smith, Kiko Freitas, Pupillo, Brooks Wackerman,
Travis Barker, Eloy Casagrande, David Garibaldi, Aaron Spears, Vera Figueiredo,
Franklin Paollilo são alguns nomes, tem muitos outros que gosto, porém essa
lista me inspira.
13 – Quais as 3 maiores bandas
nacionais para Hugo Ubaldo?
R: Nossa...só três! Chico
Science e Nação Zumbi, Ratos de Porão e Racionais Mc’s. Explico: Chico e Nação foram a última grande
revolução sonora a nível nacional, última coisa de caráter novo! Ratos de Porão
e Racionais são baluartes da produção independente, e ambos mantêm-se na ativa
com muita qualidade já por um bom tempo! Isso é sensacional!
14 – Indique um disco para
galera curtir com atenção!
R: Rage Against the
Machine – Renegades (2000). Muito bom!
15 – Quais seus álbuns favoritos?
R: Da Lama ao Caos (Chico
S. e Nação Zumbi), Crucificados pelo Sistema (Ratos de Porão), Lapadas do Povo
(Raimundos), Usuário (Planet Hemp), Land of the Free (Pennywise), Sonho Médio
(Dead Fish), Evil Empire (R.A.T.M.), And out come the wolves (Rancid), Roots (Sepultura),
Sobrevivendo no Inferno (Racionais Mc’s), Fear Of a Black Planet (Public
Enemy), Mondo Bizarro (Ramones). Um pouco de várias coisas que curto, uma
mescla, constante experimentação!
HUGO - GRAVAÇÃO DO E.P A SER LANÇADO |
16 – Quais os planos que o
SUB-VERSÃO tem para 2014?
R: Expandir nossos
horizontes e levar nosso som para todo lado!
17 – O Blog COLORADO HEAVY METAL
agradece sua participação, deixo o espaço aberto para suas considerações
finais. Obrigado!
R: Foi um grande prazer
participar desta entrevista e ter um espaço de divulgação de nosso trabalho.
São destas iniciativas que a cena independente necessita para se fortalecer e
ficar ainda mais movimentada.
Penso que estamos avançando, é difícil
(sobre)viver de nossa arte, e isso as vezes nos entristece e nos desmotiva,
porém , nossa luta deve ser impulsionada pela vontade de mudança e auto-gestão;
Excluir intermediadores que fazem da arte apenas reprodução econômica e
representam uma indústria cultural sem compromisso algum com a arte é nosso
dever. Mais uma vez, agradecemos o grandioso espaço e vamos à luta!
Por Vitor Carnelossi