No Brasil existe uma tendência na mídia especializada sempre citar
as “mesmas” bandas nacionais como exemplo de carreiras bem sucedidas, se
esquecendo de que a cena é muito mais do que
alguns simples exemplos de representatividade nos exterior. Existem uns
caras que sempre fizeram discos
respeitáveis no Brasil, agregando elementos diferentes a cada disco. Eles sempre seguiram uma receita de não se copiar dentro do Heavy Metal
mantendo uma discografia muito interessante
e criativa ... Não se copiar, mesmo no subconsciente sempre foi parte do
grande Genocídio, a legendária banda que tem como a base o Death Metal, mais
manteve uma simbiose perfeita com muitos outros estilos. O início do paulista
“Genoca” foi naquela tendência mais rápida e rustica do Death Metal, riffs
cortantes vocais desesperados e uma “cozinha” sempre martelada e crua.
O Ep
1988 mostra isso de maneira clara, o extremismo chegava com força nas terras
Tupiniquins, enquanto em Belo Horizonte o “caos” já estava instaurado com uma
grande efervescência de bandas pesadas, São Paulo ainda tinha aquele lance mais
clássico e de certa maneira “glam” em sua cena segundo relatos de alguns
músicos da época.
Em 1990 chega às lojas o ultra-pesado álbum de estreia
‘’DEPRESSION’’, com uma concepção gráfica muito legal o disco trazia o
Genocídio mortal e voraz, com uma pegada
extremamente death metal, mais com algumas novidades. A Música que dava o
título ao álbum ‘’DEPRESSION’’ trazia um ritmo diferente e uma concepção bem
interessante, notavelmente uma dica do muito que estava por vir.
Lançado o Full-Length o terreno estava
preparado para um dos clássicos do metal nacional, HOCTAEDROM. Imagine pegar o novo trampo dos caras e sacar
a arte gráfica nos padrões que eram prensados nas “bolachas” de antigamente, o
Genocídio sempre foi muito ousado e criativo em suas artes.... Eu
particularmente acho fantástico! Falando sobre as músicas, pode se dizer que o
som ficou encorpado, denso, sem espaço para qualquer brecha na parede sonora
que fizeram, “ Up Roar” com sua pegada hardcore
fez muito “banger” bater a cabeça mundo afora... Além das ótimas composições da banda o grupo
ainda preparou um cover do Venon
(Countess Batory) que ficou destruidor.
Contando com os vocais de Murillo Leite no lugar de Marcão, mais uma
vez o “Genoca surpreende com o lançamento de “PHOSTUMOUS”, um material que
prima pela criatividade e por muitos tido como um álbum de Doom/Death . É
verdade que o álbum de certa forma de aproxima do Doom, mais acho que há muito
mais nele, pode-se dizer que o álbum é Vanguardista e único. As Guitarras densas de W. Perna guiaram o disco
de maneira primorosa. Em uma sequencia
de músicas de ótima qualidade é possível ainda destacar a acústica “Goodbye
Kisses” com participação da cantora Irene Sailte e o
indiscutível cover de “Black Planet” da banda gótica The Sisters of Mercy.
Com a volta de Marcão aos vocais do Genocídio eles lançam seu trabalho mais desprendido e
consequentemente de mais “polêmico”, ONE OF THEM... Entre os fãs, alguns sentiram falta da
ligação com o Death Metal, outros gostam do álbum pela sonoridade que mesclava
estilos bem distintos como o Hardcore e o Doom Metal. É verdade que o disco não
é unanimidade, mais acho que ele merece uma audição com mais detalhista, pois
ali se escondem detalhes que não dificilmente podem torna-lo fã do álbum...
As temáticas do Genocídio sempre tiveram letras dialogando
conteúdos sobre extraterrestes. A arte gráfica do de REBELLION deixou isso em
total evidencia. Esse CD pode ser considerando o mais brutal
da banda, um retorno aos primórdios, deixando de lado outras referencias e
abraçando do Death Metal mais ancestral e cortante! Destaque para os riffs de
guitarras levam empolgação ao ouvinte e a batera muito bem conduzida para esse
estilo mais “Death”. Esse Disco marca a saída do Vocalista Marcão, que
realmente é uma figura e tanto na história do “Genoca”. Esse é também o último
registro a contar com o W.Perna nas guitarras, que após um acidente onde
perdeu um dedo passou a tocar baixo,
dando ao Genocídio uma nova configuração e também a chance de continuar na sua jornada
obscura e pesada!
O Genocídio sempre teve uma carta na manga, que no momento certo sempre foi utilizada. Essa
carta pode ser chamada de Murillo leite,
ele realmente marcou momentos
importantes na carreira da banda e levou sempre a sonoridade para padrões interessantes e
diferentes dos discos com Marcão. Quem
acompanha banda sabe do que falo, é muito interessante ver as faces do Genocídio
com seus diferentes frontman´s. ... Eu
Me arrisco a dizer que “THE CLAN” é um disco extremamente importante para que o Genocídio voltasse a
ser uma banda com a evidencia que merece no cenário nacional. Um belo disco
contendo todos os elementos que fizeram parte da carreira dos músicos. Esse
disco abriu um momento interessante para
o “Genoca” lançar o aclamado “IN LOVE
WITH HATRED, esse disco com certeza se tornará um clássico! Realmente podemos
dizer que após uma carreira corajosa e cheia de momentos criativos em meio ao
som extremo, apesar da sua personalidade totalmente definida sempre corremos o
risco de se surpreendermos com eles... É da natureza do grupo ser ousado ,
antagônico e único em sua proposta. GENOCÍDIO !
Por Vitor Carnelossi
Por Vitor Carnelossi
COLORADO HEAVY METAL