quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Canções Maravilhosas – THE SHADOWS AND THE WIND (URIAH HEEP)

 O blog Colorado Heavy Metal inaugura nesta edição a série CANÇÓES MARAVILHOSAS, onde homenagearemos faixas marcantes de determinados discos. E, observem, começamos em alto nível, pois a faixa THE SHADOWS AND THE WIND contida no disco  WONDERWORLD da banda URIAH HEEP, lançado em 1974, é um verdadeiro atestado de quão refinada e inspirada pode ser uma música. Seria redundante mencionar a execução soberba da banda, calçada em linhas de teclados marcantes com um instrumental que cresce durante a música, mas tudo isso é apenas pano de fundo para um vocal simplesmente espetacular de David Byron. Na real, se você até hoje passou batido nesta faixa ou ainda não a conhece, fica o convite e sugestão do CHM. Boa audição pra todos nós, amantes da boa música.

*Por Marcão Azevedo.


quarta-feira, 22 de novembro de 2023

RONILDO PIMENTEL – UM BAIXISTA NA HISTÓRIA DO UNDERGROUND PARANAENSE


 Esta edição do Colorado Heavy Metal traz um convidado muito especial. Um baixista que, tendo participado da formação matadora do Tumulto  - uma das maiores e melhores bandas do underground parananense –  tendo gravado as quatro cordas de Conflitos Sociais, um petardo sonoro que pudemos assistir ao vivo quando da passagem deles por Maringá nos anos 90 numa das edições do FEMUCIC. Sua atual banda é a REAÇÃO QUÍMICA – banda formada por músicos competentes e que disparam em alto nível  a fúria contestatória e revolta contra a hipocrisia do sistema que nos cerca. Recomendo que você conheça o trampo desta banda – é sonzeira. Jornalista por profissão, o baixista Ronildo Pimentel atendeu o Colorado Heavy Metal de forma muito receptiva. Tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente, uma pessoa muito gentil, culta, mas, e acima de tudo, ainda mantém fortes vínculos com a atitude rock em seu estilo de vida.

CHM – Você participou da formação do Tumulto como o baixista que gravou o petardo Conflitos Sociais. Como se deu aquela formação e a gravação deste clássico do underground paranaense?

Ronildo Pimentel - Em 1991, tinha acabado de sair da minha primeira banda chamada Caos Nuclear, quando fui apresentado ao Márcio Duarte (baterista) pelo Nilton Bobato, vocalista do Morthal e abrimos um diálogo. Ele conhecia o Maurício, que na época planejava ser baixista, mas aceitou mudar para a guitarra, pois já dominava bem as seis cordas do violão e virou maestro. Os primeiros ensaios até tentamos um outro integrante, inclusive eu no vocal, mas não deu certo. Então, num show do Cólera em Foz, encontramos o Paulão que topou fazer o teste no vocal. Encaixou dentro da proposta. Num segundo momento começamos a discutir um nome, daí tive a ideia de buscar no dicionário em inglês e numa das sugestões que anotei, o Maurício chamou a atenção para Tumulto, tradução de um dos nomes selecionados. Pegamos firme nos ensaios e logo em seguida a estreia com 4 sons próprios e 4 covers, set curtinho. No final tivemos que repetir tudo. Ao final daquele ano recebemos o convite do Bobato para gravar o split LP, um lado Tumulto e outro Morthal. E o mais legal, é que encaixou do Redson Pozzi, fundador e lenda do Cólera (em memória), conduzir as gravações e a produção. A captação do instrumental fizemos em duas noites com muito café, mesmo tendo que acordar de madrugada para trabalhar normalmente.

CHM – Pude assistí-lo ao vivo nos anos 90 durante o FEMUCIC onde vcs colocaram o ginásio Chico Neto abaixo. Que lembrança tens deste período-evento?

Então, apesar do pouco tempo para a gravação, a banda tinha uma química muito legal ao vivo. O repertório saía mais rápido e agressivo e, como cantávamos um português bem claro, apesar da pancada, a aceitação foi muito legal. Aquela vez do FEMUCIC foi uma surpresa, nosso maior público até então e, de repente, a galera simplesmente veio para a frente do palco ensandecida, bem ao estilo. Ainda hoje lembro com muito carinho daquela noite com muitas bandas, o que levou todos fazer sets curtos, no máximo 25 minutos. Mas foi incrível, até porque conhecemos muitas pessoas e bandas do país.

 

CHM – REAÇÃO QUÍMICA é sua atual  banda – pude conferir trechos de sons bem responsa. Qual é a formação e influências?

Sim, Reação Química. A banda tem mais de 10 anos, foi fundada pelo Giovani Fagundes, o Lixo (vocal). Quando voltei para Foz em 2018, ele me convidou, faziam basicamente covers de bandas punks dos anos 1980. Minha estreia com eles foi no primeira Megarock, que reuniu Cólera, Replicantes, os mestre do metal Korzus e uma renca de bandas locais. Foz sempre teve uma tradição de bandas de vários estilos. Uma das condições para permanecer na Reação foi o lance de investir em repertório próprio. No começo não foi fácil, mas hoje dá para dizer que a parada deslanchou e estamos num caminho com influências de Punk Rock, HC, Crossover, quase um ThrashCore. A formação atual, além do Lixo e eu no baixo, tem o Ratão (guitarra) e o Carlos Ivan Misty (bateria).

 

CHM -  O material postado pela banda nas redes sociais é bem profissional – sons em estúdio – etc... – Mostra uma banda coesa formada por músicos experientes. Como está a cena no oeste do Estado? Tem rolado eventos? Vcs tem tido espaço para tocarem ao vivo?

Em relação a qualidade das gravações, deve-se a dois fatores, galera experiente, que já tocou em várias bandas e o estúdio bem qualificado. Ah, o detalhe é que gravamos ao vivo, ou seja, valendo todos os instrumentos. Aqui em Foz do Iguaçu e na região tem rolado bons e variados festivais, muitos bares abriram as portas para bandas de rock em geral. O nosso maior problema com as apresentações ao vivo é com relação ao tempo mesmo, como todos tem suas vidas profissionais, família,… filhos e netos, no meu caso, não conseguimos conciliar sempre os horários. Mas vamos fazendo, com amor pela música, sempre.

CHM – A crítica ao sistema, o contestatório, a revolta contra o meio são marcas bem latentes do rock, principalmente punk rock, hardcore e crossover. Comente sobre isso.

Ah, quanto a isto, é isto mesmo. Não dá para você se propor a fazer um som agressivo sem contestar as coisas como elas estão postas, simplesmente aceitar as regras e ideologias goela abaixo. Acho importante ressaltar a questão social, as mazelas, o amor entre as pessoas sem distinção, situações do dia a dia, tudo bem atemporal. Quem tiver interesse pode buscar nas redes sociais, a Reação Química tem perfis no Youtube e Facebook.

 


CHM – Você já viajou para vários países. Qual sua percepção sobre a cena underground brasileira em relação América do Sul e Europa?

A maioria das minhas viagens é a turismo, mas, claro, sempre acaba percebendo e encontrando informações (cartazes) e apresentações ao vivo. Acredito que em alguns países da América do Sul, em especial Chile e Argentina, existe um apoio mais explícito às bandas, com estrutura. Aqui no Brasil, só tem as coisas quem consegue comprar, sempre foi assim. Na Europa tem a questão do apoio institucional (inclusive poder público), tanto que é comum se deparar com bandas tocando em praças, parques, calçadões. A cultura underground ela acontece a partir do submundo, podem barrar um período, mas não para sempre. E isto engloba todos os estilos e gêneros musicais. Neste ponto, a internet abriu os horizontes para todos.

 

CHM – Qual o momento e projetos do REAÇÃO QUÍMICA?

No momento estamos fechando o primeiro set mais completo da banda, uma hora de repertório com pelo menos 80% dos sons autorais que, que é o verdadeiro foco da banda. Com a ajuda da internet, coloca a galera a cantar junto nas apresentações e nada se compara a subir num palco e mostrar algo que você criou do zero, sem desmerecer os covers, que são muito legais para entrosar a galera da banda.

 


CHM – Nesta região do Estado de onde falo contigo no eixo Maringá Londrina a cena é bem ativa com eventos semanais – pois são centros grandes com espaços específicos e duradouros. Poderemos ver o REAÇÃO QUÍMICA despejando sua sonzeira por aqui?

Caraca, seria incrível. Na época do Tumulto, fizemos apresentações em Londrina e depois em Maringá, com recepções incríveis. Gostaríamos muito de fazer nossa primeira tour um pouco mais extensa passando pela região de vocês, assim como trazer bandas daí para se apresentar aqui. Em Foz é muito bacana, sempre rolam festivais com bandas do Paraguai e da Argentina também, uma bela integração underground sem fronteiras.

CHM – Espaço para suas considerações finais.

Muito importante este espaço para falar de música, de cultura e constatação, debater ideias, sem o confronto pelo confronto. Longa vida ao CHM.

*Por Marcão Azevedo.