Um músico versátil e dedicado, podemos dizer que RODOLFO
“RODOX” seria uma ótima aquisição para qual fosse à banda que entrasse. Rodolfo
é uma espécie de CORINGA das bandas em Colorado, sempre se adaptando a
situações inusitadas e evoluindo em todas as funções em que lhe são confiadas.
Baixista, Guitarrista e Vocalista, hoje batemos um papo com esse extremamente
importante músico de nossa cena.
1 - Rodolfo, como e quando você começou a curtir rock/Heavy
Metal?
R: Ainda na infância,
comecei a andar de skate com os amigos, e como uma espécie de trilha sonora
escutávamos muito Planet Hemp,CPM22,Raimundos,Charlie Brown Jr, O Surto e Chico
Science e Nação Zumbi, que era na época o que mais nos identificávamos pelo estilo
de vida que levávamos, porém foi na escola com outra galera que peguei
realmente o gosto pelo rock e suas vertentes, conheci os sons mais pesados e os
mais clássicos, e se deu inicio à uma evolução natural de distinguir o que era
bom e o que não era.
2 - Como você começou
a se envolver com a cena underground e se tornou um músico do gênero?
R: Cansando de ver
outros tocarem e terem banda e eu não rs... Foi um caminho até meio complicado,
lindando com desconfiança, algumas chacotas básicas e pouco apoio dos amigos
mais próximos, mas resolvi tomar as rédeas e chamei alguns camaradas que
estavam começando a tocar também e formei a minha primeira banda, o Four W.C.
que na verdade já existia e só estava
desativado, e eu juntamente com o Leandro Bambam (ex-baixista do Guilhotina e Tragedy
Garden), o Celinho (ex-vocalista do Invaders) entramos nas respectivas vagas na
banda e nos juntamos com o Buiu e o
Buika únicos remanescentes da formação original, porém a banda acabo antes de
fazer algum show, visto que o Buika se mudou da cidade.
3 - Sua Primeira banda propriamente no estilo Rock n´roll
foi o VOVÔ MADIN. Quais a experiências que esse período lhe revelou como
músico?
R: Então, o Vovô
Madin foi uma fusão de 2 projetos, como citei na pergunta de cima a minha
primeira banda foi o Four W.C. e após o fim desta, o Billy um velho conhecido
da galera que gosta de rock em Colorado que também havia acabado de sair de uma
outra banda me chamo para formar algo e ae nasceu o Vovô Madin que foi um
divisor de águas na minha vida, me fez abrir a mente para outros estilos, e foi
um desafio tocar algumas coisas inusitadas, tendo que se adaptar ao que
podíamos fazer na época, e apesar do pouco conhecimento e experiência que
tinha, creio que foi onde eu consegui aparecer e mostrar do que eu era capaz de
fazer... Infelizmente por vários fatores a banda se dissolveu antes do que eu
queria, houve até lampejos de uma volta, o que não deu certo, mas eu sei que
esse não foi o fim do Vovô Madin e um dia a gente se reúne pra fazer um som
novamente.
4 – Dentro do VOVÔ MADIN havia músicos de várias vertentes,
desde rock/Brasil até o pop rock, é possível equilibrar estilos tão distintos
dentro de uma mesma banda?
R: É difícil!!! Ter
uma banda que toca de tudo dentro do rock é complicado, o nosso repertório era
uma salada mista, ia de Matanza e Metallica à Elvis Presley e Audioslave, fora
as musicas que tínhamos cortado do repertório... Cabeças diferentes, gostos
diferentes, e também falto um certo
respeito entre nós nesse quesito. A ideia é boa no papel, “tocar o que a gente
gosta e ser feliz”, porém certas escolhas de repertórios eram equivocadas e
causava o descontentamento de alguns e isso gerava uma certa tensão na banda, e
o agravante e principal fator era externo, incompatibilidade de vida dentro da
banda, opiniões, formas de viver, aliado a falta de lugar pra ensaiar. Ou seja
pequenas coisas viravam uma avalanche rapidinho. Pelo tanto de treta que rolo,
a banda suporto até demais rs.
5 – Após o fim do VOVÔ MADIN você encabeçou o projeto BÊABA
onde faziam tributo ao grupo RAIMUNDOS, gostaria que você comentasse um pouco
sobre esse projeto. Qual o saldo final que você obteve com a banda em termos de
musicalidade e experiência.
R: Raimundos sempre
foi uma forte influência na minha vida, não poderia ser diferente no meu jeito
de tocar, surgiu então a ideia e a oportunidade de fazer acontecer um tributo a
uma das maiores bandes de rock da minha geração. Foi outro projeto inconstante
também, houve várias fases, formações e uma série de situações que me fazem
lamentar o fato de a gente fazer algo tão bom quanto os originais dos
Raimundos, mas por falta de responsabilidade de uns a coisa sempre ficava pela
metade. Como guitarrista, creio que foi onde eu tive a melhor fase, onde houve
o meu máximo de empenho, e tive a oportunidade de conhecer e tocar com pessoas
de outro lugar fora de Colorado, camaradas que ainda hoje mantenho contato como
o Larsen,Markinhos e o Hugo que são um pessoal que tinha o Ramones cover em
Paranavai...O BÊABÁ me proporcionou muitas dores de cabeça e algumas alegrias,
assim como quase em todas as bandas em que toquei no começo, mas no Vovô Madin
por exemplo eu me sentia melhor apesar dos apesares, talvez pelas pessoas que
eu conviva no começo da banda, não sei, sinto mais saudades do Vovô Madin do
que o BÊABÁ.
6 – Quase que na tangente você foi convidado para integrar o
grupo GUILHOTINA HC assumindo os vocais, como se deu essa empreitada que
resultou na sua entrada como vocalista da banda?
R: Era algo eu queria
e muito, mas por ser muito novo na “cena” eu tinha receio de demonstrar. Em
caminhadas com o Alexandre (baterista) eu falava que eu poderia ser uma opção
para os vocais do Guilhotina caso o Pioio saísse da banda em algum momento. Mas
partiu do Vitor (Guitarrista) a “intimação” de fazer um teste comigo cantando,
e na hora eu tremi as pernas e suei frio, nunca tinha cantado em uma banda, e ser
o frontman requer uma atitude que eu não sabia se teria, no Guilhotina HC então
nem se fala. Mas foi legal ver os caras botando fé em mim, vontade eu tinha, e
muito... Seria decepcionante para mim ver aquele voto de confiança ser
desperdiçado e não ser retribuído da melhor forma, então mergulhei fundo,
procurei escutar mais sons do estilo do Guilhotina HC e tentei ao máximo achar
o meu jeito de cantar e interpretar as melodias e letras. Mas isso é uma coisa
que tem que estar em constante evolução, nunca para, sei que amanhã eu serei
melhor do que sou hoje.
7 – Apesar de todas as dificuldades e vários problemas
envolvendo a banda, pode-se dizer que o GUILHOTINA HC é o grupo que você mais
se identificou, você acredita que pode-se alcançar um reconhecimento com a
banda por méritos dessa última “nova”
formação?
R: O universo
conspira contra o Guilhotina HC rsrs Não consigo pensar diferente!!! É sim a
banda que mais me satisfaz, sabe?! Compor algo extremante técnico, pesado,
energético e com atitude como o Guilhotina HC faz, ter a capacidade e qualidade
necessária para se tocar covers dos clássicos da musica pesada, , não tem como achar
que não é bom. Sei que pelos problemas que sempre aparecem e pelo fato de
morarmos em uma cidade onde a cultura é quase nula, não conseguimos chegar a
onde almejamos ainda, capacidade eu sei que temos, o que falta é oportunidade e
um pouco de sorte das coisas acontecerem sem tantas complicações, mas não me
arrependo de seguir esse caminho de espinhos, ainda olho pra trás e sinto
orgulho do que fiz e é dali que tiro forças pra continuar adiante.
8 – O GUILHOTINA HC por problemas de mudança de formação e
“armadas” de ex-membros nunca deslanchou da forma satisfatória. O Grupo está
novamente se movimentando para apresentar algo novo e sem ligação com o período
problemático da banda, o que se pode esperar do GUILHOTINA HC em termos de
musicalidade e metas para 2014?
R: Essas armadas ai,
sempre nos limitou no quesito divulgação de nosso trabalho via redes sociais e
tals, creio que um dia as coisas vão se resolver amigavelmente, ninguém é mais
criança e todos somos responsáveis pelos nossos atos. E 2013 foi um ano
complicado pro Guilhotina, a gente sempre traçava metas pela metade, e teve a
saída do Hudson também, tive que tocar baixo e cantar, foi meio complicado, e
eu de certa forma fui sobrecarregado nas musicas e a performance poderia não
ser a melhor, também não conseguíamos manter uma sequencia boa de ensaios, e
quando se tinha um dia disponível para ensaiar era puramente para dar aquela
“destravada”. Recentemente resolvemos os problemas internos da banda e chamamos
o Hudson novamente para o posto de baixista, ou seja, as perspectivas são as
melhores possíveis, estamos com praticamente 4 musicas novas que pretendemos
gravar ainda no primeiro semestre de 2014,e em paralelo a isso, estamos nos
movimentando para realizar um tributo ao Ratos de Porão... Estamos fazendo tudo
com calma e sem pressa para que não trilhemos os mesmos passos em falso dado no
passado recente.
9– Não raramente os músicos que fazem parte do UNDERGROUND
são criticados por leigos por não serem conhecidos pela maioria do público e
pela música não agradar boa parte da sociedade. Como você enxerga a
musicalidade em eventos que você participa e nas bandas em toca ?
R: Olha vai de cada
um, a maioria das pessoas que começam a ter bandas, tocam por prazer, depois querem
ganhar dinheiro com isso... Não tem problema algum com isso, o problema é que a
grande maioria que migra para “esse lado” acabam se esquecendo de suas origens,
tocam qualquer coisa por dinheiro, pra se aparecer pra pessoas que nem fazem
questão de quem está ali tocando a “festa” e quando vão tocar em bandas de rock
ou metal, acabam trazendo a influência axé
music no meio do som pesado, é complicado. Sempre fui fiel ao que escuto,
já toquei várias coisas diferentes e em vários projetos diferentes, mas tudo
dentro do rock e suas vertentes, e sou de certa forma reconhecido pela galera
que gostaria de ser reconhecido, onde eu
vou sempre sou bem tratado, recebendo elogios SINCEROS de quem realmente aprecia
o som que toco e isso é o que conta, vejo muito mais musicalidade em eventos de
musica underground do que num baile por exemplo, como disse, é de cada um, mas
uma coisa que tenho pra mim é o seguinte, ou o cara gosta de rock ou não gosta,
não existe meio termo, é muita hipocrisia alguém que toque sertanejo, dizer que
gosta mesmo é de rock, e reclamar que
Colorado não tem nada além de sertanejo, e me deparo com isso constantemente, e
eu só consigo pensar ...“meu irmão, tá reclamando do que??? Você está ajudando
a espalhar esse “câncer” que afeta e sequela nossos cérebros...”, esse tipo de
gente parece que busca a aceitação daqueles que estão envolvidos de verdade com
a musica underground, prefiro me manter longe e por esse tipo de gente eu
realmente não quero ser reconhecido e muito menos considerado musico.
10 – Sua última faceta dentro no HEAVY METAL foi integrar a
banda TRAGEDY GARDEN como baixista. Mais uma vez mostrando todo seu potencial como
músico ,como tem sido tocar em uma banda com características tão diferente de
seu habitual?
R: Outro grande
desafio rsrs... Não me recordo bem mas foi quase que paralelo ao fim do Vovô
Madin que o Marcão baterista até então fez o convite através do Vitor. Eu
aceitei na hora, mesmo não sabendo se daria conta, até me surpreendi com a
forma que as coisas fluíram rápido, e eu compensava a falta de destreza no
contra-baixo com uma mão direita pesada
nas cordas, acho que deu certo, não sou o cara mais técnico, mas me orgulho de onde
quer que eu tenha tocado, sempre o fiz com atitude e paixão, e no Tragedy
Garden não foi diferente, reconheço que não sou o maior apreciador do Doom
Metal que é uma das características e influências da banda, mas sempre estudei
os andamentos e a forte apelação melódica que bandas do estilo tem, hoje em dia
entendo melhor como a coisa funciona e todo o peso sombrio que a musica
carrega. Não esquecendo de mencionar que existe uma grande simpatia entre os
membros encabeçado pelo Márcio (vocal), tudo é feito com muita
responsabilidade, e sabemos distinguir hora de brincar e hora de falar sério, é
o ponto mais forte do Tragedy Garden.
11 – O TRAGEDY GARDEN possui uma boa aceitação nos eventos em
que participa, mesmo sendo obscura e pesada
a banda sempre consegue imprimir suas características sombrias e
explorar a musicalidade de seus músicos. Como você analisa a trajetória de
persistência e respeito da banda no cenário da Região?
R: Eu peguei a última
parte desse trecho até o momento, então só irei falar o que eu vi e vivi. Tenho
que agradecer os que ralaram pra caramba antes de mim para deixar o Tragedy
Garden no patamar que está, estou dando minha contribuição agora da melhor
forma que posso, mas foram os primeiros que construirão esse status que o
Tragedy Garden merece, e eu só estou dando continuidade, e agora com novas
composições eu posso realmente pensar que faço parte da história da banda.
Todos os eventos em que tocamos é sempre repleto de elogios até por parte de
quem não gosta muito do estilo, talvez por que as musicas são diferentes do
Doom Metal propriamente dito. Não é aquela coisa 100% mórbida. Gosto de pensar
que as musicas do Tragedy Garden são bipolares, e vão da euforia extrema à
depressão profunda em 4 minutos, e eu acho isso muito bacana hahaha...
12 – Quais as suas principais referencias como músico?
R: Como vocalista eu
cito Rodolfo Abrantes (Raimundos,Rodox), Phil Anselmo (Pantera), Max Cavallera
(Sepultura, Soulfly), João Gordo (RDP), Evan Seinfeld (Biohazard), Layne
Stanley (Alice In Chains) e Dio... E como guitarrista tem uma penca, mas esses
são os meus favoritos, Dimebag Darrel, Synyster Gates, Marc Rizzo, Tom Morello,
Billy Graziadei, Tony Iommi, Marty Friedman e David Gilmour... Baixista eu
aprecio demais o Geezer Butler e o trampo do Robert Trujillo no Infectious
Grooves. Gosto de bandas com som repleto de groove ou algo que cative meus
ouvidos, sou muito fã da cena New York Hard Core que tem bandas como Biohazard,
Agnostic Front, Hatebreed, SubZero, Pro Pain... Também não posso deixar de
mencionar as clássicas bandas como Black Sabbath, Pantera, Korzus, Slayer,
Megadeth, Metallica e das mais novas KillSwitch Engage e Avenged Sevenfold.
13 – Quais seu 5 discos preferidos ?
R:Só 5??? Ai é difícil mas no momento são
Rodox – Rodox
Pantera - Vulgar Display Of Power
Raimundos – Lapadas
do Povo
Korzus – Discipline
Of Hate
Ratos de Porão –
Carniceria Tropical
Vou colocar mais um
porque ninguém é de ferro... O Loco Live dos Ramones
14: Deixo o espaço aberto para suas considerações finais,
muito obrigados por atender o blog COLORADO HEAVY METAL!
R: Eu que agradeço o
espaço cedido, é muito gostoso a gente saber que mesmo que pequeno existe um
espaço só nosso, onde podemos falar um pouco de como somos, e de onde viemos, e
o que planejamos fazer em um futuro próximo, é legal que nos motiva e o mais
importante de tudo, faz a gente se movimentar para que não fiquemos no
sedentarismo à espera do próximo para se fazer algo. Foi muito importante para
mim realizar essa entrevista, me fez relembrar de tantas coisas que já passei,
incluindo furadas que é o mais comum, e pensar que tudo valeu a pena. Obrigado
e até a próxima!!!!
COLORADO HEAVY METAL
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