Pouco a pouco o BLOG COLORADO HEAVY METAL vai colhendo
informações através de entrevistas e sabendo a opinião de quem vive o estilo,
quem curte, quem toca em alguma banda. Eu que vos escrevo tenho consciência
faltam muitos amigos para aqui dar seu perfil através dessas entrevistas, mais
pouco a pouco vamos convidando minuciosamente todos para deixarem suas
palavras. Cabe ao COLORADO HEAVY METAL, a tarefa de formular as perguntas de
maneira cuidadosa e endereçar ao convidado. Não fazemos censura sobre nenhum
aspecto, pois o espaço é democrático e
deve ser usado tal como o convidado achar necessário em suas respostas. Você
caro amigo leitor, em algum momento será convidado a contribuir, pois todos nós
somos unidos só propósito, a música UNDERGROUND, seja ela Heavy Metal ou Rock n´roll....
COLORADO HEAVY METAL
ENTREVISTA MARCÃO
AZEVEDO
Figura emblemática e visionária o Baterista Marcão Azevedo
deixou suas marcas no HEAVY METAL de COLORADO. Adepto a uma organização impar
no UNDERGROUND, o baterista somou
conquistas frente do TRAGEDY GARDEN e
deixou toda uma filosofia arquitetada para o amadurecimento da cena,
assim como na produção autoral. Hoje
nosso entrevistado responde algumas perguntas que seguem o tema TRAGEDY GARDEN,
sem duvidas, sua grande empreitada.
1 – Marcão, como você descobriu o Heavy Metal, e qual foi o
primeiro disco que comprou?
MARCÃO - Sempre ouvi música desde muito criança. Neste
período me deparei com coisas que me agradavam. O heavy metal, em particular,
foi ainda na adolescência. Adquiri de um amigo vinis tipo Wasp (1º), Accept
(Balls to the Wall), além de Purple e Uriah Heep de um cunhado. A partir daí,
tudo ficou em plano secundário quanto o assunto é música.
2 – Como surgiu o interesse em aprender a tocar bateria e
quais são suas influencias no nesse instrumento?
MARCÃO - Sempre percebi uma marcação rítmica natural. Ao
ouvir músicas que nunca tinha ouvido, sabia onde entraria um prato, marcando, e
muitas vezes, as paradas. Trabalhando próximo a Londrina, matriculei-me numa
escola de música chamada Conservatório Musical de Londrina, onde toda a
iniciação recebi do Gilson Corsaletti, que tocava na Sinfônica de Londrina e
tinha uma Big Band. Este processo durou cerca de 02 anos.Como influências, cito
Paulo Costa (ex-Amen Corner), Guga (Dorsal), Chriz Salles (The Mist), Igor
Cavalera, Ricardo Confessori e Gilson
Corsaletti.
3 – Entre os anos de
1.998 e 2001 COLORADO teve uma movimentação no underground com músicos
investindo mais em sonoridades pesadas, você nessa época participou da banda
SLEEPLESS, quais memórias você tem sobre
esse breve período?
MARCÃO - Penso que foi um avanço, sem dúvida, enquanto cena.
Bandas pioneiras como Confront e Guilhotina mostraram que era sim possível
tocar heavy metal em
Colorado. Diria que estouraram a porta das garagens. A partir
de um efeito multiplicador, seria natural outras bandas e propostas. O Sleepless teve sua importância, pois foi a
partir daí que tivemos noção de entrosamento, relacionamento entre músicos.
Cada um de nós soubemos o que extrair desta experiência.
4 – No SLEEPLESS você e seu irmão e vocalista Márcio Valério
estavam bastante envolvidos com sonoridades mais obscuras, com a chegada do fim
do SLEEPELESS você já tinha intenção de enveredar-se ao DOOM/DEATH METAL?
MARCÃO - Superado o fim do Sleepless, e seus efeitos
colaterais, o foco era construir uma banda que mesclasse sem disfarces uma veia
melódica muito forte, com toda aquela
carga de obscuridade que carregávamos em nossas personalidades e que
praticamente adotamos em nossas vidas privadas. Tudo sem atropelos e com muito
cuidado. Penso que acertamos.
5 – Quando você decidiu encerar o SLEEPLESS você utilizou o
termo “... estou parando para me reciclar”. Nesse tempo você reciclou não
somente na maneira de tocar, mais também amadureceu um novo conceito
ideológico. Como você chegou ao conceito TRAGEDY GARDEN?
MARCÃO - Esta reciclagem foi necessária, pois citei há pouco que lidamos com efeitos colaterais que poderiam ter feito um estrago muito grande numa formação que na hora certa mostrou seu valor e disse à que veio. Período conturbado onde eu e o Vitor tratamos de ´´engolir´´ nossos instrumentos, caso quiséssemos sair do lugar-comum e fazer valer nossa proposta. Tragedy Garden é o mundo cinza e pálido de nossos medos, sonhos e ilusões. Com este conceito formado, e impregnado em cada músico, partimos para o trabalho duro e incansável de dar um passo além do que havia, assumir tais riscos e fincar a bandeira da Tragédia no underground nacional.
6 – O TRAGEDY GARDEN começou como uma dupla em encontros
como você ainda acamado por conta de uma recuperação cirúrgica. Quais suas
memórias desse período intenso e visionário?
MARCÃO - Vitor, este foi sem dúvida um período muito
difícil. Uma cirurgia de coluna sempre é delicada. Perguntava ao médico se
poderia ainda tocar bateria, e mais de 12 meses depois pude estrear uma que
havia ficado na caixa por todo este tempo aguardando. De fato o Tragedy Garden
nasceu neste período, pois você sempre me visitava e fazíamos planos de como
seria, e outros detalhes. Você se
aprimorou no violão e guitarra e a partir daí foi possível o início da banda
com horizonte definido.
7 – Após a entrada de Márcio Valério e tempos depois
Fernando Hygino o TRAGEDY GARDEN lança seu primeiro material, SILENT SYMPHONY, quais
os significados pessoais musicais que esse trabalho ainda provoca em você?
MARCÃO - Esta demo-EP sempre me remete à proposta do passo
seguinte, da ousadia. Primeiro registro em formato cd com encarte gráfico, e
repertório próprio. Havíamos, então, escolhido e anunciado nosso caminho. Penso
que cada um dos quatro integrantes sinta orgulho de ter participado deste
processo. Sem contar que o solo de In Our Lives é um de meus preferidos dentre
todos que conheço, e seu efeito é hipnótico nas platéias onde foi possível
tocá-lo.
8 – Após o lançamento de SILENT SYMPHONY a banda entrou em
uma ótima fase criativa com ensaios bastante movimentados para a concepção do
CD “ENEMY TIME”. Quais os aspectos que impulsionaram a banda nesse período para
composições elogiadas inclusive pela imprensa especializada?
MARCÃO - A aceitação da cena local ao material contido em Silent Symphony
foi sem dúvida um dos combustíveis para o Enemy Time, pois tínhamos todas as
letras prontas e o instrumental evoluiu de forma nítida, remetendo a um patamar
que seria inacessível no cd anterior. Isto somado à evolução de todos, ao
trampo gráfico de responsa, estúdio de ponta, enfim, cumpríamos novamente ao
que nos propomos, sendo um cd maduro, evoluído, respeitando o público enquanto
material a ser apresentado/adquirido e fiel às origens. Várias qualidades que
mereceu de um redator da Roadie Crew a frase ´´grande expoente do Brasil para o
gênero mais sombrio´´.
9 – “ENEMY TIME” é o disco que definiu o TRAGEDY GARDEN,
após 10 anos quais as marcas que esse disco deixou em você como principal
viabilizador do formato e conceito contidos nesse álbum?
MARCÃO - Tantos anos depois, penso que a coragem e a ousadia
com uma dose generosa de superação de todos na Banda, foram, sem dúvida,
pano-de-fundo para aquele cd cinzento e ríspido concebidos por quatro músicos
comprometidos com uma proposta e filosofia que nem todos suportariam. Capítulo importante para a musicalidade de
todos que participaram do processo.
10 – “FOLLOW THE INSANITY” foi seu ápice como letrista e
também explorou uma sonoridade mais ousada em relação ao que a banda já tinha
feito anteriormente, quais suas considerações sobre esse trabalho que não foi unanime
como “Enemy Time”, mesmo contendo uma sonoridade ampliada e mais refinada em
relação ao disco anterior?
MARCÃO - Queríamos um disco que flertasse claramente com o
atmosférico e as sensações de ´´viagens´´, pois todo o conceito gira em torno
da loucura e lucidez. Penso que conseguimos, mas para isso foi preciso suprimir
uma sonoridade mais ´´na cara´´, como ocorreu com Enemy Time. Creio que a
sonoridade mais abafada tenha sido a diferença mais sentida. Todavia, a
proposta esteve intacta e várias faixas revelaram-se verdadeiros petardos ao
vivo, como My Garden, Revelation e Goodbye.
11 – Após uma breve fase de composições, passando por alguns
momentos delicados você decidiu se ausentar do TRAGEDY GARDEN. O grupo, porém
continua em atividade seguindo seu conceito filosófico que continua forte e
presente na banda. Como você encara o
TRAGEDY GARDEN pós MARCÃO AZEVEDO?
MARCÃO - Saí da banda por compromissos e problemas particulares, pois acho que não tenho o direito de
atrapalhar. Não foi uma decisão das mais fáceis, mas prevaleceu a razão. Tenho
notícias de que a banda está na ativa com shows, e isso é bom. O Tragedy Garden
sempre se diferenciou pela sonoridade e postura (em tudo) de forma muito
equilibrada. Como tudo na vida, o êxito do futuro tem uma relação muito direta
com o valor e respeito ao passado. Votos de sucesso e sabedoria à atual formação.
12 – Nos arquivos da banda existem inúmeras letras que não
foram usadas, assim como conceitos textuais e poemas que continuam ocultos.
Poderemos em um futuro poder ter uma obra literária com o conceito TRAGEDY
GARDEN?
MARCÃO - Você deve ter uma bola de cristal....(rsssss). Sim,
é provável que aconteça. Tenho trabalhado nesta proposta, que tem até título
definido, e atualmente lido com a compilação de material. Passo-a-passo e com o
devido cuidado todo este material se transformará num capítulo literário.
13 – Quais os
seus 5 álbuns favoritos no Heavy Metal?
MARCÃO - São eles:
1-Arise – Sepultura;
2-Gaia – Tiamat;
3-Widow´s weed – Tristania;
4-At six
and sevens – Sirenia;
5-The
hangman tree – The Mist;
14 -
Muito Obrigado Marcão, deixamos o espaço para suas considerações finais.
MARCÃO - Obrigado Vitor pela oportunidade do contato com os
leitores do blog, principalmente aos que de alguma forma conhecem o Tragedy
Garden. Sempre disse que quando envelhecermos devemos ter do que contar, e o
Tragedy Garden será uma das histórias prazerosas. Agradeço a todos os músicos
que nos auxiliaram a construir o nome do Tragedy Garden. Os compromissos e
problemas que me afastaram da Banda ainda existem. Atualmente foco o literário,
mesmo sem data, e num segundo momento
uma proposta que recebi para uma vertente musical que admiro, mas nada ainda
certo.
Vida longa ao ColoradoHeavyMetal.
Marcão.
COLORADO HEAVY METAL - DOCUMENTANDO A MÚSICA PESADA!