quarta-feira, 9 de outubro de 2013

ENTREVISTA MARCÃO AZEVEDO - TRAGEDY GARDEN

Pouco a pouco o BLOG COLORADO HEAVY METAL vai colhendo informações através de entrevistas e sabendo a opinião de quem vive o estilo, quem curte, quem toca em alguma banda. Eu que vos escrevo tenho consciência faltam muitos amigos para aqui dar seu perfil através dessas entrevistas, mais pouco a pouco vamos convidando minuciosamente todos para deixarem suas palavras. Cabe ao COLORADO HEAVY METAL, a tarefa de formular as perguntas de maneira cuidadosa e endereçar ao convidado. Não fazemos censura sobre nenhum aspecto,  pois o espaço é democrático e deve ser usado tal como o convidado achar necessário em suas respostas. Você caro amigo leitor, em algum momento será convidado a contribuir, pois todos nós somos unidos só propósito, a música UNDERGROUND, seja ela Heavy Metal ou Rock n´roll....
COLORADO HEAVY METAL


ENTREVISTA MARCÃO  AZEVEDO
Figura emblemática e visionária o Baterista Marcão Azevedo deixou suas marcas no HEAVY METAL de COLORADO. Adepto a uma organização impar no UNDERGROUND,  o baterista somou conquistas  frente do TRAGEDY GARDEN e deixou  toda uma filosofia  arquitetada para o amadurecimento da cena, assim como na produção autoral.  Hoje nosso entrevistado responde algumas perguntas que seguem o tema TRAGEDY GARDEN, sem duvidas, sua grande empreitada.


1 – Marcão, como você descobriu o Heavy Metal, e qual foi o primeiro disco que comprou?
MARCÃO - Sempre ouvi música desde muito criança. Neste período me deparei com coisas que me agradavam. O heavy metal, em particular, foi ainda na adolescência. Adquiri de um amigo vinis tipo Wasp (1º), Accept (Balls to the Wall), além de Purple e Uriah Heep de um cunhado. A partir daí, tudo ficou em plano secundário quanto o assunto é música.

2 – Como surgiu o interesse em aprender a tocar bateria e quais são suas influencias no nesse instrumento?
MARCÃO - Sempre percebi uma marcação rítmica natural. Ao ouvir músicas que nunca tinha ouvido, sabia onde entraria um prato, marcando, e muitas vezes, as paradas. Trabalhando próximo a Londrina, matriculei-me numa escola de música chamada Conservatório Musical de Londrina, onde toda a iniciação recebi do Gilson Corsaletti, que tocava na Sinfônica de Londrina e tinha uma Big Band. Este processo durou cerca de 02 anos.Como influências, cito Paulo Costa (ex-Amen Corner), Guga (Dorsal), Chriz Salles (The Mist), Igor Cavalera, Ricardo Confessori  e Gilson Corsaletti.

3 –  Entre os anos de 1.998 e 2001 COLORADO teve uma movimentação no underground com músicos investindo mais em sonoridades pesadas, você nessa época participou da banda SLEEPLESS, quais memórias você tem  sobre esse breve período?
MARCÃO - Penso que foi um avanço, sem dúvida, enquanto cena. Bandas pioneiras como Confront e Guilhotina mostraram que era sim possível tocar heavy metal em Colorado. Diria que estouraram a porta das garagens. A partir de um efeito multiplicador, seria natural outras bandas e propostas.  O Sleepless teve sua importância, pois foi a partir daí que tivemos noção de entrosamento, relacionamento entre músicos. Cada um de nós soubemos o que extrair desta experiência.

4 – No SLEEPLESS você e seu irmão e vocalista Márcio Valério estavam bastante envolvidos com sonoridades mais obscuras, com a chegada do fim do SLEEPELESS você já tinha intenção de enveredar-se ao DOOM/DEATH METAL?
MARCÃO - Superado o fim do Sleepless, e seus efeitos colaterais, o foco era construir uma banda que mesclasse sem disfarces uma veia melódica muito forte,  com toda aquela carga de obscuridade que carregávamos em nossas personalidades  e  que praticamente adotamos em nossas vidas privadas. Tudo sem atropelos e com muito cuidado. Penso que acertamos.

5 – Quando você decidiu encerar o SLEEPLESS você utilizou o termo “... estou parando para me reciclar”. Nesse tempo você reciclou não somente na maneira de tocar, mais também amadureceu um novo conceito ideológico. Como você chegou ao conceito TRAGEDY GARDEN?
MARCÃO - Esta reciclagem foi necessária, pois citei há pouco que lidamos com efeitos colaterais que poderiam ter feito um estrago muito grande numa formação que na hora certa mostrou seu valor e disse à que veio. Período conturbado onde eu e o Vitor tratamos de ´´engolir´´ nossos instrumentos, caso quiséssemos sair do lugar-comum e fazer valer nossa proposta. Tragedy Garden é o mundo cinza e pálido de nossos medos, sonhos e ilusões. Com este conceito formado, e impregnado em cada músico, partimos para o trabalho duro e incansável de dar um passo além do que havia, assumir tais riscos e fincar a bandeira da Tragédia no underground nacional.

6 – O TRAGEDY GARDEN começou como uma dupla em encontros como você ainda acamado por conta de uma recuperação cirúrgica. Quais suas memórias desse período intenso e visionário?
MARCÃO - Vitor, este foi sem dúvida um período muito difícil. Uma cirurgia de coluna sempre é delicada. Perguntava ao médico se poderia ainda tocar bateria, e mais de 12 meses depois pude estrear uma que havia ficado na caixa por todo este tempo aguardando. De fato o Tragedy Garden nasceu neste período, pois você sempre me visitava e fazíamos planos de como seria, e   outros detalhes. Você se aprimorou no violão e guitarra e a partir daí foi possível o início da banda com horizonte definido.

7 – Após a entrada de Márcio Valério e tempos depois Fernando Hygino o TRAGEDY GARDEN lança seu primeiro material, SILENT SYMPHONY, quais os significados pessoais musicais que esse trabalho ainda provoca em você?
MARCÃO - Esta demo-EP sempre me remete à proposta do passo seguinte, da ousadia. Primeiro registro em formato cd com encarte gráfico, e repertório próprio. Havíamos, então, escolhido e anunciado nosso caminho. Penso que cada um dos quatro integrantes sinta orgulho de ter participado deste processo. Sem contar que o solo de In Our Lives é um de meus preferidos dentre todos que conheço, e seu efeito é hipnótico nas platéias onde foi possível tocá-lo.

8 – Após o lançamento de SILENT SYMPHONY a banda entrou em uma ótima fase criativa com ensaios bastante movimentados para a concepção do CD “ENEMY TIME”. Quais os aspectos que impulsionaram a banda nesse período para composições elogiadas inclusive pela imprensa especializada?
MARCÃO - A aceitação da cena local ao material contido em Silent Symphony foi sem dúvida um dos combustíveis para o Enemy Time, pois tínhamos todas as letras prontas e o instrumental evoluiu de forma nítida, remetendo a um patamar que seria inacessível no cd anterior. Isto somado à evolução de todos, ao trampo gráfico de responsa, estúdio de ponta, enfim, cumpríamos novamente ao que nos propomos, sendo um cd maduro, evoluído, respeitando o público enquanto material a ser apresentado/adquirido e fiel às origens. Várias qualidades que mereceu de um redator da Roadie Crew a frase ´´grande expoente do Brasil para o gênero mais sombrio´´.


9 – “ENEMY TIME” é o disco que definiu o TRAGEDY GARDEN, após 10 anos quais as marcas que esse disco deixou em você como principal viabilizador do formato e conceito contidos nesse álbum?
MARCÃO - Tantos anos depois, penso que a coragem e a ousadia com uma dose generosa de superação de todos na Banda, foram, sem dúvida, pano-de-fundo para aquele cd cinzento e ríspido concebidos por quatro músicos comprometidos com uma proposta e filosofia que nem todos suportariam.  Capítulo importante para a musicalidade de todos que participaram do processo.

10 – “FOLLOW THE INSANITY” foi seu ápice como letrista e também explorou uma sonoridade mais ousada em relação ao que a banda já tinha feito anteriormente, quais suas considerações sobre esse trabalho que não foi unanime como “Enemy Time”, mesmo contendo uma sonoridade ampliada e mais refinada em relação ao disco anterior?
MARCÃO - Queríamos um disco que flertasse claramente com o atmosférico e as sensações de ´´viagens´´, pois todo o conceito gira em torno da loucura e lucidez. Penso que conseguimos, mas para isso foi preciso suprimir uma sonoridade mais ´´na cara´´, como ocorreu com Enemy Time. Creio que a sonoridade mais abafada tenha sido a diferença mais sentida. Todavia, a proposta esteve intacta e várias faixas revelaram-se verdadeiros petardos ao vivo, como My Garden, Revelation e Goodbye.

11 – Após uma breve fase de composições, passando por alguns momentos delicados você decidiu se ausentar do TRAGEDY GARDEN. O grupo, porém continua em atividade seguindo seu conceito filosófico que continua forte e presente na banda.  Como você encara o TRAGEDY GARDEN pós MARCÃO AZEVEDO? 
MARCÃO - Saí da banda por compromissos  e problemas particulares,  pois acho que não tenho o direito de atrapalhar. Não foi uma decisão das mais fáceis, mas prevaleceu a razão. Tenho notícias de que a banda está na ativa com shows, e isso é bom. O Tragedy Garden sempre se diferenciou pela sonoridade e postura (em tudo) de forma muito equilibrada. Como tudo na vida, o êxito do futuro tem uma relação muito direta com o valor e respeito ao passado. Votos de sucesso e sabedoria à atual formação.

12 – Nos arquivos da banda existem inúmeras letras que não foram usadas, assim como conceitos textuais e poemas que continuam ocultos. Poderemos em um futuro poder ter uma obra literária com o conceito TRAGEDY GARDEN?
MARCÃO - Você deve ter uma bola de cristal....(rsssss). Sim, é provável que aconteça. Tenho trabalhado nesta proposta, que tem até título definido, e atualmente lido com a compilação de material. Passo-a-passo e com o devido cuidado todo este material se transformará num capítulo literário.

13 –  Quais os seus  5 álbuns favoritos no Heavy Metal?
MARCÃO - São eles:
1-Arise – Sepultura;
2-Gaia – Tiamat;
3-Widow´s weed – Tristania;
4-At six and sevens – Sirenia;
5-The hangman tree – The Mist;

14 -  Muito Obrigado Marcão, deixamos o espaço para suas considerações finais.
MARCÃO - Obrigado Vitor pela oportunidade do contato com os leitores do blog, principalmente aos que de alguma forma conhecem o Tragedy Garden. Sempre disse que quando envelhecermos devemos ter do que contar, e o Tragedy Garden será uma das histórias prazerosas. Agradeço a todos os músicos que nos auxiliaram a construir o nome do Tragedy Garden. Os compromissos e problemas que me afastaram da Banda ainda existem. Atualmente foco o literário, mesmo sem data,  e num segundo momento uma proposta que recebi para uma vertente musical que admiro, mas nada ainda certo.
Vida longa ao ColoradoHeavyMetal.
Marcão.


COLORADO HEAVY METAL - DOCUMENTANDO A MÚSICA PESADA!

2 comentários:

  1. Foi muito bom tocar com o Marcão no Tragedy Garden, um cara que sempre me incentivo, e confio em mim a ponto de me convocar a entrar no posto de baixista, mesmo quando eu nunca tinha pego um "baixo" na vida, me espelhei muito nele para ter sempre uma postura e conduta da melhor maneira possível dentro e fora da banda, e o pouco que sei hoje devo muito a ele e os demais integrantes.

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  2. Tragedy Garden, a banda que melhor representou o metal em Colorado! merecia ter ido muito além pois a banda é muito boa! vitão e o marcão são guerreiros da cena..

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